I Cried Like a Silly Boy escrita por Mardybum


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olááá gente!! =D
Me desculpem por ter demorado a postar.
Quero agradecer as sugestões e elogios através dos comentários!! É importante pra mim e me anima a escrever mais. Obrigada pelo carinho!!
Aproveitem o capitulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517186/chapter/7

Gina e Ferdinando começaram a caminhar, em silêncio. Ela ainda estava se sentindo muito mal após o sonho que tivera. E seu braço ainda estava doendo. Não como antes, mas ainda sentia um desconforto. Mas não queria dar o braço a torcer e demonstrar tristeza na frente do engenheiro. Era muito orgulhosa para isso.

Ele ainda estava com o cheiro da ruiva em seu nariz. Desejava não ter nenhuma preocupação e continuar junto dela, calmamente, a dia inteiro. Mas infelizmente não podia. E também duvidava de que ela deixaria se estivesse em seu estado normal.

Apenas pensavam nisso enquanto iam adiante. Estava quase amanhecendo e eles podiam ver a claridade chegar e o sol começar a aparecer. Ouviram pássaros e chegaram no riacho que cortava a floresta. Eles se olharam quando perceberam que não poderiam passar sem se molhar.

–Ocê é corajosa o suficiente pra mergulhá Gina? - Disse Ferdinando, sorrindo provocativamente.

Mas sem demora, Gina correu pra água e mergulhou. Olhou para Ferdinando, que continuava parado no mesmo lugar, apenas observando-a, estático.

–Você num vem não Ferdinando? Num me diga que tá com medo da água? - Disse Gina, aproveitando para revidar a provação dele.

–Ara mai é craro qui não! Ieu to indo.

–Então vem logo, porque eu num sabia que o engenheiro agrônomo Ferdinando Napoleão - Ele ficou feliz por um momento ao perceber que Gina guardara sua profissão e seu nome, mas isso não durou muito ao ouvi-la continuar a frase – era covarde a ponto de te medo de um riachinho de nada!

–Aaara! Ieu num sô nenhum covarde Gina! - Disse, correndo e entrando na água. A ruiva ria com superioridade e naquele momento Ferdinando teve uma vontade imensa de pegá-la e tascar um beijo em sua boca. Mas ela acabou com seu plano ao se virar, repentinamente.

–Mas o que é isso...?– Disse ao sentir cocegas nos pés. Mergulhou e viu que a água era cristalina e que nela haviam vários peixes, como nunca havia visto. Alguns eram azuis e outros pratas, mas bem claros e brilhantes. Não conseguiu deixar de admirar uma das únicas coisas realmente bonitas que havia visto na vida. Ferdinando, preocupado com a demora do mergulho dela, tratou logo de puxá-la para cima.

–Gina, ocê tá bem??

–Mas é claro que eu to! - Ele se acalmou ao ver sua expressão de felicidade– Mas você tem que ver isso!

Ferdinando mergulhou junto com Gina e contemplou o fundo do lago. Tudo era tão vivo que ele não teve como não se lembrar da Vila de Santa Fé. Conseguiu se sentir melhor do que já estava e só voltou a superfície quando o ar começou a faltar. Levantou junto de Gina e sorriu ao mesmo tempo que ela. E também foi ao mesmo tempo que os dois voltaram pra água, trocando olhares. Ela percebia os olhos dele ainda mais brilhantes e azuis, quando pegou em sua mão. Ferdinando sentiu imediatamente a mão dela na sua, o guiando para frente, nadando. Os dois se sentiam revitalizados e sorriam conforme mergulhavam várias vezes, de mãos dadas. Até Gina se soltar e afastar um pouco.

–Você ainda tá com medo da água seu frangote? - Perguntou Gina, de pé na água, que dava na sua cintura.

–Aaaara ieu nunca tive medo...– Disse Ferdinando, se aproximando - I se ocê me chamá de novo de frangote, ieu... - A vontade que sentia de calar a sua boca, preferencialmente com um beijo, voltava toda vez que era desafiado por ela.

–Você o que...?– Respondeu Gina, percebendo que ele estava cada vez mais perto dela e, por impulso, jogando água nele.

–Gina...Ocê num me faça perde as paciência... - Disse, pegando mais água e repetindo o que ela acabara de fazer. Aquilo acabou virando uma guerra, que foi até o dia amanhecer completamente. Eles se olharam, um pouco envergonhados do que acabaram de fazer, não conseguindo deixar se sentir um pouco de remorso por terem se divertido enquanto não sabiam o que acontecia com os outros. Mas ao mesmo tempo, não podiam deixar de se animar por terem passado um momento de descontração depois de tudo.

Ferdinando subiu novamente para a terra, dando a mão para ajudar Gina a subir também. Ela não pode evitar em reparar no corpo dele, com a camisa molhada, mas desviou logo o olhar com medo de que percebesse. Torceu seu cabelo ruivo com as mãos e continuou, agora do outro lado no riacho.

–Ieu queria que a minha irmãzinha Pituca tivesse aqui pra vê isso... junto com amigo dela Serelepe... Ieu acho que eles ia adorá.– Disse Ferdinando, quebrando o silêncio. Gina não sabia o que responder, percebia a tristeza na voz dele.

–Eu também. – Foi somente o que conseguiu dizer. Depois de um tempo em silêncio, completou. - E eles vão sim.

–-----------------------------

Quando ainda era início de noite, Zelão não conseguia tirar a ausência de sua professorinha de sua mente e coração. Não podia mais esperar. Resolveu que iria buscá-la mesmo se seus colegas não o apoiassem. Mesmo se seu patrão dissesse para ele ficar. Foi até o coronel, que estava em uma discussão calorosa sobre política e o paradeiro de seu filho com Pedro Falcão.

Ô cansei de esperá. O vo atrás da dona Juliana agora mermo. I quem quinzé i junto, pode vir. - Disse, recebendo a aprovação de Serelepe.

Outra discussão acabou surgindo, agora de quem ficaria ou quem seguiria com Zelão. Epaminondas achava maluquice, mas sentia falta de seu filho. Resolvera ficar, junto com Catarina, pois ainda tinham esperanças de quando voltasse, procuraria no lugar que estavam. Pituca queria ir junto de Serelepe, mas acabou sendo impedida pelo coronel e por sua mãe.

Zelão acabou partindo com Rodapé, Lepe, Mãe Benta e Doutor Renato, que somente permitira ir junto quando pensou que o "doutorzinho amarelinho chinfrim" poderia ser de alguma ajuda, caso precisassem.

Foram devagar, olhando o caminho e ouvindo cada barulho que aparecia com atenção. Mudaram de caminho várias vezes, até estarem cansados. Mas Zelão não desistia, sentia um aperto no coração ao pensar na amada. O dia começou a clarear e Renato já perdia a esperança.

–Eu acho melhor a gente voltar, descansar e esperar. Já procuramos muito e nem sinal da Juliana e nem de ninguém. - Disse o médico.

–Mai o num vô disisti de jeito manera doutorzinho. Si ocê quinzé vorta, ocê vorta mai ieu vo continuá procurano a dona Juliana. - Respondeu Zelão, mas antes de alguma briga ocorrer, eles acabaram sendo repreendidos pela Mãe Benta.

–Parem com isso já ocêis dois! Já num basta nois tá aqui perdido e ocêis vão começá a brigá? Zelão, meu fio, o que foi? - Disse quando reparou que ele olhava com atenção para o chão um pouco próximo dali.

Zelão percebeu em todo aquele verde algo rosa. Algo que o lembrava da professora. Algo que pertencia a ela. Achou um enfeite de cabelo e sentiu que estava no caminho certo.

–-----------------------------

–Como ocê aprendeu a nadá Gina? - Perguntou Ferdinando, enquanto caminhavam, não sabendo aonde iriam chegar.

–Na piscina que tinha no clube onde eu ia... Nunca tinha visto um lago, riacho, nada do tipo. - Respondeu, pensativa com a lembrança.

–Hum ieu já vi argumas quando fui estudá na capitar mai nunca nadei nelas... –Disse, pausando por um momento, mas continuando com outra pergunta. - I ocê istudava pra se arguma coisa?

–Eu nunca pensei em estudar. Na verdade nunca soube o que cursar... Não me identificava com nenhuma das opções. Só terminei o colégio e trabalhava numa fábrica, pra me sustentar. - Respondeu Gina.

–Mai ocê nunca gosto de nada? Nunca teve um sonho? - Perguntou Ferdinando, surpreso.

–Não... Do que eu gostava mermo eu num podia ter acesso. - Disse Gina, tocando na árvore ao seu lado.

–I o que era...?

–Das plantações, da terra, da natureza... - Confessou. Sempre gostara disso, mas no mundo onde morava era raríssimo ter alguma árvore na cidade. As únicas plantas que existiam eram totalmente fechadas, apenas para estudos que eram privilégios dos mais ricos, das pessoas de elite. Não conseguiu deixar de sentir uma pitada de inveja de Ferdinando quando soube que trabalhava com agronomia. Sítios e fazendas então, eram lendas para ela. Só não se sentira impressionada com aquela enorme floresta pela situação em que estava.

A tristeza que demonstrou ao lembrar de sua vida comovera Ferdinando, que colocou a mão em seu ombro e parou para confortá-la por algum tempo.

–-----------------------------

Zelão e os outros seguiram a tilha que provavelmente levava a Juliana. Encontraram uma grande caverna e resolveram verificar lá dentro.

Juliana havia desmaiado minutos depois de ter bebido a água e sentido todas aquelas dores. E não poderia imaginar desespero maior daquele que Zelão demonstrou quando a encontrou naquele estado.

–Dona Juliana! Minha frô! A sinhora num pode morre... se não ô morro junto ca sinhora. - Lamentava, ajoelhado ao lado da professora.

–Meu fio se acalma. - Disse Mãe Benta, indo olhar o que havia acontecido.

–Ah não, Juliana! - Disse Renato, indo verificar junto com a benzedeira. Estava com um certo desespero, mas que não chegava aos pés do capataz ao seu lado.

Eu vo chamá alguém.– Disse Serelepe, correndo para fora, mesmo com Mãe Benta tentando o impedir.

Algum tempo se passara e todos os métodos e remédios que Renato havia trazido em sua maleta da Vila de Santa Fé não estavam causando efeito algum. Mãe Benta rezava e se preocupava com o estado do filho e de como ficaria pior se a professora não acordasse. Ele chorava ao seu lado, segurando sua mão.

Foi quando uma lágrima caiu no rosto de Juliana e ela começou a enxergar aos poucos Zelão, aos prantos, na sua frente.

–-----------------------------

Gina e Ferdinando continuaram a caminhar após ela recobrar a consciência e o afastar, alegando estar melhor do que nunca. Explicou para ele o porquê de não poder exercer a profissão que gostava, o deixando impressionado. Ele estava gostando de conhece-lá melhor e uma pergunta não saía de sua mente. Precisava faze-la.

–Gina... i ocê nunca teve um namorado?

–Pra que tanta pergunta agora Ferdinando? - Disse, irritada com todo aquele interrogatório.

–Ieu quero conhecê ocê melhor ara! Agora me responda, senão a gente num sai daqui hoje!

–Pois eu saio e não é você quem vai me impedir! - Disse, indo pra frente, mas sendo impedida por Ferdinando, que foi mais rápido e ficou na sua frente. Percebera que a pergunta incomodou Gina de alguma forma e queria saber porque.

–De jeito manera, agora ocê vai te que me respondê! Tá com medo de uma perguntinha agora Gina? Ieu achei que ocê num tinha medo de nada... - Provocou para obter a resposta.

–Mais num tenho mesmo! A resposta é não! Tá feliz? Agora me deixa passar. - Respondeu, afastando Ferdinando e prosseguindo. A pergunta havia deixado Gina realmente alterada, então ele resolveu não continuar com o assunto. Mas depois de algum tempo em silêncio, ela explicou.

Eu nunca que me importei com isso... Nunca gostei de conversar sobre assuntos que a maioria das meninas conversava. Por isso me chamavam de moleque na escola. Mas eu num ligava. A minha mãe que ficava maluca.

Gina, mais uma vez, tinha ficado triste ao lembrar de seu passado. Mas olhou para Ferdinando e ele não se importou como da outra vez. Começou a ficar brava com isso, mas percebera que ele não tirava os olhos da frente. Olhou e viu um grande muro, tapando pela metade os grandes prédios e arranha-céus de uma cidade que insistia em aparecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como sempre, comentem o que acharam!
Obrigada por acompanharem a fic!!
Beijos!!