Foxface escrita por GabiLavigne


Capítulo 5
Capítulo 5 - Procurada


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo pessoal :3

Boa Leitura!



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Não se passou muito tempo desde o dia em que Tomas se foi. Não se passou muito tempo desde um pedaço de mim foi levado com ele. Não faz muito tempo que minha irmã se tornou a minha esperança, a minha felicidade, o vestígio do que costumou ser a minha família. Mas na verdade hoje faz mais um ano da minha existência. Hoje completo 16 anos.

Encaro o teto do quarto em que estou deitada. Suspiro e fecho os olhos. Já fazem quase 10 meses que a 73 edição dos Jogos Vorazes acabaram, e apesar disso continuo aqui. A cada dia revivendo isso. Em cada sonho, cada pensamento, cada sentimento. Preciso me animar. Levanto-me e sento na cama. Hoje é um novo dia e apesar de ser doloroso, preciso deixar o passado para trás. Preciso seguir em frente e tomar novas decisões.

Caminho até o banheiro e deixo a água desabar sobre mim, escorrer pelo meu corpo, carregando a tristeza consigo, até o fundo do ralo. Visto-me e encaro o meu reflexo. Não mudei muito. Talvez os meus cabelos tenham crescido um pouco. Desamarro o nó em que meu cabelo está preso e deixo o cair livre e rebelde pelas costas. Pelos meus olhos é difícil perceber a quantidade de mágoa que se esconde, porém não é impossível ver vestígios da pessoa feliz que raramente aparece. Hoje seria um bom dia para ela aparecer.

Saio do banheiro e a casa encontra-se em silêncio. Onde está Savannah? Caminho com passos cautelosos pelo corredor vazio.

– Savannah? - digo e então escuto uma risadinha. Um pequeno sorriso se expressa em minha face.

Quando chego á cozinha sou surpreendida. A mesa está coberta por um pano vermelho. Em cima dela há pães frescos e um pequeno bolo. Ao lado há um jarro com um líquido roxo. Ao redor da mesa vejo o sorriso alegre de Savannah, que está sentada no colo da senhora Mikaels, que sorri para mim.

Savannah levanta e corre em minha direção agarrando as minhas pernas e apertando as com força. Ela sempre faz isso para me forçar a sorrir. Dou um sorriso e ela alivia a pressão.

– Parabéns, Finch! - grita ela empolgada e me entrega uma folha de papel.

Ela me desenhou usando uma coroa. Dou um sorriso. Tenho certeza que quando ficar mais velha será uma pintora conhecida. Tão talentosa. Coloco meus braços em volta dela e dou-lhe um beijo na testa. A tensão que eu nem havia percebido que pesava em meu coração se desfaz e meu sorriso agora surge naturalmente.

– Obrigada - sussurro, aliviada.

Depois caminho até a mesa e a senhora Mikaels me dá um abraço apertado. A tensão que eu nem havia percebido que pesava em meu coração se desfaz e meu sorriso agora surge naturalmente.

– Nunca desista da esperança. - pede ela e concordo com a cabeça. Sento-me e começo a comer. Está tudo tão bom. A senhora Mikaels deve ter trabalhado muito para conseguir isso. Savannah deve ter insistido.

Mais tarde decido passear com a minha irmã. Caminhamos juntas pelas ruas desgastadas do distrito 8. Ela para em frente á casa de uma costureira, apontando para um tecido azul e elegante. Aceno com a cabeça e dou risada. É divertido ver ela criando os seus sonhos. Ela ainda é nova. Ela será capaz de muitas coisas. Quando ficar grande será uma menina forte e determinada.

A menina que nunca consegui ser.

Atravessamos a rua e levo-a até um determinado lugar. Um lugar conhecido por mim. Depois de caminhar e alcançar a floresta paro em uma árvore. Passo a mão pela marca que fora cravada nela. A marca que Tomas criou para relembrar a confissão de nossos sentimentos. Sorrio e afasto as lágrimas. Sento-me na grama e Savannah faz o mesmo, descansando em meu colo. Ficamos abraçadas, apenas aproveitando o ambiente fresco e agradável.

Quando o sol começa a se pôr decido que é hora de ir. Levanto-me e peço para Savannah correr na frente, pois eu já estarei indo pega-lá. Dou uma última olhada na marca da árvore e passo os dedos no corte da árvore. Mais um dia se passou. E é incrível poder sentir essa sensação novamente. A sensação de ser amada.

Chego perto de Savannah sorrio.

– Sabe, em breve terei de participar de uma coisa chamada colheita - tento explicar sem parecer tensa, eu precisaria dizer isso cedo ou tarde e a próxima colheita se aproxima - E se eu for escolhida precisarei ir para um lugar bem longe, por muito tempo.

Ela parece confusa por alguns instantes, mas depois um sorriso se forma em seus lábios.

– Acho que você não vai. - comenta ela.

– Oque te faz ter tanta certeza? - indago desconfiada.

– Para ser escolhida na colheita você precisa estar madura. Algo que você não está. - ela sai correndo e arregalo os olhos rindo de seu comentário.

Depois corro atrás de Savannah. Corremos rindo através das ruas do distrito , ela corre muito rápido e continuo tentando alcança-la até que paro ao ver algo pendurado na parede de uma casa.

É o rascunho de um desenho. A pessoa nele se parece bastante comigo. Eu já vi esse desenho. Na casa em que eu morava, no dia que encontrei provas de que meus pais mantinham contatos com pessoas que espionavam a capital. Em baixo do desenho está escrito algo.

Estou sendo procurada. Pela capital.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo! :)