Foxface escrita por GabiLavigne


Capítulo 2
Capítulo 2 - Segredos


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo. Estou amando dar vida a essa personagem diva que merecia mais destaque.



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5 anos depois... (Finch com 15 anos)

Daquele dia em diante tudo mudou. Perdi meus pais. Ganhei uma irmã. Tornei-me odiada. Tornei-me amada. E continuo aqui. Vivendo no distrito 5. Depois que fiquei com a responsabilidade de cuidar da minha irmã, a senhora Winters me ofereceu moradia em sua casa. Tomas e eu vivíamos sob o mesmo teto. Passamos de pessoas que eram completamente estranhas uma para a outra, a pessoas que se importam um com o outro. E demorou alguns anos até que comecei a sentir algo a mais. Savannah cresceu e virou uma bela menina, com os cabelos loiros do meu pai e os olhos azuis marcantes da minha mãe. Ela se tornava cada vez mais linda.

Enquanto eu trançava seu lindo cabelo ela fazia caretas para o espelho. Com um olhar rápido para suas caretas, um sorriso surgiu em meus lábios. Ela começou a dar risada em seu assento e seu rosto irradiava alegria. Ela pode se sentir feliz. Ainda não tem a obrigação de se submeter aos caprichos da capital, porém ainda faltava 1 dia para a colheita e não quero preocupar-me com isso agora.

– Finch. Você se lembra da mamãe? - pergunta ela, com a sua voz doce.

– Sim - tento forçar um sorriso e ela vira-se para mim, transbordando de curiosidade - Ela tinha os seus olhos azuis e os cabelos vermelhos como fogo... sempre sorria e protegia a quem ama. Ela abria mão de sua felicidade pela minha. - pisco um pouco para afastar as lágrimas.

Savannah me encara e faz a mesma pergunta que sempre fazia.

– Oque aconteceu com a mamãe?

Abro um triste sorriso e passo a mão por cima de sua bochecha.

– Ela precisou ir embora. - dou-lhe um beijo na testa - Agora vamos.

Agarro sua mão pequena e quente, e juntas deixamos o quarto indo em direção á cozinha.

– Bom dia. - cantarolou a senhora Winters.

Savannah logo se senta na mesa e começa a comer. Passo o olhar pela cozinha simples, porém não encontro Tomas.

– Cadê o Tomas? - pergunto.

– Ele precisou sair um pouco - responde a mãe dele e então para de se concentrar na comida e vira-se para mim com um sorriso bobo nos lábios - Acho que ele quer falar com você.

Sem sucesso tento esconder o sorriso que lentamente surge em meu rosto. Aceno com a cabeça e saio porta afora. Com um tempo a minha relação com Tomas se tornou mais forte. Passamos de duas crianças com uma profunda amizade para dois adolescentes, e eu tinha o desejo de que isso se tornasse algo a mais, mesmo quando ele não dava sinal de querer o mesmo. Corro por entre as ruas e quase atropelo uma senhora. Então enfim o vejo perto do vendedor de flores. Tento agir como uma garota normal e caminho até ele com passos calmos e confiantes, apesar de por dentro parecer que estou explodindo.

– Finch - exclama ele e sorri, com o tempo ele se tornou mais bonito. Seus olhos penetrantes pairam sobre os meus e seu cabelo cai sobre sua testa - Oque faz aqui?

– Sua mãe disse que queria conversar comigo. - não consigo conter um sorriso.

– Agora? Nossa... - ele parece ter ficado desapontado - Ela avisou um pouco cedo demais... mas tudo bem, me siga.

Então ele agarrou a minha mão, me deixando corada e me guia por entre casas e pessoas até chegarmos perto da floresta. Então ele para perto de uma árvore e senta. Sento-me de frente para ele e fico na expectativa.

Ele abre a cesta que carregava até então e pega algumas flores de dentro dela, entregando-as para mim. Sinto que fico cada vez mais vermelha.

– Eu não sei como dizer isso, Finch - ele agora olha bem nos meus olhos e percebo que ele também começa a corar - Mas desde que te conheci, meu mundo mudou completamente.

Minhas mãos estão suadas e trêmulas e fico assustada com isso. Oque é isso que tanto sinto?

– Você me mudou, Finch. E desde aquele dia, meu coração lentamente escapuliu de mim, e então percebi que agora ele lhe pertence. - ele hesita um pouco e parece que meu coração para - Eu te amo, Finch. E caso aceite continuar possuindo o meu coração, prometo que irei cuidar do seu.

Sinto que minhas bochechas estão pegando fogo. Como assim ele me ama? Há tantas coisas perfeitas que eu poderia dizer, tantas coisas que poderiam lacrar este momento para sempre em nossos corações. Mas ao invés disso a minha boca solta a primeira coisa que passa pela mente.

– Ama? - minha voz pareceu mais um arquejo e ele ri baixo.

– Amo - ele sorri - Você despertou o amor em mim, deixe que eu o desperte em você.

Esboço um sorriso e me aconchego em seus braços.

– Pois saiba que também te amo. - revido.

Depois de alguns instantes percebo que nunca me senti assim antes. Esse era um tipo de amor diferente. Um amor que nunca esperei encontrar. Algo que nunca vi ou fiz antes. Eu não sabia oque fazer agora já que nós dois confessamos os nosso sentimentos um para o outro.

– Então oque fazemos agora? - pergunto com um leve sorriso.

– Olha isso - responde ele e tira uma pequena faca do bolso, ele se aproxima da árvore e enfia a faca. Depois de alguns instantes ele termina de cravar um coração na árvore e então coloca as nossas iniciais. F e T. Então ele vira-se para mim novamente e guarda a faca.

– Nosso símbolo de amor - ele parece dizer isso como se considerasse algo um tanto constrangedor e nós dois rimos.

Levo os dedos até a gravura na árvore e dou uma risada. Então é assim que se sente o amor. Pelo canto do olho percebo que Tomas me encara, encantado e com um meio sorriso nos lábios.

– Oque foi? - pergunto virando-me em sua direção, percebo que nossos rostos estão bem próximos. Tão próximos que sinto sua respiração. Então ele começa a se aproximar, e sinto como estou tremendo. Oque é isso? Como um reflexo começo a me aproximar também.

Mas então um alto estrondo nos afasta.

Arregalo os olhos.

– Oque foi isso? - ergo-me do chão e corro de volta em direção ao local onde imagino que o barulho tenha vindo.

Tomas corre atrás de mim, porém quando vejo oque aconteceu paro abruptamente e meus olhos se enchem de lágrimas. Tomas para ao meu lado e então lágrimas escapam pelos seus olhos. Coloco meus braços em sua volta e sinto como ele desaba com o peso da sua dor. O pacificador que porta a arma, a guarda e então grita para todos que ali se reuniam.

– Esta mulher estava abrigando rebeldes. A capital não tolera tal traição. Estão avisados. - ele se afasta e a mulher caída permanece lá.

Tomas agora chora em meu ombro.

Algo se manifesta em meu interior e lembro-me que não sei oque houve com a minha irmã. Passo pelo corpo da mulher e corro para dentro da casa, debaixo da mesa reconheço Savannah. Ela está com o rosto escondido nos joelhos e chorando.

– Savannah? - digo a ponto de chorar de alivio por ela estar bem.

– Finch? - murmura ela, ergue a cabeça e corre em minha direção, me dando um abraço desesperado.

– Oque houve? - pergunto e ela começa a chorar.

Carrego-a em meu colo e saio novamente. Encaro as pessoas. Algumas estão chocadas, outras choram. Eu não sei oque pensar. Tomas está agachado ao lado da mulher caída.

A mulher que me ajudou. Que tentou salvar a minha mãe. A mãe de Tomas.

Senhora Winters foi assassinada por um pacificador.

Com os olhos marejados aproximo-me de Tomas e coloco minha mão sobre seu ombro. Por um momento ele me encara, os olhos inchados e vermelhos. Então ficamos em silêncio. Um silêncio doloroso.

Resolvo levar Savannah para outro lugar, para ver se ela consegue tirar essa imagem terrível da cabeça. Em silêncio caminhamos pelas ruas que agora parecem vazias. Quando caminhamos produzimos ruídos a cada passo.

– Isso que aconteceu. Foi isso que aconteceu com a minha mãe? - pergunta ela quebrando o silêncio.

Ela ficou tão em choque com aquilo que suas mãos estão frias.

– Oque? - paro ela e coloco as mãos nos seus ombros para encara-lá de frente - Claro que não.

– Então por que ela não volta? - indaga ela como se fosse chorar.

Abraço-a.

– Você ainda não consegue entender isso. É muito pequena. - respondo.

– Olha - ela aponta para algo e me viro.

Arregalo os olhos e um calafrio percorre meu corpo quando reconheço a casa para a qual Savannah aponta. Era a minha casa. E teria sido a dela também.

– Quem mora ai? - pergunta ela trazendo-me de volta á realidade.

– Vamos dar uma olhada? - decido e puxo-a atrás de mim enquanto subo as escadas da entrada.

Lembro da última vez que passei por essa porta. Eu tentava entrar sem que a minha visse que eu tinha saído. E foi nessa madrugada que tudo mudou. Toco a maçaneta e por um instante fecho os olhos. Antigamente eu temia encontrar minha mãe por trás dela, agora é ela que eu queria encontrar. Giro a maçaneta e abro a porta. Insegura adentro o cômodo e lágrimas enchem meus olhos.

– Oque você vai fazer? - indaga Savannah.

– É rápido. - garanto e não hesito em ir até o meu quarto.

A casa está praticamente destruída. Tudo foi retirado e queimado. Lembranças acertam meu peito como se fosse uma flecha bem mirada. Então tropeço em algo. Quando levanto-me do chão confusa percebo que tropecei no piso de madeira, e que acabei abrindo uma pequena abertura nele.

Agacho e me aproximo do buraco no chão. Enfio a mão e puxo oque quer que esteja escondido. Papéis e fotos. Examino as cuidadosamente. Há uma foto minha, bem pequena no colo dos meus pais. Há também cartas. Arregalo os olhos. Não são apenas cartas, são cartas da capital. Agarro-a e passo os olhos pelos trechos.

"Está ficando cada vez mais difícil ficar de olho no presidente, a segurança está ficando cada vez melhor, em breve será impossível"

Também vejo um trecho de uma carta bem antiga, acho que foi escrita pouco depois da rebelião que destruiu o distrito 13.

"(...) Será tudo destruído, a capital irá submeter a todos para uma competição mortal. Em breve envio mais informações."

Vejo a carta mais recente.

"Fomos descobertos, vocês precisam tomar cuidado. Principalmente com a sua filha. Corremos um grande risco".

Jogo as cartas no chão e ergo-me assustada do chão. Oque essas cartas querem dizer? Meus pais eram fonte de comunicação dos rebeldes? Oque isso me torna?

Arregalo os olhos e cubro o rosto com as mãos.

Sou eu. Eu fui a culpada pela morte da senhora Winters.

Eles estão atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que não ficou muito legal, mas ta aí rsrs
Beijos



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