Foxface escrita por GabiLavigne
Notas iniciais do capítulo
Este é o Prólogo, Aqui a Finch ainda está com dez anos.
Boa Leitura!
Mais um dia no Distrito 5 lentamente chega ao seu fim. Sinto como todo calor é levado pelo sol assim que ele se pôs. Preciso estar em casa antes que minha mãe chegue. Ergo-me do pequeno lugar que se tornou meu refúgio ao longo dos anos. Um lugar onde posso pensar. Desço e corro pelas ruas escuras e mal iluminadas até chegar em frente a uma pequena casa. A minha casa.
Subo os degraus tentando não produzir nemo mais leve ruído, toco a maçaneta, que permanece fria e lisa debaixo da minha mão e lentamente a inclino para a direita. Com um baixo estrondo a porta se abre e entro tentando ser silenciosa.
- Onde pensa que estava, Finch? - Minha mãe me encara com um ar preocupado. Não queria deixa-la preocupada porém penso que a essa altura seria inevitável. Fecho a porta atrás de mime encaro as minhas sapatilhas. Lá vem bronca. Minha mãe franze a testa e suspira. Seus olhos redondos e azuis encaram os meus, e sua boca se curva levemente para baixo. O seu cabelo ruivo como o meu está amarrado em um nó e apenas alguns fios estão soltos, cobrindo a parte ao redor do seu rosto, como se fossem uma moldura. Ela repousa as mãos por cima da barriga como se estivesse preocupada, que a minha irmãzinha podia sentir sua preocupação e o estresse de seus problemas.
- Desculpe, mãe. - murmuro e ergo a cabeça.
- Você tem apenas 10 anos - ela suspira e põe a mão sobre a testa - Não pode sair desse jeito!
- Eu só queria ver o pôr do sol - retruco.
- Seu pai está prestes a perder o emprego. Sem ele não podemos manter esta casa. - Ela agora me encara séria - Corremos riscos, Finch. Eles tirarão tudo dele. Podem tirar você - lágrimas ameaçam escorrer pelo seu rosto - Por que se arriscar? Por que ver o pôr do sol lá fora, sabendo que isso não mudará nada...
- Eu só queria me sentir livre. - rebato e a encaro profundamente nos olhos.
Ela esconde o rostonas mãos e corro até ela para abraça-la. Não deveria ter dito isso.
- Eu sinto muito, Finch. - sinto que ela já começara a chorar - Sinto muito você não poder ser livre.
- Tudo bem, mãe. - forço-me a sorrir - Eu não me importo.
Ela toca minha bochecha e a alisa com o dedão.
- Minha doce menina... - um sorriso se formou em seus lábios e ela forçou-me a encarar seus olhos marejados - Só me prometa que cuidará da sua irmã. Não importa oque aconteça.
Aceno com a cabeça e sorrio. Abraço minha mãe e ela me dá um beijo na testa, levando-me até o meu quarto para eu descansar. A última coisa que vejo antes de adormecer, é o sorriso de orgulho estampado nos lábios da minha mãe, e seus olhos firmes protegendo-me. Protegendo-me de tudo.
Um grito fino me arranca do mundo dos sonhos e assustada ergo-me da cama. Afasto os lençóis e caminho até a porta do meu quarto. Abro a devagar e então ouço um tiro, seguido de um grito. O grito da minha mãe. Corro para fora e vou até a sala, desesperada.
- Mãe! - grito e lágrimas formam-se em meus olhos. Assim que ela me avista arregala os olhos. O pacificador que a ameaça vira-se para mim. No chão ao seu lado, há um homem imóvel. Meu pai. Não.
Lágrimas brotam dos meus olhos e sinto me perdida.O Pacificador ergue-a arma em minha direção e minha mãe solta um grito, pega um pedaço de madeira que já fora da nossa mesa e arremessa contra a cabeça do pacificador. A arma dispara, porém acerta a parede ao meu lado e o pacificador desaba no chão. Minha mãe corre até a mim e me abraça.
- Você está bem? - pergunta ela chorando.
Porém fico paralisada em seus braços e tudo oque faço por um tempo é chorar.
- Papai...
- Shh... Tudo vai ficar bem - sussurra ela com lágrimas espalhadas pelo rosto - Tudo vai ficar bem. Vamos.
Ela agarra minha mão e saímos correndo. Depois de deixarmos o nosso lar para trás tentamos achar algum lugar para nos manter seguras, mas o povo do distrito 5 não é muito caridoso. Eles possuem seus próprios problemas. Oque os torna ocupados demais para abrigar os nossos. E ainda é madrugada.
De repente minha mãe para abruptamente e se apoia nos joelhos. Então o pior que pode acontecer no momento, acontece. Ela solta um grito.
- Mãe? - pergunto assustada.
- O bebê. - responde ela entre respirações ofegantes e gemidos - Está vindo. Busque ajuda.
Arregalo os olhos e assinto. Corro pela rua desesperada.
- Alguém? Por favor! Minha mãe precisa de ajuda! - grito.
Aproximo-me de uma das diversas casas e bato os punhos contra a porta.
- Por favor, me ajuda! Ajuda! - berro.
Continuo a bater até que a porta se abre e acerto um garoto. Ele me encara assustado e atrás dele surge uma mulher.
- Por favor - sussurro implorando - Ajude.
O menino olha para a mulher que acena com a cabeça.
- Oque aconteceu? - indaga a mulher.
- Minha mãe - respondo nervosa - Ela está tendo o bebê!
A mulher arregala os olhos por um instante, mas logo acena com a cabeça e vira-se para o garoto.
- Pegue toalhas e água quente. - ordenou antes de virar-se para mim.
- Mostre-me onde sua mãe está.
Corro pelas ruas escorregadias até o local onde a minha mãe se encontra em angústia no chão, a mulher me segue apreensiva e ao ver minha mãe se ajoelha ao seu lado, murmurando palavras reconfortantes.
Antes de me aproximar da minha mãe vejo o garoto tendo dificuldades em trazer as toalhas e a água quente e decido ajudar. Corro até ele e pego as toalhas.
- Obrigada - murmuro.
Ele apenas sorri.
- Qual o seu nome? - indaga.
- Finch - respondo - E o seu?
- Tomas - diz ele e pela primeira vez encaro profundamente seus olhos castanhos, seu cabelo escuro - É um prazer conhece-lá Finch.
Sorrio porém lembro-me da minha mãe e corro até ela.
- Aqui as toalhas - digo para a mulher.
Ela apenas acena com a cabeça e em seguida aperto a mão da minha mãe. Ela está fria e pálida. Minha mãe me encara e abre um sorriso cansado.
- Finch - diz ela tão baixo que preciso me aproximar para entender oque ela fala - Eu te amo. Nunca deixe que nada aconteça a sua irmã.
Balanço a cabeça frustrada.
- Mas nada vai te acontecer, né? - pergunto a ponto de chorar.
Ela abre um sorriso triste.
- Finch, prometa-me que fará isso. - pede ela novamente.
- Mãe! Para! - grito, enquanto lágrimas descem pelas minhas bochechas.
Minha mãe solta mais um gemido e então escuto um choro profundo. Um choro inocente.
Olho para trás e vejo que a mulher está coberta de sangue e carrega o bebê com uma toalha entre os braços. Ela sorri e o dá para minha mãe. Com as mão trêmulas ela a pegae sorri.
- Seu nome será Savannah - sussurra ela e depois me encara - Cuide dela.
Pego a minha irmã do colo da minha mãe. Ela possui lindos olhos azuis da minha mãe, certamente será linda. Ela é tão pequena.
Quando encaro a mulher que me ajudou ela está com uma expressão triste. Logo vejo o por quê. Quero gritar. Mas ao invés disso só começo a chorar. Savannah parece sentir a tensão pois também começa a chorar em meus braços e só aí eu paro.
- Shh... Savannah, está tudo bem - engulo em seco - Estou aqui. Não deixarei nada de ruim lhe acontecer.
Savannah sossega em meus braços e então encaro o chão e reprimo a vontade de gritar. Preciso atender ao último pedido da minha mãe. Preciso cuidar da Savannah
Lembro das palavras da minha mãe. Ela pediu que eu prometesse cuidar da minha irmã.
- Eu prometo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bom gente, no próximo episódio a nossa querida Finch estará um pouco mais velha, porém isso é só o começo (literalmente é o começo) Comentem oque gostaram. Oque não gostaram. Sejam sinceros (Não tão sinceros kkkk) É isso. :)