Demorou horas. Metade de um dia, pelo menos. Foi doloroso. Muito doloroso. Houveram gritos, grunhidos, lágrimas e sangue. Muito sangue. Mas, como era de se imaginar, todas as horas, e dor, e gritos, e grunhidos e lágrimas e sangue valeram a pena. Tudo valera a pena.

Ela era linda. Deitada nos braços de Misao, toda coberta de sangue e ainda chorando como se não houvesse amanhã, um bebê pequeno, rosado e com um tufinho de cabelo preto em sua cabeça acabava de nascer. Após uma espera de cerca de oito meses, ela era parte desse mundo, e parte da felicidade de seus pais.

Seus pais olhavam para ela com pura admiração. "Ela é tão linda...", dizia Misao, e Aoshi, já permitido de entrar no quarto, apenas concordava com um aceno e uma expressão clara de felicidade em seu rosto. Ele pegou uma das pequenas mãozinhas da bebê e ela, como se reconhecesse o calor de seu pai, segurou um de seus dedos em completa confiança.

"A gente vai manter nossa promessa?", perguntou Misao, dando pequenas gargalhadas enquanto assistia seu marido brincar com as mãozinhas de sua filha.

"É o mínimo que podemos fazer por ele", disse Aoshi com seu tom soleno, porém contente. "E nós já havíamos combinados que não importaria se a criança era um garoto ou garota, nós manteríamos seu nome do mesmo jeito."

Um breve silêncio.

"Na verdade, todos já estão se referindo à criança desta maneira", Aoshi reiniciou, sem desviar sua atenção de sua maravilhosa criação.

"Então... Tudo bem em se chamar Hannya?", perguntou Misao, alegremente.

"Tudo bem em se chamar Hannya.", concordou Aoshi.

E com essa simples escolha de nome, Aoshi e Misao ofereceram sua última despedida àquele que fora seu melhor amigo, seu irmão e seu guia e iniciaram um novo ciclo de vida, com suas esperanças renovadas.