Laços de Sangue e Fúria escrita por BadWolf


Capítulo 46
A Cavalaria


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!


Quem deseja saber como o Reid irá se comportar, pois então, preparem-se.
Não sei se ficou óbvio, mas.... Enfim, boa leitura!



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Londres, Inglaterra. 18 de Fevereiro de 1895.

Bairro de Fulham. 10:30 p.m.


A pequena diligência de aluguel já se aproximava da modesta casa dos Revington. Fazia uma manhã de forte neblina, perfeita para o ataque de gatunos e moleques, pensava Edmund Reid, no balançar do cabriolé. Ele só esperava que aquele bilhete, de pouquíssimas palavras, não fosse uma brincadeira inoportuna, afinal, ele deixou sua Divisão sozinha, ocupada com as inúmeras ocorrências de roubo que costumavam ocorrer em dias como aquele.

E para completar, Norah quis vir com ele...

Malditas feministas...

–Eu ainda acho que sua presença aqui é inadequada. – ele disse.

–Ora, e porquê? O bilhete foi escrito por minha amiga, Sophie. Ela pode estar precisando de mim, muito mais do que você.

–O bilhete se referia a Mr. Holmes.

–Claro que não, Edmund! Veja só “Dry Street, 15. Fulham. Sigerson” Quem se chama Sigerson é Sophie Sigerson.

Edmund Reid precisou se fazer de confuso. Ele era um dos poucos que sabia que Sigerson e Holmes eram, na verdade, a mesma pessoa. Nem mesmo a Norah ele contou isso. Afinal, se Mrs. Sigerson era uma grande amiga dela e não revelou isso, porquê ele o faria? Não era um maldito marica – como aquele engomadinho do Sherlock Holmes.

–De qualquer modo, eu jamais te deixaria sozinha em uma noite de forte neblina como essa. Olhe, já estamos nos aproximando. É aqui mesmo, senhor. Obrigado. – disse Reid, pagando o cabriolé.

–Aliás, eu não sei porquê trouxe seu maldito revólver... Essa deve ser uma visita casual.

–Em primeiro lugar, minha cara Norah, eu sou um oficial da Lei, e em segundo lugar, visitas casuais não são realizadas a uma hora dessas, nem se dão sob convites de tom tão urgentes. Queira ou não, meu revólver fica.

Norah deu-lhe um olhar resignado. Reid achou graça dela, apenas. Adorava deixa-la irritada. Ele bateu á porta, sendo logo recebido por um jovem.

–Boa noite, senhor. Viemos falar com... Sigerson. – disse Reid.

Richard Revington os observou, até permitir suas entradas.

De imediato, Norah cumprimentou Esther, que estava sentada ao sofá esperando por eles.

–Oh, Sophie! O que está acontecendo? Você tinha me dito que estava cuidando de um amigo doente...

–E de fato estou, Norah. Boa noite, inspetor. Eu fico felizes de vê-los aqui.

Reid estava desconfiado. Alguma coisa lhe dizia que Mr. Holmes estava envolvido. Havia ainda o agravante de ele estar sendo procurado. A prisão dele poderia fazer sua carreira engatar, ele pensava, enquanto passava seus dedos pelas pontas dos móveis. Seria muito bom se...

–Boa noite, inspetor.

Reid virou-se rapidamente, fugindo de seus devaneios. O próprio estava ali, posto diante de si. Entretanto, numa situação bem diferente. Suas maneiras elegantes de ser ainda estavam lá, ele percebeu isso pelo tom de sua voz – um tanto fraco – mas ele não usava as roupas que lhe davam um ar mais austero. Pelo contrário, usava ternos de má linhagem, parecidos com os que o rapaz que lhe recebera usava. Embora seu rosto estivesse limpo, como sempre, seu cabelo precisava de um corte. A falta da brilhantina, que ele usava, deixava o seu cabelo, inclusive, mais volumoso. Seu semblante também não era dos melhores. Faltava a cor dos saudáveis em si.

O que quer que tenha acontecido, ele deveria estar passando por maus bocados.

–Mr. Sherlock Holmes. – respondeu Reid, dando passos à frente, aproximando-se de Holmes. – É mesmo muita ousadia de sua parte, na qualidade de foragido, convidar-me para seu... Esconderijo. E ainda implicar Mrs. Sigerson e esse senhor...

–Richard. Richard Revington. – apresentou-se Richard, recebendo um aceno do inspetor.

–Enfim, confesso que estou pasmo. Ou devo considerar que o senhor apenas está pensando que sou o mais adequado em prendê-lo?

–Edmund... – pedia Norah, tomando-o pelo braço, nada satisfeita com o rumo da conversa.

–Sossegue, Norah. Eu não vou envolver sua amiga nisto. Irei apenas efetuar aqui o meu papel de homem da Lei, representante da Rainha, e leva-lo à Justiça.

Holmes trazia em si um ar satisfeito, beirando à arrogância.

–Será mesmo?

Reid deu dois passos à frente, ficando ainda mais próximo de Holmes e sacando um par de algemas.

–Porquê? Irá apresentar resistência? Aviso-te que, a julgar pelo seu semblante, não me parece em boas condições físicas para isto.

–De fato, não estou. – admitiu Holmes, resignado. – E é justamente isso que me faz buscar por sua ajuda e ...

Holmes não conseguiu continuar. Para surpresa de todos os presentes, Reid pegou Holmes pelo braço e o empurrou contra a parede, algemando-o, ignorando sua constituição fraca. Esther estava horrorizada – e aquela altura muito arrependida de ter cogitado chamar o inspetor Reid.

–Há quanto tempo eu quis fazer isso... – dizia Reid a Holmes, com satisfação.

–Edmund! Isso é desnecessário! – clamava Norah.

–Fique fora disso, Norah! Eu estou apenas cumprindo meu dever.

Holmes começou a rir.

–Está muito satisfeito, não é, inspetor? Afinal, podemos admitir que eu posso ser considerado um peixe grande... – disse Holmes, ainda com o rosto virado para a parede.

Reid o virou bruscamente para si, com vitória transbordando nos olhos. – Não posso negar que sua prisão fará bons olhos ao Comissário...

–Mas não apagará o caso de Jack... Não, Reid. Sua promoção precisa de algo maior do que minha captura. Ainda mais porque não levará a nada. Eu já investiguei o bastante e conseguirei provar minha inocência.

–Então, o senhor não se importará se eu leva-lo em custódia.

–Não muito. Mas creio que você se importará. Afinal, isso te deixará de fora de um caso grandioso, envolvendo criminosos internacionais.

Reid riu. – O que o senhor andou bebendo, Mr. Holmes?

–Se você me prender, deixará a possibilidade de prender dois assassinos internacionais, que fizeram uma matança nos Estados Unidos e mataram um agente da Rainha, nas mãos do Inspetor Lestrade. Entregará a Lestrade os louros do sucesso.

Reid pareceu, de pronto, atônito.

–Mas que...?

–Esses dois assassinos são nada mais que Bruce Finnegan, o homem que prestou queixa contra mim, e uma farsante que nesse momento, está se passando por prima de meu amigo Watson. Acabaram por matar um homem da Agência Britânica e um Pinkerton para resguardar seu segredo, isso sem contar uma matança ocorrida em um rancho no Texas, nos Estados Unidos. Uma matança onde nem mesmo as crianças foram poupadas.

O inspetor ficou sensibilizado. Crianças mortas sempre lhe tocavam.

–Por quê eu, então?

Holmes pareceu aliviado. Finalmente, ele cedeu.

–Porque quem levar isso adiante, certamente ganhará notoriedade. E acho que, no fundo, o senhor merece. – disse Holmes, olhando nos olhos de Reid, que sabia o que ele estava querendo dizer. –E querendo ou não, você sabe quem era Jack, e teve a decência de abdicar de seu mérito e assumir um fracasso inexistente. Muitos levariam adiante sem se importar com as consequências. Eu sei reconhecer um bom adversário e se posso dizer, aliado, quando me deparo com um.

Reid parecia reconsiderar. Por fim, soltou as algemas de Holmes, causando suspiros em Richard, Esther e Norah.

–Então, me deixe a par disso. Eu não sou o Dr. Watson para ser o último a saber. – disse Reid, em deboche, cutucando Holmes em sua mais mortal ferida.

–Tudo bem. Senhores, tenham a bondade de se sentar. – disse Holmes, levando sua mão rapidamente à ferida, dolorida com a recente agressividade de Reid.

Reid percebeu e não pôde deixar de perguntar.

–Ferida à bala?

–Não. Facada.

–Atravessou o tórax. Por sorte, não acertou nenhum órgão. – completou Richard.

Enquanto Norah dizia “Santo Deus”, Reid disse “Bastardo de sorte”.

Holmes ignorou os murmúrios dos dois. Pedindo uma licença para fumar, sendo logo acompanhado por Reid, ele pôs-se a contar sobre tudo.

–Mas quais as motivações dessa mulher para querer te atacar de tal forma?

Holmes soltou uma baforada. – Confesso que não sei. Saberei amanhã, bem cedo, quando eu for até lá.

–Por quê não vamos agora? – perguntou Reid, se levantando.

–Não sei se é uma boa idéia. – disse Holmes. – Há uma chance de Watson não estar lá. Eu quero que ele saiba por mim, de minha boca, e não pelos jornais.

–Essa mulher é perigosa demais, Mr. Holmes! Não... – Reid caminhou até o cabide, pegando seu chapéu. – Será esta noite!

–Reid... – Holmes estava irritado.

–Eu estou comandando o caso agora, Mr. Holmes. Meu caso, minhas regras. O senhor tem um revólver?

Norah levou a mão à boca. Richard interviu.

–Eu tenho um. É meio velho, mas dá para usar.

Richard retirou de seu quarto um revólver antigo. Na verdade, uma garrucha.

–Santo Deus! Irá acabar por matar alguém de tétano com isso!

–Pertenceu ao meu pai, que era militar, assim como o meu irmão. – ele disse. – Meu irmão não costumava deixar suas armas em casa. Imagino que ele tenha centenas de esconderijos por Londres.

–De todo modo, esperamos que esta “relíquia” não seja utilizada essa noite. Acredito que isso será mais uma medida preventiva.

Quando os homens preparavam-se para sair, Esther tentou acompanha-los.

–Nada disso, senhora. A senhora vai ficar aqui junto a Norah, fazendo seu papel de boa esposa a esperar pelo seu marido. – disse Reid, machista como sempre.

Esther suspirou. Como alguém como Norah, tão extrovertida, independente e cheia de idéias, suportava ficar com um homem desses?

E o que ele quis dizer com “esperar pelo seu marido”?

–Baker Street, rápido. – pediu Reid ao motorista do cabriolé, que imediatamente galopou pelas ruas modestas daquele bairro, desaparecendo no meio da névoa, deixando para trás uma Esther atordoada e pálida com o que acabara de perceber.

Oh Adonai! Ele sabe sobre nós dois!


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Notas finais do capítulo

Sim, Esther!!! Ele sempre soube!!! :O

AHAHAHAHAHHA Só mesmo o Watson não sabe de nada, coitado.
E o Reid não perdoa ninguém também. KKKKK


Gostaram? Deixem seus reviews!!!!

E no próximo cap:

A HORA DA VERDADE!!!
Diane Watson/Marjorie Eccles X Sherlock Holmes e Edmund Reid

Babado, confusão e gritaria, galera!!! Preparem-se para muitas revelações!!!
Finalmente saberemos as reais motivações de Marjorie/Diane e também do Bruce.
E isto é só o começo, ainda há uma que deixei para o final...

AGUARDEM SÁBADO!!
Bjs e deixem reviews!!!



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