You could be Happy escrita por Dizis Jones


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olá para todos, estou mudando o dia de postagens para segundas, espero que entendam, é meu dia de folga e fica mais fácil
Estou atolada com tudo envolvido ao lançamento de meu livro, isso mesmo meu livro será lançado em 2015 o estou ansiosa e tentando me concentrar em tudo que devo fazer.
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Diário de uma vida dupla.
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sem mais boa leitura



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O inverno era rigoroso em certos dias, meus pés estavam envoltos de uma bota e eu havia buscado as meias mais quentes que eu poderia ter na gaveta, mas a neve que se acumulava ao redor de meus pés insistia em quase congelar a região. Minhas mãos estavam usando a luva que a vovó Lancaster havia tricotado antes de falecer, entre meus dedos faltava espaço, porém eu ainda insistia em usá-la.

A época de natal sempre fora a minha preferida, mesmo depois do diagnóstico da cardiomiopatia, não deixava de ficar animada, a cidade repleta de luzes, a compra da árvore de natal e a ceia.

— Esta está boa Hazel? — meu pai perguntava apontando para uma das mais altas árvores.

— Não, fica difícil colocar a estrela, mas essa aqui é perfeita. — falei apontando para uma de tamanho médio, aos meus olhos era perfeita.

— Será essa. — o sorriso que meu pai esboçou me fez sorrir de imediato.

Respirei fundo feliz por mesmo já estando quase na idade adulta, namorando e ainda ter feito uma tatuagem, nada disso fazia com que meu pai me tratasse diferente do que sempre tratou, sendo a sua garotinha.

A árvore fora escolhida, um senhor que usava uma touca de lã ajudou meu pai a erguê-la em cima do carro, sorri quando os pés dele pisaram em uma parte lisa do gelo fino que estava na calçada o fazendo escorregar.

— Não é contra alguma lei que a filha fique caçoando de seu pai desastrado?

— Creio que não. — falei lhe estendo a mão. Observei o sorriso do homem de touca, as bochechas de meu pai estavam levemente avermelhadas.

Assim que entramos no carro que estava aquecido, notei que estava realmente com frio.

— Amanhã irá fazer sua primeira viagem sem a sua família. — o tom de voz de meu pai saía divertido, porém uma breve analisada em sua expressão mostrou que ele estava preocupado.

— Acho que esse é o primeiro passo para a liberdade.

Nenhuma palavra foi dita, somente o som do carro foi ouvido pelo resto do caminho.

Chegando à nossa casa a árvore ficou perfeita no canto da sala, como sempre a caixa contendo a velha decoração foi trazida pelas mãos de minha mãe, entre uma decoração e outra colocada uma a uma a estrela ficava sempre por último.

— Acho que esse ano você merece colocar a estrela, Hazel. — meu pai esticava a sua mão com a enorme estrela dourada em minha direção.

Relutei em pegar a posição sempre deixada a meu pai, porém lembrei que esse ano foi um dos melhores, o que eu mais recebi benção se for assim colocada a minha situação, um transplante, amigos e um namorado, tive muito mais do que eu poderia um dia imaginar, a magia do natal invadia minha sempre constante relutância em aceitar as coisas boas, estendi a minha mão em direção à estrela, o peso não era tão amedrontador como o tamanho, subi na cadeira e posicionei-a ao centro da árvore.

Os olhos de minha mãe brilharam assim que meu pai ligou as luzes, e sim o verdadeiro espírito natalino estava instalando na residência dos Lancaster. O telefone soou retirando um pouco do clima, a mão de minha mãe estava enroscada a mão de meu pai.

— Deixem que eu atendo! — falei rapidamente não querendo desmanchar aquela cena. Corri até o aparelho que ficava na cozinha, e nem senti a falta de fôlego, agora não mais me sentia fadigada aos pequenos esforços graças as constantes caminhadas que fazia com Tobias.

— Residência dos Lancaster! — minha voz soou divertida, sendo que eu raramente atendia ao telefone.

— Hazel?! — a voz rouca de Tobias me fez ficar mais relaxada.

— Olá, que devo a honra de uma ligação sua em minha casa?

— Na verdade, eu liguei para falar com sua mãe. — fiz um biquinho de decepção, porém lembrei que ele não poderia ver essa minha indignação.

— Isso responde a pergunta de porque ter ligado aqui em casa ao invés de meu celular.

— Bobinha, estou com saudades, esse feriado me enlouquece.

— Natal não é para se enlouquecer.

— Você não conhece direito minha mãe.

— Por que quer falar com minha mãe?

— Se quero falar com ela, o assunto é com ela.

— Grosso.

— Também te amo, Hazel.

— Vou chamá-la, mas quero saber depois de tudo!

— Com certeza irá saber!

A imagem de Tobias dando uma piscadela me veio à mente, deixei o telefone na bancada e quando iria sair em busca de minha mãe ela já estava atrás de mim.

— Oh mãe! Tobias quer falar com você!

— Comigo?! — ela me encarou espantada pegou o telefone com ar interrogativo, fiquei ao lado dela. A curiosidade era um defeito grande que eu estava ainda trabalhando.

— Sim, Tobias... Certo... Tenho que ver com meu marido, mas creio que não terá objeção alguma... Certamente... Pode dizer a sua mãe que agradeço o convite e já retorno a ligação para confirmar.

Assim que ela desligou minha testa se enrugou. Eu a encarei.

— Ele nem me disse tchau! Sobre o quê era a ligação?

— Menina curiosa, ligue para ele, eu vou falar com seu pai.

— Mãe!

Ela nem fez questão de me falar nada, saiu em direção à sala.

Girei meus pés e saí pisando firme subindo as escadas rapidamente, assim que entrei em meu quarto peguei meu telefone no carregador e dedilhei a discagem rápida.

— Hazel Grace, foi rápida! — a voz debochada de Tobias indicava que ele sabia o porquê da minha ligação.

— Vá logo falando antes que eu enlouqueça de curiosidade, Tobias.

— Hazel, não é nada de mais, só queria te ver curiosa e pedi para sua mãe não comentar nada com você. — as gargalhadas do outro lado da linha me fizeram ficar bufando. — Fiz um convite a sua mãe, somente isso.

— Se divertindo as minhas custas. Que convite?

— Na verdade foi minha mãe, ela decidiu que quer você e sua família presente na ceia de natal.

— E você disse que isso não é nada de mais! — falei um pouco alterada. Uma ceia de natal na casa dos Eaton, e com minha família, isso me parecia algo além de sério, constrangedor.

— Hazel, você já esteve aqui muitas vezes, é só um jantar como qualquer outro!

— Não é! Tobias é a ceia de Natal, isso é mais que sério, olha meu pai acho que vai aceitar se minha mãe insistir muito, ela sempre o convence, então vou desligar tenho que procurar uma roupa.

— Hazel! — ele ia falar algo, mas mandei um beijo e desliguei.

Uma ceia de natal na casa dos Eaton, eu nem fiquei imaginando que isso chegaria a esse ponto, namorar, frequentar a casa de Tobias até aí tudo bem. Mas agora era sério, seriam meus pais em jogo, o desespero tomou conta de mim, sentei na beira da cama e respirei fundo, minha cabeça pendeu sobre as minhas mãos e eu fiquei contando até uma infinidade de números aos quais eu me perdi, tentando imaginar a roupa perfeita.

— Hazel! — a voz suave de minha mãe me fez levantar meu rosto, a encarei por um momento e ela emanava felicidade.

— Já sei, vamos passar a noite de Natal na casa dos Eaton. — assim que minha mãe fez uma breve análise de meu estado ela se abaixou ficando com seu olhar diretamente no meu.

— Não gostou da ideia? — disse interrogativamente.

— Sim, mas... É que está tudo sendo tão rápido, e eu não tenho roupa à altura... — as palavras atropeladas arrancaram um sorriso de minha mãe.

— Filha, se achar melhor não irmos, falo com seu pai, precisou de muita insistência para ele aceitar...

— Não! Eu vou, eu só...

— Está nervosa, entendo quando meus pais conheceram seus avós, lembro bem como foi.

Os braços de minha mãe envolveram minha cintura e eu aconcheguei em seu ombro.

— Podemos trocar nossos presentes antes, o que eu acha? — sua voz suave veio seguida de seus lábios tocando o alto de minha cabeça, de certa forma as demonstrações de afeto de minha mãe sempre me acalmavam.

Desfiz do abraço e sorri. Ela me estendeu uma caixa, a qual nem tinha notado que carregava. Assim que a abri revelando um vestido vermelho.

— Mãe! — toquei o tecido fino e o levantei, observando cada detalhe, era simples delicada apesar da cor intensa. — Isso... Esse vestido deve ter sido muito caro!

— Você merece, e pode usá-lo hoje.

— Obrigada mãe. — envolvi meus braços ao redor de seu pescoço, sentia sempre o cheiro reconfortante que ela emanava.

O vestido na altura do joelho deixava meu pequeno corpo delineado, ele descia com um leve rodado, deixando a parte do quadril solta e nas costas uma pequena abertura deixava minha pele a mostra. Busquei em meu armário um dos meus casacos, fiz uma maquiagem leve, entretanto abusei do batom, ao qual eu raramente usava, o vestido vermelho segundo as revistas femininas, pedia uma boca bem delineada com vermelho.

A cada passo que eu dava em direção à escada o medo me invadia. Marcus, pai de Tobias, não era muito agradável algumas vezes, ou quase todas. Um contraste com meus pais que raramente demonstravam alguma arrogância ou antipatia por alguma coisa.

— Filha você está perfeita! — o sorriso ocupou o rosto de meu pai, analisei seu terno de lã, e sua gravata bordô, ele ficava com aparência elegante e charmosa quando vestia esse tipo de roupa mais formal, preferia meu pai de jeans e camiseta andando pela casa tentando consertar tudo com seu cinto de ferramentas na cintura, mas vê-lo tão arrumado me deixava orgulhosa. Parte de meus medos ia embora, meu pai era um bom arquiteto e lidava constantemente com pessoas, isso o colocava em uma posição favorável. Meus medos se voltavam a minha mãe, ela era o tipo de pessoa que criava expectativas positivas sempre.

— Obrigada pai. — disse assim que terminei de descer os degraus. Meu rosto se virou com o som dos sapatos de minha mãe batendo nos degraus.

— Você está... Esplêndida, minha querida! — o olhar de admiração de meu pai em direção a ela me deixava em um estado de felicidade sem tamanho, o amor que eles demonstravam era tão grande.

— Obrigada meu amor, amei o presente. — suas bochechas estavam quase tão vermelhas quanto meu batom.

— Vamos. — ele arqueou os dois braços e nós enganchamos em um deles, saímos pela porta da frente. O vento altamente gelado bateu forte contra meu rosto, soltei do braço de meu pai somente para arrumar o casaco relutei contra o gelo na calçada que entrava em meus sapatos durante o curto trajeto até o carro, assim que ele abriu a porta eu praticamente saltei dentro do carro, o aquecedor demorou deixar o ar mais aconchegante.

Durante o caminho tentei focar em imagens que me deixassem mais tranquila, inutilmente eu tentava focar nas luzes de natal que decoravam as residências.

Assim que o carro encostou observei que a movimentação na casa de Tobias era grande, suspirei vendo mais de um carro estacionado aos redores do quintal, isso mostrava que não seria algo pequeno.

— Vamos querida! — as mãos de meu pai em minha direção me trouxeram novamente a realidade, eu deveria enfrentar cada situação, isso era um fato. Meus dedos gelados envolveram os quentes e reconfortantes de meu pai, e juntos caminhamos os três em direção a entrada.

— Feliz Natal! Sejam bem-vindos. — Evelyn sorriu ao abrir a porta, se meus lábios não estivessem envoltos na camada espessa de batom vermelho certamente estariam roxos de frio.

— Feliz Natal! — meu pai respondeu formalmente com a sua voz grossa usada em raros dias.

— Feliz Natal Evelyn. — minha mãe que já havia conversado com ela, envolveu a mãe de Tobias em um abraço, ela foi retribuída o que me deixou aliviada. — Não sabia o que trazer então trouxe o que eu já havia feito. — minha mãe estendeu uma travessa em direção a ela.

— Obrigada, creio que já será de grande ajuda.

Como sempre a mãe de Tobias era o poço de educação.

— Hazel como você está linda! — ela esboçou um singelo sorriso, retirei meu casaco e como já me sentia em casa o coloquei no armário da entrada juntamente com o de minha mãe e meu pai.

Tobias logo apareceu esboçando seu sorriso largo e tranquilo.

— Linda é pouco, mãe. Hazel você está estonteante! — ele usava um terno, e diferente de todos os bailes que fomos estava mais alinhado e formal, seu cabelo que já estava crescido estava perfeitamente arrumado com gel.

— Você está diferente. — não conseguia achar uma palavra que coubesse na frase. Ele me encarou preocupado, tentei consertar meu elogio. — Está diferente, mas lindo.

Seu braço enganchou ao meu e todos nós caminhamos diretamente a sala de estar.

A decoração deixava o ambiente todo iluminado, a árvore muito maior que a nossa era uma ostentação repleta de luminárias e bolas vermelhas e douradas. Marcus estava sentado ao lado da lareira em sua mão uma taça de vinho, assim que entramos ele levantou-se caminhando em direção a meu pai fazendo os tradicionais cumprimentos.

Antes que os assuntos começassem a campainha tocou novamente.

— Oh nossos outros convidados chegaram! — Evelyn correu em direção a porta eu encarei Tobias.

— Minha mãe insistiu que eles estivessem presentes. — observei a testa de Tobias se enrugar, a preocupação em seu tom de voz foi explicada assim que vi os Prior entrarem na sala.

— Olá Hazel, prazer revê-la. — a mãe de Tris antes mesmo de cumprimentar qualquer pessoa veio em minha direção me envolvendo em um terno abraço, olhei interrogativamente na direção de Tobias que deu de ombros.

Eu não mantive contato com ela desde os ocorridos pós a descoberta que o coração que eu carrego no peito era na verdade de sua falecida filha Tris, porém sabia da fragilidade da mulher, segundo Tobias seu marido e filho estavam tentando fazê-la se tratar.

— Você é a famosa Hazel! — um rapaz de pele clara e olhos verdes estava ao lado, eu o encarei por um momento. — Onde está minha educação, sou Caleb.

— Filho, eu disse que ela era linda. — as mãos da senhora Prior foram ao meu rosto e pude perceber lágrimas em seus olhos. — Posso ver até traços de Tris nela.

— Mãe, por favor, você prometeu! — Caleb segurou o braço de sua mãe, eu os observei se afastarem e cumprimentarem os outros.

— Desculpe, deveria ter avisado que eles estariam aqui. — Tobias estava novamente ao meu lado.

— Não se preocupe, se você estiver bem com isso, eu estarei.

— Não se preocupe, não irei mais esconder nada, somos oficialmente namorados.

Suspirei aliviada quando a mão de Tobias entrelaçou a minha.

— Nunca vi Caleb na escola! — falei ao observar mais atentamente o rapaz que estava sorrindo com algo que Marcus falava.

— Caleb faz intercâmbio em uma escola Americana, ele não mora com os pais há alguns anos, porém voltou para os feriados e parece que com a situação de sua mãe ele está pensando em ficar.

Minha mão foi diretamente ao meu peito, aquela situação era triste, uma mulher que perdera sua filha e agora ela de certa forma a via em mim.

Caminhamos até a mesa e estava igualmente linda a decoração, todos nos sentamos. Fiquei ao lado de Tobias, a todo instante a mãe da falecida Tris não perdia a oportunidade de ficar me observando, e mesmo com os protestos de Caleb ela não disfarçava.

— Hazel, você é amiga de Christina, Monica e Molli? — a pergunta me fez saltar antes de colocar o garfo repleto de salada de batatas a boca.

— Eu... Sou de Chris e Moni, vamos até viajar para a casa dos pais de Monica amanhã mesmo.

— E a Molli? Ela era tão amiga de Tris as duas eram como unha e carne. — e erro de colocar o garfo na boca foi percebido assim que eu acabara de me afogar.

— Desculpe, eu não sou amiga dela, pelo menos não íntima. — tentei soar natural sem querer falar mais do que deveria.

— Ela irá viajar também?

— Não, iremos os casais de namorados, Chris e Will, Isaac e Monica, Tobias e eu. Será como uma forma de os pais de Monica ficarem mais com Isaac. — Tobias apertou meu joelho eu virei bruscamente meu rosto para ele o encarando — Ai!

— O que foi Hazel querida? — minha mãe perguntou, e minha mente lerda demorou entender que eu estava dando informação demais naquele momento.

— Nada mãe, eu estou bem. — tentei manter minha boca com o máximo de comida que conseguia assim evitava falar o que não deveria.

Assim que o jantar acabou todos os adultos foram à sala.

— Desculpe Tobias, eu não sabia...

— Não precisa se desculpar, só achei que há coisas que devemos falar pouco. — seus lábios pousaram de leve nos meus, eu não resisti e aprofundei o beijo, só percebi como isso me fez falta agora.

— Tobias... Oh desculpe! — a senhora Prior estava ao nosso lado, olhei constrangida para ela.

— Senhora Prior. — vi os olhos da mulher se encherem de lágrimas meu coração saltou por mais batidas do que o normal, por mais que eu soubesse ser algo fora do contexto médico, eu usava apenas um órgão, não uma parte de Tris, fiquei abalada em deixar essa mulher constrangida.

— Hazel minha querida, isso é tão lindo, você está vivendo a partir de onde Tris morreu, é como se desse a ela a vida novamente. — suas mãos seguravam as minhas, estava agora eu constrangida, eu não queria ser a continuação de ninguém, eu apenas estava vivendo a minha vida, porém analisando o ponto de vista da senhora Prior, era realmente o que eu fazia, seguia a vida de onde Tris parou. Foi a minha vez de deixar as lágrimas caírem.

— Me desculpe, tenho que ir ao toalete. — deixei os dois ali parados e corri ao lavabo da entrada, encarei meu reflexo e eu estava ridícula, o meu batom vermelho estava desbotado e borrado pelo beijo, e eu ainda estava me sentindo uma patética continuação de Tris.

Inferno! Será que a benção nunca vem completa? Você sempre tem aquela porção de dor e de culpa em tudo que a vida lhe dá!

Inspirei o ar e encarei o reflexo mais uma vez, virei levemente meu corpo e encarei minhas costas nuas, a tatuagem bem visível me lembrava de que eu estava livre, eu não deveria me sentir assim, a senhora Prior era uma mulher magoada e triste, ela faria essas comparações para se sentir melhor, nada tinha realmente a ver com o que eu realmente era, Tobias mesmo deixou claro que ele vê a diferença e que ele realmente me ama mais.

Após me recompor, abri a porta e o som de uma pequena discussão me deixou intrigada, cheguei à sala de jantar e Caleb estava falando muito alto com a sua mãe.

— Viu? Eu disse que você estragaria a festa de alguém, deixe dessa obsessão maluca pela Tris! Ela morreu entenda! Aceite, agora vê se lembra de que tem mais um filho...

— Chega! — não pude conter a minha indignação, sabia que não deveria me intrometer nos assuntos de outra família, mas aquilo me magoou mais do que deveria.

— Hazel, os deixe... — Tobias estava segurando meu braço.

— Não! Ele está brigando com ela, não posso deixar! — fui em direção aos dois me desfazendo das mãos de Tobias. — Olhe aqui Caleb, sei que não sou nada, porém ela é sua mãe!

— Sim, mas não se comporta como tal desde a morte de Tris, e ainda está louca, eu disse a meu pai que deveríamos interná-la!

Os soluços da frágil mulher me compadeciam.

— Ela pode estar com problemas, precisar de um tratamento, mas não justifica tratá-la assim, se ela se sente bem pensando o que pensa a deixe, não tire o pouco que ela carrega de sua irmã.

— Você fala como ela, isso me faz imaginar que ela não está tão louca.

Caleb se retirou e foi ao lado de seu pai juntamente com Marcus na sala de estar, fiquei observando a mulher frágil aos prantos observei meus pais que assistiam a cena, sabia que eles haviam me educado sempre para encaram as piores situações, e sempre me deram amor, eu deveria fazer algo, eu havia me intrometido já.

— Senhora Prior. — a mulher me encarou temerosa. — Eu não sou a Tris, carrego o órgão que foi responsável por bombear sangue para ela durante toda a sua vida, um órgão que veio do corpo dela que você a fez, sei que é complexo isso, sei que é como se parte dela vivesse em mim... — as palavras tentavam se organizar em minha mente para saírem coerentes e amáveis.

— Por isso eu digo e ninguém acredita que você é quem está fazendo a minha Tris viver.

Encarei meus pais. Sussurrei: “Amo vocês”, minha mãe sorriu e segurou a mão de meu pai, então eu fui em direção à senhora Prior e a envolvi em um terno abraço.

— Sempre que alguém deixa parte dela viver, sendo um coração, um rim, uma córnea, essa pessoa está deixando a sua marca, está continuando de alguma forma a viver, o cérebro de Tris aquele que a fez ser quem era morreu, porém ela me deu o direito à vida assim como as outras pessoas, e eu fico feliz de estar continuando essa vida da melhor forma possível, estou livre voando como um pássaro e graças a você, pois deu a vida a sua filha e depois permitiu que essa sua filha desse a oportunidade de ouros viverem após a sua morte.

Os soluços dela eram acalmados à medida que eu acariciava seus cabelos, observei meus pais, eles sorriam com a minha atitude, eu estava honrando Tris, a garota que me deu o direito de viver, e honrando a educação que meus pais me deram.


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Notas finais do capítulo

Natal sempre trás muitas reflexões
espero o comentário de vocês beijos e até semana que vem



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