Roberta: Não, claro que não. – Nanda ouviu os gritos de May e Chris.

Fernanda: Ah, você está com visita, desculpe, eu volto outra hora.

Roberta: Não, pára com isso! São meus amigos que vieram me fazer uma visita, entra e come uma pizza com a gente.

Fernanda: Tem certeza que não vai ter problema?

Roberta: Claro, vem. – Ela entrou. – Gente, deixa eu apresentar a vocês a Fernanda, uma amiga minha. Nanda, essa é a May. – Apontou – E esse é o Chris.

Mayane: Oi Nanda.

Christian: E ae Nanda? Eu já te conheço! Você e a Beta ficavam né? – Fernanda ficou corada.

Fernanda: Pois é. – Sorriu.

Mayane: Não liga, ele é cara de pau mesmo.

Roberta: Senta ae Nanda, eu vou ali na cozinha fazer mais uma caipirinha pra você, aceita né?

Fernanda: Claro.

Christian: Ah, você é pinguça como a gente?

Fernanda: Posso dizer que sim. – Sorriu mais uma vez.

Roberta: May, me acompanha?

Mayane: Ah claro. – Levantou-se.

Assim que chegaram a cozinha, Beta começou a fazer a caipirinha.

Mayane: Te ajudo em que?

Roberta: Em nada.

Mayane: Me chamou só pra te olhar fazendo a caipirinha? Ta insinuando que eu não sei fazer caipirinha? – Beta sorriu.

Roberta: Não sua doida! Quero falar com você.

Mayane: Sobre?

Roberta: A Fernanda é uma guria que eu ficava antes de namorar a Thay e como a Thay é sua prima, não sei se você se importa com ela aqui.

Mayane: Claro que não, Beta. A Thay é minha prima e você minha amiga, cada uma tem a sua vida e eu respeito. Claro que por mim você namoraria a Thay e seria minha prima. – Sorriu. – Mas não tem problema, fica tranquila.

Roberta: Tem certeza?

Mayane: Claro. Mas e aí, vai dar uns pegas nela? – Sorriu maliciosa.

Roberta: Não. – Sorriu junto. – Já nos vimos antes e não rolou nada.

Mayane: Sei, sei.

Roberta: É sério! E vamos antes que o Chris mate a menina de vergonha.

As duas voltaram para a sala e viram Chris e Nanda morrendo de rir.

Mayane: Qual a graça?

Christian: Tava contando pra ela uns micos da Beta e meu quando éramos mais novos.

Roberta: A,h vai se catar Christian! Tanta coisa pra falar e tem que ser justo isso?

Mayane: Ta queimando seu filme. – Beta entregou o copo pra Nanda.

Fernanda: Obrigada.

Não demorou muito e a pizza chegou, enquanto devoravam ela, eles iam assistindo DVD por DVD e jogando papo fora. Lá pela uma hora da manhã, Chris e May decidiram ir embora.

Christian: Qualquer coisa que precisar me liga, Beta.

Robert: Pode deixar. Eu acompanho vocês até a porta.

Christin: Flw Nanda.

Mayane: Tchau Nanda.

Fernanda: Tchau gente, se cuidem. – Os três foram até a porta e Beta a abriu.

Mayane: Boa noite, Beta. Se cuida.

Christian: Flw Beta. Tenha uma ótima noite. – Sorriu malicioso e olhou Fernanda.

Roberta: Besta! Vão com cuidado. – Eles entraram no elevador e Beta voltou para a sala.

Fernanda: Bom, e eu vou te ajudar a arrumar essa bagunça e vou indo também.

Roberta: Que isso, não precisa. Amanhã eu ajeito.

Fernanda: Nem pense que eu vou sair daqui sem te ajudar. – Beta sorriu.

Roberta: Ta bom.

Elas juntaram a louça e levaram até a cozinha, chegando lá, Fernanda começou a lavar e Beta a secar.

Fernanda: Essa dupla é uma figura.

Roberta: São sim, tão sempre brigando.

Fernanda: Eu notei. – Sorriu.

Roberta: Tava precisando da visita deles, veio em boa hora.

Fernanda: Falando nisso, eu não quis perguntar na frente deles, mas como você está?

Roberta: Ela terminou comigo.

Fernanda: Por isso te achei hoje aqui. Quando foi isso?

Roberta: Na manhã seguinte que você me deixou em casa.

Fernanda: Mas não foi por minha causa, né?

Roberta: Não, claro que não. Ela optou por ficar com o noivo dela.

Fernanda: Bem que eu notei você um pouco triste.

Roberta: Ainda não consegui me acostumar.

Fernanda: Você a amava muito, né? – Beta respirou fundo e abaixou seu olhar.

Roberta: Sim. Fazia anos que eu não me envolvia tão profundamente com alguém.

Fernanda: É difícil mesmo. – Beta a olhou.

Roberta: Ah, desculpa ta falando essas coisas com você, que cabeça a minha! – Nanda sorriu.

Fernanda: Não tem problema, amigas são pra isso. – Sorriu novamente. – Acabei aqui, vamos pra sala?

Roberta: Vamos sim.

Elas fizeram mais um copo de caipirinha e foram para a sala continuar a conversa.

Fernanda: Você saiu da Mix?

Roberta: Não, tirei uns dias de folga.

Fernanda: Entendo.

Roberta: Mas e o teu namoro?

Fernanda: Ela me expulsou de casa hoje.

Roberta: Nossa, por quê?

Fernanda: Só porque esqueci nosso aniversário de namoro.

Roberta: Ah, só por isso? – Ironizou.

Fernanda: Só por isso, acredita? – Ela sorriu. – Eu vacilei mesmo, por isso saí sem discutir. Foi a primeira vez que esqueci, pedi desculpas e expliquei que foi por causa da correria, mas ela não quis saber de conversa.

Roberta: Não tem onde dormir hoje?

Fernanda: Não. Eu saí só pra ela se acalmar. Com certeza ela se arrependeu e ta atrás de mim, mas eu desliguei o celular. – Sorriu.

Roberta: Você é malvada!

Fernanda: Não, não sou. A gente não pode ficar dependente de uma mulher, agradar sempre e essas coisas. Se a gente der 100% de segurança pode acabar estragando futuramente, tem sempre que ter aquela pontinha de insegurança, aquele medo de acabar perdendo.

Roberta: Acho que esse foi o meu erro. Thay sabia que eu era louca por ela, que eu era capaz de tudo por ela e o quanto eu a amava.

Fernanda: Mas se você for parar pra pensar, ela sabia que você era louca por ela e que talvez você jamais deixaria dela, até que um dia você cansou e aceitou o fim do namoro. Com certeza ela não estava esperando por isso e deve ta sendo mais difícil pra ela.

Roberta: Acho que não. Ela não gostava de mim do mesmo jeito que eu gostava dela, ela nunca disse que me amava.

Fernanda: O fato dela nunca ter dito, não quer dizer que ela não te ame.

Roberta: Quanto mais eu tento entender ela, mais confusa eu fico.

Elas ficaram conversando durante mais alguns minutos e logo Nanda foi embora.

Um mês e meio depois

Um mês e meio se passou desde que tudo entre Roberta e Thayane terminou. Nesse meio tempo, Thay e Beta não se viram, o pouco que uma sabia sobre a outra era o que May e Chris falavam. As coisas não haviam mudado muito, uma ainda sentia a falta que a outra fazia. Thay procurava ocupar sua mente com seu trabalho e Beta achava que já tinha superado o golpe que havia recebido. Vitor já estava morando com Thay, se viam pouco, apenas a noite porque Thay fazia de tudo para demorar a voltar para casa todo dia. Nos finais de semana, ela procurava estar sempre envolvida com um evento social para não ter que passar 24 horas somente com ele.

O final de semana chegou, o noivo de Thay havia marcado uma gelada com alguns amigos e sócios na praia e Thay teria de ir com ele, contra sua vontade, claro.

Vitor: Está pronta meu amor?

Thayane: Estou sim, podemos ir.

Ambos foram até o carro e se dirigiram para praia.

Enquanto isso no apartamento de Roberta

Diego: Vamos dar uma volta na praia, ta um calor infernal!

Mayane: Vamos Beta, preciso de uma água de coco!

Roberta: Ta bom, ta bom seus chorões. Vamos.

Após terem conseguido convencer Beta, os três foram para a praia a pé mesmo, afinal, era ali pertinho.

Diego: Ah, esse vento! – Tirou a camisa e abriu os braços.

Mayane: Credo Diego, você ta mais branco que talco. – Beta sorriu.

Diego: Olha quem fala, a senhora-pernas-brancas!

Mayane: Olha o respeito comigo garoto. – Falou enquanto batia nele com sua bolsa.

Roberta: Caraca, parem vocês dois!

Diego: Ela não consegue ficar sem me tocar. – Sorriu.

Mayane: Você é um idiota! Eu vou buscar minha água de coco.

Diego: Traz uma pra mim.

Mayane: Não ouvi direito.

Diego: Por favor. – May sorriu.

Mayane: Agora sim. Quer também, Beta?

Roberta: Quero, por favor. – May retirou-se e Diego e Beta se sentaram junto a uma mesa.

Diego: Vamos dar um mergulho depois?

Roberta: Vamos, ta muito quente hoje.

Diego: Vamos aproveitar porque andam dizendo que o tempo vai virar, vai esfriar e chover a semana toda.

Roberta: Sério?

Diego: Foi o que passou na TV. Me ajuda a atirar a May na água? – Beta sorriu.

Roberta: Ela vai te bater.

Diego: To acostumado com os tapas dela. – May voltou.

Mayane: Aqui esta a água de vocês.

Roberta: Obrigada May.

Diego: Valeu minha morena. Vai se banhar?

Mayane: Eu não.

Diego: Por quê?

Mayane: Não quero molhar o cabelo.

Diego: É uma fresca!

Roberta: Vamos lá molhar os pés? Quero ver se a água ta fria ou morna.

Mayane: Vamos.

Os três se aproximaram da água e molharam os pés.

Diego: Eu to a fim de me banhar, mas não quero me banhar sozinho.

Mayane: Não conta comigo.

Roberta: Eu até aceito.

Diego: Não, eu quero as duas.

Mayane: Não vou tomar banho, já disse.

Diego: Você vai sim, eu sou o macho da relação!

Mayane: Relação? Que relação garoto? E que macho?

Diego: Ta duvidando da minha masculinidade, morena? – Olhou malicioso apra ela.

Mayane: É sério Diego, não vou entrar no mar. Beta, me ajuda! – Ela ficou atrás da Beta.

Diego aproveitou que May e Beta estavam bem próximas uma da outra e abraçou as duas, puxando-as em seguida para dentro do mar com ele. Assim que uma onda bateu neles, eles caíram mergulhando e logo May começou a bater nele.

Mayane: Seu filho da mãe, você me paga!

Diego: Se você der mais um tapa em mim eu te beijo a força! – Ela parou de dar tapas.

Mayane: Você não me assusta!

Diego: E por que parou de me bater?

Mayane: Minha mão doeu.

Diego: Eu dou beijo pra sarar.

Mayane: Que da beijo o que!

Roberta adorava ver os dois brigando, ela sabia que mais cedo ou mais tarde eles acabariam juntos. Ela era só sorrisos até que seus olhos pararam em um grupo de amigos, onde um casal chamou sua atenção.

Roberta: Não poder ser!

Sua respiração acelerou, seu coração disparou e ela sentiu um frio na barriga. Era Thay que estava sentada naquele grupo de amigos. Roberta não estava preparada para vê-la depois de quase dois meses, ainda mais vê-la com Vitor. Ele estava abraçado a ela e ela sorria com o pessoal. Durante alguns segundos Diego e May chamaram por Beta, mas ela não ouvia e nem via nada além da Thay naquela roda de amigos.

Diego: Beta, acorda! – Gritou.

Roberta: Que? – Olhou ele.

Diego: Eu te machuquei quando te joguei na água?

Roberta: Não, por quê?

Mayane: Você fez uma cara como se tivesse visto a Gretchen sem roupa! Tem alguma assombração na praia ou...- May calou-se ao olhar em direção aos quiosques e ver Thay lá.

Diego: Ou o que? – May fez um sinal discreto e Diego acabou vendo Thay também. – Entendi.

Roberta: Deu sede, vamos voltar pra mesa?

Mayane: Vamos, claro.

Eles voltaram para mesa, Beta sentou na cadeira que a deixava de costas para onde Thay estava e tentou parecer tranquila, mas no fundo ela queria ir embora.

Mayane: Vamos embora? Lembrei que eu tenho um trabalho da faculdade pra fazer.

Roberta: Vamos.

Diego: Ta ficando frio também.

May e Diego levaram Beta até o apartamento dela, insistiram para ficar, mas Beta preferiu que eles fossem embora, já que o tempo estava para mudar.

Após isso, ela ligou o rádio e foi tomar um banho. Ela ficou mais de uma hora embaixo do chuveiro, deixando a água cair sobre seu rosto enquanto tentava se concentrar na música que passava do que na cena que acabara de ver na praia. Em seguida, ela desligou o chuveiro, enrolou-se na toalha e andou até a janela de seu quarto. Enquanto tomava seu banho, o tempo havia mudado, agora estava chovendo forte, sua janela embaçava aos poucos.

Roberta fixou seu olhar em qualquer lugar do asfalto na rua, levou uma mão sua até o vidro da janela e encostou sua testa nele também. Por mais que tivesse tentado ela não conseguiu, as lágrimas caíram por seu rosto ao lembrar de ver Thay sorridente com Vitor. Ela não estava curada como pensou estar, nem nunca esteve. Beta fechou seus olhos com força como se assim conseguisse tirar a imagem que viu, ela estava com raiva por ainda amar Thay.

Alguns minutos de choro, grudada naquele vidro e perdida em mil pensamentos, e ela respirou fundo, secando suas lágrimas.

Roberta: É a última vez que choro por você, Thay!

Aquele seria o último choro antes de Beta tentar ser feliz de novo. Se Thay conseguia viver sem ela, ela também conseguiria sem Thay.