POV Damien

Eu não acredito que ele está fazendo isso, bem no dia que eu estou com menos paciência. Derek parece andar escolhendo os piores dias para me irritar.

— Derek Baker Rubin! – Grito vendo Derek dar um soco na costela de Juan que choraminga e devolve com um chute no estomago e fazendo Derek deslizar pelo chão para longe dele.

— Agora não, querido. – Derek grita depois de se levar e cria um portal para aparecer atrás de Juan e chutar sua perna fazendo-o cair.

— Eu vou te matar seu desgraçado! – Gritou Juan que deu uma cotovelada no rosto de Derek e avançou para cima dele.

— Se vocês não pararem agora eu vou matar os dois e eu não estou brincando. – Falei irritado e os dois pararam imediatamente me olhando como se eu fosse mata-los realmente.

— Isso não vai ficar assim. – Diz Juan arrumando sua jaqueta e se afastando.

Derek encontra seus olhos verdes com os meus e percebe o quão irritado estou, eu estou quase mandando ele se foder.

— Amor, ele me pro. – Levanto a mão fazendo-o parar de falar e engolir seco.

— Rubin, eu estou me segurando pra não pegar esse seu cabelinho bonitinho e cortar, então eu acho melhor você ficar quieto e ir comigo a enfermaria.

Ele assente rapidamente e me segue um pouco afastado até a enfermaria, após chegarmos, o mesmo se sentou na maca e esperou que eu voltasse com a caixa de primeiro socorros.

— Amor, eu só.

— Calado. – Digo secamente e continuo limpando seu supercílio.

— Mas ele falou de v. – Ele tenta falar novamente e eu pressiono mais forte em seu machucado. – Ai, não faça isso.

 - Eu disse para ficar calado.

Pelos próximos minutos ele se mantém calado e eu me acalmo enquanto cuido de seus machucados com carinho, ele não tinha culpa de meus pesadelos terem voltado.

— Me desculpe pelo descontrole, não tenho dormido direito. – Peço enquanto arrumo seu topete e deixo um beijo em sua testa, ele encosta seu rosto em meu peito e acaricia de leve minha cintura.

— Está tudo bem, quer conversar sobre isso? – Escuto sua voz suave bem baixinho.

— Depois, preciso conversar com Carolyna sobre algumas coisas, te encontro na minha casa? – Ele assente e me dá um beijo suave, seus lábios macios são uma perdição para mim.

— Até mais tarde, querido.

Vejo-o se afastando e suspiro pressionando minhas têmporas esperando que minha dor de cabeça passe, eu não aguentava mais ter sonhos sobre as torturas que eu sofria nas mãos de Angel, o nome dele é uma ironia enorme, ele era tudo menos um anjo.

Levanto-me e começo a caminhar até o campo atrás de Carolyna que deve estar com um namorado novo ou com mais um ficante.  A encontro se atracando com um jogador do time de softball do colégio, solto um suspiro pesado e eles rapidamente se separam, vejo o rosto do jogador e ele é Chris Jauregui, comprometido e com uma namorada ciumenta demais, com um namorado safado desses eu não tiro a razão dela estar sempre irritada e com crises de ciúmes.

— Eu preciso ir... – Chris fala pegando sua mochila e saindo rapidamente, dá uma rápida olhada para mim e se despede rapidamente de Carolyna que me olha como se fosse me matar, solto uma risada baixa e divertida encostando-me na barra de ferro que sustenta a arquibancada do campo.

— Eu vou te matar, seu namorado não consegue te satisfazer não? Fica empatando amasso dos outros. – Diz a morena arrumando sua saia que estava mais do que levantada e amassada.

— Derek me satisfaz muito bem, mas eu não vim aqui pra falar da minha vida sexual. – Respondo arrumando o meu cabelo na toca preto que estou usando e olho seriamente para ela que me encara com tédio. – Preciso que entre em contato com eles e descubra por onde anda Angel, creio que ele esteja na cidade e que está entrando em meus sonhos.

— E eu lá tenho cara de que quero saber da sua vida sexual? Mas para seu pedido, eu posso até entrar em contato, mas você sabe que eles vão pedir algo em troca para conseguir as informações. – Sua voz se torna baixa e rouca a partir de sua segunda frase, levando-me a acreditar que Carolyna saiba que eles não estão muito longe da cidade.

Eu assinto e respiro fundo, minha cabeça não para de doer um segundo e ainda tenho que pensar em algo valioso para entregar a eles, não posso deixar que meu novo time se mate, são tantas coisas para lidar. Eu não consigo dormir direito há uma semana, consegui dormir por duas horas seguidas só nas noites em que Derek esteve lá para cuidar de meu sono, Angel queria me passar alguma mensagem através desses sonhos que traziam memórias antigas, mas que mensagem? Será que ele estava fazendo isso com os outros anjos? Eu preciso conversar com Steve e Lucy, temos que acabar com isso de uma vez por todas, temos que nos focar em acabar com o inimigo e não em nossas brigas internas e idiotas.

Caminho pelos corredores em busca de pelo menos um dos anjos, não consigo sentir a aura de nenhum delas em uma escala de 50 metros, o que está acontecendo? As coisas começam a rodar e eu me apoio em um armário que do nada se transforma em um urso polar estranho, me afasto e olho para os lados vendo se alguém estava ali, mas o corredor estava muito escuro.

— Agrr! De novo não. – Digo sentindo minhas forças se desvaneceram e meu corpo cair no chão, a ultima coisa que eu vejo é o anel que Derek me deu quando me pediu em namoro.

POV Carolyna

A vida é algo realmente interessante quando você consegue aproveita-la por tantos anos e de várias maneiras, viajei para vários lugares, tive tudo que sempre quis, tive todos quem eu desejava, mas isso até hoje não preencheu o vazio que eu sinto nisso que pode ser chamado de coração? Eu devia ter perdido a sensibilidade de sentir algumas coisas, principalmente a falta de amor, mas eu infelizmente ainda sinto a necessidade de ter alguém que me faça companhia até a sua morte ou até mesmo a minha morte.

Observo cada um dos rapazes que passam por mim e vejo que cada um tem algo que chama mais atenção, mas eu não procuro uma ou duas coisas que chamem atenção, eu queria alguém que por todo pudesse chamar minha atenção, que pudesse me fazer ter curiosidade sobre ele, por que é tão difícil achar alguém assim? Eu posso ter centenas de anos, mas não vou me sentir completamente feliz se eu não achar o que me falta, essa é a pior coisa de ser um ser imortal, você fica, as coisas mudam, mas você não se sente completo, não para sempre ou nunca se sente completo.

— Você está viajando por um bom, aconteceu algo? – Ouço a voz doce e enjoativa de Carolyn e olho para sua expressão terrivelmente doce, odeio pessoas doces demais, deu pra perceber, certo?

— Eu to bem.

Levanto-me do banco em que estava sentada e me boto a andar de volta para dentro da escola, sei que ela está me seguindo pra tentar me convencer a falar, espero que ela tome o famoso chá do semancol.

— Não é o que tá parecendo... – Ela sussurra e fica me olhando com aqueles olhos fofos e estranhamente irritantes, que menina chata.

— Eu só preciso arrumar alguém, nada mais do que isso.

— Talvez eu possa te ajudar, conheço vários caras legais, você sabe que eu gosto de bancar a cúpido às vezes, tanto que eu já ajudei o... – Paro de prestar atenção no que ela fala quando vejo Kelvin passar pelo corredor com a cabeça baixa, o que será que aconteceu? Me dirijo em sua direção e o vejo entrar na sala do Glee, oh my God, hoje tem Glee e eu esqueci completamente, mais um dia tendo que Alexia e Lucy brigando por besteira.

— Ei, você tá me escutando? – Saio dos meus pensamentos ao ouvir essa fala de Carolyn.

— Oh, desculpe, eu estava pensando em umas coisas, temos Glee, depois conversamos.

Volto a caminhar para a sala do Glee, entro vendo metade dos alunos ali e sento-me na fileira do meio na frente de Kelvin, será que ele olha pra mim? O que? Por que eu to pensando nisso? Que besteira. Olho para frente e vejo o resto dos alunos entrando juntamente de Puck e Santana, nenhum dos dois está com uma cara boa, hoje realmente deve ser um daqueles dias que não está bom pra ninguém, Luan ainda está com escoriações em seus braços e pescoço, Derek com o olho inchado e Emma por mais impressionante que possa parecer está com um corte ainda não cicatrizado no lábio inferior, deve ter ficado com alguém pelos cantos do colégio, não sei porque ela não se tocou que desse jeito nunca vai ter Lucy de volta se é mesmo que ela gosta da Lucy.

— Bom dia pessoal, hoje eu quero deixar bem claro que se vocês fugirem de novo as coisas vão ficar feias, nós estamos aqui por uma causa maior, nós sabemos o que vai acontecer e vocês não, então cooperem.

Todo mundo fica quieto ouvindo a lição de moral chata da Quinn, se eles sabem tanto por que não dizem logo para nos prepararmos melhor para isso? É tão chato fazer as coisas sem saber o que vai acontecer.

— Então vocês deviam é nos contar se vocês são os tão famosos sabichões que sabem de tudo que vai acontecer. – Damien levanta a voz e olha diretamente para Quinn. – Sabe o mais incrível? Vocês são uns Zés-ninguéns que não tem nada a mais do que essa vidinha fajuta que vocês levam, até parece que a Rachel deixaria a Broadway pra dar aula pra adolescentes em crise, você Quinn não ia acabar com sua carreira pra fazer isso, a Santana não pararia seu novo álbum pra fazer isso, Britney não fecharia a academia dela para fazer isso e o Puck não sairia do exercito pra fazer nada disso, então o que vocês tem de tão especial? Exatamente, nada. Então não venham com lição de moral estúpida.

— Damien, acho melhor você nos respeitar, nós...

— Não! – Grita Damien interrompendo Quinn – Vocês não deviam estar nesse mundo em que nós fazemos parte, nós temos poderes, vocês não, vocês não deviam conhecer esse mundo, vocês só são humanos, são ingênuos e gananciosos, entupidos de erros, nós somos superiores e não sabemos de merda alguma.

Todos ficam quietos parecendo assustados com a explosão de Damien, ele nunca tinha se comportado assim, o que está acontecendo? Ele se levanta rapidamente e tenta segurar Quinn pelo pescoço, mas Javier foi mais rápido e se meteu na frente jogando-se em cima de Damien, eu me levanto para tentar separar a briga, mas sinto a mão de Kelvin em meu ombro, olho para seu rosto e ele faz um sinal com a cabeça pedindo para eu não interferir, volto a olhar para a briga e vejo que ninguém se move para separá-los.

Javier chuta Damien para o outro lado da sala e suas garras crescem rapidamente, vejo os olhos de Damien em completa escuridão, nunca tinha visto isso acontecer, ainda mais isso vindo de um anjo caído. Javier magicamente para de se mover e fica olhando fixamente para os olhos de Damien, ele vai ficando pálido e seus olhos vão ficar opacos em questão de segundos, quem está fazendo aquilo? Damien não tem essa habilidade.

Vejo Eleanor se levantar correndo até Javier, mas já era tarde, ele estava desacordado e pela aparência parecia sem vida alguma em seu corpo, ouço os gritos de alguns colegas e seus corpos se movimentando rapidamente pela sala, por que tudo está ficando em câmera lenta? Olho para trás e novamente vejo Kelvin e seus olhos vermelhos, eles me indicam olhar para o piano, vejo um jovem rapaz com seus cabelos com alguns cachos olhando para a cena com um sorriso sarcástico, será que é o tal Angel? Ele me olha e inclina levemente sua cabeça para a esquerda, dá um sorriso leve e uma risada, pisco os olhos e ele desaparece, vejo meus colegas me chamando para ajudar Javier. Olho para Damien que está encostado em uma extremidade da sala, seus olhos agora estavam novamente um azul esverdeado, eu consigo ver eles marejados.

— Se eu fosse você não iria me aproximar dessa bagunça tão cedo. – Ouço Kelvin sussurrar em meu ouvido e se afastar até a entrada da sala, o observo e ele me devolve o olhar e sorri se afastando da sala do Glee.

Que merda foi essa?

POV Damien

Acordo em uma sala totalmente branca, que lugar é esse? Levanto-me devagar e observo os móveis pretos que essa sala possui, por que eu estou aqui? Vejo uma parte da parede se abrindo e vejo Lucy juntamente de Steve entrando na sala, me boto em pé em estantes e me dirijo até eles, não sei por que do tanto de raiva que estou sentindo, mas empurro Lucy com força contra a parede e sinto Steve apertando meu ombro com força e pedindo calmamente para eu soltar Lucy que está quieta olhando para meus olhos. Seus olhos azuis estão verdes, o que está acontecendo?

— Acho melhor conversarmos, vejo o quanto você está precisando conversar. – Lucy diz logo após eu soltar sua camisa, ela aponta para uma poltrona que se encontrava do lado do sofá em que acordei, vejo ambos Steve e Lucy se sentando no grande sofá e olhando para meu rosto.

—- Sobre o que vocês querem falar?

— Não sei, me diga você. – Steve fala para mim e fica quieto me observando. Fico por alguns segundo olhando para os dois que estão quietos esperando eu me manifestar.

— Eu tenho tido sonhos com torturas passadas que eu sofri na mão de Angel, eu não tenho consigo dormir direito, as imagens ficam passando repetidamente pela minha cabeça, acho que ele está na cidade e está invadindo minha mente, não tem outra explicação. – Solto tudo de uma vez e encosto minha cabeça em minhas mãos que estão apoiadas em meus joelhos.

— Para ele poder entrar em seus sonhos você tem que ter algo que te conecte aos céus, para nós só resta um item sagrado, porque tenho certeza que nenhum de nós vai se casar em uma igreja ou pode se quer entrar em uma igreja. – Steve exclama e se senta melhor no sofá, olha para minha mão e depois para meu rosto. – O que é isso no seu dedo?

Olho para minha mão e vejo o anel que Derek me deu de namoro, não pode ser aquilo, ele não poderia ganhar isso facilmente e nem poderia comprar, muita gente está atrás de anéis sagrados para se tornarem mais fortes.

— Meu anel de compromisso, mas isso está fora de questão – Me levanto do sofá e começo a andar pela sala, senti seus olhos queimando em minhas costas e sinto um bolo se formar em minha garganta, aquilo não podia estar acontecendo, ainda mais por causa de um anel – Não é um anel sagrado.

— Pensei que você sendo um dos anjos que mais cuida de auras seria mais inteligente para perceber um item sagrado – Lucy fala sarcasticamente e se levanta do sofá se dirigindo até mim e tocando em meu ombro, me afasto dela e por reflexo dou um soco em seu estomago.

Vejo ela se afastar segurando firmemente em seu estomago tentando respirar, Steve corre até ela e fala algo que eu não entendo, eu não sei o que está acontecendo, eu nunca acertaria ela assim, ainda mais quando sei que ela nunca faria nada a mim. Steve olha pra mim e se afasta de Lucy que está sentada na poltrona em que eu me encontrava minutos atrás, olho para seus olhos verdes e sei que ele vai tentar fazer algo, me mantenho em posição defensiva.

— Eu não quero te machucar, me dê o anel. – Ele diz rígido e se aproxima devagar – Vamos! Você precisa me dar o anel.

— Não! – Grito quando ele se aproxima de mim e desvio de seu corpo, chuto suas costas e não entendo como Lucy conseguiu chegar perto de mim sem eu perceber sua presença.

— Desculpe, mas o anel fica conosco até você aprender a se controlar quando o usa. – Ouço sua voz em meu ouvido e minha mãos ficam presas em algum tipo de algema vejo que Steve prendeu meus pés também, sinto meu anel ser arrancado de meu dedo e tento me mexer, mas é impossível, eles não podem tirar isso de mim, grito e fico tentando me libertar enquanto eles ficam me observando – Por causa desse descontrole que estamos tirando o anel de você, esse anel é o anel do amor, ele te deixa o mais irracional possível até que você aprende a controla-lo e não deixa-lo te controlar.

Steve tira uma caixa de seu bolso e estica até Lucy que guarda meu anel ali dentro, sinto parte da raiva em que sinto se esvair e encosto minha cabeça no chão respirando fundo, meu coração parece que vai sair pela boca. Fico ali com a cabeça encostada no chão até sentir que posso respirar normalmente de novo, vejo Steve se aproximar e soltar minhas algemas, aliso os lugares em que as algemas me prendiam e sento corretamente no chão.

— Podemos encontrar Angel, ele está na cidade. – Diz Lucy que se aproxima e me ajuda a levantar. – Vamos conversar com eles o mais rápido possível, creio que hoje eu já consiga estabelecer contato.

— Eu preciso que isso dê certo. – Me sinto desesperado para que tudo isso acabe e acabe o mais rápido possível, eu não aguentava mais os pesadelos, os sentimentos intensos e confusos, as trocas de humor constantes e toda a perseguição a qual venho tendo ao longo do tempo, eu pensei que saindo do céu eu poderia ter uma vida mais calma, mas me enganei miseravelmente.