Ela havia dito sim. America havia dito sim. Depois de tudo que passamos. O real objetivo da Seleção era a minha escolha, mas de nada adiantaria se ela não me aceitasse. Desde que vi sua ficha de inscrição sempre soube, era ela. Além de sua aparência angelicamente perfeita, seu interior conseguia ser ainda mais belo.

Muitas vezes ela foi mal compreendida, mas eu via a bondade em seus atos. Em nossas várias conversas ela me apresentou uma mundo que nunca imaginei existir. Eu que tinha o conhecimento limitado aos magníficos jardins do palácio. Com ela, vi que a vida de várias pessoas eram lamentável, que a fome existia, que ela havia chegado bem próximo de conhece-la e que várias pessoas a conheciam. Meu pai obcecado pelo poder havia tentado fazer-me desistir dela, mas ela sempre foi minha escolha. Mas agora ele se fora, uma nova Illéa surgira, e eu a terei ao meu lado para me ajudar com sua bondade e justiça.

Não foi fácil descobrir que seu primeiro amor, aquele que preencheu seu coração por vários dias durante a Seleção estava aqui, perto dela, perto de mim, um dos meus aliados, Soldado Leger. Quando descobri perdi meu controle. Me senti traído. Sempre tive tudo ao meu alcance, mas ela não estava. E que tolo fui, por trata-la mal, mesmo sabendo que meu coração batia apenas por ela. America me mantinha vivo.

Por isso ouvir aquela pequena palavra saindo de seu desejosos lábios era meu maior presente.

Sim.

Ela disse suavemente.

E eu que sempre fui calmo, não consigo parar de andar de um lado para o outro no altar. Por um momento desejo que meus pais estejam aqui. O Rei saberia me dizer como deveria me portar e minha Rainha saberia me acalmar. Sinto muita falta dela, minha mãe. A pessoa mais doce que conhecia. Ela poderia estar ganhando uma filha agora, mas é tarde demais pra isso. Mesmo tendo levado um tiro, ficado impossibilitado de me mover, sinto que falhei em protege-la. Tenho que piscar diversas vezes para afastar as lágrimas, esse não é um bom momento para isso.

A família de America havia chegado há quase um mês no palácio, então tive a oportunidade de conhece-los melhor. Principalmente Kenna e Kota. America não costumava falar muito deles, mas após alguns dias logo percebi que Kenna era uma boa pessoa, assim como seu marido James. Sua adorável filha Astra era um bebê angelical. Já Kota não escondia seus interesses e felicidade em se tornar Um. Seus irmãos mais novos de fato, são maravilhosos, May e Gerad. May era totalmente extrovertida, alegre e adorava doces. O pequeno Gerad era inteligente e adora futebol. Senhora Singer, ainda parecendo um pouco abatida, não escondia sua felicidade pela filha. Mesmo assim, me partiu o coração ver America procurar por mais alguém quando toda sua família havia desembarcado. Até hoje ela não tinha superado a perda de seu pai, a pessoa que ela mais admirava.

Vi Silvia se dirigindo até mim e dei passos rápidos em sua direção.

- Acalme-se, logo irá começar, Majestade. – diz ela, irritantemente calma.

- Fácil para você falar – resmungo.

- Não foi fácil para mim planejar um casamento real em menos de um mês – disse ela. Grande parte do projeto do casamento havia se perdido com as invasões.

- Você fez um trabalho divino, Silvia – disse, elogiando-a. E realmente havia feito. O grande salão estava todo decorado com lindas rosas, arranjos de cristal, e um imponente lustre pendia sobre o altar.

- Sempre o melhor para o Rei, Majestade. – responde ela, com um breve sorriso. – Com licença, senhor. – E ela se afasta com uma reverencia.

Mais cedo que imaginara havia me tornado rei, um cargo de peso. Uma tarefa ainda mais difícil logo após as ruinas das invasões. Mesmo ouvindo todos os dias de meu pai que não estava pronto, agora me sinto, como se esse sempre fosse meu lugar. Outro sintoma de America Singer. Ela era minha segurança. E continuará sendo, apenas com uma pequena diferença, de hoje em diante, ela seria America Schreave.

Deixo meus olhos correrem pelo salão novamente, observando as dezenas de câmeras ali presentes. Claro que todos os cidadãos queriam acompanhar o tão aguardado casamento real. America foi muito bem aceita pela população de Illéa como minha escolhida, ela já estava no topo das favoritas há bastante tempo e era praticamente gritante minha preferencia por ela. Então não foi uma grande surpresa quando Gavril á anunciou como minha escolhida, no Jornal de Illéa.

- Majestade – escute alguém me chamar e percebo que a Senhora Singer havia chegado, enquanto me perdia em pensamentos.

- Já disse que não precisa dessas formalidades comigo, Magda. Seremos da mesma família em algumas horas. – digo sorrindo.

- Força do habito, Maxon – responde ela. – America está quase pronta, daqui alguns minutos ela entrará. Acho melhor você voltar para o altar.

- Claro – digo nervosamente.

Cumprimento o Padre rapidamente e fixo meu olhar na porta á alguns metros de distancia. Por onde America entraria, para se tornar totalmente minha. Silvia aparece novamente avisando que tudo está pronto e que vai começar. Passo a mão pelo cabelo. Respiro. Ela está vindo. O piano começa á soar. Minha respiração se prende.

As portas se abrem e nem consigo piscar. Acompanhada de Aspen Leger, está minha querida America. E eu que tolamente pensei nunca vê-la mais linda. Esplendida, magnifica, maravilhosa, perfeita. Nenhum desses adjetivos conseguem fazer jus á sua beleza. Seu vestido de noiva justo na parte superior e que se abre em uma linda e volumosa saia na altura da cintura, a veste perfeitamente. Sua pele alva parece ainda mais macia e convidativa ao toque. Seus lindos cabelos, presos em um rebuscado coque, deixa sua delicada face iluminada. Seus olhos levemente marcados pela maquiagem. Seus lábios, ganham destaque, contrastando com sua pele, completam a obra de arte que caminha em minha direção. Sinto vontade de traze-la para meus braços e beija-la até nossos pulmões implorarem por oxigênio.

Rápido demais ela chega até mim. Estendo minha mão para ela. Em um gesto tão velho quanto a Terra, Aspen segura a mão de America e coloca sobre a minha.

- Cuide dela – murmura ele, olhando firmemente em meus olhos.

- Com a minha vida – respondo, selando ali, uma promessa.

Suas mãos estão frias e levemente tremulas. Assim como devem estar as minhas. Mas tudo vai embora quando ela sorri lindamente para mim. Por um momento esqueço que estamos em um salão lotado e que somos o centra das atenções. Então o Padre dá inicio á cerimonia.

- Estamos reunidos aqui hoje, para testemunhar a união do Rei Maxon Schreave e America Singer, vencedora da Seleção. – começa o Padre. Após a leitura de alguns textos chega a hora mais importantes.

- Rei Maxon Schreave, você aceita America Singer como sua legitima esposa para amar e respeita-la na saúde, na doença, na riqueza, na pobreza até que a morte os separem?

- Eu aceito – respondo olhando intensamente nos olhos de America.

- America Singer, você aceita Maxon Schreave como seu legitimo esposo para amar e respeita-lo na saúde, na doença, na riqueza, na pobreza até que a morte os separem?

- Eu aceito – ela responde com sua voz suave, olhando também em meus olhos.

Então May entra adoravelmente, trazendo as alianças. Pego a menor e deslizo no dedo de America. Ela repete o mesmo ato comigo. Ela finalmente pertencia á mim e eu á ela.

- Com o poder dirigido á mim, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. – o Padre finaliza olhando para mim.

Cuidadosamente levanto minhas mãos e seguro seu rosto. Dou um passo em sua direção e encosto meus lábios brevemente nos dela. O salão explode em aplausos. Flashes saem de todos os lugares. Quando me afasto ela sussurra:

- Eu te amo.

- Ah como eu te amo, senhora Schreave – digo sorrindo.

Por ter se casado comigo, ela recebera automaticamente o título de rainha. A guio para outro salão, onde se encontra o trono real. Sento na poltrona do rei e ela ao meu lado, na poltrona pertencente á rainha. Silvia chega segurando a coroa de America, a qual eu mesmo coloco após beijar rapidamente sua testa.

- Está gostando, minha querida? – pergunto, provocando-a.

- Vou realmente ter que aturar isso? – pergunta ela divertida.

- É apenas o que você é para mim. E ainda não respondeu minha pergunta – insisto.

- Sim, estou adorando. Está tudo maravilhoso. Silvia merece méritos por conseguir organizar um casamento em tão pouco tempo. – diz ela, olhando o salão.

- Sem dúvidas, ela está de parabéns. Ah, falando nela... – digo, apontando a direção por onde Silvia segue até nós.

- Primeiramente, quero parabeniza-los pelo casamento, majestade – diz ela, sorrindo brilhantemente. – mas agora é a hora da primeira dança de vocês. Por favor sigam até o centro do salão.

Rapidamente me ponho de pé e trago America comigo, a puxando pela mão. Todos os convidados param de conversar e um momento de silencio segue. Todos olhando atenciosamente para nós.

Trago America para meus braços. Mais flashes são disparados. Minha mão direita se localiza na base de suas costas e a esquerda segura sua mão delicadamente. A banda começa á tocar uma valsa, estreito meus braços ainda mais ao seu redor e estamos nos movendo suavemente pela pista de dança. Estamos tão próximos que consigo sentir sua respiração em meu rosto. Quando encontro seus olhos, eles já estavam focados nos meus, brilhantemente. Sem me conter junto nossos lábios.

- Você está feliz? – pergunto, ansioso pela sua resposta.

- Não posso colocar em palavras. Está tudo tão perfeito, me sinto em um conto de fadas. – responde ela.

- É exatamente o que isso é. E a parte mais importante: viveremos felizes para sempre, meu amor. – digo fervorosamente.

- Só estar com você já me deixa plenamente feliz, Maxon – diz ela, intensamente.

Então a musica chega ao fim, Aspen aparece para dançar com America. Isso provavelmente me deixaria louco de ciúmes há algum tempo, mas não me incomoda mais. Aspen estava com Lucy e eles se casariam em breve. Seguindo a festa, dancei com as irmãs de America e sua mãe. Já minha rainha estava conversando com os convidados. Todas as selecionadas estavam presente, exceto aquelas que não quiseram vir e Celeste. Marlee e o Soldado Woodlock também estavam aqui. America nomeou Marlee como uma de suas criadas depois da morte de Anna e Woodlock voltara á trabalhar no castelo. O amor entre eles era palpável.

Seguindo a tradição, fomos cortar o bolo. E o fim da festa estava chegando. Nossa primeira noite juntos nos aguardava. Ao mesmo tempo que me sinto feliz em estar com ela daquele jeito, não consigo deixar de me sentir nervoso. Seria a primeira vez de ambos. Claro que já avançamos bastante em nosso relacionamento, mas hoje não precisamos parar. Mas tudo daria certo, porque estaríamos juntos. Literalmente unidos.

Após uma salva de palmas e mais algumas fotos, eu e America deixamos o salão, seguindo em direção ao desconhecido.