Severo não era acostumado a receber cartas, as aulas haviam voltado a alguns dias, após a pausa de natal, não que ele estava feliz com isso, a única aluna que ele via progresso em sua matéria era Granger e a menina tinha que estar justo na Grifinória, para uma nascida-trouxa ela era muito boa em poções e em todas as matérias que se empenhava em estudar, infelizmente seguia à risca os livros e para piorar um pouco mais era uma sabe-tudo, mesmo isso poderia ser relevado, no entanto ele não podia mostrar que apreciava que pelo menos alguém estivesse realmente estudando, a carta que recebeu pela sua própria coruja não era bem uma carta era um bilhete, mas ele se assustou:

Me encontre na sua casa, hoje a noite após o jantar de Hogwarts.

Elphinstone Urquart.

Ps: Alvo não pode saber disso.

Não sabendo o que fazer com a informação que tinha em mãos, ele decidiu que teria que avisar a alguém e esse alguém poderia ficar em choque, não que ele acreditasse que Elphinstone estava vivo, muito pelo contrário, morto e muito morto era o que ele acreditava de seu mentor. Minerva permitiu a entrada de um Severo Snape totalmente nervoso em sua sala particular, o homem suava, não era comum dele suar, mas se levasse em conta as vestes dele:

– Sim? – perguntou ela.

– Minerva, eu não sei o que fazer, acho que me prepararam uma armadilha e bom... – ele estendeu a carta. – alguém passou ou vai passar pelas defesas da minha casa.

Ela leu o bilhete e sorriu um pouco, então entregou a ele:

– Não é armadilha. – disse ela ainda sorrindo. – ele confia em você, mas Alvo nunca permitiu que um de nós falasse que estava tudo bem, mas parece que como tudo que Alvo fala ele ignora completamente.

– Espera. – ele se afastou alguns passos. – ele não...

– Não e não me olhe assim Severo, eu também não sabia no primeiro mês. – explicou ela.

– No primeiro mês! – gritou ele furioso. – eu pensei por anos que meu mentor estava morto e que eu tinha falhado com ele também, então dez anos depois recebo um bilhete e você diz que eu não devo ficar irritado?

– Ele confia em você Severo, sempre quando tivemos tempo de nos encontrar me perguntou como você estava e o que fazia, eu sempre respondi, você nunca foi mais sábio sobre a realidade disso, mas como você disse ele é seu mentor, ele sempre ficou de olho em você. – ela colocou a mão no ombro dele. – vai vê-lo, ele vai ficar feliz com isso.

– Não, eu não vou. – respondeu Severo afastando a mão de Minerva do seu ombro. – ele pode ficar mofando na minha casa se quiser.

– A raiva não vai adiantar em nada Severo, Elphinstone gosta de você como se fosse um filho e confia em você completamente... Ele não é o seu senhor. – completou ela. – se não quiser ir não vá, ele não vai achar ruim em tudo.

Houve uma batida na porta e Minerva permitiu a entrada, era Hermione, ela parecia um pouco envergonhada, provavelmente escutou parte da conversa, Severo olhou entre as duas e as peças foram caindo na sua cabeça e ele saiu dali o mais rápido que pode. Hermione se sentou no sofá da professora timidamente, era a primeira vez que tomaria chá com ela após o retorno e também a primeira que ficou sozinha com ela após enviar a carta de desculpas:

– Recebeu a carta? – perguntou ela incerta.

– Sim, obrigada por enviar o pedido de desculpas. – respondeu Minerva calmamente. – eu sabia que estava mentindo Hermione, mas achei melhor que seu pai cuidasse do assunto, não sei como ele aplica castigos.

– Ele tirou tudo de mim, os livros e varinha, disse que ainda estou de castigo quando voltar para casa para o verão.

– Parece justo, mas veja você pode fazer a lição de casa. – Minerva tentou animar a menina.

– Sim, ele ficou comigo o tempo todo olhando para ver se eu fazia apenas a lição e não lia os livros avulsos. – respondeu Hermione tristemente. – parecia o professor Snape.

Minerva deu um pequeno sorriso, parecia que Elph estava muito empregado de dar uma ótima educação a filha, fazendo papel bom e duro, ela só o bom e sem sua filha saber:

– Ele faz isso para o seu bem. – foi tudo o que Minerva disse.

– Professora... Desculpe eu escutei sua conversa. – disse ela envergonhada.

– Sem problema. – respondeu Minerva calmamente.

– Quem é Elphinstone? – perguntou ela vermelha. – só escutei o nome e o professor irritado.

– Elphinstone é o mentor de poções do professor Snape, ensinou tudo o que ele sabe. – respondeu Minerva concisamente.

Hermione ficou surpresa, se o homem ensinou tudo o que Snape sabiam ambos eram muito bons no que faziam, ela viu o sorriso da professora McGonagall e se sentiu um pouco confortada, porém nunca ousaria pedir um abraço. Elphinstone ficou em pé sem olhar muito ao redor, esperando Severo aparecer, sabia que o homem estava muito irritado com ele, mas pouco se importava, tudo o que importava agora era vê-lo e explicar esse maluquice. Severo saiu da lareira de sua casa para ver seu mentor na sua frente aguardando em silencio completo, com roupas muito trouxas, se olharam por alguns segundos, que se transformaram em minutos de silencio:

– Sabe, eu nem preciso perguntar como você está, parece horrível. – afirmou Elph se aproximando lentamente. – sinto muito não ter falado a você Severo, Alvo sempre mantem o radar sobre mim, só consegui um meio para escapar disso a alguns meses.

Severo sabia muito bem que tipo de radar era, na verdade era um feitiço de localização, funcionava praticamente como um rastreador, porém só mostrava a localização e para onde ele não podia ir sem expressa autorização ou claro, se arrumasse um meio para burlar o feitiço o que parecia que seu mentor havia conseguido com muito custo:

– Eu pensei que tinha falhado novamente. – Severo tentava duramente conter as lagrimas. – eu falhei com Lily, então você me chamou e eu não pude fazer muita coisa...

– Eu não sou teu mestre. – Elphinstone puxou Severo para um abraço, mesmo que os braços do homem continuassem pendidos ao lado do corpo. – sou seu mentor e seu amigo, único e verdadeiro.

– Eu sinto muito, por tudo. – disse ele.

– Não sinta. – respondeu Elph se afastando. – não sinta isso, você para os dois é um joguete, sabe disso assim como eu sei, eu resolvi também me mostrar, porque confio em você Severo e sei que está muito provavelmente protegendo o garoto.

– Sim. – respondeu Severo limpando as lagrimas que ousaram cair.

– Não posso imaginar sua situação ao fazer isso Severo, nem ao menos sonhar com o que passa dia após dia, mas saiba, que como antes eu estou sempre aqui, apenas a uma coruja de distância. – ele colocou a mão no ombro do homem. – eu tenho que ir agora, voltar ao trabalho, espero que tenha me escutado bem, sobre eu estou sempre aqui.

Então ele saiu da casa, Severo pegou o que inventou pegar em casa, então partiu em retorno para Hogwarts, ele se sentia muito mais leve tendo visto seu mentor vivo.