– Estou vendo muito bem todo seu rosto. – Ele disse, fixando seu olhar no de Sakura, que se surpreendeu. A rosada sorri de leve, anotando o que ele dizia na prancheta. – Mas... Se eu tento ver algo mais longe, a visão embaça. – Sasuke diz ao tentar olhar para a porta, e logo voltou a olhar para o rosto de Sakura, enquanto ela escrevia na prancheta com uma feição mais séria.

Enquanto ela escrevia, alguns fios do cabelo escapavam de trás da orelha para frente de seu rosto, então ela os prendeu.

– Dói? – Perguntou olhando pra ele, preocupada.

– Conforme o tempo passa... Sim.

– É uma dor leve, forte...?

– Aumenta a cada vez que pisco.

– Ah... Feche os olhos. Não abra mais, pelo menos não hoje. – Sakura estava preocupada, e seu leve sorriso sumiu.

–...

– Sasuke! Eu disse para fechar os olhos!

... Cadê o “-kun”?! - Sasuke pensou e ficou com uma cara irritada, continuando a olhá-la.

– Ora, largue de teimosia Uchiha! Quem sente a dor é só você. – Sakura disse irritada, se levantando da cama.

O moreno suspirou e fechou os olhos. Eles doíam, ardiam.

Sakura lhe deu um remédio para a dor e refez os curativos com calma e cuidado.

Ela já estava lá há muito tempo, e nenhum dos dois tinha comido ou bebido nada.

–Sasuke? – De novo, ele se sentiu incomodado de ouvir seu nome ser pronunciado pela rosada sem o uso do sufixo.

Tolice, mas tinha sido o bastante para irritá-lo e incomodá-lo um pouco.

Era como se ela... Não o amasse mais.

Isso o perturbou. Não conseguia imaginar Sakura sem suprir nenhum sentimento por ele.

– Hey, Sasuke...? – Sakura repete, calma.

–Hm?

– Vou buscar o almoço, o que quer comer?

– Qualquer coisa.

–Isso não tem.

– Tanto faz. Você é a medica, pode escolher.

– Certo... Volto daqui a pouco. Diga que não quero que você coma a comida do hospital se alguém aparecer.

– Ok.

Sasuke ouviu a porta se abrir, e logo a ouviu ser fechada. Sakura se foi.

O moreno suspirou deitando-se melhor na cama - passara horas sentado, afinal - e ficou sentindo o perfume que tinha ficado na sala.

Sentir o perfume dela e gostar dele? Ter conversas tão longas? Sentir falta de um sufixo?

Não estava se reconhecendo. E ficou irritado por isso.

*.*.*

Depois que Sakura saiu, Naruto foi ao quarto do amigo. Era estranho como o loiro perdoara Sasuke tão fácil. Nem o próprio Uchiha tinha se perdoado ainda.

Já estavam conversando há um tempo, depois da entrada surpresa de Naruto no quarto.

– Sakura é uma ótima médica, não acha? – Naruto fala sorrindo.

– Sim, ela é... Esforçada.

– É difícil pra você admitir as coisas não é? – O loiro suspira, mas ri. – Então, como foi ser chamado de “Sasuke-kun” de novo? Ela estava animada?

– Ela queria era me matar, isso sim. Queria matar a mim e a Tsunade com as próprias mãos, por fazer isso com ela. E ela não usou “–kun” comigo.

– Wow... Hinata estava certa, como sempre.

–Sobre?

– A Sakura provavelmente vai ser a pessoa mais difícil de te perdoar. Até a Vovó vai ser mais fácil.

–... E por quê?

– Você sabe muito bem! – Naruto fala alto.

– Eu me arrependo por aquilo...

– Ela te amava, deve ser difícil de te perdoar agora.

– “Amava”? Ela não sente mais isso?

– Não sei. Sakura não tocava no seu nome, e se irritava quando ouvia. Treinava com raiva... E isso é realmente assustador, fiquei com medo dela nos treinos e... Espera, desde quando os sentimentos dela importam pra você?

– Desde... Não sei. Não faça essas perguntas Dobe.

– Ok, Ok. Ela vai cozinhar pra você, enquanto estiver no hospital. Igual a Hina-chan pra mim, e, sinta-se privilegiado, a Sakura se tornou uma ótima cozinheira.

– Naruto-kun, trouxe seu almoço. – Hinata apareceu na porta. – Olá Sasuke-san.

– Olá Hinata. – Sasuke responde.

– Até depois Teme.

–Hn. Até Dobe.

Naruto sai do quarto com Hinata, deixando o moreno sozinho. A dona dos olhos perolados estava surpresa com uma resposta... “gentil” de Sasuke, tanto quanto o loiro estava surpreso com uma conversa longa, com respostas longas, com preocupação da parte do Uchiha.

*.*.*

Sakura chegou ao hospital apressada e corre até o quarto onde Sasuke se encontrava, e o encontrou cochilando. Um leve sorriso brota nos lábios dela, ao vê-lo tão sereno e calmo dormindo.

Pegou a mesa de refeições (aquelas de por na cama...) e começou a montar o prato com a comida que tinha trazido.

Sasuke logo acordou com o cheiro, e a fome brotou. Estava faminto.

Sakura trava.

Teria que... Tratar dele?

Bom, era seu paciente... Era preciso.

Mais uma vez, lhe vieram lembranças.

“Ele com certeza não vai querer ser ajudado...” Pensou.

– Ah, você acordou. – Ela diz, indo até a cama levando a mesinha com a comida enquanto o moreno se sentava.

– Hn. – Ele não fala nada, além disso. A rosada coloca a mesinha no colo dele, e se afasta um pouco. – Sakura?

– S-sim?

– Pode me ajudar...? – O queixo dela caiu. – Você disse que não posso abrir os olhos hoje.

– Claro... Posso te ajudar sim. – Ela puxa uma cadeira pra perto da cama e se senta.

– Obrigada. – Já era a segunda vez que ele agradecia, em menos de 24 horas.

Sakura sorriu, rindo baixo.

– Abra a boca. – Falou chegando o garfo com comida perto da boca do moreno, que obedeceu.