(Ouçam a música, se ela acabar antes do término da leitura, deem play de novo :D...vale a pena!

http://www.vagalume.com.br/miley-cyrus/when-i-look-at-you-traducao.html )

O motorista me levou até um lugar afastado da cidade e assim que estacionou o Lucas abriu a porta. Ele estava usando um smoking preto que realçava seus olhos azuis profundos. Ele estava tão lindo.

– Bom noite, senhorita. – ele sorriu de canto e beijou minha mão.

– Bom noite. – respondi, corada.

– Vamos?

– Claro. – não me importava para onde, desde que eu estivesse com ele.

Estávamos em uma espécie de chalé. Passamos por um jardim maravilhoso que continha diversas espécies de plantas. Seguimos por um caminho de pedra até entrarmos em um conto de fadas. Aquele lugar era maravilhoso. Tudo parecia pertencer a um mundo fictício. Os moveis, as cores, as formas, tudo parecia com uma casa das historias infantis.

O chão estava cheio de rosas brancas e continha uma mesa no centro do quarto. Parece que íamos jantar ali mesmo, pois continha pratos e um garçom a nossa espera.

– Você está linda. – ele disse, puxando a cadeira para eu sentar.

– Hum, que cavaleiro. Muito obrigada, Lucas. Você também está lindo. – sorri para ele.

– Obrigado. – ele riu e sentou-se também.

– Eu queria agradecer do fundo do meu coração tudo o que fez por mim. Não só por hoje, mas por todas as coisas que fez desde que nos conhecemos. – eu realmente me sentia grata.

– Tudo o que fiz, eu faria novamente se preciso. Não precisa me agradecer, quem saiu ganhando nisso tudo fui eu. – ele pegou minha mão. – Agora vamos comer, sim?

– Sim. – eu sorri, parece que tudo o que ele fizesse hoje me faria sorrir.

O garçom nos serviu a refeição, que estava divina por sinal. Comemos falando sobre coisas comuns, como filmes e livros. Tínhamos muitos gostos em comum. Aquela estava sendo a melhor noite da minha vida. E eu estava imensamente feliz.

Depois que terminamos, ele levantou-se e estendeu a mão para mim.

– Não vamos ficar aqui? – perguntei, pegando sua mão e levantando-me.

– Você está linda demais para só ficar aqui.

– Por que escolheu um lugar tão afastado então?

– Não queria câmeras nos vigiando. Queria esse momento só você e eu. Agora vem, temos que correr um pouquinho, porque você se atrasou. – ele me olhou acusatório.

– Não olhe assim para mim! A culpa foi das minhas amigas. – ele ergueu a cabeça e soltou uma gargalhada, eu tive que acompanhá-lo.

– Pelo menos elas fizeram um ótimo trabalho. – ele deu uma piscadinha para mim.

– Ah, pare com isso. – dei um tapa no braço dele.

– Essa é a Sabrina que eu conheço.

Entramos no carro dele e partimos.

– Onde vamos? – perguntei não me segurando.

– Segredo.

– Vai se ferrar. – falei brava.

– Calma, senhorita. Para que pressa?

– Mas foi você quem disse: “Ai, temos que correr, porque estamos atrasados” – tentei imitar a voz dele, mas soou como uma taquara rachada.

– Mas já que estamos atrasados mesmo, você não precisa ter pressa.

– Aff. – bufei.

Depois de mais alguns minutos estacionamos na frente de um prédio muito alto.

– Que lugar é esse? – perguntei.

– Já vai saber.

Descemos do carro e subimos. Todos já conheciam o Lucas e não tivemos nenhum imprevisto.

– Aqui em cima está ventando muito. – reclamei, arrumando meu cabelo no lugar.

Nós estávamos no terraço do prédio e não tinha nada do que eu imaginava que teria lá em cima. Na verdade, não tinha nada. Era só um terraço comum de um prédio. Sem surpresas ou presentes.

– Seja bem-vinda ao meu lugar preferido no mundo. – ele disse, apresentando o lugar.

– Mas é só um terraço. – eu disse o obvio, ele pareceu chateado.

– É o único lugar onde eu posso ser eu mesmo. – ele disse envergonhado.

– Ah. – foi a única coisa que consegui dizer com a surpresa que me tomou.

– Vem. – ele pegou minha mão e me levou para a beirada.

– Não vai me jogar, né?

– Não, besta.

– É a coisa mais linda que eu já vi. – eu disse, olhando para aquela imensidão lá em baixo e no horizonte.

As estrelas estavam mais brilhantes naquela noite e a lua cheia se destacava no céu. Os carros pareciam tão pequenos lá embaixo e as pessoas eram apenas um borrão.

– Por que gosta de ficar aqui?

– Ninguém me julga aqui em cima. Eu sou só mais uma pessoa aqui. – ele olhava para baixo.

– Não gosta da fama que tem? – surpreendi-me.

– Sei que preciso dela para viver, mas se eu pudesse optar por não tê-la, não teria, sem dúvidas.

– Mas por quê? Tipo, metade da população adoraria estar no seu lugar. – afirmei incrédula.

– É horrível não ter paz ou até mesmo tempo para pensar. É sufocante e esgotante. As pessoas só nos cobram e não podemos nem ao menos sair um pouco da linha, como qualquer pessoa, que todos nos julgam e dizem o quanto erramos. Ninguém se lembra que somos humanos também. Eu não desejo isso pra ninguém.

“Eu conheci esse lugar quando era criança. Meus pais se hospedaram aqui e eu para fugir deles, sai correndo. Minha mãe veio atrás de mim correndo e acabou escorregando. Ela caiu daqui de cima e, como o previsto, morreu. Foi no dia do meu aniversário.”

“Desde então eu sempre vinha aqui conversar com ela. Ela era a única pessoa no mundo que me entendia e me amava de verdade, mas graças a mim ela morreu.”

“Quando eu ficava sobrecarregado com o trabalho, vinha aqui. Até que eu parei de falar com ela. Mas sempre continuei vindo aqui. Ficava olhando a imensidão que é, pelo menos assim eu me sentia pequeno por completo. Geralmente eu só me sinto pequeno por dentro, mas aqui não, me sinto vazio por inteiro.”

“Na verdade eu nem sei o porquê te trouxe aqui. Acho que é porque você foi a única que não me deu muita atenção. Enfim, eu só queria te mostrar como sou de verdade.”

– Foi o melhor presente que alguém já me deu. – eu o abracei com todas as minhas forças e senti as lágrimas dele molhando meu vestido.

Ficamos daquele jeito por alguns segundos ou minutos ou horas. Não sei. Ficamos daquele jeito até ele parar de chorar. Até ele descarregar. E eu só o abracei, porque não podia fazer nada mais que isso. No fundo ele só precisava de um abraço de quem o amava de verdade. E eu o amava de todo o meu coração.