Naquele verão escrita por Cyn


Capítulo 4
Aqui também há diversão




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Encontrei a praia meia hora depois.

Todos olhavam para mim como se fosse louca por andar com tanta presa. Mas azar. Se eles soubessem o que é a minha vida. E eles também ainda nem virão o meu cabelo. Se minha mãe passou-se, imagina o que os mais velhos pensariam. Provavelmente que eu era uma drogada sem remédio. Talvez eu até seja, mesmo nunca ter sequer experimentado.

E para além disso quem são eles para julgar? Estamos no fim do mundo. Devem estar desactualizados das novas tendências.

Ignorando os olhares e tentando não rir por causa do estilo e de alguns “cowboys” cheguei á praia.

Deitei-me numa rocha longe dos surfistas e fechei os olhos.

É a única coisa que eu queria. Tirando este calor insuportável.

Tirei o casaco e deita-me por cima dele.

Como as pessoas podiam viver com um calor destes?

Avril Real começou a cantar do meu telemóvel.

Anne Mary.

Estranho. Pensava que ela me tinha apagado dos contactos. Para ser sincera a mim também não me apeteceu.

Anne Mary: Como estás?

Eu: Bem.

Anne Mary: Eu soube o que aconteceu. Lamento.

Eu: Porquê? Se eu não lamento.

Ela demorou um pouco para me responder.

Anne Mary: A sério?

Eu: Eu merecia. Mas também não o deixei levar a avante.

Anne Mary: Eu sobe.

Eu: Para k é k me estás a falar afinal? Apenas para te gabares e dizer “ eu avisei”. Obrigado mas eu já entendi. Acontece que eu n me arrependo de nada.

Anne Mary: Eu arrependo-me.

Ela deixou-me desprevenida desta vez.

Eu: Não preciso do teu arrependimento. E podes dizer a vaca da tua amiguinha que pode aproveitar o k quiser do A.

Anne Mary: Pára Sam, por favor. Eu apenas queria saber como estavas.

Eu: Estou bem. Mais que bem, estou óptima. Completamente radiante por estar a viver com o doador de esperma.

Anne Mary: Sam…

Eu: Mary eu agora preciso de paz. Importas-te de me falares mais logo, não tou com paciência.

Anne Mary: Claro.

Suspirei de alívio.

Quando ia a fechar os olhos uma sombra tapo o sol.

– Quem quer que seja saia ou parto-lhe o braço – Avisei.

– Um pouco rebelde não?

Olhei para cima e vi um rapaz um pouco mais velho que eu a sorrir.

– Só quando é preciso.

Ele riu e sentou-se ao meu lado.

– O que uma gata faz aqui sozinha? – Perguntou chegando-se mais perto.

O cabelo dele era negro e os seus olhos verdes. Fazia-me pensar em duas pessoas que me destruíram por dentro.

– Aproveitar a tranquilidade. – Disse sensualmente.

Não sei porque, mas eu queria-me divertir com ele.

Ele sorriu de orelha a orelha.

– Lamento intrometer.

Eu sabia que não lamentava era nada.

– Não há problema.

Ele sorriu ainda mais.

– És nova cá. Nunca te tinha visto.

– Sim… vim passar o verão com o doador de esperma. – Disse despreocupada.

Ele riu e deitou-se para trás.

– Gosto do teu estilo. – Ele olhou-me. – Já agora sou o Jaime, mas todos me tratam por Jai.

– Samantha. Mas eu prefiro Sam. É mais aconselhável.

Ele ficou curioso.

– O que acontece a quem te chamar de Samantha? Vai arrancar-lhe o braço?

– Não. Apenas vai ficar um pouco magoado nas partes …íntimas.

Ele gemeu.

– És uma miúda sanguinária.

– Apenas para quem merece.

– E será que mereço uma saída?

Fingi avaliá-lo.

–Não, nem por isso. Sou carga demais para a tua camionete.

Ele suspirou torturado.

– Mas se me provares que há sítios neste fim de mundo na qual uma miúda se pode divertir, eu fico a dever-te uma saída. – Continuei.

Ele sorriu vitorioso.

– Isto aqui não é tão mau quanto parece. Aqui também á diversão. Eu vou mostrar-te as melhores discotecas da zona.

Olhei-o desconfiada.

– E aqui á discotecas?

Ele pensou um pouco.

– Não, nem por isso. Mas a cidade vizinha tem, posso-te levar lá.

Apertei-lhe a mão.

– Combinado.

– Ouviste falar do comité que vão dar no próximo fim-de-semana?

– Não. Acabei de chegar. O que é um comité?

– Nas cidades grandes eles chamam de festa de emproados, aqui as festas são mais mexidas. É feita no parque e temos todo o tipo de vendas assim como comida. É meio que uma festa para adquirir fundos, cada família contribuiu com o que tem.

– Parece uma grande seca.- Bufei.

– E é. Mas se soubermos quais as bebidas que beber, não fica tão seca.

Um sorriso cresceu na minha boca.

– Agora falas como um homem.

– Tinhas dúvidas que fosse um? – Disse aproximando-se.

Ele era um jogador, mas eu também sabia jogar. Não é que ele não fosse bonito, mas não me atrai-a. A única coisa que queria com ele era um pouco de diversão.

– Talvez um dia o possas provar.

Eu meio que blefei. Eu sou virgem de corpo e alma. Ok, talvez de alma não. Mas de corpo sou por inteira.

Sempre disse a Alex que não era a hora. Talvez eu sempre soubesse que ele não era para valer. No fim das contas, eu pretendo transar a primeira vez pelo menos com alguém que eu ame. Sou meio que supersticiosa.

– Podes ter a certeza.

Sorri e fechei os olhos.

Talvez eu até vá-me divertir aqui.


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