Rede de Mentiras escrita por Gaby Molina


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá :3 Minha nova fic, espero que goste. Um pouco diferente do que eu geralmente escrevo, mas fico feliz que você tenha se interessado.



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I've been caught stealing;

once when I was 5...

I enjoy stealing.

It's just as simple as that.

— Been Caught Stealing, Jane's Addiction

Clarissa

Não sei se havia um termo médico para isso. Talvez fosse algum transtorno psicótico. Depressivo. Esquizofrênico. Eu nunca pesquisara, pois tinha medo do que poderia encontrar.

Não era como um coração partido ou câncer, onde as pessoas podem notar que você não está bem. Não, para elas, eu era perfeitamente normal.
Mas algo dentro de mim estava muito errado.

DOIS ANOS ANTES

— Clarissa! Acorde! — minha mãe, Rachel, entrou no quarto, escancarando as janelas. — Está um dia lindo lá fora! Está com fome?

— Sim — menti, pois sabia que era o que ela queria ouvir.

Afastei meus cabelos castanhos do rosto, soltando um leve suspiro. Ela me trouxe pães de queijo e eu comi sem reclamar.

— Quer ir à livraria hoje? — perguntou ela.

— Pode ser — falei, apesar de querer muito ir. Quando pais descobrem algo que você gosta muito, normalmente eles dão um jeito de tirar isso de você.

Eu me vesti rapidamente — jeans surrados e blusa com uma frase do Bukowski escrita em alemão ("Encontre algo que você ama e deixe que isso te mate". Mas eu mentia para a minha mãe quando ela perguntava o que estava escrito, porque não queria que ela pensasse que eu era psicótica nem nada), além de minha pulseira da sorte — e entrei no carro.

Fomos até uma livraria ali próxima, no sul de Londres. Comecei uma procura por títulos interessantes, notando um livro pequeno com frases em cada página. A escrita era estranha, eu não conseguia ler direito. Senti um empurrão.

— Ah, merda — disse uma voz jovem. — Eu não vi você.

Ergui uma sobrancelha para o garoto ao meu lado. Pelo menos cinco centímetros mais alto do que eu, com cabelos escuros curtos bagunçados e olhos inquietos da mesma cor.

— Não me viu? — repeti.

Ele mantinha as mãos nos bolsos da calça jeans larga, e vi a ponta de algo prateado que ele ficava remexendo.

— Provavelmente preciso de óculos ou algo do tipo. Esse livro aí é interessante?

Parei por um momento, surpresa com a pergunta. Geralmente as pessoas perguntavam se tal livro era bom, o que era idiota, porque eu obviamente não o havia lido, mas perguntar se ele era interessante sugeria que ele tinha um tema legal, ou algo que chamara minha atenção. Considerei uma pergunta bem mais coerente.

— Sim, bastante interessante.

Eu não sabia se estava mentindo ou não. O garoto pegou outro exemplar e virou as páginas.

— Não tem enredo.

— Bem, isso é uma questão de você entender o livro — tentei soar superior, mesmo que eu não tivesse entendido o livro.

— É impossível ler essas letras.

— Você mesmo disse que provavelmente precisa de óculos.

Ele soltou um riso baixo. Por que ele ainda estava ali? Estava flertando comigo ou algo do tipo?

— Então... Você sai por aí trombando nas pessoas e puxando papo com elas? — arrisquei.

Ele sorriu.

— Não, só trombo em pessoas que considero interessante. De qualquer forma, preciso ir. Foi um prazer conhecê-la.

E então o garoto se afastou. Fechei o livro, decidindo que ele não fazia sentido, e voltei para casa com a minha mãe. Fiquei lendo por um tempo no meu quarto, e então desci para jantar. No meio da refeição, minha mãe perguntou:

— Filha, onde está sua pulseira?

Olhei para meu pulso nu. Eu a havia colocado de manhã. Não havia? Refiz todos os meus passos mentalmente, e a visão do garoto enfiando algo prateado dentro do bolso voltou. É, ele não trombara comigo acidentalmente. Mas também não fora para flertar comigo.

O cretino roubara minha pulseira da sorte.


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