A Fórmula do Amor escrita por Gabriel Campos


Capítulo 22
Correndo contra o tempo


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, desculpa, acabei esquecendo de postar semana passada! kkkkk Acho que eu tô ficando velho.
Mil desculpas. :)



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Diário do Rafa

Nunca! Nunca eu deixaria. Que ato mais absurdo, meu Deus! Matar uma criança inocente, dilacerá-la em meio a drogas e sangue... Que horror! A culpa é nossa, sei assumir os meus erros. Queria que a Andreza me compreendesse, embora ela parecesse irredutível.

Não, Rafa. E é melhor eu fazer isso antes de você chegar. Assim a gente evita brigas e... — dizia ela até eu a interromper:

— Andreza eu quero me casar com você!

💜

Diário da Andreza

Por mais que fosse difícil, tentaria ser forte o bastante para segurar a barra. Sabia que se tratava de uma vida, mas... ai, como eu estava confusa!

E se eu já estava assim, depois da reação do Rafa e do tal pedido de casamento, fiquei ainda mais.

— Eu te amo sua boba, não quero de jeito nenhum te deixar sozinha. E a gente vai cuidar junto do NOSSO filho. Ouviu bem? NOSSO filho. — dizia ele, pelo telefone. Se ele estivesse perto de mim, o agarraria e o beijaria sem pensar duas vezes.

Sabia que o Rafael gostava de mim, mas àquele ponto? Caramba, aquela foi a maior prova de amor que eu já recebi. Esperava uma reação diferente dele quanto ao assunto, mas depois descobri que ele não é um homem qualquer. Mesmo ele sendo tão novo (mais novo do que eu, até), ele tinha a cabeça no lugar. E a partir daí eu comecei a vê-lo com outros olhos.

Sentei-me no sofá da sala e pus a mão na minha barriga. Será que ele já tinha sentimentos?

Eu sempre sonhei em ter filhos me casar, ter família... Mas antes eu queria estudar, me formar... Além do mais, mamãe e papai me matariam. Por outro lado, sempre quis ter um filhinho ou uma filhinha, adorava crianças.

O que eu deveria fazer?!

Eu juro que coloquei tudo numa balança e pesei. Ter um filho naquele momento no mínimo adiaria os planos que eu tinha para a minha vida. Era um beco sem saída.

💜

Diário do Berg

Só rezava para que o Rafa tirasse aquela ideia maluca da cabeça da minha irmã. Ela não me escutaria por nada nesse mundo, mas adorava me dar ordens.

É... estava todo mundo se acertando, todo mundo conseguindo o que queria. Até a Ludi. Adolfo Barreto lhe dissera que descolaria uma vaga para ela numa escola de teatro no Rio de janeiro! O cara era cheio da grana, cheio de projetos, ONGs e tudo o que se podia imaginar por meio desse Brasil todo. Ele me dissera também que era sócio de uma clínica de reabilitação, pois na sua juventude teve problemas com drogas. Enfim, ele também ajudaria Valentina.

Andreza e Rafa logo se casariam, e eu tentando viver um amor impossível. Amor... até um tempo atrás eu só queria saber de equações e as achava complicadas. Mas eu descobri o amor. Só queria saber qual era a fórmula. A fórmula do amor! Caso eu a descobrisse, saberia o que era felicidade novamente.

💜

Já estava tudo preparado. Iríamos dar entrevista na rádio, depois apareceríamos no Se Liga Verdes Mares, um programa regional, mas que passava na TV Globo. De repente uma notícia me pegou de surpresa, embora eu já devesse esperá-la:

— Berg, cara... — Rafa hesitava em falar, — Não vai dar pra continuar cara. Não posso deixar tua irmã sozinha. Eu não quero que ela volte atrás caia na besteira de abortar o nosso filho.

— Então quer dizer que...

— Foi mal, muito mal mesmo. Eu gostaria muito de continuar essa aventura, mas parece que está na hora de eu tomar um rumo na vida.

— Vai na fé, mano. Boa sorte.

— Boa sorte pra você e pra Ludi. Agora eu tenho que me apressar pra pegar o ônibus, se eu perder esse só tem outro amanhã. O pessoal do filme me arrumou uma grana. Talvez eu chegue em Fortaleza antes que ela faça alguma merda.

— Então vai, Rafael. Não deixa que nada de mal aconteça com a Andreza.

— Eu prometo.

Rafa me deu um abraço e saiu.

💜

E a vida seguia. Agora éramos apenas Ludi e eu no meio de uma porção de estranhos. Tudo bem, eles já tinham provado que eram boas pessoas, mas nos sentíamos desconfortáveis.

A entrevista na rádio me deu muitas esperanças. Mamãe ouvia sempre aquela rádio, então, provavelmente ela já estava sabendo por onde eu andava. Mas que aquilo não atrapalhasse os meus planos. Recebemos muitos telefonemas, e-mails dizendo que sabiam onde a Valentina estava, mas eram na maioria trotes. Se continuasse assim, como seria quando aparecêssemos na TV?

💜

Diário da Valentina

Ele estava me procurando! Eu ouvi no rádio! Pena que minha avó e meu tio também ouviram... Agora eles estavam preparados, e eu sem escolha. Teria que permanecer amarrada no pé daquela cama, sendo desacorrentada sob vigia do meu tio Eudes apenas para ir ao banheiro e olhe lá! Eu só cruzava os dedos para que eles me acharem, e jurava a Deus, jurava por tudo o que havia de mais sagrado que não deixaria o vício tomar conta de mim novamente. Não mesmo.

Minha ansiedade aumentou muito mais. Era um dos sintomas da pessoa que passava um tempo sem ter fumado crack. Eu era viciada, mas quem nunca errou? Sei que nada justifica, mas aquela foi uma escolha que tomei sem pensar. Estava sendo obrigada a colher os meus erros. E eu pensava: quanta gente, quanta gente eu afetei com esse meu erro infantil! Pobre Berg, ele deveria estar sofrendo. Ele sempre sofreu por mim, desde o início. Não era justo ele sofrer por minha causa ainda mais...

💜

Diário do Berg

Será que estávamos indo pelo caminho certo? Será que não poderíamos dar uma forcinha para o destino conspirar a nosso favor? Quantas perguntas! Mas só saberíamos suas respostas se tentássemos. Acordei Ludi no meio da noite e falei:

Ludi, que tal se a gente saísse pra procurar a Valentina?

— A essa hora?

— Eu tô com um mau pressentimento.

— É perigoso, Berg.

— Foi mal... Volta a dormir, eu acho que estou enlouquecendo. Esquece.

— Melhor assim, Berg.

Ludi estava bêbada de sono, então, pensei melhor e a deixei dormir.

Fui dar uma olhada na minha caixa de e-mails. A maioria eram trotes, mas um me pareceu tão... Tão sincero!

O nome da garota que enviara o e-mail era Suellen e ela tinha 15 anos. Segue abaixo o e-mail:

“Querido Berg,

Posso compreender seu sofrimento, e pior ainda é que eu sei tudo o que a Valentina está passando. Minha casa é bem próxima a dela. Minha mãe não se dá muito bem com a avó dela, Dona Rosália, e muito menos com o seu tio Eudes, mas de vez em quando agora eu dou uma passadinha lá para ver como ela está. Não quero te esconder nada, então espero que suporte as notícias que vou te dar.

Os primeiros dias foram sim, muito difíceis. Quantas noites em claro eu e minha família passamos com os gritos desesperados da sua namorada, querendo que alguém a soltasse. Mas soltasse de onde?

Foi ai que descobri que sua avó está a mantendo presa no pé da cama com correntes mega resistentes. Mas não é por maldade não. Esse é o único jeito que tem para mantê-la lá, e longe das drogas. Sua avó e nem seu tio não podem soltá-la porque ela foge, como ela já tentou uma vez.

Sua entrevista na rádio me comoveu bastante, por isso eu não posso ficar de braços cruzados..."

No final do e-mail tinha um número de telefone e o endereço da casa de Suellen. Desesperado, reuni minhas coisas dentro da mochila, saí do quarto daquele luxuoso hotel pousada e saí em busca de um táxi. Eu teria minha Valentina de volta naquela noite.


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Notas finais do capítulo

E aí, posto mais?