Acordei com o barulho irritante do despertador azul ao lado da minha cama, as noites mal dormidas regadas a pesadelos deixaram-me com olheiras profundas, e eu não queria mascara-las com maquiagem.

Tomei um banho rápido com o intuído de me despertar e tirar os vestígios do sono, a ducha matinal serviu como um momento de relaxar e me preparar psicologicamente para meu primeiro dia com os vampiros. Parei de pensar neles e me concentrei em passar o hidratante corporal depois do banho.

Vesti meus jeans azuis claro, botas marrons, camiseta cinza e um casaco xadrez preto. Tudo muito simples, eu odiava chamar atenção, mas parecia que os humanos me achavam agradável, revirei os olhos penteando meu cabelo. Fiz duas pequenas tranças laterais, uma na esquerda e outra na direita, e as juntei atrás da cabeça com uma presilha azul.

Meu celular vibrou no meu bolso, olhei e vi que era uma mensagem de Jacob.

De: Jake

Para: Bells

Boa sorte com os vampiros.

Fique calma, respire fundo (ou melhor: NÃO respire).

Organizei minha mochila tentando não xingar Jacob e desci, Charlie estava tomando café e lendo o jornal, sua testa estava vincada em preocupação.

–Não devia ler isso, sempre se estressa. –eu constatei enquanto pegava uma barrinha de cereal no armário, ele se assustou comigo, eu sorri.

–As coisas em Seattle estão estranhas. Droga, esqueci-me de comprar mais dessas barrinhas que você gosta, lembre-se de coloca-las na lista de compras. –ele disse bebendo mais um gole do café fumegante.

–Você diz como se não fosse eu que fizesse as compras. –revirei os olhos. –Devia parar de beber café puro pai, faz mal para a saúde.

–Sou forte como um touro querida. –ele sorriu e nosso dialogo não passou disso, ele terminou de ler o jornal e saiu me desejando um bom dia, eu retribuo, minutos depois peguei as chaves da picape e tranquei a casa.

Liguei numa estação de radio aleatória, e chequei os espelhos, olhei-me neles por um segundo, talvez eu desse ter colocado um pouco de base nas olheiras, elas estavam em contraste com meus olhos que tinham a mesma cor azul dos de minha mãe, os meus eram menos infantis, e mais frios, suspirei e sai da minha vaga.

O trajeto era curto, e eu podia fazê-lo de olhos fechados, quando cheguei ao estacionamento tive que tomar cuidado para não atropelar um dos alunos que olhavam para alguma coisa. Estacionei na minha vaga de sempre ao lado de Ângela Weber e Ben Cheney que também estavam olhando para alguma coisa.

–Oi pessoal, o está acontecendo?-perguntei, os dois eram meus “melhores amigos” na escola, pelo menos eram os mais confiáveis, eram duas criaturas muito bondosas e extremamente tímidas, gostavam um do outro a um ano e nunca se declararam.

–Alunos novos são os Fellen. –Ben disse apertando os olhos para tentar ver melhor.

–Não seja idiota Ben, eles são os Cullen. – Mas o garoto a ignorou, eu revirei os olhos. E comecei a andar em direção ao prédio.

–Hey Bella, não quer vê-los? -Ângela correu até o meu lado.

–Não obrigada, aposto cinco pratas que Jessica saberá me dizer até quantos fios de cabelos cada um deles tem até o almoço. –eu sorri e ela gargalhou me acompanhando até minha primeira aula.

Inglês foi incrivelmente chato, o professor passou a aula toda falando de Jane Austen sem citar Jane Austen em qualquer momento. E todas as outras aulas foram assim até o intervalo, quando me sentei Jessica me bombardeou com informações sobre os Cullen.

–Ah Bella você não vai acreditar. Eles estão todos em casais, dá para acreditar? Casais, isso é meio incestuoso já que o senhor e a senhora Cullen os adotaram, eu acho meio estranho sabe. Mas por Deus Bella eles são lindos... –ela tagarelou com empolgação. E Ângela discretamente me passou uma nota de cinco dólares e rio para mim, eu gargalhei e tomei um gole do meu refrigerante.

–Não parece muito interessada Bella... –Jessica disse meio triste, eu sorri para ela.

–Ah Jessica, pode contar mais, estou super curiosa. –nem precisei fingir que estava curiosa seus olhos se iluminaram e ela voltou a falar.

Enquanto ela papagueava ao meu lado, eu os vi pela primeira vez. Eram tão lindos como nas historias de Billy, a única diferença era os olhos que no lugar de vermelhos e sanguinários eram dourados e entediados.

Eles estavam em cinco, haviam dois loiros, a mulher era a própria encarnação de Afrodite, seus cabelos claros iam até sua cintura e eram incrivelmente sedosos, seu corpo faria qualquer modelo inveja-la até os infernos. Acompanhando a garota estava um grandão quase tão musculoso quanto Jacob, ele tinha uma cara de mau para os meninos que olhavam sua companheira. O garoto loiro tinha a postura mais cautelosa que os outros, de onde eu estava sentada via seus olhos vagarem por todo o auditório, quase podia sentir sua sede. Ao seu lado havia uma baixinha, ela realmente parecia uma fada, mas não me deixei enganar por seu andar gracioso e o cabelo curto repicado.

O ultimo a entrar no auditório era sem duvida o mais bonito, tinha um cabelo cor bronze, e era menos musculoso que os outros dois, seu olhar eram o mais desinteressando entre os cincos. Eles caminharam até uma mesa afastada de todos os alunos, eu podia ouvir os cochichos de Jessica Stanley ao meu lado, na verdade todo o auditório falava deles.

Revirei os olhos e voltei para meu almoço, espetei um pepino com meu garfo e o coloquei na boca, o pessoal da minha mesa todos virados em direção aos sanguessugas. “Vamos tentar parecer normal Bella” eu disse para mim mesma e me virei e percebi que eles me encaravam, o mais novo me olhou curiosamente eu ergui uma sobrancelha e pensei: “O que foi vampiro?” Mas ele não parecia me ouvir, não era ele o leitor de mentes das historias de Billy?

–Oh meu Deus Edward Cullen está olhando para mim! –Jessica disse se virando para mim e todos na mesa a acompanharam, eu quase rosnei para a humana idiota que pensava que um V-A-M-P-I-R-O não olharia para ela como uma bolsa de sangue ambulante.

–Não seja absurda Jessica. –ela me olhou mortalmente por eu estar estragando o momento dela eu a ignorei.

O sinal bateu, levantei-me, Mike Newton seguiu-me como um cachorrinho costumeiramente, ele tagarelava sobre um livro que ele dizia ter lido por fazê-lo se lembrar de mim.

Até o professor chegar ele me bombardeou com informações de como a garota de “Ela Não Está Afim de Você” se parecia comigo, eu gargalhei com o titulo sugestivo para nossa relação. Então o professor entrou na sala e atrás dele estava o vampiro, meu corpo se endureceu, o professor o encaminhou para sentar-se ao meu lado.

Ele andou devagar arrancando suspiros das humanas na sala, ele sentou-se ao meu lado, o cheiro da sua pele era doce, mas meu coração acelerou e eu senti um tremor na espinha, fechei os olhos e respirei fundo algumas vezes, sentia um rosnado formando em minha garganta, abri os olhos e olhei para o vampiro, ele me encarava com o rosto impassível, ele estava totalmente absorto em algo, seu olhar era incrivelmente vago, “sanguessuga idiota” eu gritei em minha mente e ele pareceu não me ouvir.

A aula pareceu se arrastar e nenhum de nós dois ousou olhar para o outro, ele fazia seu espetáculo virando uma pedra, e eu apenas tentava não respirar ao seu lado. O professor humano sem entender que tinha inimigos mortais na sua sala de aula continuava sua lição normal e calmamente. Pobres eram os humanos que viam nele à beleza de um predador, eu sentia o calor ferver debaixo da minha pele, sentia meus instintos menos nobres tentando se apoderar de mim, a fera que vivia em mim rosnava para ele.

A aula pareceu durar um século, mas assim que o sinal bateu, eu me levantei, ele parou na minha frente e eu deixei um rosnado baixo escapar pelos meus lábios, ele não moveu um musculo da sua face.

–O que você quer?- eu perguntei com repugnância.

–Eu só queria me apresentar, meu nome é Edward Cullen. –houve um estalo em minha mente, ele não sabia que eu era uma loba, mas o tempo todo ele estava escutando minha mente, como isso era possível? “EDWARD CULLEN” eu gritei, mas ele continuava a parecer não me escutar.

–Bella Swan. –foi tudo que eu respondi saindo da sala de aula e deixando para trás. Os alunos humanos pareciam não entender minha expressão. Corri para o estacionamento e entrei no meu carro, dei partida e acelerei pelas ruas de Forks, havia apenas uma pessoa com quem eu podia falar...

Billy Black.