Elos de Fogo - Profecia da Bruxa escrita por Kuro_Hana


Capítulo 3
02




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Na manhã seguinte sem acordar Willow e sua mãe, Gretel foi dar suas ordens. E como havia dito mandou seis batedores para encontrar o acampamento inimigo antes que a visão se cumprisse.

Gretel, assim como seu irmão, tinha cabelo loiro cor de palha, longo e extremamente cacheado, seus olhos eram verdes com um leve brilho de ferocidade, que em muito lembravam os da pantera.

Com grande esforço conquistou o lugar de Tássio e foi nomeada Lady pouco depois dele se casar. E com apenas 25 anos caminhava para sua vigésima nona batalha, suas armas eram a marreta e a espada e dominava as duas como se fossem partes de seu corpo.

Já havia escapado de várias emboscadas dos Sonsocs, e podia se orgulhar de nunca ter recuado no campo de batalha, pois suas estratégias audaciosas sempre a punham à frente dos combates.

Quando voltou encontrou-as fazendo chá ao fogo da lareira, o cheiro de ervas enchia o ambiente:

–Willow, fique o tempo que quiser você sabe que minha casa sempre terá você como uma irmã...

Ela sorriu ao ouvir a proposta, mas sabia de seus deveres:

–Não quero voltar tarde, meu marido me espera... Porém aceito de bom grado um pouco de chá para pormos a conversa em dia.

A manhã passou calma, Willow se sentia honrada, dificilmente Gretel recebia visitas. A vida que ela levava e seu temperamento não a permitiam ter muitas amizades.

Chegada a hora da partida Gretel acompanhou a jovem até os limites da cidade onde uma pequena escolta de cavaleiros já estava esperando.

Quando voltava se surpreendeu ao ver um de seus batedores de volta tão cedo:

–Lorde Daring de Wolf Hills à convoca solenemente à um conselho relativo ao ataque inimigo.

–Espere aqui e se receber qualquer notícia nova de um dos batedores vá às Araucárias Arcanas imediatamente.

Rápida como um raio ela dirigiu-se ao estábulo, lá um jovem punha aveia aos cavalos:

–Jessy, sele uma égua a mais rápida que estiver pronta.

Jessy não passava dos catorze anos e era muito jeitoso com os cavalos:

–Milady em um instante estará montando.

E cumprindo sua palavra em menos de cinco minutos ela montava uma égua castanha:

–Milady, essa égua é o que precisa! É fogosa, mas tem bom gênio.

–Conheço bem esse tipo de animal, só precisa de uma mão firme e algumas palavras gentis.

Sem perder tempo ela disparou pela pequena trilha que levava às Araucárias Arcanas. Há muitas gerações os lordes das cinco cidades se reuniam sob as Araucárias para tratarem de assuntos graves.

Sobre o chão sagrado todos os povoados se tornavam um reino único.

A ultima vez que Gretel participou de um conselho fora para decidir que destino levariam os prisioneiros do ano das dez batalhas. Aquele ano foi marcado por violentos embates para reaver a cidade de Ravenburg.

Na oitava batalha conseguiram destruir o cerco da cidade e na nona chegaram a tomar São Tito como vingança, porém os soldados já não podiam se manter defendendo o triunfo e a cidade voltou as mãos Sonsocs, na décima Ravenburg já era mais uma vez livre.

Com apenas quarenta minutos de cavalgada Gretel chegou; abaixo de duas enormes araucárias estava um pentagrama feito com seixos de cores variadas.

Contando com ela lá estavam quatro lordes, respeitosamente ela apeou da égua e a amarrou junto das outras montarias.

Estavam Lorde Salem de Ravenburg, Lorde Daring de Wolf Hills e Lorde Fagin de Foxburg.

Fagin era de longe o mais experiente, estava na casa dos quarenta anos e mais da metade de sua vida havia sido como lorde. Era cauteloso, ótimo esgrimista, com bom coração e coragem de sobra. Uma cicatriz marcava seu olho esquerdo começando na sobrancelha e terminando perto da boca, uma barba loira e espessa cobria seu queixo anguloso.

Devia ter sido um jovem com uma invejável beleza máscula, e essa beleza já madura dava-lhe aparência nobre, seu cabelo era liso e loiro cortado de maneira sóbria.

Lorde Salem era da mesma idade de Gretel, se destacava no arco e flecha e no combate montado. E tinha um estranho deleite em se gabar de suas proezas nas batalhas.

Seu cabelo era negro como as penas de uma gralha-preta, seu rosto era marcado por algumas sardas e em ocasiões especiais gostava de usar uma pequena argola de ouro na orelha.

Lorde Daring nunca estivera em uma batalha, dos cinco era o mais novo com apenas dezessete anos assumiu o lugar do pai, morto pela febre.

Aquele era seu primeiro conselho, era humilde e reconhecia que comparado aos outros era apenas um menino, essa humildade, ao contrario do que seria para qualquer um, ressaltava sua soberania e dignidade.

Daring estava disposto à ser um lorde com futuro brilhante, inteligente e recatado, seu rosto era jovial, seu cabelo fazia pequenos cachos castanhos e revoltosos, seus olhos brilhavam curiosos passando por todos os presentes ali.

O som de um cavalo chamou a atenção de todos, Lorde Lewis estava chegando. O conselho estava completo.

Lewis amarrou seu cavalo e Fagin o cumprimentou brincalhão

–Camarada, estás parrudo como sua cidade!

Lewis era Lorde de Kame Town, uma cidade cercada por uma forte muralha de pedra, e de todas da região era a maior e contava com um grande exército.

Lorde Lewis era brincalhão e seu corpo era como o misto da força brutal do urso e da precisão do tigre, era alto e musculoso. Seu porte requisitava respeito dos oponentes, mas seu comportamento gentil e sorridente fazia com que fosse uma boa companhia.

Seus olhos eram de um azul quase cinza, bronzeado e com o cabelo loiro amarelo como o sol, era sem dúvidas muito belo com sua meia idade:

–Perdoem minha demora, mas trago uma notícia boa e outra ruim.

Todos ficaram em silencio esperando que ele terminasse de falar:

–A ruim é que um pastor de minha cidade veio até mim para dizer que havia visto do topo da Montanha Quebrada um acampamento Sonsoc terminando de ser erguido entre São Tito e São Crispim...

Salem se arriscou a palpitar:

–Esses anos em que as cidades em torno de São Crispim estiveram em paz conosco eram para formar um exercito e tentar reconquistar Ravenburg.

Gretel o repreendeu com o olhar, Salem havia interrompido antes que pudessem ouvir a segunda notícia, Fagin se aproveitando do momento observou:

–Ravenburg aparenta já ter se recuperado do ultimo embate, mas seus guerreiros têm condições de resistir a um novo ataque?

–Lorde Fagin, meus guerreiros podem não ter aumentado em números, porém são bem treinados e tem rígida disciplina.

E com tom paternal Fagin se adiantou:

–Sabemos que tem investido muito no treinamento, mas queremos que os erros do passado não se repitam.

A Lady concordou com um aceno de cabeça e acrescentou:

–Hoje se recebêssemos um ataque qualquer o repeliríamos com facilidade, mas não é uma simples conquista que os Sonsocs desejam. É uma guerra, e ela determinará qual nação dominará todo o litoral de Maré Mar...

O silêncio mortal dominou o ambiente por alguns segundos, até que Lewis se decidiu por contar a boa nova:

–Teremos como arma o ataque surpresa, nem desconfiam que já estamos cientes de sua empreitada – e com um sorriso completou – demorei porque fui pessoalmente ver em que posição se acha o acampamento deles...

Novamente Salem o interrompeu:

–Ravenburg estará pronta para qualquer tentativa de ataque.

–Você se esquece que a bruxa disse que eles tentarão dominar a todos nós.

Lady Gretel ergueu a voz, não suportava o mistério de Lewis e a impertinência de Salem, e com certa rispidez se dirigiu à Lewis:

–Termine logo, não podemos perder tempo.

–Lady Gretel acredita nas bobagens que dizem sobre Foxwood e suas entidades?

Perguntou debochando o Lorde, fincando o pé no chão ela disse incisiva:

–Bobagens ou não, a bruxa estava certa, Salem! E também estava certa sobre o ano das Dez Batalhas, se a tivesse ouvido aquela vez mais da metade de seus guerreiros estaria viva.

–Nada garantia que ela estava certa! E mesmo que tivéssemos seguido o que ela disse não haveria sido uma vitória fácil!

–Haveria sido uma vitória rápida poupando os seus homens e os nossos que tiveram que ajudar-lo!

Os nervos estavam à flor da pele prevendo um embate, Lewis com calma conseguiu a atenção:

–De qualquer forma o exército que os Sonsocs reuniram é grande – depois de calcular mentalmente ele arriscou – deve chegar facilmente perto de dez mil homens, é mais que o suficiente para tomar Ravenburg.

E pela primeira vez Lorde Daring se pronunciou:

–Eu concordo em partes... Que o exército deles é suficiente para nós derrotar é certo, mas que eles começaram por Ravenburg não...

–Então... – Fagin viu que o menino tinha muito miolo na cabeça e o estimulou a continuar o raciocínio – por onde os Sonsocs começarão?

Com certa timidez ele logo respondeu:

–Por Foxburg, Lorde Fagin – um arrepio passou pelo corpo do Lorde – Se o acampamento se deslocar à noite por Foxwood estarão em pouco tempo atacando as costas de sua cidade. Foxburg é um ponto estratégico e é principalmente ocupada por civis... Ela caindo dará mantimentos às tropas e um novo posto para que tentem Kame Town ainda com o exército em sua total força.

Lewis não pode conter sua indignação:

–Malditos! Atacar à traiçoeira como uma jararaca!

Fagin tornou-se sombrio:

–Tem outro detalhe... Foxburg pode ser uma cidade pequena, mas as outras quatro juntas não igualariam nossa produção de pólvora negra. Com nossa pólvora os Sonsocs arrebentariam a muralha de Kame Town.

Daring assim como seu nome sugeria (Daring significa ousadia, audácia em inglês) concluiu:

–Antes de termos certeza do que os Sonsocs irão fazer não poderemos fazer nada além de esperar...

–Podemos, mas será arriscado – Gretel saiu do pentagrama – Venham, vejam e vençam.


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Notas finais do capítulo

Humm Mãe Dináh rs
sim tem umas referencias bem estranhas durante a historia, a praia de mare mar por exemplo rs



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