Elos de Fogo - Profecia da Bruxa escrita por Kuro_Hana


Capítulo 21
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Notas iniciais do capítulo

Nossa, tão ficando difíceis as coisas heim



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Mesmo com a noite escura ela achou o que precisava, e com pressa voltou na direção de São Tito... Não havia guardas nos postos, a cidade era relativamente pequena e a única construção que ali chamava a atenção era o orfanato.

Com cuidado ela amarou o cavalo escondido entre as árvores e percorrendo as ruas mais escuras chegou até a ampla entrada do orfanato, lugar doce e infernal de sua infância, não perdeu tempo e entrou... Os corredores continuavam iguais , mas o rosto das novas Primias e crianças eram diferentes.

Educadamente pediu para que a levassem para a sala da Superiora, a senhora se sentava atrás de uma modesta mesa de madeira que alguns papéis cobriam:

–Boa noite. Vejo que não é dessas bandas... Veio de muito longe?

–Não o suficiente – Gretel se lembrava vagamente dela, era Primia Clara, havia subido de cargo – vim para saber onde se encontra Lanios, ele esteve nesse orfanato quando criança e soube que ele trabalha para pagar o que deve à vocês.

A Superiora pensou um pouco e olhando-a de cima à baixo perguntou:

–Eu a conheço?

–Onde Lanios mora? Depois conversaremos.

Gretel se conteve, mal podia segurar-se parada esperando a resposta. A Superiora calmamente rabiscou um endereço em uma folha de papel:

–Ele voltou faz algum tempo, fugiu da mão dos Ossis, graças ao Deus está bem e veio sem ferimento algum.

–Então ele chegou bem... Obrigada.

Sua força de vontade superou os instintos e ela se controlou para não matá-la. Primia Clara era a comparsa de Primio Antônio e por algumas vezes chegou até a levar meninas ao quarto dele.

Vendo Gretel sair ela viu rebrilhar em sua cintura o cabo de uma pequena adaga e assim como o rosto da estranha, teve a impressão de reconhecê-lo.

Com dificuldade Gretel achou o endereço e por alguns segundos chegou a duvidar que aquilo fosse real.

Por fim depois de refletir bateu na porta, bateu novamente e ela foi aberta:

–Gretel!?

Foi a única palavra que ele teve tempo de dizer, um instante depois estavam abraçados, tanta saudade guardada foi expressa na força com que se apertaram:

–Achei que nunca mais ia querer me ver – ele disse – depois daquele dia não me sinto bem...

–Nem eu... Eu precisava vê-lo.

Lanios a colocou para dentro, sua casa era confortável e espaçosa, um certo requinte na escolha das peças era evidente. Os sofás eram velhos, mas estavam bem escovados e combinavam perfeitamente com o resto da mobília:

–Sente-se, precisamos muito conversar!

–Antes, tome isso – ela tirou do bolso uma porção de contas vermelhas de madeira, estavam sujas de terra – não sei se estão todas ai, mas um bom artesão pode refazê-lo.

Ele as pegou e colocou sobre a mesa de centro, onde elas rolaram se espalhando. Com carinho ele viu o seu amado colar ali desfeito:

–Mesmo depois desse tempo todo você se lembrou de mim... Posso dizer que também não pude deixar de pensar em você todos os dias...

–É um pouco constrangedor, mas o mesmo aconteceu comigo.

...

Daring estava à caminho de Kame Town quando teve um mau pressentimento. Agitou a rédea e o cavalo se esforçou para ir mais depressa, porém o terreno até o seu ultimo destino era uma estrada íngreme.

Irálem e Fagin provavelmente já se encontravam a caminho das Araucárias Arcanas e ele precisava se apressar.

O jovem coração do Lorde estava acelerado se martelando contra as costelas. E quando passava perto ao pé da Montanha Quebrada os cascos do cavalo escorregaram nas pedras soltas e com um relincho assustado despencou sobre as patas dianteiras.

A velocidade com que corriam fez Daring ser jogado por cima da cabeça do cavalo, que não conseguindo um apoio rolou ficando com as patas para o ar.

O cavalo recobrado do susto se levantou procurando o caminho da volta, mas Daring ficou onde estava. Havia caído quase quatro metros longe de onde a montaria tinha tombado. Deitado de bruços na grama macia ao lado do caminho, ele tentou ficar de pé, mas sua cabeça doía e uma forte sensação de tontura fez com que desmaiasse.

...

–Hoje eu posso ver claramente que fui muito egoísta.

Lady Gretel admitiu, algo em seu olhar estava mudado... Talvez fosse a sinceridade com que admitia seus erros:

–Eu o comprei para te esfregar na cara o que me tornei depois de fugir daqui e me vingar de você... Mas você nunca teve culpa... E tudo aconteceu a tanto tempo que não sei se valeria a pena me vingar dos culpados que sobraram...

A ultima parte dessa frase fez com que Lanios se arrepiasse numa tentativa de parecer tranqüilo ele perguntou inseguro:

–Você planejava matar as Primias?

–Sim – ela não hesitou em responder- e ia matá-lo no Festival do Sangue com a mareta, mas vi que poderia aproveitar melhor uma vingança lenta...

–Então mesmo depois de anos de amizade você me mataria por que tive medo de contar o que acontecia com Ane? Mesmo que contasse nada teria mudado, você mesma disse que tinha contado varias vezes e nada foi feito!

Ela desencostou as costas do sofá se arrumando melhor e com ar de indiferença respondeu:

–Não importa mais... Essa raiva de antes já não existe – as faces dela ficaram coradas e ela emendou – agora é um sentimento mais forte...

Lanios se inclinou para frente e curioso perguntou:

–Esse sentimento... Qual é...?

Uma frase se formou na garganta dela, mas nenhum som foi ouvido.

A porta foi forçada uma vez fazendo os dois se levantarem com um salto, na segunda vez a porta foi abaixo:

–Em nome do Juiz de São Tito ela deve vir conosco!

Disse o homem que parecia ser o líder, ele e mais seis homens invadiram a sala. Surpreso e irritado Lanios o enfrentou:

–Que direito tem de invadirem minha casa?! O que querem aqui?!

O homem mandou que seus comparsas o imobilizassem e se virando para a Lady:

–Peguem essa Ossi!

Lanios reagiu desferindo um tremendo soco no queixo do primeiro que tentou segurá-lo, no segundo atacou o estomago deixando o homem sem fôlego.

A Lady se defendeu qual uma pantera acuada se esquivando dos homens que tentavam capturá-la e vendo que seu ex-escravo se encontrava em uma luta injusta contra cinco oponentes (o líder do grupo também se juntou a eles), com um impulso ela saltou o sofá e retirando a adaga da sinta conseguiu afastar Lanios de seus oponentes.

O ex-escravo nunca tinha estado metido numa briga, mas enfrentou com valentia todos que tentaram derrubá-lo. E uma sensação de orgulho o encheu ao ver que estava se saindo bem.

Cansada da viajem Gretel tentava se manter em uma posição defensiva colando suas costas com as de seu parceiro.

Todos que tentavam se aproximar dela eram repelidos por rápidos movimentos de sua adaga, mas covardemente um dos homens tentou ferir Lanios com uma cadeira e sem piedade Gretel cravou a adaga em seu abdome rompendo assim o circulo de agressores que os rodeava:

–Fuja!!!

Ela gritou, sem perder tempo os dois correram para a porta dos fundos, Lanios no calor do momento agarrou a mão dela e a guiou até a porta.

Mas um dos comparsas a puxou pelos cabelos, quase fazendo o pescoço da Lady se quebrar pela brutalidade do ato, ela se virou para enfrentá-lo e outro deles tentou lhe tirar a adaga da mão. Lanios prontamente tentou ajudá-la, mas uma garrafada na cabeça o postou no chão, mesmo assim ele quis se erguer para salvá-la e um chute na barriga tirou suas forças e sem dó o líder o atingiu com um pontapé no nariz fazendo-o sangrar.

O cheiro ferroso fez Lady Gretel dar um grito de ódio que mais lembrava um rugido, debatendo seu corpo com violência se livrou do homem que a segurava e enfiou a adaga no que estava a sua frente querendo tirá-la de suas mãos, de costas ela chutou o que antes a segurava e possessa pela fúria atingiu o líder com um golpe na nuca, ele sem sucesso tentou estancar o ferimento com a mão, mas ela não contente com o corte abriu-lhe a garganta com uma única passada de sua lâmina.

Os três homens que sobraram em pé se precipitaram sobre ela e conseguiram derrubá-la no chão, ela acabou batendo a cabeça na quina da mesa e desnorteada ela sentiu o líquido quente saindo de um pequeno corte em sua cabeça. Com as forças que ainda tinha ela se enfiou em baixo das pernas da mesa.

Enquanto dois tentavam desarmá-la o terceiro acertou nela um potente chute no seio esquerdo, a dor correu por todo o corpo dela e conseguiram arrancar de suas mãos sua única arma ali.

Ela segurou seus gemidos de dor, mas seu corpo estava exausto ela já não conseguia se defender e um soco no rosto a deixou vendo estrelas por alguns segundos... E depois o escuro a engoliu.

Os comparsas a carregaram para fora desmaiada, pingos de sangue marcaram o chão por onde a levaram.

Lanios também sem sentidos foi largado entre os cadáveres frescos... Depois se tivessem tempo se ocupariam dele.

...

Sobre as Araucárias Arcanas, Lorde Irálem e Lorde Fagin esperavam impacientes que os outros chegassem... o tempo se arrastava e nem sinal de Lewis sozinho ou com Daring.

Uma leve brisa noturna agitou as folhas do chão, Fagin propôs:

–Deveríamos ir procurá-los, faz muito tempo que o menino partiu e a viajem não dura nem metade disso...

–Com toda certeza algo de ruim aconteceu, se formos logo podemos achá-los ainda vivos.

O pessimismo na voz de Irálem deixou o outro Lorde com um nó na garganta:

–Fala como se fosse eminentemente uma tragédia a causa da demora deles.

–Se não for, ficaremos aliviados – disse ele montando seu cavalo – e se for, estaremos preparados.

O outro se recusou a questionar a lógica de Irálem, a verdade era que ele realmente precisava saber o que havia acontecido.

...

Dolorida a Lady abriu lentamente os olhos... Era obvio que a Superiora a reconhecerá e contará ao Juiz da cidade para que a pegassem.

Seus braços estavam algemados para trás, com cuidado ela se sentou. O lugar era escuro, porém era possível ver que se tratava de algum tipo de masmorra. Se apoiando na parede com certo esforço ela conseguiu ficar de pé e caminhou até as grossas grades.


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