Elos de Fogo - Profecia da Bruxa escrita por Kuro_Hana


Capítulo 16
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Notas iniciais do capítulo

Ah Gretel sua linda



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O corpo dela estava mole, prensado sobre o peso dele. A única coisa que ela conseguia fazer era entrar em desespero.

E de pálpebras fechadas ela viu pequenas explosões e pontos brilhantes quase ficando inconsciente enquanto ele a asfixiava com o travesseiro.

O homem tentou mudá-la de posição, o braço magro de Gretel pendeu lateralmente a cama quase encostada à parede, seus dedos tocaram um cabo de metal frio, lentamente ela puxou o relevo conhecido de debaixo do colchão.

O Primio quase não pode ver o que lhe aconteceu, mal a adaga saiu de seu esconderijo se enterrou em seu pescoço gordo. Gretel mesmo sem forças fez a lâmina deslizar para dentro dele com dificuldade. O gorgolejar na garganta dele enquanto ele se afogava no próprio sangue fez a menina abafar um grito.

E ele tombou sobre ela como um saco de carne, já sem vida. Sem tempo para pensar, ela puxou a adaga de volta e empurrou a massa morta para fora da cama.

Seu vestidinho branco, desalinhado e agora ensangüentado farfalhou enquanto ela correu pelos corredores procurando uma saída.

Quando chegou ao jardim subiu o muro o mais rápido que pode se apoiando em uma velha árvore, ela ficou de pé se equilibrando na beirada do muro e sem hesitar ela deu um passo no vazio e se jogou sobre a cerca de estacas.

O sonho foi cortado por um flash branco e ela se viu mais uma vez correndo loucamente entre as árvores ancestrais de Foxwood.

Ela chorava, ao seu redor vultos se espalhavam entre a floresta, com seus rostos sem olhos a fixando.

O sono embaçava sua vista e a perda de sangue a estava paralisando, suas pernas finas vacilaram, mas ela deu alguns passos além do que podia.

Com um grito agudo ela tropeçou em um circulo de seixos.

Repentinamente seu corpo foi sacudido:

–Gretel! É só um pesadelo! Gretel acorde!!!

Ela abriu as pálpebras, ainda sonolenta. Lanios assustado com os gritos e resmungos da Lady correu para o quarto dela ver o que acontecia:

–Eu estou bem – disse ela – pode me soltar agora.

O quarto estava escuro e só se viam leves contornos contrastando com as luzes dos postes na rua:

–Que horas são? Ainda é cedo?

–Cedo?! Ainda é noite... Você me deu um susto de verdade com esses gritos.

Ela apertou delicadamente a bochecha dele, seus olhos demoraram a se acostumar com o escuro:

–Sinal de que se preocupa comigo... Agora vamos voltar a dormir Sr Guarda Costas.

Os dois riram, faltava muito para o amanhecer e o dia seria cheio, necessitavam de um bom descanso por hora.

Depois do amanhecer a Lady se ocupou dos afazeres de sua posição, as horas se arrastaram e uma sucessão de pequenas rixas entre moradores aparecia para ser resolvida entre um dever e outro para atrasar as coisas.

Já de tarde um convite inesperado veio de Lorde Fagin, uma baile de máscaras, e quase que a lady recusa o convite se não fosse a insistência de Lanios:

–Veja bem – começou ele – esse contato social fortalece as relações entre os lordes!

Ela o ouvia sem expressão:

–E, além disso, faz mal que você só trabalhe... Todo mundo precisa de diversão!

–E você não quer nada com esse baile não é?

Gretel tinha um tom claramente irônico na voz:

–Eu quero muito ir com você e dançar, ver gente nova e beber um pouco.

Com uma risada ela concordou, fazia algum tempo que ele deixará de ser um simples escravo de luxo, para ser um assessor e amigo sempre muito útil:

–Vamos pedir para a costureira preparar umas fantasias para nós e temos que achar máscaras.

–Deixe que eu vou! Enquanto isso você pode terminar de supervisionar os terrenos.

–Certo – disse ela com um aceno positivo de cabeça – mas não me venha com nada extravagante.

Nenhuma família deveria ficar com terras maiores ou menores ao que precisava e o papel dela era garantir a divisão justa, assegurando que ninguém saísse prejudicado.

Ao todo haviam trinta lotes de terra, que estavam divididos no tamanho proporcional ao numero de pessoas que havia na família que ali plantaria. De cinco em cinco anos os lotes eram trocados para que não houvesse reclamações sobre a fertilidade e qualidade do solo.

A supervisão seria um trabalho fácil se não fossem os agricultores reclamando de seus novos pedaços de terra e de seus vizinhos espertalhões adentrando com as cercas um metro ou dois da propriedade alheia.

Justamente naquela tarde os ânimos estavam exaltados a ponto de duas aldeãs partirem pra cima uma da outra, com desanimo Lady Gretel apartou a briga antes que ficasse pior, pacientemente ela tentou resolver ou pelo menos diminuir as queixas que lhe apareciam.

Voltando para casa cansada, se deparou com uma pequena multidão dentro de sua sala. Surpresa pediu passagem entre as pessoas espremidas e se deparou com uma aberração.

Sua fantasia. Um vestido de tecido leve e branco, mangas longas e bufantes com o busto decotado, enfeitado por pedrarias azuis. Um vestido de princesa nas mãos de sua mãe, que o exibia como se fosse um tesouro, e uma máscara que cobria um palmo do rosto somente ao redor do olho esquerdo enfeitada com penas azuis.

Mal havia acabado de entrar todos começaram a pedir que ela o vestisse, as crianças pulavam de um lado para o outro agitadas dizendo como ela ficaria linda nele, sem dizer nada ela recuou voltando para fora.

Porém deu de cara com Lanios que trazia uma pilha de roupas em seus braços:

–Não consegui segurar a sua mãe, quando ela ficou sabendo onde você iria ao baile pareceu ficar louca e voltou com essa fantasia, mas eu trouxe outra para você.

–Me dê.

Ela tirou das mãos dele e rapidamente disse:

–Vista a sua e me espere, vou entrar pelos fundos tomar banho e logo volto pronta.

–Boa sorte!

–Segure todos aqui!!!

Com uma corrida ligeira ela rodeou a casa, quando tentaram segui-la Lanios bloqueou a porta:

–Lady Gretel ordenou que esperassem aqui mesmo...

Dináh irritada tomou a frente de todos:

–Ora essa! E que autoridade tem para me impedir de passar?!

–Nenhuma... – respondeu ele constrangido – mas a palavra de Lady Gretel é ordem mesmo que seja dada por mim.

Um murmúrio subiu entre o povo deixando Dináh vermelha, era por demais obvio que já consideravam Lanios uma semi-autoridade, alguém que representava sua líder e a quem podiam pedir ajuda.

Sem dar mais explicações a Dináh ele foi se trocar usando o quarto de Gretel. Apressado se perfumou com uma essência que tinha ganhado do boticário e começou a por sua fantasia, calças jeans azuis, regata branca e jaqueta de couro preta, tudo lhe caindo perfeitamente. E se olhando no espelho sussurrou para si mesmo:

–Me sinto 1950.

Rindo sozinho colocou sua máscara da mesma cor da jaqueta. A porta se abriu e fechou rapidamente atrás da Lady, que agora usava botas escuras, gibão vermelho, capa e um chapéu com pluma:

–Bem eu olhei o que a costureira tinha em estoque – ele se explicou – e lembrei que você costumava ouvir as historias dos três mosqueteiros e pedi uma fantasia de D’Artagnan.

Os dois riram de modo sem graça e ele não pode deixar de afirmar:

–Você está linda...

–E você parece um Badboy do tempo da brilhantina.

Sorrindo, ela o puxou pela mão:

–Vamos pegar minha máscara e sair daqui.


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