A Busca escrita por Lola


Capítulo 11
Efeito colateral


Notas iniciais do capítulo

Então... queria dizer muito obrigado a "Outra Escritora" por me avisar um pequeno errinho no título - já mudei, brigada pelo toque! :D é isso, boa leitura.



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Não sei quantas vezes fiquei sentada no chão do meio do meu quarto, meus braços abraçando as pernas, olhando fixamente para o vazio. Minha cabeça estava sobrecarregada, e eu não podia acreditar que o cara de quem eu estava afim era filho do homem que havia matado meus pais. Também não sei quanto tempo Liz ficou batendo na porta antes de entrar, vestida com uma saia rosa e blusa branca de botões.

–Ana? -ela sussurrou, se sentando ao meu lado.

Olho para ela. Não faço a menor idéia de como podemos ser tão diferentes. Liz parece feita de porcelana, os cabelos loiros como ouro, a pele tão branca que parece que ela nunca pegou Sol.

–Você está bem? Quero dizer, com Kane sendo o filho de Tebeus? - ela murmura, encostando suas mãos no meu ombro coberto.

–Você devia perguntar isso a si mesma, Liz, eles também eram seus pais. -digo, com um meio sorriso.

Liz ri, baixinho.

–Mas eu não estou me apaixonando por ele, Ana.

Sorrio. Eu não estou bem. Na verdade, não sei nem o que pensar. Eu gosto de Kane, mas isso já é demais. Agora sei porque ele ficou calado no bar, sei o porque dele não ter confrontado Tebeus. Sei o motivo de Alex não confiar nele.

–Eu... não sei, Liz. Parece demais, sabe? -digo, encarando o carpete.

Liz suspira.

–Ana... ele é como você.

Como eu? Eu sou descendente das Parcas, não da deusa-pirada-vingativa Nêmesis, penso.

–Como assim?

– Só não olhe o livro pela capa, certo? -Liz diz.

Claro, eu entendi. Eu posso matar as pessoas, mas não quero que me julguem por isso. Sou melhor do isso. E Kane, provavelmente também é.

–Tudo bem, mãe, eu entendi. -digo, ironizando.

Liz parece satisfeita. Se levanta e sai saltitando do quarto, como uma fadinha.

Me levanto e tomo banho. Coloco um vestido, prendo meu cabelo no alto e saio descalça pela casa. Antes de chegar ao térreo, ouço um barulho. Vejo Dana sentada no topo da escada, seu cabelo laranja contrastando com suas roupas.

–Ele não é tão ruim quanto você deve estar pensando, sabe? -Dana diz, sorrindo.

–Phoebe gostava dele, deve ser por algum motivo, não é? -sorrio, triste.

–Phoebe foi um efeito colateral, Ana. Quando Kane fugiu de Tebeus, e veio morar conosco, ele se apaixonou por Phoebe. Quando Kane percebeu que ele gostava dela como amiga, terminou tudo. Alex já gostava de Phoebe, e uma coisa levou a outra. -Dana falou, pacientemente.

Eu podia escutar vozes vindas do andar de baixo.

–E o que sou eu, um efeito colateral também? -pergunto, bruscamente.

–Descubra por si mesma. -Dana diz.

Ela se levanta e tira o pó de sua roupa. Quando vai descendo as escadas, se vira para mim.

–Ele é um ótimo cara, Ana. Não o machuque, a não ser que seja para o bem dele.

Assinto, sabendo que tudo o que eu menos quero na vida é machucar Kane.

*******************************************************

O encontro na sala. Ele está junto a Joe e Joseph, parecendo nervoso. Quando me vê, seus olhos se encontram com os meus.

–Podemos conversar? -ele diz.

Concordo, e saio da casa, indo até o quintal da frente. Cruzo os braços em cima do peito e espero por ele. Kane se encosta no meu Jeep, parecendo incomodado.

–Eu não sou ele, Ana. -Kane finalmente solta, suspirando.

–Sei disso.

Parece que milhões de preocupações saem dos seus ombros.

–Você confia em mim? - ele pergunta.

Viro meu rosto em direção para o Sol. Sinto o calor.

–Não sei. - murmuro.

–Se eu disser para você que sei um jeito de você tocar as pessoas sem que elas morram, você confiaria em mim?

O que?

Ai meu Deus.

Não posso acreditar.

Depois de anos, finalmente.

–Tem um jeito? -pergunto, impaciente.

–Têm, só precisa de prática. Meu pai o descobriu antes que eu fosse embora. Tecnicamente, ele precisa que você o toque sem o matar para que haja a imortalidade. -Kane diz, dando um meio sorriso.

–Quem deixaria eu ficar tocando nele até que eu consiga, Kane? É loucura, esquece. -digo, balançando a cabeça veemente.

Kane abre um sorriso e passa as mãos pelo cabelo.

– Eu, Ana.

Meu olhos enchem de lágrimas, não posso evitar.

Esperança, finalmente.

Um chance de uma vida.

–Eu confio em você. -Kane diz.


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