Será que em algum momento eu realmente cheguei a perder as esperanças? Agora é tão difícil chegar em uma conclusão. Lembro-me exatamente do dia em que ele me salvou, mesmo que no inicio não tivesse tal pretensão. Mas, não recordo da dor que senti em meu corpo naquele dia, tudo o que continua vivo é o calor dos braços dele. E aquele olhar distante que hoje está tão próximo, tanto que consigo decifrá-lo? Então, por qual motivo ainda não consigo sentir-me vitoriosa? É como se faltasse algo...
Kuchiki Byakuya estava sentado na beira da cama, o primeiro dia da grande festa do nosso casamento havia terminado e tudo o que eu mais queria era que ficássemos a sós. Sentir que ele era inteiramente meu já havia se tornado necessidade, entretanto, meu marido parecia estranho. Bem... Byakuya era estranho, mas, eu não entendia o que poderia estar se passando na cabeça dele naquele momento. Estaria arrependido? Impossível, não depois de tudo aquilo que me disse em forma de votos.
Enquanto eu acendia algumas velas, olhava de canto para ele, queria quebrar o silêncio que se fazia presente desde o momento em que entramos no quarto, só que não tive coragem. Suspirei alto para que ele notasse que estava me incomodando, apaguei a luz e sentei ao lado dele.

– Vai me dizer o que houve? – Certo, eu não aguentaria aquilo por tanto tempo. – Você parecia tão feliz...

– Eu estou feliz – ele pegou minhas mãos e as beijou. – Só estou lembrando de alguns momentos, daquele dia em que você me protegeu com a sua vida. Tive tanto medo de perde-la...

– E eu faria outra vez, sem pensar. Também estava lembrando de novo do dia em que nos conhecemos... Aquela pobre moça de Rukongai não imaginou que seria a senhora desta casa.

– E do meu coração...

Senti um grande alívio, como sempre, eu havia me precipitado um pouquinho. Ainda tinha muito o que conhecer Byakuya e felizmente, teria todo o tempo do mundo para isto. Naquele instante, tudo o que fiz foi beijá-lo, no inicio com doçura, até que fiquei rendida por seu beijo, sempre com aquela suavidade e firmeza que me encantava! E seu toque, tão preciso que conhecia cada pedacinho do meu corpo e me fazia suspirar, assim, tudo tornou-se urgente... Tão urgente que em poucos segundos estávamos sem as roupas e com os corpos colados. Esperei tanto por aquele momento, para pertencer a ele finalmente com esposa.
A respiração quente de Byakuya em meu pescoço me deixava arrepiada, principalmente quando ficou acelarada assim que ele me fez sua. Não havia satisfação maior que aquela, fechei os olhos por alguns segundos, queria me concentrar em cada som que ele fazia, fossem gemidos ou suspiros, mesmo contidos a princípio. Ao abrir os olhos, notei que ele estava me olhando fixamente e sorria todo satisfeito como se com isto quisesse mostrar que sentia o mesmo que eu.
Felizes. Estavámos felizes e a cada beijo, carícia e sons que fazíamos, era mais visível. Se havia algo melhor naquele mundo do que fazer amor com Kuchiki Byakuya, sinceramente eu desconhecia. E tudo o que eu pedia mentalmente era que ficássemos grudados daquela forma à noite inteira e daquela vez eu tinha certeza que, exceto se a Soul Society estivesse sendo destruída, nada mais nos incomodaria.

– Aiko... – Ele chamou com os lábios próximos ao meu ouvido, sua voz em um tom tão sexy que foi impossível ficar alheia àquilo e fez com que talvez até minha alma ficasse arrepiada. – Acha que aguenta ficar assim comigo até o amanhecer?

– O quê? – Não acreditei, Byakuya estava me provocando? Eu o encarei um pouco surpresa, mas, logo aceitei a provocação e me movi tão rápido, que fiquei por cima dele. – Quero ver você aguentar!

Notei um brilho surgindo no olhar dele, suas mãos fortes apertaram minha cintura, sentia-o profundamente dentro de mim enquanto eu me movimentava em cima dele. Queria acelerar e provoca-lo o máximo possível, mostrar que a doce e inocente Aiko podia ser uma mulher sensual e repleta de luxuria capaz de enlouquece-lo.

– Desse jeito... – A voz dele falhava e eu aumentava a velocidade, assim como a intensidade. – Aiko...

Byakuya abraçou-me com força, seus lábios comprimiram-se contra meu pescoço e abafaram o gemido que ele soltou. Era incrível a sensação que tive dentro de mim, como se pudesse sentí-lo vibrando em seu ápice.

– Kuchiki Byakuya, acho que você me deve uma... – Com uma das mãos atrás da minha cabeça, ele me forçou para baixo até que meu rosto afundou em seu peito. Ouvi ele rir, era inacreditável. – Eu vou cobrar...

– Hmm? Não consigo entender – isso soou da forma mais descarada possível, então, ele suspirou fortemente e parou de forçar minha cabeça. – Vem cá...

Byakuya virou o corpo para a direita e fez com que eu ficasse deitada ao seu lado, continuávamos grudados. Com certeza não havia sido nada romântico aquele final, porém, me senti a mulher mais sortuda do universo. Aquele homem era meu e eu o havia sentido se desmontar debaixo de mim, totalmente entregue e vulnerável.
Eu não sabia se aguentaríamos realmente até o amanhecer, contudo, vi na expressão dele que dali por diante ele faria de tudo para que eu também atingisse o prazer absoluto. E, ele me conhecia muito bem, tanto que recomeçou com carícias delicadas e beijos repletos de paixão. Com isso, não tive dúvidas que durasse o tempo que fosse, eu teria naquela noite tudo o que sempre sonhei e todo o amor que somente Kuchiki Byakuya poderia me dar...

♥♥♥

Meu amor, minha vida, minha esperança...

Eu estava encantado com a visão que tinha do corpo dela enquanto dormia tranquila na cama. O movimento de seu ventre ao respirar, o ar angelical em seu rosto e até mesmo um singelo sorriso, parecia que estava sonhando com algo bom. Dali por diante eu só esperava viver um dia de cada vez, aproveitar cada segundo que pudesse ao lado dela, vê-la voltando para casa após um dia árduo de trabalho, ter momentos preciosos que somente existiam em uma vida a dois... Será que ela também sonhava com isto?
Aiko foi o melhor presente que os Deuses me enviaram e como eu fui tolo por ter relutado tanto. Mesmo que eu tivesse pedido perdão, continuava me sentindo culpado por tê-la feito chorar tantas vezes. Precisava cumprir minha promessa e fazê-la sorrir e ser feliz.
Ao olhar pela janela, vi que estava chovendo lá fora. Talvez alguém normal adoraria que seu primeiro dia de casado fosse marcado pelo calor e sol, entretanto, algo me dizia que era um sinal de que tudo daria certo. Minha amada Aiko gostava muito da chuva e eu tinha certeza de que ela adoraria ver a chuva quando acordasse.
Com cuidado, beijei os lábios dela e após tomar um banho, vesti um traje confortável e fui até a cozinha. Os criados já estavam iniciando suas atividades, então, pedi que preparassem o melhor café da manhã que pudessem e que servissem na varanda.
Quando vi que tudo estava bem disposto, fui até a cerejeira e colhi algumas flores. Ao voltar, Aiko já estava lá, os olhos expressavam a sua surpresa e seu lindo sorriso de ponta a ponta denotava que eu havia acertado ao escolher aquele lugar para o café. Em silêncio, me dirigi até ela, sempre tão bela, mesmo que vestida com um kimono tão simples.

– Bom dia, meu marido – a voz de Aiko soou tão doce, ela abriu os braços e me abraçou forte. – Nem acredito que está chovendo! Um presente dos céus para nós dois.

– É verdade – retribui seu abraço e entreguei os ramos de flores de cerejeira, fazendo-a sorrir ainda mais.

– São lindas... Vou me acostumar mal – ela pegou as flores e acariciou cada uma. – Flores, um café da manhã assim na varanda...

– Pode se acostumar, ora. Sempre que possível, será assim!

Logo que sentamos, Aiko nos serviu com todo o cuidado e comemos tranquilamente. Como de costume, ela falava pelos cotovelos e secretamente, sempre gostei disso. Era engraçado o ver que até mesmo os defeitos de Aiko não pareciam defeitos, pois, tudo nela me agradava. A forma como sempre me olhou de cima e rebatia à altura quando achava que eu estava errado – e de fato na maioria das vezes estava. E ela nunca soube acatar ordens, porém, ainda assim conseguiu chegar longe... Tão diferente de mim. No fundo, talvez eu quisesse ter a coragem dela para lutar de corpo e alma pelos seus ideais. Quase sempre eu seguia regras e eram tantas, que quase custaram a minha felicidade. Enquanto ela ficou um pouco calada olhando para a chuva, comecei a me questionar sobre o que teria acontecido se eu tivesse rejeitado Aiko. Acredito que eu teria sido consumido por todas as sombras do passado e pelo imenso vazio que sentia, no mínimo, existiria apenas por existir, sem razão alguma. E

– Hey! – Qundo dei por mim, minha esposa estava no jardim, o rosto voltado para o céu enquanto a chuva fina caia. – Vem aqui, Byakuya!

– Não acha que está um pouco frio hoje?

– Vem – ela pediu de um jeito tão infantil. – Por favor...

– Sempre insistente – suspirei. Não poderia negar algo para ela, não naquele dia.

– Viu, não está frio... Eu só preciso de um abraço enquanto a chuva cai e abençoa nossa união.

Aiko envolveu meu pescoço com os braços e encostou os lábios nos meus. Fui me perdendo em seu beijo e já não conseguia pensar em nada, exceto no quanto ela era adorável. Sabia que a amaria mais amanhã, até mesmo na tristeza e nos momentos de dor inesperada, os quais estávamos passíveis enquanto shinigamis. E claro, a amaria no sol e na chuva! Tudo ficaria bem, bastava ela estar ali comigo... Aiko era meu amor, minha vida e minha esperança. E eu continuaria tentando mudar, entregando tudo de bom que tivesse em mim, assim como ela fez.