Sol e Lua escrita por Aislyn


Capítulo 17
Dias Tranquilos, Ou Quase...


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de pedir desculpas pelo erro de ter postado duas vezes o capítulo doze, acredito que alguém que tenha chegado até aqui, reparou. Já acertei.



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Dois meses depois da derrota de Aizen Souzuke, a paz parecia estar de volta à Soul Society, muitos eventos haviam mudado para sempre a vida de cada um dos shinigamis do Gotei Juusan, assim como de Ichigo e seus amigos. Havia histórias para contar, cada um passava adiante o que viveram nas batalhas e assunto nunca faltava entre todos.
No entanto, existia um lugar onde dificilmente a paz durava por muito tempo...

Casa Kuchiki

– Você sempre criticando tudo o que faço! – Aiko estava de braços cruzados, não aguentava mais as críticas de Byakuya quanto à arrumação que ela estava fazendo no escritório dele. – Então, não entendo o porquê pediu ajuda para tirar este monte de velharia daqui.

– Não são velharias! – Retrucou Byakuya. – E bem, você é quem fica dizendo que as coisas precisam de renovação, eu apenas aceitei a sugestão e...

– E? – Indagou ela ainda emburrada. – Tenho certeza que virá algo horrível depois desse “e”.

– Se quer a verdade, – começou olhando nos olhos dela, estava sentado no sofá novo que haviam mandado fazer – eu aceitei a sugestão porque achei que você estando ocupada não me incomodaria por uns bons três dias. Mas já vi que é impossível.

– Quer dizer que você aceitou que eu trocasse todos os móveis do seu escritório e organizasse tudo por aqui só para não brigarmos?

Aiko sentou-se ao lado dele, por dentro estava explodindo, afinal, teve muito trabalho até deixar aquele ambiente agradável para que ele pudesse trabalhar sossegado e com muito conforto. Mas, olhando nos olhos dele, apesar da provocação ter sido nítida, sabia que ele havia feito um grande esforço para se separar do passado, pois ali tinha muitos enfeites que Hisana havia escolhido. Para contrariar, ela abraçou Byakuya e o beijou. Ele correspondeu ao afeto, mesmo espantando, pois a sua provocação teria sido motivo para uma discussão que duraria horas – por parte de Aiko, pois ele continuava com a mesma mania de deixá-la falando sozinha quando as coisas saiam do controle.

– Aiko... – Ele murmurou próximo aos lábios dela. – O que acha de um treinamento hoje? Há semanas que não temos um.

– Só se for treinamento lá no seu quarto – respondeu ela sem vergonha alguma. – Pare com essa mania de querer cruzar zanpakutous comigo...

– Você precisa treinar o bankai, se quiser realmente ser digna do seu novo posto... Ser yonseki vai exigir muito de você!

– Blablabla, que chato! – Aiko interrompeu ele, já se sentia muito à vontade com Byakuya e íntima demais. – Você só sabe falar de treinamento, Rokubantai, deveres, serviço acumulado, problemas na Casa Kuchiki... Quando vai aprender a relaxar e confiar nos seus subordinados?

– E quando você vai aprender a ser menos insuportável?

– No dia em que você for mais agradável – seu esforço para não aceitar provocações de Byakuya havia ido por àgua abaixo. – Já enchi de você por hoje!

– Eu ainda não – ele sorriu timidamente, estava se acostumando a sorrir na presença dela, ainda que muito raramente. – Vou aceitar a sugestão sobre um treinamento lá no quarto... Você precisa mesmo treinar a nova massagem, lembra?

– Claro que lembro! Me espere lá, só vou terminar de ajeitar uns detalhes.

– Mais tarde você ajeita.

– Sim, senhor!

Aiko levantou-se com rapidez e o puxou pelas mãos. Sem que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela prendeu as pernas na cintura dele e enlaçou seu pescoço com os braços. Byakuya não conseguia resistir, ainda mais quando os beijos dela eram tão cheios de paixão. Aquela já não era mais a jovem tímida que ele conhecera, na verdade, a cada dia que passava, Aiko estava mais à vontade e íntima dele. No fundo, sabia que aquela relação não era a que ela merecia, sobretudo quando se tratava de uma princesa e um homem da casta dele deveria respeitá-la. E ele bem que tentou afastar-se dela, entretanto, o destino foi muito mais astuto do que ele e tramou de um jeito que nem mesmo o homem mais forte poderia evitar.
Só lhe restava corresponder ao amor dela e pensar em qual seria a solução para os dois. Não era tão incomum um relacionamento entre shinigamis, até mesmo casamento já havia acontecido entre alguns.
Algumas horas depois, Aiko espreguiçou-se ao lado de Byakuya, estava se sentindo leve após uma noite de amor com ele e se pudesse, continuaria ali para sempre. Era uma pena que seus deveres falassem mais alto, havia tanta coisa para se fazer no Yonbantai, e ainda teria que visitar os pais no dia seguinte, pois receberiam alguns parentes para jantar, fazendo questão da presença dela.
Tentou ficar um pouco mais de tempo perto dele, afinal, não era sempre que o taichou saia do bantai para ficar com ela. Ele estava pensantivo, lembrava do dia em que a viu pela primeira vez, frágil e indefesa nas mãos de Mabashi. Como aquela jovem se tornou-se em um curto espaço de tempo uma shinigami tão forte e digna da admiração dele? Voltava a pensar novamente em uma solução para ambos, afinal, escondiam de todos o quão próximos eram. Poucos na verdade sabiam do sentimento que nutriam um pelo outro.

– Hey... Preciso ir, meu amado taichou. – Ela suspirou e contrariada, foi até o banheiro tomar uma ducha rápida. Nem mesmo tempo para o ofurô teria junto a ele. Byakuya colocou um kimono e foi atrás dela, estava olhando para a parede, o pensamento longe dali. - Parece até que você quer dizer algo. Eu fiz algo que o incomodou? Na verdade, nem brigamos a sério hoje...

– Hmm? - Ele olhou para ela e sorriu. – Fique tranquila, não aconteceu nada. Estou apenas lembrando do dia em que você chegou na minha vida... Foram tantas dores de cabeça...

– Seu bobo, - Aiko riu – você nunca perde esta mania de dizer que eu lhe dava dor de cabeça. - Ela foi até o quarto e vestiu o shihakushou. - Eu creio que trouxe vida para você, isso sim! E alguns sorrisos... Era difícil aguentar aquela sua cara fechada o tempo todo. Agora ao menos você conversa um pouco mais comigo.

– E tem outro jeito? – Byakuya pegou a zanpakutou dela e jogou para que pudesse colocá-la na cintura.

– Obrigada – Aiko prendeu o cabelo de qualquer jeito e foi até ele, queria abraçá-lo uma última vez. – Em dois dias você vai jantar na Casa Kanoggi, certo?

– Tentarei, mas não prometo.

– Sei que vai! – Aiko o beijou nos lábios e ele correspondeu. – Amo você, Byakuya-sama!

– Também amo você, Aiko... Se cuide.

Aiko saiu rapidamente, era dificil resistir à vontade de voltar lá e ficar com ele mais um pouco. Estava tão feliz que o sorriso estampado em sua face se mostrava invonluntário, ainda não conseguia acreditar que era possível viver aquela história de amor com o homem que tanto amava.
Caminhando tranquilamente rumo ao portão principal da mansão, ela reparou que um empregado estava saindo de um cômodo e deixou a porta semi-aberta. Mesmo um pouco longe, conseguiu ver algumas velas acesas, assim como sentir o aroma de incenso. Curiosa, foi saber o que era aquele cômodo, um dos poucos que não conhecia na imensa morada de Byakuya.
Ela olhou para os lados e entrou rapidamente, diante dela, estava um imenso altar, iluminado pela chama das velas, enfeitado por flores delicadas em pequenos vasos. Ela olhou para cada uma imagens, os ancestrais de Byakuya e todos os líderes da Casa Kuchiki estavam lá, contudo, a que mais chamou sua atenção foi a bela mulher ao centro. Era tão parecida com Rukia, não imaginava que a semelhança de ambas seria tão grande. Ao ver em uma mesinha ao lado alguns incensos, Aiko acendeu um e ajoelhou-se diante do altar, colocando-o no incensário diante do retrato da mulher. Ao abaixar a cabeça em respeito, ficou em silêncio. Naquele instante, lembrou-se de seus pais adotivos e do retrato que tinha deles no casebre em Rukongai , onde antigamente deixava sobre uma mesa que não podia sequer chamar de altar, tão humilde que era. Como pudera se esquecer de honrá-los? Seu pai, Myazaki Akira e sua mãe, Yuriko, foram os pais mais perfeitos para ela desde o momento em que a encontraram com uns quatro anos. Antes disso, ela não lembrava de nada, apenas de um homem estranho que era nada mais que uma sombra em sua memória e do dia em que havia conseguido fugir dele. Não gostava de lembrar-se de seus pais adotivos, por mais feliz que tivesse sido ao lado deles pelo pouco tempo em que ficaram juntos, a lembrança da morte era forte demais.
Assim que ergueu o tronco, continuou de joelhos e sorriu para a imagem da mulher.

– Hisana-sama... Não sei o que acontece depois da morte, mas acredito que as pessoas que amamos continuam perto da gente de algum jeito. Eu não sei quase nada sobre você, mas nós temos algo em comum, que é o amor pelo Byakuya-sama. Imagino que um dia ele a amou muito e eu juro que não é minha intenção tomar o lugar que um dia foi seu nessa casa, tampouco fazer com que ele esqueça de você... A única coisa que mais quero é cuidar dele e fazê-lo feliz, do meu jeito. Desejo muito que você, assim como todos os que são honrados aqui nesse altar, abençoem o nosso amor e eu prometo que vou honrar o Byakuya-sama. Sei que preciso mudar muito ainda para estar à altura de um homem como ele, também tenho consciência que sou muito imatura, mas farei o impossível para ser um dia a mulher que ele merece.

Aiko ouviu alguns passos atrás dela e se assustou, não queria olhar para trás, pois temia ser repreendida. Como não havia desculpa para aquela invasão, ela levantou-se e virou-se. Byakuya a olhava, contudo, não era a expressão que ela esperava. Mesmo assim, ela abaixou a cabeça e fez uma reverência.

– Me perdoe, por favor... Eu não quis profanar esse lugar, tampouco tive intenções ruins... Sei que não há nada que explique tal invasão, então, espero que um dia possa me perdoar.

– Não precisa pedir perdão, – começou ele tranquilo, ainda estava um pouco abalado, pois havia escutado tudo o que ela disse diante do altar. No primeiro momento em que a viu acendendo um incenso, pensou em expulsá-la dali, no entanto, a atitude dela o surpreendeu. Mais que a atitude, aquelas palavras também não saiam da sua mente. – Você não fez nada de errado, afinal, eu lhe dei permissão para ir a qualquer lugar em minha casa.

– Mesmo assim, estou envergonhada. Sou um pouco curiosa, mas juro, eu apenas...

– Calma – ele pegou no queixo dela e fez com que olhasse em seus olhos. – Obrigado por ser tão sincera e por me surpreender tanto. Jamais imaginei vê-la diante da imagem da Hisana.

– Hisana... – Repetiu Aiko, era a primeira vez que ele falava aquele nome diante dela. – Ela deve ter sido uma mulher incrível e tenho certeza de que era muito honrada... Além de linda.

– Tão linda quanto você é, Aiko... – Ele ajoelhou-se diante do altar e fez sinal para que ela ficasse ao seu lado. – Hisana era humilde, bondosa e não havia um sentimento ruim que fosse dentro do coração dela... Vocês duas são muito diferentes.

– Eu acredito – ela sentiu o coração doer quando Byakuya disse que eram diferentes. – Sei que estou longe de ser a mulher perfeita para você.

– Não foi isso que eu quis dizer – O taichou pegou a mão de Aiko e acariciou. – Você tem uma personalidade forte, um senso de dever e justiça invejáveis, ninguém faz com que você abaixe a cabeça quando acha que está certa. Também é forte, corajosa e corre atrás de seus objetivos... Já enfrentou a morte e mesmo assim, conseguiu vencer. Não há como comparar vocês duas e eu jamais farei isso. Sempre vou admirar a mulher que a Hisana foi, contudo, você tem uma vida inteira pela frente e já a admiro infinitamente. Nunca vai existir alguém como você, Kannogi Aiko. E eu prometo que vou me esforçar para ser o homem que você merece.

Byakuya enfatizou o “você”. Aiko custou a acreditar no que ouviu, achava que estava sonhando. Nunca havia pensando nada de ruim a respeito de Hisana, se fosse outra mulher, talvez tivesse tentado fazer com que ele a esquecesse a todo o custo, todavia, naquele instante teve orgulho de si mesma. Continuaria acendendo incensos e fazendo preces em memória à irmã de Rukia.

– Eu não sei o que dizer... É tão maravilhoso saber que você me admira, justo você... A pessoa que mais admiro nessa vida.

– Aiko, obrigado por toda essa devoção e eu tenho consciência que não sou tão digno disso.

– Hey, claro que é! – Ela trouxe a mão dele para perto de seus lábios e beijou. – E sempre será. Agora sim, preciso ir! Obrigada por me deixar tão feliz, Byakuya-sama... Esse dia foi um dos melhores da minha vida inteira, tanto que me fez pensar em algo que eu estava esquecendo...

– E o que seria? Quer dividir comigo?

Byakuya se levantou e conduziu Aiko para fora de seu pequeno santuário, assim que fechou a porta, ele a abraçou.

– Preciso honrar a memória dos meus pais adotivos, assim como você faz com seus ancestrais...

– Quer colocar o retrato deles aqui? – Ele notou ao olhar nos olhos dela o quanto aquela decisão era importante, queria ajudá-la. – Podemos reservar um espaço e você arruma como quiser... Assim, vamos poder orar por nossos entes queridos juntos.

– Sim! – Ela afirmou com convicção e o beijou no rosto, fazendo um estalo. – Obrigada, taichou! Você é maravilhoso! Assim que puder eu trarei os retratos... Até depois!

Aiko saiu correndo e acenou para ele quando estava perto do portão, parecia uma criança. Kuchiki Byakuya menou a cabeça, estava sorrindo. Pensava no quão fácil era agradá-la e também no que havia acontecido anteriormente. Ela havia lhe dado ainda mais motivos para amá-la e respeitá-la, tanto que sentia algo estranho no peito, um calor repentino. Queria que ela não precisasse sair dali, no entanto, desde o inicio sabia que Aiko jamais abandonaria seus ideais e se nem seus pais conseguiram convencê-la a deixar o Gotei Juusan, tampouco ele conseguiria. Tudo o que podia fazer era ajudá-la em tudo o que estivesse ao seu alcance e se dividir aquele lugar sagrado com ela a faria feliz, ele dividiria com todo o prazer e de coração aberto.

76° distrito de Rukongai

O dia anterior havia sido tão perfeito para Aiko, tanto que ela imaginou que nada estragaria a alegria que sentia, contudo, estava enganada. Pisar novamente naquele lugar medonho lhe trazia uma tristeza imensa e a cada passo, suas memórias voltavam com toda a força. Aquelas pessoas, vozes, cheiros, tudo continuava igual àquele passado não tão distante. Jamais se envergonharia de seu passado pobre, porém, não conseguia ficar alheia a todo aquele sofrimento. Era injusto demais viver em um lugar como a Seireitei, sabendo que tantos viviam naquelas condições nos distritos mais pobres de Rukongai. Mesmo que estivesse acostumada a levar medicamentos e cuidar dos distritos mais pobres, ainda não havia voltado naquele em especial.
Tentava fechar os olhos e ignorar a miséria e todos aqueles que olhavam para ela como se pudesse salvá-los, assim como aqueles que a olhavam como se fosse a culpada por sua desgraça.
Após vinte minutos de caminhada, finalmente chegou até a casa em que ela morava antes, um pouco afastada das outras. Estava abandonada, sem portas e sem janelas, com uma parede derrubada. Precisou criar um pouco de coragem para entrar, não estranharia se alguém usasse aquele teto como abrigo, mesmo que grande parte estivesse destruída. Assim que entrou, sentiu um aperto forte no peito e a angústia subiu-lhe pela garganta, formando um nó.
Não havia mais móvel algum lá, provavelmente tudo havia sido saqueado. A aura que envolvia aquele lugar era pesada demais, Aiko sacou a sua zanpakutou e a trouxe para perto do peito. Queria sentir Mizuki ali pertinho.

– Aiko-chan... – O espírito de Mizuki surgiu diante dela, sua voz doce e os olhos meigos a olhavam com ternura. – Seu coração deseja que eu ajude você a enfrentar isso, então, estou aqui.

– Eu sabia que você estava comigo, querida... Vem, fique perto enquanto procuro a minha caixinha de tesouros.

Aiko falou igual a uma criança. Mizuki a olhou em dúvida quando viu que ela se dirigiu até um canto da casa e se ajoelhou no chão, com a lâmina da zanpakutou, forçou um pedaço solto do piso de madeira e o quebrou. Do pequeno vão, retirou uma caixa de madeira e a abriu. Lágrimas começavam a correr livres pelo eu rosto, ali estava o unico retrato que existia de seus pais adotivos, assim como um ursinho de pelúcia surrado e um caderno velho que ela usava como diário quando criança. Ao fechar a caixa, Aiko olhou para Mizuki e assentiu.

– Ainda ouço os gritos deles... Consigo sentir o cheiro do sangue como se tudo estivesse acontecido há pouco... Eu nunca vou esquecer o que aconteceu aqui, Mizuki.

Arredores do Yonbantai

Ukitake Juushirou acabava de sair da sala de Unohana quando cruzou com Kuchiki Byakuya e mesmo sem querer se intrometer, ele parou diante do taichou do Rokubantai e o cumprimentou, antes de qualquer coisa.

– Kuchiki-san... Como vai?

– Muito bem, Ukitake... E você? – Byakuya estava de bom humor, então, não via problemas em conversar um pouco com o outro taichou.

– Também estou bem, graças aos cuidados de uma certa shinigami – ele sorriu. – Sei que posso ofendê-lo, mas estou um pouco preocupado com ela. Ninguém aqui sabe dizer por onde a Aiko anda, então...

– Como vou saber? Talvez como yonseki ela tenha maiores responsabilidades...

– Não, Kuchiki-san – Ukitake deixou escapar sua preocupação através do olhar que dirigiu a Byakuya. – Ela nunca esquece de me ajudar com o novo tratamento que está experimentando, há uma hora estava marcado nosso encontro.

– Nem mesmo a Unohana sabe onde ela está?

– Não, como eu disse, ninguém sabe.

Ukitake olhou para Byakuya e viu que a expressão dele havia mudado completamente, sabia que ele era a pessoa certa para perguntar quando se tratava de Aiko e mesmo que tentasse esconder, ao menos para ele, a relação de Byakuya e a jovem era evidente.

– Ukitake, peça para a Unohana perdoar a minha falta na reunião e diga que precisei resolver alguns assuntos particulares.

– Claro.

Byakuya desapareceu diante dos olhos de Ukitake, estava mais do que claro que a oficial poderia ter se metido em alguma confusão e ele começava a ficar ainda mais preocupado. Não estava bem naquele dia, o sol o incomodava demais e a fraqueza em seu corpo quase não permitia que ele fizesse movimentos mais intensos. Por mais que quisesse procurar por Aiko, sabia que não conseguiria ir muito longe sem a medicação. Esperaria até o anoitecer e se a oficial não aparecesse, ele enviaria seus homens para que a procurassem.
Ao voltar para o escritório de Unohana Retsu, precisou inventar uma boa desculpa para que ela não se preocupasse com Aiko. Unohana estava sentada diante de sua mesa, com uma pilha de papéis imensa para ler e assinar.

– Desculpe incomodá-la outra vez, cruzei lá fora com o Kuchiki-taichou e conversamos rapidamente... Ele precisou cuidar de assuntos urgentes e como eu estava para voltar aqui, resolvi transmitir a mensagem para que poupasse o tempo de ambos. Como sempre, aquele mal educado sequer agradeceu, mas já estamos acostumados.

– Você não sabe mentir, Ukitake-san – Unohana fixou o olhar no taichou e sorriu. – Acredito somente na parte dele ser um mal educado.

– Dificil enrolar você – ele deu de ombros. – Ao menos tentei...

– Está tudo bem, se o Kuchiki-taichou quer cuidar de Aiko, não vou interferir. Acredito que ela esteja outra vez no Rukongai ajudando com tratamentos... Há muito não me preocupo mais com as escapadas dela, sei que faz tudo por amor ao trabalho e ao proximo.

– Esqueci disso, acredito que preocupei o Kuchiki-San à toa então.

– Talvez... A propósito, vou chamar a Isane para ministrar a dose do seu remédio hoje, felizmente a Aiko deixou nós duas cientes do tratamento que desenvolveu junto à equipe do Departamento de Pesquisas. Sei que são muitos tratamentos, mas ela se esforça tanto para ajudá-lo. Logo você vai se sentir melhor.

76° distrito de Rukongai

Já estava para anoitecer quando um dos shinigamis do Rokubantai se aproximou de Kuchiki Byakuya que estava esperando em meio ao caos que era aquele distrito. Distraído, o taichou recordava com detalhes o dia em que conheceu Aiko ali, exatamente naquela ruela. Ignorando todos os moradores e os pedidos de dinheiro, Byakuya foi trazido de volta de seu devaneio pela voz de seu soldado.

– Kuchiki-taichou... Descobri onde fica o lugar que o senhor procura, basta me seguir.

Byakuya assentiu e seguiu o shinigami até uma rua mais afastada, próxima já a uma floresta. Não queria que ninguém mais se intromesse em seus assuntos particulares, então, dispensou o homem e continuou em frente sozinho. Não imaginava que Aiko pudesse ter morado em um casa tão pobre e tinha consciência de que se alguém merecia grandes conquistas na vida, esse alguém era ela. Ao entrar naquela casa, Byakuya viu a jovem caída no chão, com uma caixa ao seu lado. A zanpakutou estava jogada um pouco ao longe e pelas marcas que notou na parede feitas por lâminas, chegava à conclusão de que ela havia lutado ali. Ao se ajoelhar perto dela, a pegou nos braços e constatou que estava apenas desmaiada, felizmente, sem nenhum arranhão. Como imaginou que aquela caixa havia sido o motivo dela ter voltado àquele lugar que com certeza não lhe trazia boas lembranças, ele também a pegou, assim como a zanpakutou e saiu rapidamente dali. Precisava de explicações a respeito do que aconteceu.


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Notas finais do capítulo

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