Capitulo VII _ Final

Você pode me contar um pouco mais sobre isso enquanto vamos para casa?

_ Sim querida...

Tudo começou antes de vocês nascerem, quando eu conheci seu pai em um pequeno bar da cidade em que eu era garçonete. Ele me chamou varias vezes para atende lo e quando foi embora me deixou de gorjeta uma nota com seu numero de telefone e a frase me ligue.

Ele era um jovem bonito, robusto de porte elegante, não tive coragem para ligar, pensava que um rapaz tão distinto não iria querer nada com uma humilde garçonete.

Alguns dias depois ele apareceu novamente no bar, desta vez eu estava terminando meu turno de trabalho, e quando sai ele fez sinal para que eu o esperasse, ele pagou a conta e veio ao meu encontro.

Ofereceu se para me levar em casa eu disse que não precisava já que morava a apenas três quadras dali preferia ir andando, ele concordou com a cabeça e disse que então me acompanharia andando mesmo porque era perigoso para uma moça tão bela quanto eu andar desacompanhada aquela hora da noite.

Ele foi varias vezes me buscar na saída do bar, sempre educado e galanteador. Acabei me apaixonando perdidamente por ele, e esse foi meu grande erro, por estar cega de amor nunca vi o grande canalha que ele realmente era, pena que percebi isso muito tarde.

Quando contei a ele que estava grávida ele ficou desesperado queria que eu parasse com a gestação a todo custo, foi ai que vi o grande idiota que ele era, pois mesmo se eu não tivesse condições de cria-las eu iria seguir com a gestação sozinha.

Em meio disso eu descobri que ele era casado, fiquei com mais raiva ainda, tivemos uma briga e depois disso ele não voltou mais a me procurar eu já estava com seis meses de gestação quando isso aconteceu.

Achei que tinha me livrado dele e resolvi tocar minha vida sozinha e criar vocês como eu pudesse, quando dei a luz e vi minhas lindas meninas me senti a pessoa mais feliz do mundo, mas toda a felicidade acabou quando você sumiu do berçário.

Eu tive uma crise nervosa estava totalmente fora de e acabei machucando alguns pacientes do hospital, eles me diagnosticaram como uma paciente com transtornos psicológicos e me internaram em uma clinica para reabilitação.

Camilly ficou em um orfanato por longos sete anos, eu demorei a me recuperar, pois não admitia sua perda nem o afastamento forçado de Camilly.

Quando finalmente sai de lá tirei Camilly do orfanato, ela cresceu uma criança triste e amargurada, quando nos separaram pedi que comprassem para ela aquela boneca para que ela não se sentisse só no orfanato, no inicio ela mal falava comigo, mas não desgrudava da boneca, a zeladora do orfanato me contou que ela passava as tardes conversando com a boneca, que ela não falava com as outras crianças de lá.

Aos poucos fomos-nos entendendo, eu ainda sofria pelo seu desaparecimento e três anos depois quando me mudei com Camilly eu vi seu pai, e meu ódio por ele cresceu de tal maneira quando vi você com ele.

Saber que primeiro ele rejeitou vocês e depois ainda teve a coragem de roubar uma para ele, resolvi o seguir.

Descobri onde vocês moravam, uma tarde levei Camilly até lá disposta a contar tudo para a esposa dele, mas quando chegamos a porta estava aberta e entramos na sala, Camilly ouviu um choro de bebe e saiu correndo do meu lado para o encontro do bebe, acabamos chegando em um quarto onde um menininho chorava no berço.

Camilly se aproximou dele devagar e começou a falar com ele e no mesmo momento ele parou de chorar, ela abaixou a proteção do berço e o pegou no colo o ninou até em poucos minutos ele estava dormindo.

Nisso seu pai entrou pela porta, fiz sinal para que Camilly colocasse o menino no berço, assim que ela o fez ele nos tirou a força do quarto tão rápido que não lembramos de colocar a proteção do berço no lugar.

Depois fiquei sabendo que seu irmãozinho acabou caindo do berço e faleceu, peço que me perdoe do fundo do coração, essa não era a minha intenção, mas Camilly não se perdoou e acho que para não acabar enlouquecendo ela culpou você.

Pois se vocês não tivessem separadas tudo seria diferente.

Eu não teria surtado e ela não teria ido parar no orfanato.

Quando seu pai não aguentou mais minhas investidas tentando contar a verdade ele se mudou com você para cá, e Camilly fugiu atrás de vocês disposta a tornar sua vida um verdadeiro inferno, quando finalmente consegui fazer Camilly entender que você não tinha culpa de nada as coisas já haviam fugido do controle.

Uma menina tinha sido morta, e não pense que foi a Camilly quem matou a menina foi o seu pai, tudo porque ela sabia da nossa história e estava dando abrigo a Camilly, quando ele descobriu isso forçou a própria filha fazer a irmã pensar que ela era uma assassina.

Agora você pode ver o monstro que ele é.

_ Sim mamãe, mesmo eu querendo que tudo isso fosse uma mentira eu tenho consciência das atrocidades que ele cometeu e te dou a minha palavra que isso não vai ficar em pune.

Quando chegamos a alguns metros da casa pude sentir o forte cheiro de fumaça, corremos o mais rápido possível para alcançar a casa, chamas e mais chamas consumindo toda a casa era tudo o que eu conseguia ver.

Mamãe chorava ajoelhada ao meu lado, como se minha intuição me dissesse alguma coisa fiz a volta na casa e corri até o porão que ainda não pegava fogo, parei na porta tentando ouvir e por instinto peguei um pedaço de madeira para defender minha irmã do crápula que era nosso pai.

Desci pé ante pé e do meio da escada vi ele de costas jogando gasolina perto de onde estava Camilly amarrada a uma cadeira.

Não pensei duas vezes, desci rapidamente a escada e acertei sua cabeça com o pedaço de madeira, não com força o bastante para mata-lo, mas o suficiente para deixa lo inconsciente.

Rapidamente desamarrei Camilly e a ajudei a subir as escadas, ainda bem que mamãe estava já perto do porão a gritei e ela veio ao nosso encontro.

Deixei-a cuidando de minha irmã e desci novamente ao porão minha ideia era amarra aquele bandido e entrega-lo a justiça o fazendo pagar por todos os seus crimes.

Mas fui surpreendida por ele não estar mais desacordado, em questões de segundos ele me deu um tapa que me fez parar no chão.

Ele me pegou pelos braços e me fez encara-lo, no desespero de tentar escapar cuspi em seu rosto e dei um chute no meio de suas pernas com toda a força que eu ainda tinha.

Ele se ajoelhou de dor e eu aproveitei para fugir.

Camilly estava no meio da escada só vi ela jogar algo pequeno e brilhante no chão e as chamas começaram a se espalhar, logo vi que era um isqueiro ela me puxou escada acima antes que eu visse nosso pai ser consumido nas chamas.

Fechamos a porta do porão e o deixamos lá para morrer, não que Camilly ou eu mesma sentimos remorso, ele foi um monstro, sei que nossa atitude não foi correta, mas por culpa dele alem da menina da escola, Gabi e aquela que eu sempre chamei de mãe morreram queimadas.

Nada mais justo que ele morrer do mesmo jeito como castigo.

O incêndio foi dado como acidental, fui parar em um orfanato por pouco menos de um mês, foi o tempo de minha mãe arrumar a papelada para provar que eu era sua filha biológica, como minha mãe adotiva não tinha mais nenhum familiar vivo eu fiquei sendo sua única herdeira.

Trocamos de cidade, compramos uma bela casa no campo, minha irmã e eu frequentamos a escola e minha mãe cuida da casa, hoje somos uma família quase que normal.

Tem noites que tenho pesadelos com tudo o que aconteceu, minha irmã nunca mais falou na boneca e eu também não fiz questão de perguntar afinal agora ela não precisava mais da boneca ela tinha a mim e eu a ela.

Conto minha história para vocês para que tirem uma lição dela, a verdade sempre é descoberta e muito cuidado com certos segredos as vezes eles tem um preço alto de mais a ser pago.

FIM