Jack, Mirana, Soluço, Rapunzel e Alice ainda tentavam processar o que Andersen acabara de lhes dizer. Ao que parecia, agora teriam a ajuda de uma pirata para caçar mais duas piratas em meio ao Caribe. E, pelo sorriso que a Capitã do Terror do Caribe exibia, nada de bom viria daquele tempo que partilhariam juntos.

– Por que você nos ajudaria? – Soluço foi o primeiro a falar, percebendo que nenhum dos outros diria algo, examinando a garota à sua frente, que devia ter aproximadamente sua idade, desde seu sorriso de diversão e sarcasmo até os olhos de quem escondia algo.

– Porque tenho assuntos a resolver com aquelas garotas. – Jackeline respondeu rapidamente, dando de ombros. – E acho que, sendo quem elas são, uma ajuda não seria má ideia. – Explicou ao perceber que os demais não pareciam convencidos.

– E que assuntos seriam esses? – Jack deu um passo à frente, olhando desconfiado para a garota, que soltou um riso silencioso.

– Não creio que este assunto possa lhe interessar, senhor... – Ela o incentivou a se apresentar, examinando-o com seus olhos azuis rápidos e atentos.

– Frost. – Ele respondeu sério. – Jackson Overland Frost. Andersen disse que seu nome é Jackeline, não é? – Perguntou, arqueando uma sobrancelha, desconfiado.

– Jacky. – Ela o corrigiu, abrindo um sorriso claramente falso, que simplesmente pingava sarcasmo. – Prefiro que me chamem de Jacky. – Explicou, ao perceber que os demais não haviam entendido o que ela falara. – Agora, se me dão licença. – Disse e, logo em seguida, se retirou dali pelo mesmo caminho que viera apenas poucos minutos atrás.

Tão logo ela sumiu da vista de todos por entre as ruas de Tortuga, Soluço se aproximou de Andersen, porém ainda mantinha os olhos na direção por onde a Capitã do Terror do Caribe desaparecera.

– Você vai mesmo confiar nela? – O castanho perguntou ao Príncipe de Weselton, que só então pareceu sair de seus devaneios. – Afinal, ela é pirata. – Acrescentou.

– Não temos muita escolha e, no momento, ela é nossa melhor oportunidade. – O rapaz respondeu, embora ainda parecesse perdido em pensamentos. – Mas, como você mesmo disse, ela é uma pirata e não pretendo depositar tanta confiança nela. – Sorriu sem graça. – Por isso mesmo, você e Jack ficarão no navio dela, para garantir que ela não apronte nada. – Finalizou meio sem jeito.

– O QUE?! – O albino e o castanho exclamaram, recebendo olhares reprovadores de Rapunzel, Alice e Mirana, que ainda tentavam melhorar o estado de Merida.

– Andersen! – Jack pronunciou o nome do Príncipe em tom de protesto, claramente insatisfeito com a ideia que o rapaz acabara de lhe apresentar.

Andersen suspirou com cansaço e massageou as têmporas com a ponta dos dedos, logo em seguida soprando alguns fios negros que caíram sobre seus olhos, claramente impaciente. Respirou fundo uma, duas, três vezes.

– Rapazes, eu preciso de alguém de confiança naquele navio. – O Príncipe explicou. – Não podemos perder essa oportunidade, então, eu estou lhes pedindo. – Declarou com os olhos verde-floresta suplicantes.

Diante do argumento que ele lhes apresentara e do modo persuasivo com a qual falara, Jack e Soluço suspiraram cansados, mas, por fim, assentiram. Despediram-se de todos os que já estavam presentes ali, incluindo Mirana, Alice, Rapunzel e Merida, que lhes desejaram sorte em sua tarefa, e, finalmente, desembarcaram do Destemido.

Aguardando-os encostada a uma das paredes de uma construção qualquer da Cidade dos Piratas, estava a mesma figura de cabelos negros lisos desorganizados e olhos azuis que viram anteriormente, mas agora vestida com calças pretas de couro, botas pretas e blusa cinza-escura de botões, sem corpete e sem o colar de abóbora, porém ainda com uma espada embainhada na cintura, mas desta vez de cabo prateado.

– Você troca de roupa rapidamente, não é? – Soluço perguntou ao se aproximarem da garota que os esperava, examinando-a com desconfiança.

– Você deve estar me confundindo com a Jacky. – A garota respondeu-lhes com um sorriso divertido, mas aparentemente mais simpático, que era diferente do que viram naquele mesmo rosto anteriormente. – Sou Jennete Halloween, irmã gêmea da Jackeline. – Estendeu a mão para eles, que, atônitos e surpresos, a apertaram. – Bom, vamos logo. Ela não gosta de esperar. – Finalizou.

Assim, ela começou a andar na mesma direção por onde a irmã gêmea desaparecera anteriormente e logo eles começaram a segui-la, por mais que a uma certa distância.

– Ótimo. – Jack revirou os olhos, sarcástico. – Mais gêmeas. – Bufou com impaciência.

Soluço soltou um riso baixo e deu leves tapinhas nas costas do albino enquanto ambos seguiam a garota. Depois de alguns poucos e silenciosos minutos, alcançaram um navio castanho de velas brancas já antigas e amareladas, mas que, de certa forma, inspirava certa imponência. Ainda assim, o detalhe que acharam mais marcante no navio ao embarcarem no mesmo, era que não havia homens tripulando-os, apenas mulheres.

– Acho que devo lhes apresentar a todas. – Jennete retomou a palavra ao ver os rapazes passando o olhar pelas garotas ali presentes. – Aquela é a Aurora. – Gesticulou para uma garota loira de olhos azuis que trazia um sorriso contente nos lábios, entusiasmada. – Aquela é a Malévola. – Apontou para uma garota de cabelos castanhos extremamente lisos e olhos verde-claros brilhantes que conversava com Aurora. – Ela e Aurora são praticamente irmãs, já que a Malévola sempre cuidou da Aurora como uma desde que as conheço. – Deu de ombros e prosseguiu. – Aquela é a Gretel. – Apontou para uma garota de cabelos e olhos castanhos. – Parece que o irmão dela, o Hansel, está na tripulação de vocês. – Revirou os olhos enquanto Jack e Soluço olhavam incrédulos para a garota da qual seu amigo Hansel sempre falara. – Aquelas são Jubileena e Taffyta. – Apontou para uma garota de cabelos coloridos, pele morena e olhos cor caramelo e uma garota de cabelos brancos e de olhos verde-claros, respectivamente. – São bem convencidas, então, se puderem evita-las, evitem. – Aconselhou e logo continuou com as apresentações. – Aquela é a Astrid. – Gesticulou para uma loira com a franja cobrindo um dos olhos, que eram azuis. – Ela é durona, então não se atrevam a menosprezá-la em batalha, para a própria segurança de vocês. – Soltou um riso baixo. – Aquela é a Coraline. – Apontou para uma garota de cabelos azuis e olhos castanhos. – É esquentada, então fiquem longe dela. – Aconselhou. – Aquela é a Jasmine. – Apontou para uma garota de pele morena de cabelos e olhos negros. – É uma excelente companhia e, se precisarem conversar, ela vai escutar. – Deu de ombros e prosseguiu. – Aquela é a Belle. – Gesticulou para uma garota de cabelos e olhos castanhos. – Ela é bem esperta e gosta muito de livros, então é uma boa companhia. Aquela é a Snow. – Apontou para uma garota de pele branca como a neve, cabelos e olhos escuros como a noite. – Ela é uma excelente pessoa e uma companhia agradável. Aquela é a Cinderella. – Gesticulou para uma loira de olhos azuis. – Não falo muito com ela, então não tenho como saber como ela é. – Deu de ombros e continuou. – Aquelas são Victoria e Emily. – Apontou para uma garota de cabelos e olhos negros e outra de cabelos azulados e olhos azuis. – Se dão muito bem e dificilmente você irá encontrá-las separadas. – E aquelas são Flittle, Knotgrass e Thistlewit. – Gesticulou para um garota loira de olhos verdes, uma de cabelos castanho-claros e olhos azuis e outra de cabelos castanho-escuros e olhos azuis, respectivamente. – São umas desastradas e se quiser infernizá-las, chame a Malévola. Ela vai adorar ajudar. – Finalizou.

Nesse momento Jackeline apareceu de braços cruzados e o mesmo sorriso divertido e sarcástico de antes.

– Parece que minha irmã já lhes apresentou a tripulação. – Jacky deu de ombros e revirou os olhos, mas manteve o sorriso. – Bem-vindos à bordo do Terror do Caribe, rapazes.

Jack e Soluço se entreolharam. Teriam de ficar um tempo naquele navio e sequer sabiam o que os aguardava no futuro.