Always in My Head escrita por Kizimachi


Capítulo 7
Capítulo VII - O Desejo


Notas iniciais do capítulo

Pelo visto, a cena já era manjada para alguns. Mas, como aconteceu, pode ser meio que novidade xD
Enfim, título baseado na música do Zeca Baleiro. OUÇAM.



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P.O.V Nico

Não me lembro muito bem se cheguei a usar alguma droga. Por que eu digo isso? Simples, me lembro apenas de ter fechado os olhos por um período de alguns minutos, mas remente há séculos, e ter caído em uma onda profunda de prazer. De alguma forma, essa onda cessou e voltei à linearidade da realidade. Com uma diferença: Quando abri os olhos, vi que Thalia estava bem próxima de mim. Ah! a Grace. Lembro-me de estarmos dançando, até que aconteceu uma loucura. Ou melhor, quase aconteceu; quase nos beijamos. Depois disso, voltamos a dançar e não me lembro de mais nada, apenas da onda, que já descrevi.

Voltando ao corrente, ela estava ofegante, assim como eu, e com lábios vermelhos. Sentia uma dormência nos meus. E ela me olhava. Já falei que uma das coisas que eu mais odeio nela são os olhos? De uma tonalidade azul, quase trovejante, eles têm a capacidade de me prender, quase que em cárcere permanente. Ela parecia atônita. Passamos alguns segundos nos encarando, até que alguém toca no meu ombro. Virei-me para procurar a pessoa, mas não achei o dito cujo, apenas tive tempo de ouvir um "Logo a Grace, Nico?". Então parece que tudo veio à tona de uma vez.

Vejam bem, essas situações são um pouco ordinárias para mim; normalmente, caio na real do que aconteceu e com quem logo cedo, mas não quando se refere a beijar a sua pior inimiga, a sua dama fatal. Não pode ser, Nico. Você não pode ter feito isso.

Novamente voltando ao presente e à Grace, ela ainda me olhava; ainda no mesmo grau de atonicidade, quase uma pintura feita por Picasso, que deveria receber nome de Atônita. Perdoem a falta de criatividade. Mas, pensando melhor, toda a cena caracterizaria um belíssimo retrato, uma belíssima pintura, uma ótima comédia grega, ou até mesmo uma ótima tragédia russa. E eu participava dessa obra, ouvindo todo o alarido surdo que saia da boca semiaberta da Grace. Bem, um silêncio pode ser tão ensurdecedor quanto um show do Justin Bieber.

Percebi que fiz toda essa reflexão de cabeça baixa, e quando levanto-a, vejo a Grace se virando e cortando caminho entre as pessoas. A direção? vocês já podem imaginar. Não penso duas vezes e sigo pela mesma viela aberta entre as pessoas.

Alcanço-a a poucos metros da casa.

P.O.V Thalia

Tenho dois pontos a considerar. Primeiro: Meu orgulho me traiu. Meu orgulho que me fazia ser conhecida por deixar vários garotos com cara de choro após um fora. Mas ele não era qualquer garoto. Ele parecia pior que isso. Ele é meu pior inimigo. Mas ele apenas parecia pior que isso. Por quê? Simples. Não me arrependi disso tudo. Pelo contrário, posso dizer que foi o melhor beijo da minha vida. Até mesmo me fazendo esquecer o Luke por aquele curto espaço de tempo, que pareceu toda a história da humanidade. Espero que todo esse sentimento seja apenas efeito do álcool. Sendo ou não, a apunhalada do meu orgulho pelas minhas costas foi extremamente verdadeira.

Segundo: Eu não saí daqui por arrependimento. Como eu disse, gostei do momento. E como eu disse: Espero que essa reflexão seja efeito do álcool. Eu saí dali por um motivo: a omissão. A omissão dele; a minha omissão. Não sabia como reagir. Poderia afirmar, depois de recalcular a fórmula centenas de vezes, que fiquei com medo da reação do portador daquelas esferas totalmente negras, que pareciam me acorrentar.

O caminho até fora do local foi fácil, difícil foi saber o que fazer depois. Eu desacelerava o passo em busca de alguma solução. Até que sinto um toque gélido no meu pulso.

Thalia– Ouvir meu primeiro nome pela primeira vez do meu inquisidor me fez tremer. Não tinha nenhuma opção, a não ser me virar. O contato ocular foi iminente. Assim como seu toque, seus olhos estavam frios; sua expressão, calculista. - Olha, acho que...

– Acho que erramos, Nico.– Tive que mentir. Ele pareceu refletir por um momento, mas a sua refutação me surpreenderia.

P.O.V Nico

– Grace, não acho que erramos. Mas devemos conversar.

– Nico, eu...

– Thalia. Está na sua cara que você não se arrependeu disso. - Ela estava pronta para reclamar, mas coloquei a mão no seu rosto e continuei - E não minta para mim. - Ela pareceu ceder à sua própria verdade. - Bem, não vou implicar contigo, eu adorei o momento. Mas vamos fingir que foi algo entre inimigos que beberam e acharam conveniente fazer carinho bucal um no outro. - Thalia, sorriu um pouco. Boa, Nico, cortou a tensão. - Bem, também acho que isso serve para deixarmos essa birrinha de lado e sermos bons amigos. O que acha, Grace?

– di Angelo...

– Me chama de Nico, porra.

– Me chama de Thalia, porra. - Ela rebate e nós rimos juntos. Estendo a mão em forma de punho.

– Amigos? - sugiro.

– Amigos. - Ela confirma e bate.

– Ainda quer voltar aí pra dentro? Acho que já vou.

– Na verdade, também já quero ir. Seja útil e me descola uma carona.

– Vai ter coragem de andar com um Nicolas di Angelo alcoolizado, Thalia?

– Não sou exemplo de nada, Nico. - Ela segura minha mão e me puxa em direção ao meu carro. - Vamos.

A viagem até a casa dela foi tranquila, sem nenhuma tensão. Ao contrário, nos divertimos muito cantando Imagine Dragons juntos. Menos em Radioactive. No refrão, ela se empolgou, bateu na direção, e quase causa uma tragédia. Nem preciso dizer que rimos como idiotas depois que recuperei o controle do carro. Cheguei na frente da casa dela.

– Está entregue, Thalia. - Falei e joguei os braços para trás do banco, me espreguiçando. Ela abriu a boca para falar algo, mas travou. E, depois de uns 10 segundos, ela bate na própria testa.

– Eu sou uma imbecil! - Ela fala

– Descobriu agora? - Pergunto, em seguida, me jogando pra frente com o soco que ela deu na minha barriga. - Ai, doeu. Mas diz aí, o que foi?

– Disse para meu pai que dormiria na casa da Annabeth. E ele disse que aproveitaria para sair com a namorada dele. Deixei a chave em casa. A Annabeth ainda está na festa, ou até mesmo num motel com o Percy.

– Olha, Grace, acho que você não vai aceitar, mas meus pais e minha irmã viajaram ontem. Estou só em casa. Se quiser ir, você pode dormir no quarto dela. Mas, você não vai aceitar, então vou procurar o número de alguma pousa...

– Não, Nico, é gentil da sua parte, e eu aceito. Mas não tenho roupas reservas na bolsa.

– Te empresto uma camisa.

– Tá legal, mas você sabe que não tem devolução, né? - dou de ombros e ligo o carro, partindo em direção à minha casa.

Chegamos em frente da casa branca, com detalhes pretos, de dois andares. Pressionei um botão num controle remoto e o portão da garagem se abriu. Estacionei o carro lá dentro, e abri a porta que dava acesso à casa, dando espaço para Thalia passar. Conduzi ela até as escadas que davam acesso ao primeiro andar, e lá, guiei-a até meu quarto. Meu quarto era um pouco grande, com uma cama king-size no centro, uma televisão de 50 polegadas na frente, outras besteiras, e várias pôsteres espalhados nas paredes. Quase não dava para ver a tonalidade das paredes. Abri meu guarda roupa e peguei uma camisa de manga longa do Imagine Dragons, um pouco folgada, e entreguei à ela.

– Toma, Grace. Tem um banheiro ali - aponto para uma porta meio escondida no quarto. - Troca de roupa e te mostro o quarto do Bianca. Ela acena com a cabeça e pega a camisa, mas antes de ir ao banheiro, se aproxima de mim e, se esticando (tenho 1,84m, e Thalia tem 1,65), dá um beijo na minha bochecha. Enquanto ela trocava de roupa, aproveito para fazer o mesmo. Jogo toda a roupa usada no cesto, e visto uma calça de moletom preta. Pelo barulho do chuveiro, presumi que a Grace estava tomando banho. Vocês devem estar me chamando de porco, mas vejam bem, estou em casa.

Eu estava sem sono, então decido assistir um filme. Pego meu amontoado de caixa de DVDs e escolho assistir Invocação do Mal, pela milésima vez. Não é tão novo, mas é meu filme de terror favorito. Passados poucos minutos, ela abre a porta, e vejo que a camisa cobriu grande parte das coxas dela. Ela deixou os cabelos molhados. Estava linda. Também não pude deixar de perceber que ela me secava descaradamente.

– Não sabe onde guarda as camisas, Nico? - Ela pergunta. Dou de ombros.

– Minha casa, Thalia. - E sorrio. Quando eu ia me levantar para guiá-la até o quarto de Bianca, ela pula no espaço vago da cama.

– Que filme é esse, idiota?

– Invocação do mal. - Ela me encara.

– Sério que você gosta de terror?

– Qual é, Thalia. É um gênero perfeito, e o filme também é perfeito. Mas você vai assistir ou... dormir?

– Bem, estou sem sono. Efeito do Red Bull, eu acho. - Concordo com um balançar de cabeça. - Dá play nessa bagaça aí. Mas, se eu me cagar toda, vou te abraçar, Nico.

– Eca! - Faço uma cara de nojo. Ela novamente me encara, dessa vez atônita.

– Acho que você realmente é gay, Nico. - Sorrio.

– Estou brincando, Thalia. - Então, puxo-a para mais perto de mim, em brincadeira. Mas ela parece ter gostado, se aconchegando mais em mim. Já que ela apoiava a cabeça no meu peito, molhando-o com seus cabelos, pude sentir seu cheiro perfeito. Dei play no filme. E tudo seguiu bem. Vários e vários sustos vindos da Thalia, e eu apenas rindo, já que sabia cada momento do filme. Ela me agarrava mais e mais, se é que é possível. Pensei que ela entraria em mim. Quando o filme acabou, ela continuou com o rosto enfiado no meu peito.

– Acabou, Thalia.

– Estou com medo, Nico. - E ela levanta o rosto, me encarando. Fico analisando sua expressão; ela realmente estava se cagando de medo. Lentamente, formo um sorriso, até que explodo em uma alta gargalhada.

– NICO... PARA... COM... ISSO! - Entre tapas e golpes de MMA, ela tentava me parar, enquanto eu rolava de tanto rir. Até que, quando parei de rir, ela estava sentada no meu colo, olhando para mim, com os braços cruzados.

– Como é o maternal, Nicolas? - Ela pergunta, com um sorriso sínico.

– Não sei, Thalia, mas apenas sei que essa posição é um pouco provocante. - Falo descaradamente. Ela para para analisar e vejo que sua expressão muda para uma de malícia. Então ela começa a rebolar.

– Aí é foda, Thalia. Para, cara. - Ponho as mãos nos rostos.

– É tão bom te provocar, Nicolas... - Ela fala calmamente, puxando minhas mãos do rosto.

– Não, não é, Thalia. - Falo, jogando-a para o lado.

– Como você é sem graça, Nico. - Ela fala, fazendo cara de emburrada e voltando a se aconchegar em mim. - Estou com sono. Ainda bem que amanhã não tem aula. Desliga essa tv.

– Como quiser, Grace. - Desligo a televisão e regulo o ar-condicionado para uma temperatura ideal. Em seguida, me deito de frente para ela. Meu lençol era muito grande, então cubro nós dois com ele. Desejo boa noite para ela, e fecho os lhos. Tive que fechar. Porque não aguentava mais ficar encarando a Thalia, daquele jeito, na minha frente, sem poder fazer nada. Meu corpo pedia por mais beijos dela, enquanto minha consciência ficava me mostrando a palavra "Amigos". Passei um bom tempo nesses pensamentos. Um verso de uma música me caracterizava nesse momento: "No silêncio da noite sem sono, você se sente como um cão sem dono". Então, taco o foda-se pra consciência e chamo a Thalia.

– Thalia, tá dorm...

– Não, Nico. Acho que quero assistir outro filme, ela fala, ficando sentada na cama.

– E eu quero te beijar. - Falo, também me sentando, de frente para ela. Percebo, mesmo na penumbra, que ela arqueou as sobrancelhas.

– O que você fa...

– Eu quero te beijar, Thalia.

– E o que está esperando? Que eu me jogue em você? Então tá. - Inesperadamente, ela, realmente, se jogou em mim. Novamente, fiquei deitado e ela ficou em cima de mim. Ela, lentamente, aproximou seu rosto do meu, mas parou a uns 30 centímetros. Então, ela faz um leve sorriso, mas continua parada.

– Como você é sem graça, Thalia. - Falo, e parto para O Desejo.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu estava pensando em rumos diferentes para a história. Mas, durante a escrita do capítulo, achei melhor assim. E vocês, gostaram?