Ruína escrita por Aislyn


Capítulo 2
Seria você aquela?




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Aqui estou eu, mais uma vez me sentindo sozinho no escuro. É como se meu espírito estivesse vagando em algum lugar bem longe do meu corpo, só que com apenas um beijo ela quase o trouxe de volta para casa. Começou tão rápido quanto acabou e ainda assim, consegui sentir meu sangue ferver novamente em minhas veias... Ela quase me salvou desse imenso nada que eu me tornei, também com apenas um beijo. Eu preciso respirar, preciso me sentir vivo, ela não pode simplesmente dar as costas e ir embora assim. Não sei seu sobrenome, não sei quem é. Só quero que ela me traga para a realidade outra vez.
Existe algo nela muito além do que seus olhos mostram, é como se eu soubesse que Konayuki não poderia nunca ser minha. Será mesmo que ela era real? Porque antes eu tinha certeza que nenhuma pessoa conseguiria resgatar a minha alma... E ela chegou até a tocá-la.
Konayuki... Eu não parava de repetir aquele nome, tanto em voz alta, quanto em pensamento. Tudo o que sabia era que ela era o anjo que quase chegou a tempo de curar minhas feridas tão profundas, de me guiar para a luz. Só que eu queria que ela fosse muito mais que um anjo... Precisava que voltasse, que fosse a escolhida para ficar ao meu lado na eternidade, a dividir aquela vida tão dura comigo e quem sabe tudo não ficaria mais fácil.
Passou um dia, um mês, um ano... Eu tentava seguir em frente pensando nela, acreditando que um dia voltaria a vê-la.
O inverno chegou inclemente, tanto lá fora quanto dentro de mim. Eu não conseguia mais continuar, procurava me entorpecer com tudo o que havia de pior neste mundo, a cada gole, a cada carreira daquele pó maldito, a cada agulha que penetrava em meu braço, sentia que as correntes da minha vida finalmente estavam começando a ceder. Quanto mais mergulhava na bebida, mais podia ver o rosto dela... Havia dias em que eu quase conseguia tocá-la outra vez e a alucinação era tanta, que podia sentir os lábios dela e o gosto de sabor indescritível na minha boca.
Eu comecei a sair por algumas noites, procurava em outros lábios o que só senti nos dela... Em outros braços o abraço dela, contudo, não encontrava. Tentava olhar para os rostos pelas ruas, frequentar lugares na esperança de que em um eu pudesse acha-la, todavia, algo me dizia que ela não era daqui... Nem desta cidade, país, muito menos desse plano. Sem sucesso nas minhas buscas, foi assim que desejei de vez a morte e tive a mórbida sensação de já ter cruzado com ela outra vez. Consumi todo o álcool que meu corpo suportou e saí outra vez sem rumo pelas ruas. As luzes da cidade, o barulho dos carros, cada voz que eu ouvia, tudo aquilo se misturava em minha mente me deixando em desespero. Comecei a correr, precisava encontrar um refúgio. Não sei como minhas pernas conseguiram me levar até um local tranquilo, sei lá que praça era aquela, tudo o que sabia era que precisava da tranquilidade daquele lugar. Senti a grama verde debaixo do meu corpo, me deitei ali mesmo almejando buscar em alguma estrela o brilho que vi nos olhos dela, entretanto, o céu estava nublado, assim como toda a minha vida.
Eu não tinha certeza se aquilo eram lágrimas molhando meu rosto ou se era a chuva... Se era o bramir dos trovões ou minha voz gritando o nome dela. Me senti perdido, naquela imensidão e logo correria para o fim, não resistiria mais.

– Konayuki... Meu coração está congelando, a razão está me abandonando. Quantas vezes mais vou ter que gritar seu nome até que você volte? Por favor... Não me deixe morrer sem antes beijá-la uma última vez. Aquela centelha de luz se foi... Konayuki...


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