Liz, desde bem pequena estudava em sua terra natal, em uma escola comum. Lá conheceu diversos amigos diferentes, entre eles o mais interessante era um austríaco que veio para a Hungria por causa de um intercâmbio inusitado. Seu nome era Roderich Edelstein, ele tinha óculos maiores que seu rosto, olhos de um azul profundo, cabelos castanho-escuros com uma mecha rebelde característica, e uma pequena pinta perto do canto da boca, além de que, era considerado um prodígio em tocar piano.

Quando este chegou no colégio, a primeira impressão que a húngara teve de seu novo colega de classe era a dele ser apenas um estrangeiro mimado e esnobe, que sabia tocar “algum” instrumento musical. Já para Roderich, Elizabeta era considerada uma bárbara, sendo influenciado pelos boatos que escutara, dizendo que a menina agia como garoto, sempre brigando e arrumando encrenca.

Ambos tiveram algumas desavenças por conta de seus pré-conceitos um do outro. Porém, um dia, a professora decidiu que teria um trabalho em duplas que seria feito por sorteio para ninguém se sentir excluído e para ter uma “mistura” na sala de aula. Ao ouvir seu nome, Liz se levantou para “escolher” o parceiro da tarefa.

“Droga! Esse chato não! Qualquer um menos ele! O que eu fiz para merecer isso? ” Pensou ao ver que o nome tirado foi o do austríaco, e que teria de aturá-lo durante o restante da semana inteira, mas não havia escapatória pra húngara quando foi obrigada pela professora a dizer o que estava escrito no papel. “Calma! É justo isso que eu não quero fazer! ”

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Após terem juntado suas mesas, houve um silêncio quase que interminável, até que Elizabeta o quebrou.

-Qual é o seu problema? Por que você sempre é assim? Isso me irrita, droga!!

-Você também me irrita, e muito!! E você é a problemática daqui! – respondeu o menino extremamente surpreso pela atitude que a húngara frequentemente tinha quando ficava incomodada- Você me trata mal, sendo que eu não te fiz nada, sua bárbara!

-Quê?!- perguntou indignada por conta da resposta que obteve – É você que fica se achando só porque veio de outro país e sabe tocar um instrumento! Você nunca quis conversar com ninguém ou comigo! Nem me conhece direito e já me trata assim... me chamando por apelidos que eu não gosto!

- Eu nunca quis me achar! Só toco piano porque isso me deixa mais perto de casa, nunca quis vir para cá, gostava da minha escola, dos amigos que eu tinha lá! Mas tive que vir para este país e perder tudo que eu tinha... e aqui não tenho nenhum amigo! Sem falar que tenho que fazer uma tarefa com uma garota que vive me criticando, me batendo e nem se dá o trabalho de saber o meu lado da história! Sem saber como estou me sentindo! – disse alto, em um tom de quem iniciaria a chorar, com os olhos começando a ficar úmidos por sentir saudades, raiva e tristeza por tudo que estava passando, mas havia prometido para si mesmo que não iria chorar na frente da menina– Aposto que você nunca sentiu isso, sua...

Interrompeu-se ao ver que Liz o abraçara – Me desculpa... eu não fazia ideia – disse num tom de remorso afastando-se dele, havia finalmente o entendido e se arrependido por tudo que tinha feito e dito antes – Eu só me comporto assim porque não tive muitos amigos, e os que eu tive sempre acabaram me abandonando...

- Me desculpa... eu não sabia...

-Tudo bem... eu nunca tinha contado isso para ninguém, afinal, sempre acabo afastando as pessoas de mim com o meu “jeitinho”, e os que conseguem me alcançar... Bom... acaba acontecendo o que eu te disse.

Depois de um longo suspiro solto pelos dois, a dupla ficou alguns segundos quietos, mas estes pareciam horas...

- Olá! Me chamo Elizabeta Héderváry, mas meu apelido é Liz! Tenho 6 anos e meio. E você? – disse animada com um sorriso que jamais tinha mostrado antes, propondo um recomeço para o austríaco, que no início não entendeu muito bem, mas aceitou de bom grado aquelas palavras que foram seguidas por um fofo gesto.

- Meu nome é Roderich Edelstein! Tenho 6 anos, mas vou fazer 7, mês que vem! E sou da Áustria.

- Que legal Roderich, prazer em te conhecer. Bem-vindo à Hungria!

Outro momento mudo... mas desta vez era muito menor que o anterior.

- Ei Liz, vamos ser amigos?

A menina já havia escutado aquela pergunta várias vezes, mas sempre acabava surpreendendo-se com ela, não fazia ideia de como ainda aceitava aquele pedido mesmo sabendo o fim que ele provavelmente teria e que acabaria magoada no final. Eram o que todos diziam, porém dessa vez, a húngara tinha a impressão de que seria diferente...

- Claro! Por que não? Você parecer ser uma pessoa legal!

E assim aquela conversa continuou com ambos rindo, se divertindo e contando algumas piadas como nunca tinham feito antes. Entretanto... ambos não haviam ideia do que aconteceria nos próximos meses, e de como sua amizade mudaria...