Capitulo I – Hiro tende a ser um pouco babaca...

Eu achava que sabia o que era dor.

Dor era uma das coisas que eu tinha passado a maior parte da minha curta e miserável vida com. Era algo que eu senti diversas vezes, pelas mãos de pessoas diferentes. Era horrível, frio e assustador.

Mas a dor... Não era nada quanto a aquele momento.

Ser esfaqueada com veneno não doeu tanto assim. As surras que me deixaram no limiar da morte não doeram tanto assim. Ser estuprada não doeu tanto assim. Inferno! Nem quando quase fui cortada no meio não doeu tanto assim.

Era como se... Não havia como explicar qualquer coisa na terra que causasse tal dor. Simplesmente não existia.

Em minha mente nublada pela dor, eu mal percebi o mundo rodando ao meu redor. Tudo estava confuso. Era negro. Nublava minha visão.

Que infernos Hiro fez dessa vez?

Esse foi meu ultimo pensamento consciente, antes que a escuridão me saudou.

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Quando eu acordei novamente a primeira coisa que notei foram as correntes. Por um segundo, minha mente voltou ao pesadelo dos dias com Tero e eu choraminguei. Desde quando minha mente é tão fraca assim, a ponto de não conseguir controlar esses pensamentos? Ainda de olhos fechados, comecei a ouvir algumas coisas.

–-Ela está acordada, Hokage-sama.

–-Obrigado Itsuka-san. Pode ir agora. –passos soaram e eu senti a presença de alguém próximo a mim. –Agora, agora, porque não abre os olhos, criança?

A voz tinha um tom de avô que eu nunca tinha ouvido antes. Tremula eu abri meus olhos, confusa.

Foi ai que eu quase morri de susto. A pessoa a minha frente era alguém que eu só tinha visto em forma de pedra e em imagens do livro de história.

Minha mente conectou esse rosto ao Sandaime Hokage, Sarutobi Hiruzen, e eu senti que ia desmaiar novamente. Ele provavelmente percebeu, porque estralou os dedos em frente o meu rosto me mantendo acordada.

Com os olhos bem abertos minha mente começou a trabalhar furiosamente na resposta para isso. O que tinha acontecido? Por que ele estava aqui? Eu morri? Hiro-

Sim, agora tudo fazia sentido. Hiro havia dito... “Começar tudo do inicio”. Juro que esse demônio não entende o que é uma explicação. Ele devia ter falado antes, mas, novamente, eu estava a dois segundos da morte e não tínhamos exatamente muito tempo.

Yay, viva. Pensei, irritada. Agora, onde eu estou?

–-Então, o que uma bela garotinha como você estava fazendo ensanguentada na minha casa, senhorita?

Inclinei a cabeça para o lado, confusa. Na casa dele? Ele morava na mansão Hokage e... AH, certo. Era lá onde eu estava. Certo. Eu estava quase morrendo e Riome-

Riome! Ah, não. Onde ele estava? Algo começou a apitar alto, e foi quando eu notei que tinha começado a hiperventilar. O apito era do monitor do meu coração. Certo. Uma mão tocou minha cabeça e eu me encolhi.

–-Acalme-se. –pediu Sarutobi. –Não lhe farei mau, criança.

Antes que eu pudesse me conter, uma risada fraca escapou de meus lábios.

–-Diz o homem que me acorrentou com correntes que sugam o chakra. Está com esperança que eu fique tonta pela falta de chakra e solte informações? É uma tática de interrogatório muito usada em crianças, você sabe? –soltei.

Ah, sim. Eu e minha boca grande.

Os olhos de Hiruzen assumiram um brilho de aço.

–-Ninja, então. Supomos que fosse pela quantidade de chakra em seu corpo. –ele tirou a mão de minha cabeça. –De que vila você é?

Bem, eu já estava bastante ferrada, então decidi que poderia simplesmente falar a verdade. Honestidade o melhor caminho, eu acho.

–-Konoha.

Os olhos dele brilharam perigosamente.

–-Onde aprendeu técnicas ninja?

–-Konoha.

–-Espera que eu acredite nisso mesmo? Eu sou velho, mas não o suficiente para ser senil. Eu sei que não há nenhuma criança como você nessa aldeia.

Criança? Mastiguei a palavra, um pouco confusa. Ele havia me chamado assim algumas vezes já. Eu não era tão jovem assim...

Agora, pensando nisso, porque tudo parece tão alto?

Meus olhos se arregalaram em choque quando percebi que eu não era mais eu com dezesseis anos e sim no meu corpo de seis anos de idade. Pela dor que eu sentia, eu podia adivinhar mais ou menos de quando esse corpo vinha.

Me mexi desconfortavelmente.

–-Estou dizendo a verdade, Sarutobi Hiruzen. –falei, minha voz tremula.

–-Não acho que esteja, querida. –ele disse, com aquele tom de avô novamente. –Afinal, não há ninguém...

–-Que seja como eu na vila... Ainda, não é?

Ele me encarou por alguns segundos.

–-O que quer dizer com isso?

Suspirei. Isso estava me dando uma enxaqueca. Quando eu visse Hiro novamente iria chutar sua bunda peluda até a morte. Maldito.

–-O que sabe sobre Bijuus? –comecei.

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–-Está me dizendo que veio do futuro, com um jutsu temporal dos Bijuus, feito por uma raposa demoníaca chamada Hiro, de treze caudas, filho dos Bijuus Nibi e Kyuubi, que é “um maldito chato do caramba”, que fez isso sem sua permissão quando estavam prestes a morrer aos dezesseis anos?

Assenti. Sim, eu tinha dito exatamente isso.

–-Isso é loucura. Se esse tipo de Jutsu é possível, como nunca foi usado antes?

Eu inclinei a cabeça para o lado, perguntando a Hiro. Ele permaneceu silencioso, tirando o ronco. Ah, ele estava dormindo.

–-Eu não sei... Talvez tenha haver com a quantidade de chakra necessária para o jutsu, ou a forma como o chakra demoníaco iria afetar o corpo de uma pessoa normal? Eu não tenho certeza...

Sarutobi suspirou cansado.

–-Eu não acho que posso acreditar no que você me diz sem uma prova.

Encolhi-me antes de sorrir. Eu tinha a ideia perfeita!

–-Por que não pede para Uzumaki Kushina perguntar ao Tio Kurama? –perguntei.

Ele me olhou estranhamente antes de assentir.

–-Irei fazer isso... Por hora, vamos deixar você junto com o garoto de cabelos laranja que encontramos-

–-Riome? –exclamei. Eu não conhecia mais ninguém de cabelo laranja. –Ele está aqui?

–-Sim... Apareceu de pijama ao seu lado.

Hiro deve ter tido um trabalhão para nos por aqui... Mas porque Riome veio junto?

Meu cérebro processava a informação até que o garoto muito mal-humorado, vestindo um pijama roxo com caveiras pretas entrou. Vi os selos de chakra em seus pulsos.

–-Haru? –perguntou ele. –O que está acontecendo? Esse foi o Terceiro Hokage que eu vi saindo daqui?

Assenti, freneticamente.

–-Hiro nos mandou para o passado! –anunciei.

–-Foi ele que nos encolheu também? Ah! Eu quero socar tanto a cara dele! –rosnou o menino e frustração. Ele apertou os cabelos. –AAAH! E eu estou sem chocolate! Maldito! Não poderia pelo menos ter me trazido com uma barra? MERD...!

Eu tampei a boca dele, assoviando em frustração.

–-Cale a boca. –mandei. –Eles não acreditam nisso ainda. Não precisamos dar a eles mais razão para nos matar.

Quando eu vi a realização indo para seus olhos arregalados eu o soltei. Suspirei pesadamente. Mas que merda...

–-Pelo menos podemos dar um jeito nessa bagunça toda. –eu balancei minha cabeça. Poderíamos fazer tudo dar certo outra vez.

Mesmo que eu ainda achasse Hiro um babaca na maior parte do tempo...

Isso era minha primeira esperança em muito tempo.