Quando se tem trinta anos, as pessoas imaginam que você esteja casada e provavelmente grávida. Mas essa não é a minha vida. Na verdade, faz tempo que eu não namoro. Mas quem liga? Faço pessoas felizes, esse é o meu trabalho, deixar o dia mais feliz da vida delas o melhor possível. Acho que depois de tanto tentar deixar as pessoas felizes, eu esteja ficando infeliz.

-Quando é a hora? – Pergunta uma das madrinhas.

-Ah, cala a boca... ONDE ESTÁ A NOIVA? – Grito.

-No camarim... – Fala um doa meus ajudantes, colocando o vaso de flores na mesa redonda.

-Você, vai para o altar. – Falei para o padre. – Você, madrinha, para a porta de entrada... E você, coloque a musica para tocar. Eu vou falar com a noiva.

Arrumei meu rabo de cavalo e corri até o camarim. Isso sempre acontece, noivas inseguras perante suas escolhas. Acho que já devo ter cabelos brancos depois de tanto estresse.

Bato na porta e entro.

-Oi, querida. – Falo sentando do lado dela. – Como está?

A noiva de que no momento não me lembro o nome chorava e estragava a maquiagem.

-Eu não sei se é o certo. – Ela continua chorando.

-Casar com ele? – Pergunto já sabendo a resposta. Elas sempre fazem isso.

-É... – Ela chora ainda mais. Suspiro.

-Você o ama?

-Muito. – Ela responde.

-Então por que esse medo? – Falo passando a mão no seu cabelo. – Vai dar tudo certo. Ele também te ama.

-Você está certa. – Ela sorri por um momento, mas depois volta a chorar. – mas agora eu estou com a maquiagem toda borrada.

-Vem aqui que eu te ajudo. – A puxei pela mão.

Ela se sentou e eu limpei o borrão que tinha embaixo de seus olhos e arrumei a maquiagem.

-Você está lida. – Falo sorrindo para ela. – Agora vamos? Você tem que viver o melhor dia da sua vida.

-Vamos. – Ela se levanta e sorri. – Por isso que você é a melhor no ramo de casamentos, Rachel.

Sorrio e abro a porta para ela. Vou correndo na frente e coloco meu microfone de novo, com ele eu me comunico com todo mundo da minha equipe.

-Vamos. Tudo pronto? – Pergunto pelo microfone.

-Sim. – Responde um dos meus assistentes.

-Mandem as madrinhas. – Falei arrumando o colar de uma delas.

A porta se abre e as madrinhas entram.

-Não sei e posso fazer isso. – Fala a noiva.

-Pode sim, olha o sorriso dele. – Falo apontando para o noivo, seus olhos brilhavam.

Ela sorri. Coloco-a de frente para porta, arrumo a calda do vestido dela e coloco o buque de flores em suas mãos.

-Agora vai. – E falando isso ela anda até o amor de sua vida.

-Pronto gente. – Falo para minha equipe. – Nosso trabalho está feito.

Respiro tranqüila. Tudo deu certo.

Vou para dentro da igreja e observo seus votos de amor.

-Feliz? – Pergunta Santana, minha melhor amiga e sócia.

-É, deu tudo certo, eles vão se casar. – Sorrio.

-Mas...?

-Eu quero que chegue minha vez. – Falo constrangida.

-Calma, anã, sua hora ainda vai chegar. – Ela ri. – Você ainda pode me ajudar no MEU casamento com a minha Britt-Britt.

-Pode deixar. – Sorrio.

-Toca aqui. – Ela mostra a mão fechada. Toco na mão dela.

-Alguém tem algo contra? – Pergunta o padre.

-Vamos, Rachel. Fale aquilo que uma loira falou outro dia... “Como você pode fazer isso com nosso filho?”– Exclama Santana.

-Você é terrível. – Falo rindo.