Tratei de rapidamente adentrar o farol. Não havia nenhuma escadaria que levava para cima, e também não tinha ninguém. De repente, as grandes portas douradas as quais eu usara para entrar no local fecharam, e parecia que não iam mais abrir... Isso não me deixou outra escolha a não ser caminhar pelo farol, indo em direção a uma escadaria em espiral em direção ao fundo do lugar.

Aquilo tudo parecia o grande sonho de um professor de Filosofia, grandes paredes de concreto talhado e nelas figuras douradas de homens, parecendo mini estatuetas do Oscar.Enquanto eu descia mais a escadaria, pude ver uma enorme estatua de bronze com uma faixa vermelha em suas mãos -parecia uma propaganda- e nela consegui ler : “Sem Deuses ou Reis, apenas Homens” o que me fez continuar na ideia do paraíso do professor de Filosofia de ensino médio...

Finalmente cheguei até a base do local, em suas paredes haviam plaquinhas douradas escritas em um idioma que eu não conseguia compreender e em seu centro tinha um poço de água enorme com uma capsula gigante boiando nele com uma placa que dizia "Bathisfera". Parecia um submarino, e de dentro dele vinha uma calma musica que reconheci rapidamente de quem era.

–Frank Sinatra, Somewhere beyond the Sea... classico – disse

E como não me restavam mais opções, tratei de entrar na esfera e me acomodar em seus macios bancos de veludo. Tomei uma taça de vinho que estava tilintando em uma mesa do lado do assento e puxei a alavanca. Acho que muitas pessoas me considerariam maluco pelo fato de entrar em um submarino em formato de ovo, tomar uma taça de vinho que poderia estar lá há seculos e simplesmente puxar a alavanca... Mas sim, eu sou maluco.

A capsula se movia lentamente, ao menos era o que parecia. Olhava fixamente para a janela da Bathisfera que estava coberta por um tecido, impossibilitando a visão de fora do veiculo. Então o radio parou de tocar a musica de Frank Sinatra e entrou em estática e, logo em seguida, um projetor mandava luz ao tecido que cobria a janela mostrando um vídeo também muito curioso e do rádio começou a sair uma voz. Não parecia de uma transmissão, mas sim de uma gravação, o homem se chamava Andrew Ryan, e ele dizia coisas como : “ Estou aqui para lhe fazer uma pergunta. Um homem não tem direito ao suor de seu rosto? 'Não!' diz o homem em Washington, 'Ele pertence aos pobres.' 'Não!' diz o homem no Vaticano, 'Ele pertence a Deus. "'Não!' diz o homem em Moscou, 'Ele pertence a todos. "Eu rejeitei essas respostas, em vez disso, eu escolhi algo diferente. Eu escolhi o impossível. Eu escolhi... Rapture!” e quando ele disse Rapture... O tecido estendido pela janela o qual mostrava a projeção foi estendido, revelando uma imagem incrível, na verdade inacreditável...

Algo tão clichê de livros infantis que eu nunca imaginei ver com meus próprios olhos, de primeiro momento pensei estar sonhando... Uma cidade em baixo da água! “uma cidade onde o artista não temeria o censor, onde o cientista não se encontra vinculado por moralidade mesquinha, onde o grande não seria limitado pelo pequeno”. “E com o suor do teu rosto, Rapture pode se tornar sua cidade também.” Disse o homem.

Então o rádio voltou a estática e começou novamente a tocar a calma musica enquanto a Bathisfera era presa em uma barra de ferro até entrar em um edifício submerso. Pude ler um cartaz vermelho do lado de dentro do prédio que dizia “NÃO É MAIS SEGURO, FUJAM!”.