Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 37
Família


Notas iniciais do capítulo

Voltei o/
Divirtam-se :D



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Pela primeira vez na minha vida, eu não sabia o que fazer.

Corri para fora do Salão das Mulheres em direção ao meu quarto e desabei, soluçando e tremendo como uma criança. Uma parte — pequena e egoísta — de mim estava grata porque meu pai não poderia torturar Patrick, todo o resto estava em prantos. Era a minha segunda perda em menos de seis anos. Eu era órfã. Meu pequeno e doce irmão era órfão.

Minhas criadas me abraçaram daquela forma materna e isso só me fez chorar mais.

Quando consegui formular alguma coisa chamei pelo único nome que poderia me ajudar naquele momento.

— Caleb — sussurrei nos braços de Diana, que afagava meus ombros.

— Gabe, vá chamar o príncipe Caleb — ela mandou com um ar autoritário, porém delicado. Vi quando a pequena morena se levantava e praticamente se jogava porta afora, afoita para me livrar daquela agonia.

Minutos depois, Caleb apareceu no quarto e me tomou em seus braços com ose quisesse tomar minha dor para si.

— Deixem-nos sozinhos — pediu delicadamente às criadas.

Não consegui ver a reação delas, mas eu soube qual era: reverências e fazer o que ele queria.

Caleb não exigiu nenhuma explicação, ele apenas afagava meus cabelos. Talvez ele estivesse assistindo aquela coisa horrível, porque não disse "Vai ficar tudo bem" e nenhuma dessas baboseiras motivacionais que as pessoas falam para tentar acalmar as outras, ele apenas me segurou em seus braços e me deixou estragar seu terno engomado.

— Eu quero ir embora — solucei agarrando-me mais ainda em seu pescoço. — Me deixe ir para casa.

Ouvi quando Caleb parou de respirar. Ele me segurou pelos ombros, forçando-me a olhar para ele.

— O quê? Não! Você não pode, Alexia — seus olhos estavam arregalados, loucos, apavorados.

Ergui o queixo teimosamente e recuei.

— Você não pode me manter aqui contra a minha vontade.

Ele segurou meus pulsos contra seu peito, os olhos fixos em meu rosto.

— Eu não pretendo mantê-la aqui contra a sua vontade, mas não posso permitir que você vá para casa agora. Não posso permitir que corra esse tipo de risco, Alexia — Caleb encostou a testa na minha, fechando os olhos. — Eu não posso perdê-la. Não consigo sequer pensar nessa hipótese.

Respirei fundo algumas vezes. A agonia em cada traço de seu rosto dilacerou meu coração.

— E eu não posso perder meu irmão e meus amigos, Caleb. Quantas pessoas queridas mais terão que morrer por causa da Seleção? Por causa de nós?

— Ninguém mais irá morrer, Alexia — ele finalmente abriu os olhos, e eles estavam determinados. — Eu não vou permitir.

— Não é uma opção sua para permitir ou não — lembrei-o. — E eu preciso ir para casa, isso é importante para mim.

Caleb parecia querer discutir, mas pensou melhor.

— Podemos falar sobre isso em outra ocasião. Não quero sobrecarregá-la, em especial agora.

Apoiei a cabeça em seu peito.

— Obrigada.

Caleb delicadamente começou a tirar os grampos do meu cabelo.

— Você precisa descansar.

— Está cedo — comentei, apesar de que descansar soar ótimo para mim. Eu estava prestes a ter um colapso e sabia disso.

— Quer que eu peça para as criadas trazerem alguma coisa para te ajudar a dormir?

— Não. Quero que você fique comigo — pedi.

Caleb me levou delicadamente à cama.

— Eu ficarei com você o dia todo — prometeu enquanto puxava as cortinas pesadas para escurecer o quarto.

Tentei sorrir mas não deu muito certo, meu rosto parecia não querer obedecer.

— Obrigada — sussurrei novamente quando ele deitou a meu lado e me puxou para o peito.

— Durma. Não vou deixá-la.

O cheiro familiar de Caleb me ajudou a relaxar o suficiente para dormir, embora meu "sonho" não fosse nem de longe agradável. Era uma continuação do pesadelo que havia vivido minutos antes, porém mais pessoas que eu amava estavam ali. Caleb, Jay, Patrick, George, Kim, Ethan, Henry e Lynn… Todos eles morreram por minha causa. Um a um, lentamente.

— Como sempre isso é sua culpa, Alexia — meu pai acusou. —. Sua culpa, Alexia. Alexia...

Alguém me sacudia.

— Alexia. Alexia!

Pisquei várias vezes na escuridão. Lágrimas rolavam por meu rosto e eu tremia convulsivamente.

— Caleb! — escondi a cabeça na curva de seu pescoço.

— Estou aqui. Foi só um sonho ruim. Shhh.

— Você está bem — solucei.

Ele acariciou o meu cabelo e me apertou com mais força.

— Eu estava no seu pesadelo?

Fiz que sim.

Ele continuou.

— Quer falar sobre ele?

Neguei com a cabeça.

— Foi horrível demais, Caleb — funguei ainda tremendo. — Não quero lembrar disso.

— Tudo bem — ele começou a fazer círculos carinhosos nas minhas costas, tentando me acalmar. — Seu irmão ligou para Maryse — comentou quando eu estava mais calma. — Estava muito preocupado.

— Henry?

Caleb concordou.

— Ele quer falar com você e eu disse a ele que viesse aqui hoje à noite. Tudo bem para você?

Eu ainda tremia.

— Sim. Obrigada por fazer isso.

Caleb abriu um sorriso triste e não conversamos mais até Henry entrar sorrateiramente pela porta.

Meu irmão abraçou-me firmemente.

— Como você está? — perguntou afastando-se para olhar em meu rosto.

— Já tive dias melhores. Você?

— Na mesma situação, acho. Não que algum dia eu tivesse a fantasia de sermos, sabe, uma família normal, mas aquilo foi simplesmente…

— Eu sei. Ainda não acredito nisso — suspirei. — Eu vou ter que voltar para casa para cuidar de Patrick.

— É muito arriscado — objetou Henry.

Caleb fez cara de "eu te disse". Parte de mim ficou feliz por notar que outra parte queria socá-lo.

— Exato! Se puderam pegar meu pai o que impede de pegarem o meu irmão? — desafiei.

— E o que vai impedi-los de pegar você? — Henry desafiou, igualmente teimoso. — Você vai se meter em problemas sem motivo!

Abri o meu melhor sorriso confiante. Naquela situação, não foi tão bom assim.

— Eu tenho um plano.

— Seus planos são uma porcaria.

— Não ofende os meus planos — reclamei encarando meu irmão. — Ouça: eu vou lá e busco Patrick, Jay e os pais dele. Aí nós vamos para o abrigo onde você está, Henry. Eu ficarei aqui por perto, como Caleb quer, protegida como você quer e com as pessoas que eu amo todas juntas e seguras! Todo mundo fica feliz.

Os dois se encararam.

— Até que é um bom plano, na teoria — Henry cedeu de má vontade.

— É um bom plano na prática também. Se Caleb mandasse todas nós embora os rebeldes talvez…

— Seu otimisto é impressionante, irmãzinha, mas eu duvido do caráter desses rebeldes — interrompeu Henry.

— O cancelamento da Seleção só vai dar a eles a sensação de que podem controlar as coisas — Caleb concordou.

— E o que você sugere? — indaguei cansada. — Permitir mais mortes?

Um entendimento estranho pareceu passar-se entre os dois rapazes. Os olhos de ambos se iluminaram um pouco.

Caleb passou um braço em torno de minha cintura, mas se dirigiu a Henry com os olhos calculistas.

— Acho que precisamos conversar, senhor Piper.

— Eu não poderia dizer isso de forma melhor, Alteza.


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Notas finais do capítulo

Então.... semana que vem a fic já acaba ç.ç Aí vocês só vão ter o desprazer de minha presença mês que vem com a nova fic (como autora pq como leitora eu tô em todo lugar)