Crônicas de Mikvar - As Chuvas de Inverno escrita por Aegon


Capítulo 3
Capitulo 3 - Lysara


Notas iniciais do capítulo

Depois de algum tempo sem postar, está ai. Foi mal pessoal, estou tendo problemas aqui, mas assim que poder, vou postar um capitulo todo dia.



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Lysara Marsh

O movimento da lâmina era rápido. Deu dois cortes com a lâmina no ar, recuou e avançou, desferiu outros três golpes no ar, recuou e deu mais um. Rodopiou em volta de si, parou, e abaixou-se. Segurou o cabo do florete próximo a cintura e guinchou-se, pairou a lâmina com a ponta virada para o teto de mármore escarlate. Embainhou a espada, e permaneceu inerte olhando fixamente para um quadro de carvalho com o retrato do pai de seu avô. O florete que foi-lhe presenteado pertenceu a ele, e a seu pai antes. Ambos eram grandes espadachins, assim como seu pai e seus irmãos, Lysara treinava noite e dia, era exatamente o terceiro dia que permanecerá sozinha no quarto, só ela e sua espada, apenas alguns criados tinham permissão para levar água e comida, separar-lhe a vestimenta, e de noite, banha-la, Lysara gostava daquilo tudo, sua mãe sempre dissera para arrumar uma amiga, mas elas não se entenderiam. Muita gente estranha se reunirá no pátio, e o pai prometerá que um deles seria o seu professor, mas quem?, Talvez Lorde Allyn Newort, ou o grisalho Lorde Serwyn Clayter, ou o jovem cavaleiro Sor Stev Rellyn, mas não deveria ter muita esperança em grandes nomes, poderia ser apenas um cavaleiro livre, ou um juramentado, mas também não era tão ruim, poderia seguir o ritmo inicial, pensava, e refletia que nunca estaria a altura de Lorde Serwyn, ou Lorde Allyn, seria mais fácil ter um cavaleiro livre, do que um senhor. Vislumbrou vagamente cada estandarte que passava um grifo negro em fundo vermelho -... Newort... – Pronunciou Lysara assim perdeu o estandarte de vista, e voltou a pronunciar quando o vislumbrou o estandarte dos Rellyn, uma lança traçada em um escudo azul e branco em fundo azul-celeste. Rellyn sussurrou, e por fim o estandarte dos Clayter, duas espadas negras, ambas as traçadas entre sí em um fundo violeta. Todo ano os vassalos do pai se reuniam em Callan para saber das notícias do suserano; seu antecedente qualquer fizerá disso tudo possivel, conquistará cada um, até que todos os Lordes de Callan servissem a ele e seus filhos depois dele, e assim por diante. Deverá vestir-se bem, a mãe disse. Nesses dias, vestirá apenas armaduras leves de couro, Targavar, mestre-de-armas de Callan á treinava todo dia durante a manhã, por isso estava sempre vestida de couro. Quando participava das reuniões do pai, vestia apenas vestidos, a mãe mandará seus melhores artesões produzir um vestido longo de veludo cor vinho para está noite.

– Lysara – Uma voz doce a chamou. Virou-se bruscamente deixando com que o florete caísse – Perdão, senhorita, seu vestido está pronto, sua mãe mandou se banhar, o banquete irá se iniciar em breve – Era uma de suas criadas. Era jovem, pouco mais velha que Lysara, longos cabelos castanhos, olhos negros esguia com seios medianos, e vestia uma longa toga cor creme. Lysara a tratava como uma irmã menor, a mãe a encontrará quando ainda estava em seu ventre, desde então ajudou a cuidar de Lysara, mas parecia que era ao contrário.

– Ah, sim. Entre, Bekka. – A garota entrou com tanta delicadeza que Lysara pensará que era tudo coisa de sua cabeça, fez um sinal com mão para que a garota sentasse – Sabe o que será decidido hoje?

– Não, senhorita – Felizmente, Bekka não sabia mentir. Mas Lysara fingiu que acreditou.

– Irão decidir com quem irei me casar – Bekka conseguia sentir o pesar na voz de Lysara. Abaixou a cabeça, e pensou se um dia seria feliz com o homem que seus pais escolheriam.

– Senhorita – Bekka caminhou até Lysara, e embrulhou-a em seus braços e se sentaram – Não fique triste, eu garanto que será feliz. Terá lindos filhos que um dia serão senhores de grandes castelos.

– Não quero me casar agora – Lysara levantou a voz – Não quero ter filhos. Não quero ser uma senhora.

– E por que não?

– Você nunca vai entender. Eu queria viajar com meu pai, ir a suas invasões, lutar ao seu lado – A voz era infelicidade, Bekka odiava ver a “irmã” assim, sempre foi tão feliz e alegre, não entenderá porquê isso agora.

– Tem razão, eu nunca vou entender – E soltou um pequeno risinho – Meu sonho é me transformar numa senhora, mãe de filhos lindos, e também sonho por viver até os verem crescerem, e se tornarem grandes homens, como o pai, que vejo em meus pensamentos, alto louro e galante.

– Talvez você devesse se casar, não eu – Riu Lysara.

– Talvez sim, mas não é possível. Sou só uma simples criada, nunca irei me casar – as vezes Lysara achava que Bekka era infeliz ali, talvez um dia pudesse mudar isso – Já você, tem sangue de nobre, você é filha do grande senhor Jormund.

– Bekka você irá se casar sim! – A voz de Lysara foi profunda – Você é linda, muito mais bela do que eu.

Bekka deu um sorriso, e levantou-se, afagou os cabelos de Lysara docemente, e Lysara lançou outro sorriso para a mesma.

– Pois bem, vá se banhar que irei lhe trazer seu vestido – Bekka deu um último sorriso e saiu do quarto. Lysara pôs o florete em cima de sua cama, e foi se banhar.

Mais tarde, já estava limpa e perfumada com cheiro de flores que a própria mãe lhe dera. Usava-o sempre em datas especiais, como o dia de seu nome, ou como hoje, as reuniões com o pai. Quando sairá do banheiro, o florete já não estava mais sobre a cama, apenas a longa vestimenta cor vinho que a mãe mandara fazer. Era lindo, até mesmo para Lysara, que não gostava nada de ser tratada como uma senhorita, por mais que os seus criados a chamassem apenas por tal, dissera-lhes: Chamem-me de Lysara, apenas Lysara, e passaram a chama-la de Senhorita Lysara, sentia raiva por isso, porém assentiu e estava se acostumando, um dia realmente se tornaria uma senhora, e teria de começar a praticar ser cortejada. Deu leves toques no tecido, e sentiu-o. O tecido era leve, macio e fino. Lysara adorava a cor, a maioria de suas vestes seguia essa cor, outras eram carmim, carmesim, púrpura, magenta escura e principalmente negro, um vestido escuro, mas a mãe nunca permitiu que usasse o tal vestido. Vestiu o longo veste cor vinho. Era ainda mais leve enquanto o trajava, sempre que afagava o tecido sentia cada fio, macio afirmou Lysara. Ficou tão encantada com o mesmo, que quase foi ao chão quando ouviu o bater na porta.

– Entre – Exclamou, e então a mãe adentrou seu aposento.

– Lysara, minha querida, onde esteve? – A mãe deixará seus longos fios castanhos soltos, e iriam até o meio de suas costas, trajava uma túnica verde com runas gravadas nas bordas das mangas, e na gola da longa túnica. Era simples para a senhora de Callan, porém estava magnifica aos olhos de Lysara que sempre a achará bela, e a mãe não possuía mais que trinta e seis dias de seu nome – Seu pai lhe aguarda.

– Mãe – Disse Lysara, tristonha – Não sai se quero me casar.

– Te entendo, minha gatinha – Lysara teve de arregalar os olhos, como assim a mãe concordará com ela? – Quando eu era da sua idade, fui prometida a seu pai, sempre discordava de seus avós, porém hoje vi quão sou feliz ao lado de meu senhor. E, além disso, não teria tido a moça mais linda deste mundo! – Teve de sorrir. A mãe acariciava seu rosto enquanto dissera. Lysara sentia falta dos carinhos da mãe, depois que crescerá a mãe a chamava sempre de moça ou dama – E além do mais, terá alguns dias para conhecer o rapaz antes de proferir os votos. Até lá, poderão escolher se irão permanecer o resto de seus dias juntos – Viu que a mãe tinha um pequeno sorriso no rosto, e sentiu-se mas segura.

– Muito bem, mãe – Olhou diretamente nos olhos da mãe de deu-lhe um abraço apertado, a mãe pareceu ficar sem ar, mas gostou – Vou terminar de me arrumar, e descerei. Deu-lhe um beijo maternal, e saiu. Lysara atou um cinto de couro marrom com a fivela dourada, e o amarrou na cintura. Sentou-se em uma cadeira perto a janela e fixou o pôr do sol, até que Bekka voltou.

– Lysara, precisa de ajuda? – Bateu na porta duas vezes com o indicador.

– Sim, muita – Tentava colocar um colar sobre o pescoço, com fragmentos de ônix e safiras, e esmeraldas. Bekka a ajudou e prendeu bem o tal colar, Bekka fez duas tranças holandesas para a trás em seus cabelos, trançou as mechas por baixo, e juntou-lhes em um rabo de cavalo na parte de trás da cabeça, formando uma espécie de coroa, e prendeu-lhe com uma tiara de couro grossa com algumas runas de seu povo escritos em negro, com uma pedra de rubi no meio. Levantou-se delicadamente, e pôs-se ao lado de Bekka, que se virou para fita-la.

– Você é a melhor irmã do mundo – Disse Lysara, e a abraçou, Bekka deu um risinho e um sorriso gracioso se formou no seu rosto.

– Bem, vamos? – Bekka limpou os ombros da mesma, e pegou-lhe a mão e juntas desceram as escadas até o salão principal. O salão necessitava da grandeza que possuía, os senão menos da metade dos cavaleiros caberiam ali. Avistou rapidamente Lorde Rellyn, e seu filho, Stev, Lorde Newort e seus dois gêmeos, viu até mesmo Lady Ollane Clayter, porém nada de seu herdeiro, ou senhor.

– Viu seu futuro senhor? – Caçoou Bekka. Levou Lysara até uma cadeira próxima à da mãe e do pai, cumprimentou ambos e sentou-se. Não via grande interesse em ficar sentada e ouvir gritos de bêbados, mas sabia que sua presença era importante, não sabia por que, mas sua mãe sempre a relembrará mesmo que nunca se esquecesse. Depois de ouvir gritos e pragas, a mãe finalmente começou a falar com ela.

– Por que está tão quieta Lya? – Fazia um bom tempo que não ouvia o tal apelido. Ninguém a chamava assim, exceto Bekka, porém era as vezes. Ajeitou-se desassossegadamente na cadeira.

– Não sei. Estou? – Mentiu Lya. Não gostava dos banquetes, só das reuniões de guerra, e olhe lá.

– Está, aliás, como nunca esteve antes – A mãe soltou um suspiro – Está bem?

– Não muito – Se mentisse para a mãe que estava mal, talvez a liberasse, mas não esperava muito, a mãe sempre fora tão rígida, e sempre a continha se não estivesse bem. O comportamento de Lysara era importante. Porém realmente esperava que a mãe assentisse, mas...

– Já está terminando. Espere um pouco apenas, e lhe garanto que irá melhorar – O sorriso da mãe era impecável, mas não teve tempo de admira-lo. O salão entrou um silêncio, e o coração de Lysara parou de bater. O grande salão parou para ouvir os gritos...dos inimigos.


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