Confusao

– Cara, estou exausto! – Jack falou, ao se jogar na cama. Soluço, sentado no chão do quarto do amigo lhe deu um olhar brincalhão. – O que foi?

– Nada. – Ele virou uma pagina da revista que estava lendo. – Só achei estranho que não reclamou nada disso lá embaixo. Você parecia com bastante energia quando deixou Punzie no tapete.

Soluço gargalhou ao ver o rosto branco de Jack corar furiosamente. Mas a vermelhidão não durou muito. Um sorriso psicopata surgiu no rosto do de cabelos brancos.

– E pensa que eu não vi seu sorriso quando a Merida caiu no seu colo?

– O que, que, espera, o que? Eu não sorri! – Soluço gaguejou nervoso, gesticulando sem ar. – Por favor, me diga que eu não sorri! – Sua voz mudou para um tom próximo á suplica.

Jack teve que sentar-se na cama quando começou a gargalhar. Depois de alguns segundos, ele conseguiu recuperar o folego e encarar o amigo.

– Não. Você não sorriu. Bem, pelo menos não por fora. – E ele se jogou contra a cama, desviando de um controle de videogame lançado por Soluço.

– Babaca. – O moreno saiu, batendo a porta atrás de si.

No andar de baixo, Elsa e Rapunzel discutiam algo sobre tranças. Flynn se espreguiçou e se apoiou em Elsa, demonstrando que queria dormir. Não deu outra. Logo a jovem deu por encerrado o assunto e eles subiram, Elsa praticamente arrastando Flynn pela mão.

– Ei, Punzie, quer assistir um filme? – Soluço, sentado no sofá com Astrid deitada em seu colo perguntou, sorrindo.

– Claro! Ah, vou chamar Merida... – Ela começou, mas foi interrompida pela voz de Astrid, ligeiramente irritada. Quase amarga.

– Ela não quer. Praticamente me empurrou para fora do quarto quando perguntei.

– Oh. – Rapunzel colocou uma das mãos sobre os lábios e murmurou um ‘esta bem’ um tanto preocupada. Merida estaria em apuros se continuasse com esse ciúmes.

Sentou-se no sofá ao lado dos pombinhos e Soluço deu play no DVD. Iriam assistir Truque de Mestre. Era um filme intrigante na opinião de Rapunzel. Astrid disse que só gostava pelas partes de luta, e Soluço, bem, gostava da grande estratégia em toda a trama.

Já passava da meia noite quando terminaram, deixando duas vasilhas de pipoca vazias sobre o sofá e copos de plástico amassados no balcão.

Murmurando um boa noite estilo zumbi, os três foram para seus quartos e caíram no sono rapidamente.

No outro dia, Merida acordou com um gosto amargo na boca. Então olhou para o lado direito de sua cama e viu enxaguante bucal pela metade caído no chão. Mas ela tinha certeza de ter trazido um cheio.

Então a realização a atingiu como um soco. E ela riu de si mesma, tanto pelo nervosismo e a tontura que estava sentindo, quanto pelo motivo que a fizera beber enxaguante bucal como se não houvesse amanha.

Depois da pequena crise de risadas psicótica ela se levantou, indo para o banheiro. Ela realmente esperava não ter que esperar na fila. Seu humor não estava propício para isso esse dia.

Quando colocou o pé para fora do quarto, devagar e cruzando os dedos, viu que nada adiantara. Rapunzel estava esperando alguém sair e atrás dela, Elsa, Jack e Soluço esperavam com caras amassadas de sono. A loira de olhos verdes bocejou e ergueu os braços, segurando a tolha e a escova de cabelos.

A ruiva amaldiçoou quem quer que fosse o engenheiro que construiu uma mansão com apenas um banheiro no andar de cima. Colocou-se na fila, logo atrás de Soluço, ocupando seus olhos em examinar as paredes, o piso, ou qualquer coisa que no fosse os cabelos castanhos do garoto á sua frente.

Não fazia cinco minutos que estava em pé na fila, Astrid chegou, caminhando desequilibrada ate onde todos esperavam. Sem nem mesmo desejar bom dia, ela entrou na frente de Soluço, que cedeu o lugar pra ela com um pequeno e um tanto constrangido sorriso.

Isso foi a gota que transbordou a garrafa de enxaguante. Erguendo o corpo para ficar ereta, Merida exclamou, falando um pouco mais alto.

– O que pensa que esta fazendo? – Todos na fila saltaram com o volume de sua voz. Bem, todo menos Jack, que, ao parecer estava dormindo em pé, e guinou para frente, batendo a cabeça no ombro de Elsa. A jovem o empurrou com uma careta e o resultado foi um Jack caindo com todo seu peso sobre Rapunzel, que não aguentou o garoto. Resultado: Punzie achatada contra o chão de madeira e Jack roncando em cima de suas costas.

Astrid se virou lentamente, ignorando a cena á frente de si. Com as sobrancelhas levantadas ela perguntou:

– Quem, eu? – Sua voz estava rouca, mas uma nota de irritação pode ser percebida em suas palavras. Vendo que ruiva não respondia, ela continuou, cerrando as sobrancelhas. – Esperando na fila para banheiro, querida.

Toda e qualquer gota de sarcasmo foi despejado naquela única palavra. Mer fechou um dos punhos.

– Pois então venha para trás. Não é justo que você vá primeiro já que chegou depois.

A loira de trança pareceu ponderar, colocando um dedo sob seu queixo.

– Mas, Soluço, meu querido namorado, guardou meu lugar.

– Eu não me importo se seu “querido” namorado guardou. Eu cheguei primeiro e não estou a fim de esperar, ainda mais por alguém que chegou atrasada.

Astrid estava ficando mais desperta a cada minuto e a aura de tensão crescendo. Vendo o que aquilo ia dar, ele resolveu interromper a discussão:

– Garotas, calma. Mer, se você quiser pode ir na nossa frente. – No mesmo segundo se arrependeu de suas palavras. Astrid, agarrando seu braço com força o olhou com um olhar assassino.

– Você vai deixar ela ir na minha frente? – Nessa altura, Rapunzel conseguira se desvencilhar do peso de Jack, porem muito tarde. Aproveitando a confusão de pernas e braços abaixo de si, Elsa se esgueirara para dentro do banheiro no minuto que Flynn saiu, ainda sem camisa.

– ELSA!! Não é justo, saia daí agora! – Rapunzel gritava, hora com a prima no banheiro, que provavelmente estava rindo como uma vilã da Disney, ora com Frost. – É sua culpa, seu, seu... Picolé!

Merida fez menção de entrar na frente de Astrid, mas essa a puxou pelos cabelos de volta para trás. Uh, ela não deveria ter feito isso. Por mais que não gostasse de pentear ou mesmo lavar seus cachos, ela gostava muito deles. E detestava que fossem puxados.

– Larga meu cabelo. Agora. – Vendo que a loira de olhos claros não soltou, ela perdeu a paciência.

Em uma fração de segundo, as duas estavam rolando no chão, estapeando e socando uma a outra e gritando coisas incompreensíveis. Soluço deu um passo a frente para separa-las, mas foi impedido pelo braço forte de Flynn.

– Seria muito ruim achar isso sexy? – Ele perguntou, mais para si mesmo, com um sorriso malicioso curvando seus lábios. Porem, nesse momento, Elsa saiu do banheiro, os cabelos molhados e o corpo enrolado em uma tolha. O mais velho perdeu a linha de raciocínio. Ainda com a boca aberta, ele murmurou. – Esquece.

Punzie correu para o banheiro e bateu a porta na cara de Jack. Era impressão, ou a garota estava muito vermelha?

Soluço desviou sua atenção de volta para a namorada e a melhor amiga rolando no chão. Se entrasse, com certeza seria estapeado. Ah, dane-se!

Ele se jogou, puxando Merida de cima de Astrid que sufocava com as mãos da ruiva em seu pescoço. A ruiva ainda esperneou um pouco, mas o garoto gritou:

– CHEGA! Vocês duas, já chega!

Astrid levantou, limpando o sangue dos lábios e Merida se desvencilhou de seu aperto, fazendo uma careta de dor.

Depois de uma breve conversa com Jack, o garoto cedeu por livre espontânea pressão, sua vez a Merida, que entrou de cabeça erguida, mesmo com um dos olhos roxos.

Astrid estava de braços cruzados e cara de poucos amigos. É ele iria ter uma discussão bem complicada mais tarde.

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