Feriado Entre Amigos, ou Quase Isso escrita por Anwar Pike


Capítulo 17
Choque


Notas iniciais do capítulo

:D Nao me matem, please



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Choque

Era madrugada ainda quando Elsa saiu do banheiro, cuidando para não fazer barulho com a porta. A casa se encontrava silenciosa, nenhuma luz acesa para afastar a escuridão da noite que progredia.

A jovem espiou dentro do quarto de Soluço e seus olhos se arregalaram ao ver os quatro dormindo ali, mas resolveu não dizer nada. Desceu as escadas sem pressa e olhou para fora. Flynn ainda não tinha voltado. Sem pensar muito, ela agarrou a chave do carro dos garotos e se dirigiu para fora. As coisas tinham que ser resolvidas, e se esconder ou fugir não era a maneira certa.

Ela ia fazer Hans admitir que aquilo fora uma estúpida brincadeira, mesmo que tivesse que arrastar a cara arrogante dele no asfalto. Acelerando agressivamente, ela colocou o carro em movimento para o centro da cidade.

No bar, Flynn ainda estava bebendo, os cabelos castanhos caídos em frente de seus olhos, os dedos agarrando o copo com força. Mesmo tonto por causa das bebidas, uma parte de sua mente continuava gritando, ainda que suavemente, o nome de Elsa. Ele tinha que voltar, tinha que resolver as coisas...

– Quer mais uma? – Heather perguntou, ajeitando o cabelo para um lado do ombro. Quase igual ao movimento que Elsa fazia com sua trança. Seus olhos começavam a perder o foco. Preto se tornando branco, lábios rosas se tornando roxos.

Nesse momento, Elsa entrou no bar. Sabia que o único lugar que estaria aberto seria esse. Seus olhos escanearam as poucas pessoas ali dentro, sorrindo tolamente e levando drinks aos lábios. Seus olhos se prenderam em costeletas ruivas. Ela emitiu um rosnado baixo.

Mas então seus olhos captaram outras duas silhuetas. A garota virou a cabeça em sua direção.

Flynn estava muito perto agora, Heather notou, um sorriso encantado brilhando em seus lábios. Ela inclinou o corpo para frente, com medo de perder a chance e deixou seus lábios se chocarem com os do moreno.

Elsa podia sentir o choque como uma corrente elétrica, o gosto amargo subindo e queimando por sua garganta enquanto seus olhos se arregalavam e seus punhos se fechavam. Hans sumira no segundo plano. Toda a sua determinação para consertar as coisas se esvaíra e, por mais que tentasse lutar o desejo incontrolável de escapar, ela não era forte o suficiente ainda, não naquele momento.

Virando-se em seus calcanhares, ela correu para fora, não sem antes chamar a atenção de um Flynn ainda entorpecido pela bebida. Ele pode ver a tristeza em seus olhos, a traição quebrando as superfícies azuis.

Como um balde de algo fria, isso o despertou, fazendo o mover-se e correr atrás dela. Heather mantinha a mesma expressão confusa e magoada, enquanto Hans apenas sorria. Seu plano tinha funcionado mais rápido do que esperava.

Do lado de fora, Elsa corria para atravessar a rua, desesperada para se colocar o Maximo de distancia entre si e os passos pesados que a seguiam. Podia escutar vagamente seu nome sendo chamado, mas não parou. Era como se seus sentidos estivessem mergulhados no limbo, por isso, foi só quando o farol alto atingiu o lado de seu rosto foi que ela percebeu que estava no meio da rua e um carro se aproximava rápido de mais.

Não havia mais tempo. O carro bateu contra o lado do corpo da jovem e a atirou a um pequena distancia. O motorista tinha tentado frear, mas ela tinha aparecido muito de repente. Não houve tempo.

O grito de Rider acordou algumas pessoas no arredores. Sangue agora cobria o asfalto, e manchava os fios alvos de sua namorada. Ele ajoelhou-se no chão, caindo com força ao lado dela e esticou as mãos, sem saber realmente o que fazer.

Seus dedos buscaram os lados da cabeça dela e ele a levantou lentamente, apoiando-a em seu colo.

Nesse meio tempo, o motorista já falava com uma ambulância no celular, e as pessoas começavam a se aglomerar, entre elas Hans e Heather que usavam expressões idênticas de horror.

Flynn tremia, suas mãos chacoalhando incontrolavelmente, enquanto a culpa ameaçava consumir sua alma. Lagrimas quentes espalhavam o sangue no rosto de Elsa.

– NÃO!!!

Seu grito direcionado para o céu que começava a clarear cortou sua garganta por dentro.

A sirene anunciou a presença do socorro, mas quando os paramédicos tentaram tirar o jovem de perto da garota, ele grunhiu e tentou se soltar, agindo como um homem que tinha perdido a juízo. Talvez ele realmente tivesse.

Hans e Heather trocaram um olhar aterrorizado e sutilmente tentaram deixar a cena. Era muito perturbador.

Mas Flynn, que havia parado de lutar com os enfermeiros, viu a garota, e, com uma rapidez que ela não achava possível, ele se moveu ate ela, uma mão grande pesando no ombro da garota de cabelos negros e a empurrou contra a parede.

– Isso é tudo culpa sua! – Ele cuspiu, olhos em chamas. Ela tinha estado com rosto virado, os olhos bem fechados, mas não pode resistir a oportunidade.

– Minha culpa? Você foi quem se inclinou na minha direção e eu bem me lembro da sua boca se movendo junto com a minha.

Ela achou que aquilo lhe daria satisfação, mas o olhar irado no rosto dele apenas fez um arrepio de medo correr por seu corpo.

Algumas pessoas olharam na direção dos dois, olhos arregalados, mas ninguém disse nada. Ralph, o motorista do carro, moveu seus olhos da ambulância e para os dois, sobrancelhas cerradas.

Hans resolveu agir. Indo para o lado de sua parceira, ele colocou suas mãos nos ombros dela e falou, arrogante.

– Vamos Heather. Ele não merece seu tempo.

Algo dentro de Flynn clicou e ele levou o punho para trás e então para frente, mirando o nariz do ruivo, mas uma mão forte impediu o trajeto.

– Eu não sei o que esta acontecendo aqui, mas nos não precisamos de mais sangue derramado nessa rua. Vocês dois, caiam fora daqui. E você, faça a única coisa honrável que te resta e vá ficar com sua garota no hospital. Ou você quer que ela acorde e se veja sozinha?

Ralph então soltou o braço de Rider e encarou o rapaz. Flynn abaixou a cabeça, constrangido.

– Vamos. Eu te dou uma carona.

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Notas finais do capítulo

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