DRAMIONE || Compreendendo o inimigo escrita por Corujinha


Capítulo 4
Revelações da Cartomancia e lições de guerra


Notas iniciais do capítulo

Voltei, gente! E aí, tudo bem com vocês?
Terceiro capítulo para vocês! Boa leitura ;)
Ah e obrigada a quem está acompanhando e comentando. E quem está lendo escondido aí pode ir se pronunciando que eu sei que você está aí! Deixa um review pra tia! u.u
Beijão!!



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POV HERMIONE

Meus olhos estavam pesados. Eu demorei a pegar no sono noite passada porque pensamentos do tipo: "Você foi uma idiota em ficar conversando com o Malfoy lá fora", "Já pensou se o Harry ou o Ron vissem aquela cena, como eles ficariam tristes com você", "Mas e aquela minha bonita fala de casa na definir caráter?" entre muitos outros me atormentaram fazendo minha cabeça latejar. O resultado foi: Pesadelos, noite mal dormida e sono na aula. Mas isso passou e eu tenho que me concentrar porque essa aula não é nada fácil.

Aula de poções. Ontem a minha última aula foi a do professor Slughorn e nela ele disse que hoje, em nossa segunda aula do ano, prepararíamos uma poção muito interessante.

Alguns ficaram bem decepcionados quando descobriram qual era a tal poção, mas eu e Harry bem que a achamos interessante.

Ela era, podemos dizer, o oposto da poção Veritaserum . Quem a toma não tem sorte no que faz e sim azar. Claramente uma poção para seus inimigos ou para alguém de péssimos gosto caçoar de seus amigos. Era a Poção do Infortúnio.

Faríamos ela nessa aula e para isso o professor pediu que nos dividíssemos em duplas. Convidei Harry para que fizesse o trabalho comigo já que nos interessamos pela poção e também, admito, porque Rony parecia prestes a me convidar, e não queria aceitar, mas também não queria ser indelicada. Ele era um ótimo amigo, mas nunca deixava de tentar se aproximar e me cercar em alguns momentos e isso me deixava constrangida. Harry aceitou e Rony acabou por fazer o trabalho com Gina. Ele não parecia muito satisfeito mas eu tentei não olhá-lo. Sabia que me sentiria culpada.

Nós demoramos algum tempo para preparar por ser a primeira vez que fazíamos aquela poção, mas mesmo assim fomos os primeiros a terminar.

Eu reparei que enquanto trabalhávamos Harry lançava alguns disfarçados olhares para Gina e ele não tinha uma expressão muito feliz ao fazer isso. Eu não entendia. Eles pareciam... Digamos... Encaminhados para ficar juntos antes da guerra, mas agora mal se comunicavam e ficavam nessas de olhares fulminantes um para o outro.

– Harry! - chamei-o baixinho - Podemos conversar quando sairmos?

Ele assentiu com a cabeça, parecendo sair de um transe quando me ouviu chamá-lo.

Eu não queria ser intrometida. Harry não merecia, afinal ele nunca me pressionou sobre o assunto eu e Rony. Mas eu conseguia ver que ele não estava bem e isso me preocupava. Precisava conversar com meu amigo.

(----)

Quando terminamos a Poção do Infortúnio, o professor Slughorn nos liberou e eu e Harry saímos para os corredores.

– O que queria me dizer Mione? - ele perguntou.

– Eu queria conversar com você sobre algo. Temos algum tempo até a próxima aula?

Harry tirou um pequeno relógio do bolso de suas vestes e analizou-o.

– Como terminamos mais cedo, temos um pouquinho mais de quinze minutos. - ele respondeu.

– Okay. Então vamos conversando até a cozinha? Bebemos um suco de abóbora e vamos para a aula de Feitiços. - sugestionei.

– Certo.

Começamos a andar pelo corredor que nos levaria até um número de corredores que nos levariam a cozinha. Sim, tínhamos que ser um tanto rápidos para não nos atrasar. Hogwarts era descomunalmente grande, nos deslocar de um lado para o outro às vezes era uma tarefa complicada.

– Harry, eu sei que eu estou me metendo no que não é da minha conta, mas aconteceu alguma coisa grave entre você e Gina? - eu perguntei olhando o moreno, que ao ouvir o que eu disse retraiu-se e fechou a mão esquerda em punho. - Desculpe Harry. - pedi quando vi sua reação - É que eu me preocupo com vocês dois.

– Não, Mione. Não tem porque se desculpar. E eu agradeço sua preocupação, mas é desnecessária.

– Você não quer desabafar com sua amiga? - perguntei dando-lhe um sorriso de incentivo.

– Desculpe Mione, eu não me sinto à vontade para falar disso ainda. Você entende? - perguntou Harry.

– Claro, Harry. - respondi assentindo levemente com a cabeça. - Mas eu estou sempre aqui, você sabe né? Quando quiser conversar, desabafar, gritar, lamentar, qualquer coisa. Nós passamos por muita coisa, sempre estivemos juntos. Você é como um irmão pra mim, sabe que pode contar comigo não é?

Ele deu um sorriso e meu coração ficou um pouco aliviado.

– Claro. Assim como você pode contar comigo. Sabe disso também, não é? - ele perguntou olhando em meus olhos.

– Sim. - eu disse com um pequeno sorriso nos lábios.

Passamos um pequeno intervalo em silêncio, já estávamos até perto do quadro que era a porta para a cozinha quando Harry perguntou:

– Mione, já que tocamos nesse assunto, posso perguntar uma coisa?

– Claro Harry. - respondi firme embora por dentro estivesse temerosa com o seu "já que tocamos nesse assunto". Tinha certeza que ele perguntaria sobre Rony... E não deu outra.

– Você... Você e Rony... Não tem mesmo nenhuma chance de vocês voltarem? - Harry perguntou e parecia meio constrangido.

– Não, Harry... Não há mais essa possibilidade. - eu disse curvando um pouco a cabeça. Harry era o melhor amigo de Ron, então falar isso pra ele era quase tão embaraçoso quanto ao próprio Ron.

– É que vocês pareciam apaixonados e tal... - Harry continuou. Eu podia ver que ele estava lutando com as palavras, tentando ser o mais sutil possível.

– Harry, eu confundi tudo. Me desculpe, eu não sei como pude me enganar tanto tempo, e eu sinto se magoei o Rony, mas eu o amo como amo a você, como um irmão, um grande amigo. Mas... Mas tudo bem não é? Os amores quase nunca dão certo de primeira, às vezes nem de segunda... - eu disse e ri sem humor - Mas as pessoa não deixam de procurar a felicidade por causa disso. Rony vai achar alguém que o ame, e ele vai amá-la também.

Harry assentiu e disse:

– Você está certa Hermione, afinal quando não está? - ele disse e nós rimos - Mas por favor, faça o Rony perceber isso que me disse porque... Ele ainda tem esperanças. E isso não faz bem a ele.

Eu respirei fundo.

– Okay, Harry.

Chegamos ao quadro da tigela de frutas e eu fiz cócegas na pera, que contorceu-se em risadas e transformou-se em uma maçaneta que eu girei e Harry e eu adentramos a cozinha.

Pedimos a um simpático elfo de pequenos olhos castanhos mel e um nariz achatado que por favor nos deixasse pegar um copo de suco de abóbora. O elfo extremamente constrangido pediu que aguardássemos e ele nos serviria. Eu insisti que não precisava, mas ele parecia prestes a ficar ofendido, por isso eu desisti e ele foi atrás de dois copos de suco.

Harry dava risadinhas do meu comportamento. Ele conhecia minha opinião sobre o trabalho dos elfos domésticos, mas realmente era difícil ajudá-los quando eles eram totalmente presos a esse costume de servidão. Qualquer tentativa de evitar que eles fizessem sem trabalho os irritava ao extremo e também não era isso que eu queria.

Após poucos minutos ele nos trouxe os sucos que bebemos rapidamente pois estávamos bem em cima da hora. Agradeci ao elfo que assentiu e voltou correndo ao seu trabalho.

E eu e Harry também voltamos correndo, indo direto para a sala de aulas de feitiços. Aquela era apenas a segunda aula do dia.

POV DRACO

Cinco aulas que eu admito, assisti sem dar qualquer atenção. Sim, sim, eu anotei toda a matéria e li as páginas dos livros que os professores mandaram, mas eu dormi mal, tive pesadelos e me sentia cansado durante a aula.

Ontem depois que... A Granger foi embora, eu ainda fiquei perto do lago por um tempo, não sei exatamente quanto, mas sei que não foi tão pouco. Eu pensei em tanta coisa, e lembrei-me de tanta coisa que me sentia como se tivesse voltado para os dias de guerra.

Quando finalmente o cansaço me venceu eu voltei ao castelo já passando bastante do toque de recolher. Esgueirei-me pelo caminho quase sendo pego pelo Filch duas vezes até chegar as masmorras.

Quando me deitei não consegui pegar no sono mesmo estando cansado. Meu cérebro trabalhava frenético e eu me lembrei do pesadelo que tive com a Granger a beira da morte do chão da minha própria casa ao lado de minha tia que ria de sua desgraça, depois meu pensamento mudou para ela à beira do lago explicando sobre trouxas com aquele ar de quem sabe os por menores do assunto que está falando.

Eu não podia fazer nada, não é? Bellatriz era louca. E eu nem devia estar pensando nisso antes de dormir, era só mais um tormento.

O fato que é que eu estava exausto e agradeci a Merlin quando entrei na última aula. Assim que saísse da sala da Trelawney, eu iria cair na cama do meu dormitório e descansar, não estava nem aí. Tá, depois eu leria de novo aqueles capítulos das aulas que eu não prestei atenção pra não me ferrar, mas agora eu só queria que essa aula terminasse... E ela nem havia começado ainda.

Eu, Nott e Pansy nos sentamos juntos a uma mesa no canto da sala. Nós não achamos Blás desde que ele saiu da aula passada (Poções) e rapidamente concluímos: Ele estava matando aula.

Nott falava de como seria divertido usar a poção que aprendemos hoje na aula Slughorn, a tal Poção do Infortúnio, com alguém da Corvinal antes de uma prova e Pansy ria concordando.

– O que acha, Draco? Podíamos fazer isso né? - ele perguntou e eu assenti desligado.

Observamos por alguns segundos as pessoas entrarem na sala e quando a Granger entrou Pansy logo disse a nós dois:

– Ou poderíamos fazer isso com a Sabe-Tudo. Já pensou que hilário ela tirando um zero na prova? - ela riu e Nott a acompanhou com uma imitação fajuta de voz feminina.

– Oh meu Merlin, eu sou uma vergonha, vou me matar! - ele imitou e os dois caíram na gargalhada.

Eu revirei os olhos e disse:

– E claro que ninguém ia desconfiar da Granger ter ficado burra de uma hora para outra, não é Pansy?

– Deixa de ser chato, Draco, vai defender a Sabe-Tudo?

– Eu só to querendo dizer que o que você pensou é uma tremenda burrice, mas isso não é novidade alguma não é? Quando você pensa algo inteligente?

– Epa, Malfoy! Vai com calma, meu amigo. - disse Nott tentando acalmar os ânimos.

Pansy me olhava com o olhar de pura raiva. Estava vermelha de ódio. Eu simplesmente dei de ombros, indiferente. Ela estava cada vez mais irritante. Parece que não sabe que se nós fizéssemos isso com a queridinha da Minerva, esta logo chegaria a nós. Será que eu sou o único que pensa aqui?

Nesse instante a professora Sibila entrou na sala atrapalhando-se com a porta. Ela foi a frente da sala e disse:

– Olá crianças! - isso era algo que me irritava. Onde os professores estavam vendo as crianças?

POV HERMIONE

Meu Merlin, onde eu estava com a cabeça quando decidi voltar para adivinhação? Hermione, lembra que você disse que esse ano aproveitaria a boa disposição das matérias e cursaria todas para ter o máximo de conhecimento que pudesse a respeito delas? Ah, claro que eu lembro só que essa professora é maluca. E isso de clarividência, sinceramente eu ainda não acredito que exista. Mas tudo bem, tudo bem. Eu vou fazer o possível para não expor tal opinião na aula da professora Sibila.

POV DRACO

Ela continuou a falar:

– Esse ano nós conheceremos a Cartomancia. Sim, queridos, aprenderemos a ver o futuro nas cartas de baralho. Talvez vocês já tenham ouvido falar, já que alguns trouxas dizem por aí que podem fazer tal coisa, mas é de nosso conhecimento que só quem possui a clarividência tem a capacidade de prever o futuro. - ela disse e caminhou até seu armário no canto oposto ao que estávamos na sala. A professora afastou-se dele com um baralho de cartas grandes e amostrou-o para nós.

– Vou mostrar a vocês. - ela disse a voltou ao centro da sala olhando para cada um de nós, um de cada vez.

Quando seu olhar parou em mim, ela me analisou e fechou os olhos por uns dois segundos. Depois disse:

– Você, querido. - ela disse e se aproximou de minha mesa distribuindo as cartas que estavam em suas mãos em três fileiras. As cartas estavam com o desenho para baixo. - Vire três! - ela mandou.

Eu olhei para Blásio e ele formou sem som a palavra "maluca" com a boca. Eu revirei os olhos e fiz o que a mulher mandou.

Quando ela olhou as cartas que eu havia virado, respirou fundo e disse com um tom de lamentação:

– Oh querido, eu sinto muito. Mas saiba que seu pai sofre tanto quanto você e lamenta por sua mãe. - ela disse e eu senti meu sangue gelar. - Vire outra, querido. - ela mandou e eu automaticamente o fiz. - Ah eu vejo. - ela disse e fez sinal negativo com a cabeça - Algo lhe atormenta não é? Você pensou que havia esquecido, mas o rosto de alguém vive trazendo a lembrança... Mas... Querido... Eu sinto em dizer que você poderia ter feito algo sim. E deveria. Sinto muito. Isso é algo que você não poderá esquecer. Essa lembrança está guardada em seu coração.

Agora minha respiração ficou entrecortada. Como ela podia saber tudo aquilo? Ela era só uma maluca que dizia poder ver o futuro.

Mas era muito claro que ela se referia a Granger. “O rosto de alguém vive trazendo a lembrança”. Ela parecia se referir aos meus pesadelos, em ver aquela garota viva e morta toda vez que cruzava com ela pela escola.

Eu olhei rapidamente para ela, só para vê-la como uma expressão confusa olhando para mim também, assim como toda a sala.

– Eu não preciso ficar ouvindo suas loucuras! – disse antes de ter qualquer consciência de que não devia falar assim com uma professora. Peguei minha mochila e levantei-me indo em direção a saída da sala. Ouvi-la ainda dizer um “Oh, querido” com um tom triste, mas deixei isso para trás e saí para os corredores.

POV HERMIONE

Eu confesso que o que a professora Sibila disse ao Malfoy ficou pulsando em minha mente. Principalmente sobre o pai dele, Lúcio Malfoy. “Seu pai sofre tanto quanto você”. Era bom saber que aquele Comensal, cujos atos nos causaram tanto sofrimento fosse capaz de sentir algo mesmo que fosse a dor. E eu sei que esse meu pensamento não me fazia uma pessoa nada boa, mas eu não conseguia pensar diferente. Não agora. Sabendo que alguém como ele ainda estava vivo, enquanto meus pais, pessoas inocentes que tinham muito pra viver, pra fazer, pessoas boas, estavam mortos era um fato que trazia a tona o pior de mim.

Depois que o Malfoy saiu raivoso da sala (algo que eu não gosto de admitir, mas me lembrou de mim mesma quando fiz a mesma coisa na aula de Adivinhação no terceiro ano), ela pediu que nós tentássemos ver o futuro de nossos colegas de mesa. Como eu estava sentada com Parvati e Neville, tentei ao máximo com a ajuda do livro que dizia o significado de cada desenho que havia nas cartas, fazer uma previsão do futuro de Parvati, mas nada nunca fazia sentido e nós três acabamos rindo da minha ineficiência em Adivinhação. Em seguida Neville tentou ver algo do futuro de Parvati, mas também nada conseguiu. Por último Parvati pegou o livro e embaralhou as cartas pedindo para que eu virasse três. Ela ficou analisando as cartas nos livros e começou a falar:

– Okay. Ãnh... Dá pra ver uma pessoa. Eu também vejo ódio. Olha essa carta é a carta do ódio – ela disse animada como se começasse a entender e eu e Neville nos entreolhamos – E essa terceira é a carta do amor. Ei espera, não dá pra amar e odiar alguém ao mesmo tempo. – ela disse com uma expressão inconformada e eu e Neville demos risadinhas – Hermione, tira outra. – ela mandou e eu o fiz dizendo:

– Não vai adiantar, Parvati.

– Okay. – disse Parvati procurando no livro o significado do desenho da carta que eu acabara de virar – Ah, achei! Essa é a carta do perdão. Então talvez você tenha raiva de alguém que se você perdoar vai começar a gostar. – ela disse e eu senti um embrulho no estômago – Será que se você tirar mais uma carta eu consigo descobrir quem é? – ela disse pensativa.

– Queridos, nossa aula terminou. – anunciou a professora e minha respiração voltou ao normal – Eu espero que tenham apreciado o que aprendemos hoje sobre a Cartomancia. Como tarefa para a próxima aula, quero apenas que leiam os primeiros dez capítulos do livros de vocês. Até lá, crianças! – ela despediu-se e eu ouvi alguns resmungos de alunos dizendo “Apenas os dez primeiros?” e outros ainda cochichavam sobre o que a professora havia dito a Malfoy.

Eu despedi-me de Neville e Parvati e sai pelos corredores. O melhor a fazer era ir a biblioteca ler os capítulos que a professora Trelawney mandou até a hora do jantar. Eu estava cansada, mas ler era uma maneira de me distrair até a hora de ir para o Salão Principal, sem contar que eu não podia acumular tarefas. E eu aproveitaria também para procurar um exemplar de “Feitiços Curriculares”. Era um livro que eu havia lido há um bom tempo e ele era muito bom. Com certeza me ajudaria com as tarefas de Feitiços.

Cheguei à biblioteca e deixei minha mochila em uma mesa perto das estantes e fui em direção a estas. Eu sei exatamente o corredor no qual encontrar o livro, mas eu gosto de andar entres os outros até chegar lá porque eu posso achar um bom livro, não é? Foi o que fiz.

Quando cheguei ao meu corredor/destino (já com um livro à mão) vi alguém curvado sobre uma pequenina mesa que tinha no corredor encostada à estante. Reconheci de cara pelo cabeiro loiro. Uma de suas mãos estava apoiada na mesa e outra em um livro em cima da mesa.

Comecei a andar pelo corredor. Ele ainda não me via. Malfoy deu um soco no livro com um “Droga!” saindo de sua boca. Depois voltou a fazer a mesma coisa dizendo novamente “Que droga!”. Voltou a fazê-lo começando a xingar baixo e agora esmurrava o livro.

Eu me aproximei e tirei o livro debaixo de sua mão. Percebi que quando sua mão socou a madeira da mesa, percebeu a diferença e ele olhou para mim, mas eu estava virada para a estante procurando um espaço vazio onde guardar o livro (embora ainda estivesse ao seu lado). Quando finalmente achei uma vaga para encaixá-lo, olhei seu título. “Feitiços Curriculares”. Que droga, esse cérebro de trasgo estava esmurrando o livro que eu ia pegar.

POV DRACO

– Era o livro que eu ia pegar! Agora a Madame Pince vai dar um belo sermão sobre alunos descuidados antes de me emprestar o livro! – a Granger reclamou virando-se para mim. Eu sinceramente não vi de onde essa garota surgiu, mas é claro que ela ia salvar seu amado livro das garras de alguém que batia impiedosamente nele.

– Não enche, Granger! – eu disse.

– Não seja idiota então. – ela retrucou – Todos sabem o quanto Madame Pince é zelosa. Você provavelmente já leu o aviso dela em “Quadribol através dos Séculos” não é? “Se remover folhas, rasgar, vincar, dobrar, deformar, desfigurar, sujar, manchar, jogar, deixar cair ou, de qualquer outra maneira, danificar, maltratar ou demonstrar falta de respeito para com tal livro, sofrerá as piores consequências que eu puder lhe infligir.” Está a fim de saber que consequências são essas? Eu posso lhe adiantar que não são nada boas.

Sinceramente eu só conseguia pensar como essa garota sabia os por menores desse aviso.

– Que seja. – eu disse.

Ela colocou o livro de feitiços e um outro que trazia a mão em cima da mesinha em frente a estante e começou a olhar os títulos dos livros ali. Ficou em silêncio por um momento para por fim dizer:

– Você foi bem idiota em falar que o que a professora diz é loucura. – ela disse sem olhar para mim e eu fiz uma expressão indignada.

– Há-há Granger, eu só falei o que você também acha, mas não tem coragem de dizer, não é?- eu falei e ela virou-se para mim com um risinho irônico.

– Não faça-me rir. A Grifinória é a casa da coragem, lembra? – ela disse e deu uma piscadela.

– Hum... Então que dizer que aquele “Nossa casa não define nosso caráter” era hipocrisia? – eu perguntei em tom de ironia e o sorriso dela de fechou e ela corou fortemente.

– Sua mãe não te ensinou que escutar a conversa dos outros é falta de educação? – ela perguntou, parecia meio irritada e eu ri.

– Falar é fácil, não é Sabe-Tudo?

– Só ainda não estou apostando que você mudou tanto. – ela disse semicerrando os olhos.

– Acha que se eu não tivesse aprendido nada com tudo isso eu estaria conversando com uma... – comecei, mas eu sabia que não podia completar.

– Uma sague – ruim? – ela perguntou.

Tá, era isso. Mas pouco importava agora não é?

– O que é Granger? Vai ser ofender o que eu não disse? É tão maluca quanto a professora de Adivinhação.

POV HERMIONE

Não sei como cheguei a essa conclusão. Na verdade o raciocínio foi esse: Se eu era tão maluca quanto a professora Sibila e eu estava certa, ela também devia ter falado algo que acertou Malfoy em cheio.

– Tem realmente algo que te atormenta não é? – eu disse e vi o sangue se esvair de seu rosto, ele ficou ainda mais branco – Uma lembrança, não foi isso que a professora disse? Deve ser algo bem ruim para abalar o inabalável Draco Malfoy. – eu falei irônica – O que é Malfoy?

POV DRACO

A esperteza dessa garota é irritante, mas claro, eu jamais admitiria isso.

– Pensei que fosse mais esperta, Granger. Acredita mesmo que aquela doida vê o futuro? – eu ri sarcástico.

Ela passou um tempo em silêncio e seus olhos me olhavam com desconfiança.

– Está bem. – ela disse por fim. - Mas não acredito em você.

– Não faz diferença. – eu disse.

– Não mesmo. – ela disse dando de ombros.

– Irritante... - eu disse.

– E você se acha muito superior, não é? - ela perguntou cruzando os braços.

Eu andei até ela fazendo com que desse um passo para trás. Continuei andando e ela recuou até ser parada pela estante. Eu fiquei muito perto dela. Disse:

– Você pode ser muito espertinha, Sabe-Tudo, mas pra algumas coisa é extremamente burra. - eu disse e ela arfou indignada. - Vê se entende. Eu realmente aprendi algo com essa guerra. Essa superioridade de sangue. Não existe, tá eu entendi. - Agora sussurrei perigosamente, apoiando minha mãe da estante em que ela estava encostada - Vendo gente morrendo, sendo torturada, um pai em Azkaban e uma mãe arrasada, acho que você acaba aprendendo, querendo ou não. - a expressão dela parecia surpresa, mas não nos movemos.

– Não foi só você que passou por coisas ruins. - ela disse num tom que externava mágoa - Muitas pessoas que eu amava morreram. Eu fui torturada - ela disse e abaixou o tom de voz para o que falaria a seguir - e você viu. - Meu corpo tremeu quando ela isso, com a lembrança - E meus pais estão mortos. - eu vi que uma pequena lágrima caiu pelo seu rosto quando ela terminou de falar.

– Mas as coisas não são a mesmas para uma heroína e um ex comensal. - eu disse por fim e sai do corredor das estantes, deixando-a lá com um rosto pensativo e amargurado.

Procurei um mesa e me sentei respirando fundo. Que idiotice falar isso para essa garota, mas ela provoca. Que merda! Porque ela não facilita minha vida e para de achar que eu to querendo destruir o mundo?

De repente ela passou rápido por mim e pegou sua mochila que, eu nem tinha percebido, estava do meu lado na mesa, e saiu pisando duro pela porta da biblioteca.


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Notas finais do capítulo

Capítulo grandinho né? kkkkkk Espero que tenham curtido *--*
Comentem e/ou favoritem e tenham uma bom dia!
Beijo no coração e até o próximo capítulo o/