DRAMIONE || Compreendendo o inimigo escrita por Corujinha


Capítulo 19
Conversa entre sonserinos e ameaças




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POV HERMIONE


O domingo passou rápido como acontece com todos os dias em que não temos aula. Eu acordei descansada, mas realmente tarde. Ficar conversando com Gina pela madrugada fez com que eu perdesse o horário pro café da manhã, então minha amiga perguntou se eu queria visitar Hagrid, já que eu estava com esse plano pro sábado, mas acabou não dando certo. Eu aceitei o convite e passamos a manhã inteira com Hagrid.

Eles fez muitas perguntas a Gina sobre a família Weasley, principalmente sobre Jorge, enquanto bebíamos chá. Depois perguntou a mim como eu estava, se precisava de algo. Eu disse que não, que estava bem, e nós voltamos a falar sobre a escola e nossa vida depois que Voldemort foi derrotado.

Saímos da cabana de Hagrid direto para o Salão Principal para o almoço. Quando chegamos lá o lugar estava quase completamente cheio, mas sentamo-nos ao lado de Harry e Rony.

– Onde passaram a manhã? - perguntou Rony.

– Visitamos o Hagrid. Passamos quase toda a manhã conversando e tomando chá. - contei-lhe.

– Espero que ele não tenha oferecido biscoitos. - riu Rony.

A comida estava deliciosa como sempre, e o burburinhos de conversas animadas transformou-se em talheres em contato com pratos assim que a comida apareceu magicamente em cima das mesas.

Gina foi a primeira a se levantar. Ela terminou rápido, e disse em meu ouvido que precisava ir e depois nos veríamos. Eu assenti e disse-lhe um "Até depois". Demorei um pouco ainda comendo um pedaço de torta de maçã de sobremesa.

Harry saiu dizendo que ia até o dormitório, enquanto Parvati do outro lado me cumprimentava. Assim Rony ficou ao meu lado enquanto eu terminava minha refeição.

– Por que não foi ao Hagrid conosco ontem? - ele perguntou assim que terminamos.

– Bem, eu estava na biblioteca, tinha uma trabalho para terminar. Eu pedi desculpas a Harry ontem quando conversamos, gostaria de ter ido com vocês. - expliquei-me.

– Está certo.

Ficamos em silêncio. Rony ainda parecia querer dizer algo, mas não disse.

– Ron, está tudo bem? - perguntei.

– Tá sim, tá tudo bem. - ele respondeu rápido o que logo me mostrou que as coisas não estavam tudo bem.

– Eu sei que quer dizer algo. Vamos, diga logo! - eu disse.

Ele pensou por um instante e perguntou:

– Podemos ir lá fora?

– Claro. - respondi.

Nós nos levantamos e andamos até sairmos do Salão Principal. No corredor lá fora andamos um pouco em silêncio até que ninguém estivesse próximo a nós dois.

– O que aconteceu? - perguntei.

– Bem... - ele começou, pôs as mãos no bolso das vestes e não olhava diretamente nos meus olhos - É que o Harry... Bem, ele me disse que acha que Gina está com alguém.

Rony fez bem em não ter me dito isso no Salão Principal enquanto eu almoçava, porque acho que se eu estivesse bebendo algo provavelmente cuspiria.

– O-o que?

– Pois é. Eu acho que não, mas ele disse que eu estou enganado, aí como você é a melhor amiga dela eu pensei que talvez você soubesse de algo que pudesse me dizer.

– Rony, por que não pergunta pra sua irmã?

– Hermione, eu sou o irmão dela. Qual é, acha mesmo que ela me diria? - ele fez uma expressão como se o que ele dissesse fosse óbvio, e deveria ser.

– Okay, mas não é algo que você deveria perguntar a mim.

– Quer dizer que é verdade? - ele perguntou surpreso.

– Não! Rony, espera, eu não disse isso, tá? - tentei explicar.

– Então é mentira né?

– Rony, me escuta, se o que você quer saber é se a Gina está namorando, não ela não está, mas por favor, quando se tratar da vida dela, converse com ela. - por pedi-lhe.

– Tudo bem, tudo bem. - ele respondeu pouco satisfeito.

Eu vi algo que me chamou atenção, e tentei não deixar Rony notar no que eu prestava atenção enquanto ele me agradecia e dizia que só me perguntou porque Harry contou-lhe isso e a notícia o pegou de surpresa, pois ele não sabia de nada.

Um pouco longe, no final do corredor na curva a esquerda, Draco conversava com Blásio. Eu olhei algumas vezes disfarçadamente pra os dois. Zabine dizia algo que, ao que parecia, estava deixando Malfoy muito chateado. Eu vi ele virar-se e dar um soco na parede. Mesmo de longe eu percebia que ele estava furioso. Quando eles fizeram a curva no corredor e eu os perdi de vista, e disse a Rony:

– Tudo bem, Rony, eu compreendo sua preocupação com Gina, mas acredite, se acontecer ela lhe contará quando se sentir confortável. Agora eu preciso ir, até depois. - me despedi.

– Obrigado, Mione. Até depois. - ele disse. Senti que ele ficou curioso sobre para onde eu iria, mas eu lhe deixei antes que ele perguntasse.

Segui até o final do corredor e Malfoy e Zabine novamente estavam um pouco distantes, pareciam ter diminuído o passo. Esperei que eles virassem no próximo corredor e continuei andando em silêncio. Olhei os lados, estava vazio. Esperei atrás de uma parede que impedia que eles me vissem, mas as vozes estavam perto. Era melhor que eu não fizesse barulho.

– Olha, não banca o salvador, okay? O que é melhor é você ficar na sua. - era Blásio quem falava.

– Não se trata de bancar o salvador, se ela fizer isso vai prejudicar todos nós, você sabe disso! - Draco respondeu nervoso.

– Ninguém vai saber que foi ela, ninguém vai saber que isso teve algo a ver com a Sonserina. - o outro tentou explicar.

– Tá maluco? Isso é a coisa mais óbvia do mundo!

– Eu já me arrependi de ter te contado isso. Então é melhor você fingir que eu não te disse nada. Me ouve, é melhor não interferir. - Blásio aconselhou.

Ouvi passos distanciando-se o que significava que eles começaram a se afastar novamente, mas ainda ouvi Draco dizer:

– Eu deveria interferir sim para salvar a nossa pele.

Eu não ouvi mais nada e nem continuei a segui-los, já estava me sentindo mal por estar ouvindo uma conversa que não deveria. Retornei pelo caminho que tinha feito para chegar até ali, mas o que eu havia ouvido há pouco ainda martelava em minha mente. Do que será que eles estavam falando? O que alguém da Sonserina queria fazer que prejudicaria a casa?

(----)

– Um teste!? Fala sério, não está muito cedo pra isso? - reclamou Rony. Aparentemente sua segunda-feira havia sido destruída com a notícia de que haveria um teste de feitiços no dia seguinte.

– Na verdade não, Ron. Testes podem ser aplicados a qualquer momento, somente provas tem uma época demarcada. - expliquei-lhe.

– Era demais esperar que ela me apoiasse né? - ele perguntou a Harry que estava conosco.

– Acho que sim. - Harry riu.

Teríamos teste de feitiços no dia seguinte. Eu não estava preocupada como Rony, mas sabia que teria que passar minha tarde na biblioteca revisando a matéria.

Fomos juntos para o Salão Principal almoçar. Antes de entrar eu olhei para o fim do corredor e lembrei do havia ouvido ontem. Ainda tentava juntos os pontos, tentava entende o que aquilo queria dizer, mas não compreendia. Por que alguém da Sonserina ia querer prejudicar a casa, e como faria isso?

(----)

– O que vocês tem feito? Não estudam mais? - perguntei a Harry e Rony na biblioteca. Eles resolveram estudar comigo a tarde para o teste do dia seguinte.

– Olha, ainda me pergunto o que eu to fazendo aqui. - Rony resmungou.

– Fazendo o último ano dos seus estudos, é mais que sua obrigação, Rony Weasley. - respondi à ele - Harry você está entendo a matéria? - perguntei ao meu amigo que estava estranhamente calado.

– Sim. - ele disse.

– Sério? - impressionou-se Rony - Até você, Harry?

– É fácil, Rony. Ah Merlin, eu já acabei com meus métodos de ensino, qual a dificuldade nesses feitiços? - perguntei.

– Quer saber, acho que eu prefiro os feitiços na prática, não na teoria. - respondeu Rony.

– Ai, desisto. - suspirei derrotada - Quer saber? Harry, você entendeu. Ajude-o por enquanto. Vou até a cozinha. Já se foram quatro horas e eu não consegui que você entendesse! Preciso de água, e um pouco de ar. - saí da biblioteca chateada.

Comecei a andar pelos corredores a passos largos. Eu sempre ajudei Harry e Rony com as matérias, mas eu sei que o Ron não tinha como seu primeiro plano, depois da queda de Voldemort, retornar a Hogwarts, e isso deixava minha tarefa mais difícil que nos outros anos.

Foi uma surpresa quando, enquanto eu pensava nisso andando em direção a cozinha, meu braço foi segurado e puxado. Não pude evitar o grito surpreso.

– Shhh! Não faz barulho.

– Só podia ser você! Ficou louco? Me assustou! - eu reclamei. Era Draco, claro. Ele parecia adorar esse tipo de aparição.

– Desculpe. - ele riu - É que você e seus amiguinhos são inseparáveis, heim.

– Estava me vigiando? - acusei mais que perguntei.

– Acha que isso é do meu feitio? - ele fez uma expressão de incredulidade.

– Acho. - afirmei.

Ele riu e se aproximou mais de mim até que minhas costas encostaram a parede.

– Estamos nos corredores. - repreendi-o. Na verdade estávamos fora da visão se quem vinha da esquerda, mas não da direita, embora o corredor estivesse vazio. Pra variar ele não levou meu aviso a sério.

– Como está? - ele perguntou.

Fiz uma expressão desconfiada.

– Acho... que bem. Por que?

– Nada. - ele respondeu, mas eu não acreditei.

– Eu... precisava mesmo falar com você. - eu disse de repente me lembrando de ontem quando ele estava furioso pelo que Zabine havia lhe contado.

– O que foi? - ele perguntou, o sorriso sendo substituído por uma expressão apreensiva. Notei que ele ainda parecia nervoso, aquilo me deixou preocupada. Não tinha dúvidas que estava acontecendo algo.

– Não quero falar sobre isso aqui, qualquer um pode passar. - expliquei.

Draco envolveu minha cintura e me puxou com delicadeza. Ainda não entendia o olhar que ele me lançava.

– Encontro você amanhã de noite no lago. - ele disse, afastando um cacho do meu cabelo de meu rosto.

– Preciso falar com você hoje. - eu disse. Eu sabia que o assunto da conversa dele com Blásio ontem podia nem ser da minha conta, mas agora era mais que isso. Era o que estava deixando-o daquele jeito estranho.

– Não posso te ver hoje a noite. - ele disse.

– Por que? - perguntei automaticamente.

– Depois eu explico. - ele respondeu desconfortável, mas foi tudo o que me disse. - Tudo bem? - ele certificou-se e eu fiz que sim com a cabeça depois de uma rápida hesitação.

Ele se aproximou de mim e me beijou rapidamente em seguida senti suas mãos me abandonarem. Ele virou no corredor e se foi.

POV DRACO


Eu não tive coragem de falar. Ela estava bem, então talvez eu não precisasse mesmo dizer. Blásio disse que eu não me intrometesse, mas acho que vou ter que desapontar meu amigo.

Quando terminamos de almoçar ontem, Blásio disse que queria me contar uma coisa que tinha descoberto.

– Está fazendo fofoca como as garotas, Blás. - reclamei enquanto saíamos do Salão Principal.

Já lá fora no corredor ele continuou:

– Filch quase pegou Pansy fazendo uma Poção do Infortúnio. - ele me contou.

– Era isso? Nott chegou um pouco da sua frente com a notícia.

– Não é isso, sabe pra que ela fez a poção? - ele perguntou.

– Não. - respondi.

– Ela vai dar pra Granger. Eu não sei como, mas acho que ela queria esperar uma oportunidade que a Granger precisasse de sorte, precisasse se dar bem e ia dar um jeito dela beber. Ia não, na verdade ela ainda tá com esse plano.

– O que? - eu não acreditei.

– É, ela fez pra Granger. Eu tava saindo das masmorras quando vi ela contando para aquelas duas amigas que vivem com ela.

– Idiota! - eu disse pra mim mesmo dando um soco na parede do corredor de tanta raiva que senti - Tava muito óbvio, como eu não percebi?

– É verdade, não é? Pans tem uma raiva que enorme daquela garota... Bem, eu que não queria estar na pele dela, nós sabemos como é a Pansy. - ele disse e continuou andando virando a direita. Eu o acompanhei.

Enquanto caminhávamos para virar novamente no fim do corredor eu disse:

– Não posso deixá-la fazer isso.

– O que? Vai fazer o que? - ele perguntou curioso.

– Não sei ainda, mas não vou deixar. Ela tá maluca, é injusto e ela vai nos prejudicar.

– Injusto? Você bebeu, cara? Tá defendendo a Granger?

– Eu... Não eu... Olha, Pansy é da nossa casa, sabe quantos pontos isso vai custar pra Sonserina quando a Minerva descobrir?

– Como a Minerva descobriria?

– Acha que a Pansy é cuidadosa com algo? Vai ser fácil pra Minerva. É melhor impedi-la. - eu disse enquanto virávamos o próximo corredor.

– Olha, não banca o salvador, okay? O que é melhor é você ficar na sua. - Blásio parou e olhou diretamente pra mim tentando me dar essa ordem.

– Não se trata de bancar o salvador, se ela fizer isso vai prejudicar todos nós, você sabe disso!

– Ninguém vai saber que foi ela, ninguém vai saber que isso teve algo a ver com a Sonserina. - ele tentou argumentar.

– Tá maluco? Isso é a coisa mais óbvia do mundo! - tentei convencê-lo.

– Eu já me arrependi de ter te contado isso. Então é melhor você fingir que eu não te disse nada. Me ouve, é melhor não interferir.

Blás bufou e continuou andando, eu me movia mais lentamente, ele logo abriu certa distância de mim. Ele não estava nada satisfeito com o que eu queria fazer, mas eu pouco me importava.

– Eu deveria interferir sim pra salvar a nossa pele. - eu disse seguindo-o.

(---)

Enquanto eu andava em direção ao jardim, percebi que eu sabia exatamente quando Pansy iria usar a poção em Hermione, ela já havia mencionado uma vez. Queria que a Granger tivesse azar quando estivesse fazendo uma prova, que tirasse zero só pra vê-la enlouquecendo por isso. É, certamente esse é o terror de uma Sabe-Tudo, Pansy sabe jogar. Eu conseguia até imaginar a reação que as duas teriam com isso. Pansy ia rir eternamente com aquelas garotas que andam com ela, enquanto Hermione não ia ter ideia do que provocou algo tão inacreditável como ela tirando zero em uma prova.

De verdade, eu não sabia o que fazer. Eu não posso deixar Pansy fazer isso, mas... ela sabe que há um tempo atrás eu até lhe daria cobertura se fosse preciso, o que vai pensar?

Merda! De nada adianta ficar traçando planos de como impedi-la, sem que ela fique desconfiada de mim, ela é inconsequente (embora eu não seja lá muito menos inconsequente que ela, admito)! É melhor falar com ela diretamente. Sempre a convenci com facilidade, por que seria diferente?

Girei em meu calcanhares e fui para o Salão Comunal da Sonserina, onde com certeza ela estava há essa hora. Não pensar no que vou dizer, e fazer o que eu achar certo na hora funciona pra mim na maioria das vezes, então tentei não pensar muito no caminho até as masmorras.

Quando entrei no Salão Comunal ela estava lá como eu suspeitava junto com duas outras garotas. Quando me viu me cumprimentou:

– Draco! - ela disse animada.

– Quero falar como você. - informei-a.

– Ai que cara séria. Deve ser algo chato. Tem que ser agora? - ela perguntou fazendo uma expressão entediada.

– Tem sim. E vocês - disse as amiguinhas dela cujos nomes eu não conseguia mesmo me lembrar que agora me encaravam - é melhor irem. Quero falar com ela.

Elas não ficaram nada satisfeitas, mas mesmo assim saíram me direcionando sorrisos conformados.

– O que é? Vai reclamar de que dessa vez?

– Fiquei sabendo que o Filch quase te pegou fazendo uma poção escondida. - comecei.

– O que? Ah fala sério, aquele velho idiota não chegou nem perto de mim. Você ainda acredita nessas fofocas? O que acha que eu sou? Louca?

– Sinceramente?

– Draco, você anda muito rabugento. Qual é, nem parece você! Vamos, não esquenta com isso, já acabou. - ela levantou-se do sofá onde estava e caminhou até a minha frente ficando bem próxima a mim e colocando suas mãos em minhas veste na altura dos ombros - Você tem que relaxar. Que tal se divertir um pouco?

– Não acabou, Pansy. Vai dar a poção pra Granger antes da prova, não é ? - perguntei acusadoramente. Ela fez cara feia e me deu as costas cruzando os braços.

– E se for?

– Não vou deixar que faça isso. - avisei-a e ela virou-se novamente pra mim com um grande sorriso.

– Não vai deixar que eu faça sozinha? Ótimo, Draco. Melhor ainda... - ela começou, mas eu a interrompi.

– Não vou deixar que faça de maneira alguma. - eu disse deixando-a com uma expressão confusa no rosto.

– O que que dizer com isso?

– Acho que deu pra entender.

Ela me olhou ainda mais confusa e por um instante acho que não conseguiu dizer nada, mas quando disse foi:

– Você tá com alguma problema? É a Granger! Você viu o que ela fez comigo na entrada do Salão Principal? Não vou deixa as coisas assim.

– Deixa de ser infantil, Pans! Dá pra pensar em alguém além de você? Sabe quantos pontos a Sonserina vai perder quando a Minerva descobrir?

– Ela não vai descobrir. - ela assegurou. - Draco, desiste okay? O que eu faço não importa a você. - ela disse e tentou se dirigir a saída do Salão Comunal, mas segurei seu braço quando ela passou ao meu lado.

– Não vai fazer nada com Hermione. - disse olhando em seus olhos, convicto.

– Hermione? - ela repetiu e se soltou a força de mim - Desde quando tem toda essa intimidade com aquela Sabe-Tudo?

– Não mude de assunto.

– Draco Malfoy, você não está... - ela disse, mas não completou sua frase. Vi compreensão passando por seu olhos e eles se arregalaram, vidrados em meu rosto. - Não pode ser.

– Pansy...

– Você está com aquela...? - ela não completou a frase.

– Pansy, não pira, olha...

– Não, faz todo sentido. Por que mais você viria aqui defendê-la? Mas ela... Não.

Rapidamente seu olhar passou se compreensão para raiva.

– Como pôde!? - ela gritou e disparou uma sequência de socos em mim.

– Pans... Pansy! Pansy para! - eu tentei contê-la.

– Eu odeio vocês! - ela disparou enquanto eu tentava segurá-la, mas ela se soltou. - Eu tenho nojo de você e daquela idiota! - ela gritou em minha direção e saiu do Salão furiosa.

– Pansy, volta aqui! - eu disse.

– Me deixa, não fale mais comigo! - ela gritou novamente e sumiu no corredor.

Eu não a segui, entrei de novo no Salão. Merda! Deu tudo errado! Chutei a mesinha de centro fazendo-a virar de lado, derrubando e quebrando tudo o que estava em cima. Me sentei na poltrona e recostei minha cabeça no apoio. Dessa vez minha tática não havia dado certo, mas duvido que se eu tivesse planejado algo teria obtido uma resposta diferente.

Eu me xingava internamente e tinha vontade de quebrar tudo que estivesse inteiro naquele Salão, por isso continuei sentado e cobri meu rosto com as mãos. Decidi esperar que Pansy voltasse e eu pudesse remediar a situação, e eu esperei por um bom tempo, mas ela não deu as caras.

Minha noite de segunda feira tinha ido pro buraco, embora eu já não tivesse qualquer esperança de que ela seria boa. Pansy era a última pessoa que podia saber... Ah, eu sou muito idiota...

Algumas horas (talvez duas) depois, nas quais eu sequer saí de onde estava, notei que a entrada se abriu e pensei que Pansy havia retornado, mas era Blásio.

– Por Merlin, o que aconteceu aqui? - ele perguntou olhando a bagunça que eu havia feito.

– Não enche, Blásio. Me deixa sozinho. - resmunguei.

– Oh, calma aí, cara, só vim perguntar o que diabos você fez com a Pans.

– O que eu fiz?

– É, ela tá furiosa com você, e acho que isso tá afetando o cérebro dela. - ele disse colocando a mesa de novo em pé e sentando-se nela.

– Por que diz isso? - perguntei.

– Ela disse que você tá com a Granger. Sabe...? Ficando com ela. Óbvio que ela tá louca não é, cara?

Não respondi nada a Blásio. Pansy não consegue ficar duas horas com a boca calada, é isso? Filha da...

– Não é verdade, né, Draco?

Ignorei Blás novamente. Apoiei minha cabeça nas mãos e foquei no que era mais importante. Impedir que Pansy fizesse com que a escola inteira soubesse daquilo da mesma maneira que meu amigo. Uma tarefa quase impossível, mas enquanto eu pensava nisso Blásio chegou a uma conclusão incontestável.

– Ah Merlin... Que porra você tá fazendo, Draco? - ele me encarou.

– Que droga, Blásio! - gritei me pondo de pé - Quer que eu diga o que?

– Que sabe o tamanho do problema que é aquela garota!

– Sei o que to fazendo. - afirmei.

– Ah claro, to vendo! - ele disse em ironia.

– Quer falar de quem? Eu vi você andando as escondidas com a ruivinha Weasley. Você não tem qualquer direito de falar que eu to fazendo besteira.

– Ah qual é, eu... - ele não completou - Que que é, eu gostei dela.

– Idiota!

– Você é o idiota! A Granger é um problema bem maior! - ele abaixou a voz pra continuar - Já esqueceu tudo que aconteceu foi?

– Claro que não.

– Draco, em nome de Merlin, tem muita garota nesse colégio, podia ser qualquer uma. Que diabos você viu na Granger? - ele quis saber.

– Que diabos você viu na Weasley? - respondi com outra pergunta.

– Não mude de assunto!

– Blás, acabou, okay? Chega! - eu quis encerrar a conversa.

Zabine respirou fundo por alguns instantes.

– Então era ela que tava te deixando daquele jeito? Nunca ia passar pela minha mente. - ele disse - O que vai fazer?

– Quero descansar. Pansy já fez muita besteira que eu não posso remediar antes de por as ideias no lugar. To exausto.

– Quero dizer, o que vai fazer com o plano de Pansy. Agora, eu sei que o que você queria mesmo era proteger a Sabe-Tudo e não a nossa casa. Fala aí, o que vai fazer?

– Não sei, só ficar de olho nela talvez. Ela provavelmente não quer nem olhar na minha cara, não dá pra falar com ela.

– E se ela contar pra alguém?

– Ela já fez isso né? - eu disse referindo-me a ele.

– Tá, mas ela ter me contando é o de menos. Já pensou se em vez de mim fosse, sei lá, o Potter? - ele supôs.

– E daí?

– E daí? Que feitiço essa garota fez no seu cérebro?

– Blásio, me deixa em paz, cara. Não tá ajudando em nada.

– Okay, okay. Só vê se pensa no que você tá fazendo, se achar que é o melhor pra você sabe que eu sou teu amigo, vou te apoiar, mas seja racional. - ele me pediu.

Respirei fundo e agradeci:

– Tudo bem. Valeu, cara.

– Então, eu vou atrás da Pans. Talvez ela ainda não tenha se matado por conta da raiva. - ele disse e em um instante havia sumido pela porta.

Depois de alguns minutos eu me direcionei para o dormitório para tomar um banho. Talvez ajude a pensar no que eu vou fazer agora.

(----)

POV HERMIONE


Eu tinha certeza que já sabia a matéria de cor, mas continuava lendo o livro, consultando os trabalhos e respondendo as inúmeras perguntas de Harry e Rony.

Continuamos estudando no Salão Comunal. Arrastamos as poltronas para perto da fogueira, e nos empenhamos em conseguir os três uma ótima nota amanhã. Para não dizer que não tivemos avanço, tenho certeza que Harry pode tirar a nota máxima se tiver bastante atenção. Okay, Rony também teve lá seu avanço, mas admito que mais por conta de Harry que de mim que acabei perdendo a paciência fácil.

Pensar em Draco hoje a tarde me angustiava e o pior era não saber porque. Eu sabia que tinha algo estranho, algo fora de sua normalidade, mas o que era? O que deixou Draco com aquele olhar de preocupação comigo?

Ele perguntou como eu estava como se eu tivesse acabado de me recuperar de uma gripe forte. Isso me deixou desconfiada, e acabou tomando conta dos meus pensamentos naquele momento, tanto que não vi Gina entrar.

– Ainda estão aí? - ela surpreendeu-se.

Sua voz fez eu voltar para a realidade na qual eu estava e respondi:

– Temos teste.

– Eu sei, mas pensei que estivessem estudado a tarde inteira na biblioteca.

– Nós fizemos isso. - disse a ela.

Ela sentou-se no braço da poltrona na qual eu estava e de repente pareceu muito interessada no livro que estava comigo. Depois de dar uma olhada na capa e nas primeiras páginas ela aproximou-se de mim e cochichou em meu ouvido:

– Não vai a lugar nenhum hoje? - perguntou ela e eu fiz sinal negativo com a cabeça em resposta - Aconteceu alguma coisa? - ela perguntou da mesma maneira e eu dei de ombros mostrando que não sabia, o que na realidade era verdade.

– Não podemos saber da conversa, é? - Rony perguntou rindo.

– Coisas de garotas, mano. - ela deu uma piscadela pra ele.

– Então eu prefiro nem saber. - ele respondeu.

– Vou dormir. - Harry disse-nos - Obrigada pela ajuda, Hermione. Até amanhã.

– Boa noite. - nós respondemos em uníssono.

Olhei pra Gina e percebi que ela olhava para o caminho que Harry fazia com pesar, culpa. Senti por minha amiga, sabia que ela era sensível aos sentimentos dos outros, e nesse caso, as coisas ainda eram mais complicadas. Imaginei que talvez ela achasse que Harry ficasse chateado pela presença dela e se sentisse mal por causar-lhe tal desconforto.

– Também vou pro dormitório. Não é bom dormir tarde em véspera de teste. - eu avisei. - Vai subir agora, Gi?

– Sim. - ela respondeu de pronto - Vamos?

– Claro, vamos!

Nós dissemos boa noite a Rony que disse que também estava indo para o dormitório porque não ia ficar sozinho no Salão Comunal. Peguei meus livros, e então Gina e eu subimos para o dormitório. Lá havia algumas garotas lendo seus livros de feitiços. Esse é o momento em que vemos todos estudando.

– Pensei que você fosse sair com ele. - Gina disse próxima a mim e baixinho para que as outras garotas não ouvissem.

Óbvio que ela falava de Draco então eu respondi:

– Não hoje, mas tenho algo pra conversar com você. - eu disse a ela que me olhou desconfiada. - Vem, vamos nos sentar.

Nós nos sentamos da minha cama uma de frente pra outra e eu comecei a falar bem baixinho para que ninguém ouvisse:

– Hoje aconteceu uma coisa que é melhor que você saiba logo. - eu disse a ela.

– O que foi?

– Rony me perguntou se você estava com alguém porque Harry disse a ele que estava. - contei-lhe.

– O que? - ela surpreendeu-se.

– É eu sei. Eu fiquei bem surpresa também.

– Por Merlin, o que disse a ele? - ela perguntou apressada, tendo dificuldade de manter um baixo tom de voz.

– Que você não estava namorando, se era o que ele queria saber, afinal você não está mesmo, eu não menti pra ele. - expliquei.

– Por que ele não falou comigo? - ela perguntou.

– Foi o que eu disse, ele deveria ter conversado com você. - respondi.

– Se bem que talvez tenha sido melhor ele falar com você. - ela ponderou.

– O que? Por que? Não, não, não foi nada legal, eu não sabia o que fazer.

– Mas você pensou rápido. Eu tenho certeza que eu ia travar e dar bandeira. - ela balançou a cabeça, parecia querer espantar tal pensamento - Hermione, obrigada. Nem sei o que te dizer. - minha amiga agradeceu.

– Tá tudo bem. - garanti - Mas Gina... Você não vai contar pra ele? E se eu dia, sei lá, ele ver vocês como eu vi?

– Nem pense nisso, tenho medo só de imaginar. Ele ia surtar. - ela disse e nós ficamos em silêncio, talvez imaginando a mesma cena. Rony descobrindo que a irmã está com Blásio Zabine.

– E você? Não pensa em contar a eles sobre Malfoy? Pra você é pior, pode acreditar. Vai ter que contar pro Harry e pro Rony, e eles provavelmente terão reações parecidas.

– Querer me matar? - supus.

– É mais fácil que eles queiram matar o Malfoy, eu acho.

– Não gosto nem de imaginar isso. - eu suspirei - E não vá achando que Harry não vai ter nenhuma reação quando descobrir de Blásio. Lembre-se que foi ele que disse a Ron, ele está suspeitando de algo, ou então já sabe. Estamos em uma enrascada de proporcional tamanho, okay?

– Talvez estejamos. - ela ponderou.

– Estamos. - afirmei.

– Okay estamos. - ela aceitou.

– Acha que Harry viu algo? - ela quis saber.

– Eu não sei. Será que se tivesse visto ele ia somente dizer a Rony que a irmã está com outra pessoa e mais nada. É difícil dizer...

– Isso me deixa preocupada. - ela disse por fim e ficamos em silêncio por um tempo, as duas perdidas em seus próprios pensamentos.

– É melhor dormirmos. - ela disse - Você tem teste amanhã, não é?

– Tenho.

– Se bem te conheço vai acordar bem cedo, então é melhor dormir mais cedo. Boa noite.

– Boa noite, Gina.

– E mais uma vez obrigada. - ela agrdeceu.

– Não há de que.

(----)

Eu realmente acordei bem cedo. Depois de tomar um bom banho e me vestir, desci para o Salão Principal com o livro de feitiços a mão. Rony e Harry estavam lá. Após cumprimentá-los, comecei meu café da manhã com meu livro aberto em cima da mesa, comendo um pedaço de bolo e com um copo de suco de abóbora do lado.

O Salão estava vazio, mas o último ano da Grifinória estava lá com seus livros abertos estudando no pouco tempo que tinham antes do teste. Eu não olhei muito os lados, por estar concentrada na minha leitura. Talvez eu não devesse ter feito isso.

– Olha, a Granger não podia estar fazendo outra coisa mesmo, não é? - ouvi a voz ao meu lado e logo olhei, tentando certificar-me de que era mesmo ela. A má noticia é que eu não estava errada e Pansy Parkinson estava bem ao meu lado, do lado oposto ao que estaca Harry e Rony.

– O que quer aqui? - foi minha primeira pergunta, provavelmente num tom nada amigável.

– Calminha, só quero falar algo com você.

– Tenho certeza de que não temos nada pra falar uma com a outra? - afirmei.

– Tem tanta certeza assim? - ela perguntou - Pois eu acho que nós temos algo em comum, ou melhor, alguém em comum. - ela disse com um sorriso irônico.

Minha respiração ficou entrecortada. Ah Merlin, eu nem precisei pensar muito pra saber do que ela falava, eu sabia, mas como ela sabia?

– Mione? O que tá acontecendo? - Harry perguntou.

– Ah, o Potter não sabe? - ela riu - Que tal eu contar?

– Pensei que quisesse falar comigo. - me levantei e olhei diretamente pra ele.

– É, acho que vou deixar a tarefa de contar aos os seus amiguinhos pra você. - ela sorriu.

– Vamos conversar lá fora. - impus e ela me olhou com os olhos semicerrados, em seguida passou a minha frente em direção a saída do Salão.

– O que você quer? - questionei assim que saímos no corredor.

– Quer saber? Eu subestimei você. É, você é realmente bem esperta, afinal pra alguém como você, ter um Malfoy ao lado é um grande lucro não é? Nome, dinheiro, o que mais você quer, heim?

– É melhor você tomar cuidado com o que fala... - disse tentando ficar calma.

– É melhor você tomar cuidado! Saia de perto dele, quem você pensa que é, sua Sangue-ruim?

Eu respirei fundo. Calma, calma. Ela não vale a pena.

– Parkinson, você não tem esse direito. Não se atreva a me ameaçar como fez lá dentro.

– Então, afaste-se. Vamos lá, espertinha, esse papel de vagabunda não combina com você.

Foi aí que as coisas perderam o controle. Quando eu vi, já tinha agido. Dei um tapa em Pansy.

– Não se atreva a me chamar assim. Não está falando com alguém como você.

Ela estava com a mão direita no rosto. Tinha expressão surpresa e o cabelo preto liso um pouco bagunçado. Ela olhou pra mim, seus olhos pareciam brilhar de raiva.

– Vou fazer com que se arrependa eternamente disso. - ela ameaçou.


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