DRAMIONE || Compreendendo o inimigo escrita por Corujinha


Capítulo 18
Boa companhia e Gina conta a história


Notas iniciais do capítulo

Voltei rápido heim? Tudo certinho aí com vocês?
Queria agradecer a todos vocês. Não me canso de falar isso, vocês são muito importantes pra mim. Um beijo no coração de vocês.
Então, tá. Vamos pra leitura.



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POV HERMIONE


Dessa vez não tive que me esconder de Filch e sim de Madame Nora. Ela me viu, deu um miado alto como se dissesse "Peguei você" e saiu correndo provavelmente atrás do dono. Eu me apressei ainda mais até chegar ao quadro da Mulher Gorda e lhe dizer a senha. Ela me olhou com cara feia como nas noites anteriores, mas dessa vez não disse nada e me deixou entrar.

Simplesmente me joguei em uma das poltronas do Salão Comunal e respirei fundo. Eu realmente não fazia isso, não era de quebrar as regras do colégio desse jeito excerto, claro, quando era extremamente necessário como quando eu, Harry e Rony precisamos ir atrás da pedra filosofal, ou voltar no tempo com Harry, criar a armada de Dumbledore e treinar alunos para uma guerra as escondidas... Okay, eu não tinha lá um histórico limpo quando o assunto era quebrar as regras do colégio, mas nessas situações de um modo ou de outro Voldemort estava envolvido. Agora não. Para o bem de todos nós agora ele estava morto.

Eu pousei meu rosto nas mãos e comecei a rir. Sim, comecei a rir. Talvez fosse nervosismo, mas agora eu andava as escondidas depois do toque de recolher pra me encontrar na torre de astronomia com meu antigo inimigo porque eu estava sentindo algo realmente forte por ele. É isso mesmo, Hermione Granger?

Ah, Merlin, é melhor eu aceitar que as coisas não podem ser fáceis pra mim, não é?

Me aconcheguei mais a poltrona. Comecei a pensar na maneira como me sentia quando estava com Malfoy. Filho da mãe, xinguei internamente. Eu nunca havia sentido aquilo, chegava a ficar receosa. Ontem quando ele me beijou, eu senti meu corpo todo esquentar. O calor parecia começar nos pontos na minha pele onde ele me tocava e se irradiar por todo o meu corpo e eu sentia vontade de puxá-lo até que ele estivesse o mais próximo que fosse possível.

Sacudi a cabeça. Ele me fazia pensar essas coisas, e isso me assustava. Eu sabia que eu tinha idade suficiente para entender isso, mas minha experiência era uma relação fracassada com Rony, afinal Vitor Krum não foi lá o que se pode chamar de relação, e eu não sentia isso com Rony. Com ele as coisas eram calmas. Amorosas, calmas... Pacatas. Com Draco as coisas eram tudo menos calmas dentro de mim.

Espera. Eu estava comparando os dois? Bufei indignada. Eu não deveria fazer isso. Eles são completamente diferentes.

O barulho da porta se abrindo fez com que eu saísse do meu devaneio e voltasse para onde estava. Vi Gina entrando no Salão Comunal e me lembrei do que havia visto há alguns minutos. Eu sinceramente não via nada errado se Gina e Blásio realmente... Não sei, estivessem juntos. Só que ela ainda ficava desconfortável sempre que eu tocava no nome de Harry, não imaginei que ela se relacionaria com alguém agora e... Ela não me disse nada. Não entendo porque esconderia isso.

– Oi. - cumprimentei.

– Olá - ela me respondeu. Seu rosto estava vermelho, parecia esconder que estava arfante. - Você chegou mais cedo que nas outras noites, aconteceu alguma coisa? - ela me perguntou sentando-se na poltrona perto de mim.

– Não, por que?

– Não sei, você saiu do dormitório há horas com uma cara de poucos amigos. - ela explicou.

– Eu só tinha que resolver um problema, mas acho que está tudo certo. E você? O que estava fazendo? - perguntei. Eu não estava chateada com Gina nem nada, mas mesmo assim decidi não ir direto ao ponto.

– Só... Dando uma volta. - ela respondeu, parecia um tanto desconfortável. Pensei se Gina estaria mentindo pra mim porque tinha medo de que eu tivesse uma reação negativa, assim como ela tinha quando não havia me contado sobre o que havia acontecido entre ela e Harry.

Eu peguei o travesseiro que estava caído no chão ao lado da minha poltrona e fiquei cobrindo com o dedo a linha do contorno do brasão da Grifinória estampado nele.

– Zabine é uma boa companhia?

Olhei pra minha amiga e seu olhos estavam arregalados de surpresa e sua boca estava aberta.

– Como... Como...? - ela tentou dizer.

– Vi vocês juntos. - expliquei - Acho que estavam escapando do Filch.

– Onde?

– Corredor da torre de astronomia.

– Hermione, eu... não sei exatamente o que te dizer. - ela disse constrangida.

– Por que não disse nada? - perguntei o que na verdade estava me deixando curiosa.

Ela respirou fundo antes de responder.

– Mione, você sabe que é minha melhor amiga, mas também é a melhor amiga de Harry. Eu pensei que talvez pudesse... não sei... ficar chateada por ele.

– Gina, quando você ia me contar sobre o que tinha acontecido com você e Harry também pensou que eu teria uma reação desse tipo e eu não tive, porque sou sua amiga e entendo o que você me contar, compreendo você. - eu disse e Gina sorriu.

– Eu sei, foi bem idiota. - ela concluiu - Bom... Então que tal eu te contar o que aconteceu?

– Eu bem que gostaria de saber. - eu ri admitindo - Acha que estão todos dormindo?

– Provavelmente. Espero que não esteja cansada, é meio longa a história...

– Não estou. - afirmei.

– Bom - ela começou - você sabe o que aconteceu na festa de boas vindas e depois. - eu assenti - Blásio me perguntou ainda algumas vezes como andavam as coisas, se eu estava bem e se tinha algo que ele podia fazer. - eu semicerrei os olhos em uma expressão de incredulidade, pois não conseguia imaginar muito bem Blásio Zabine fazendo isso - Não faça essa cara, eu fiquei tão surpresa quanto você. Enfim, o fato é que conversamos na biblioteca em uma dessas noites em que você chegou tarde e eu pensei que podia te encontrar lá. Estava quase fechando, mas ainda tínhamos um tempo e acabamos falando sobre o dia da festa. - Gina afundou um pouco na poltrona - Eu acabei falando umas coisas que eu achei que não era algo que eu devia falar pra ele, mas ele escutava e comentava de maneira que parecia me entender de uma maneira... surpreendente. Quando Madame Pince finalmente veio nos expulsar ainda andamos pelos corredores conversando por um tempo. Lembro dele dizendo "Você deveria se divertir enquanto o Potter não percebe o que tá perdendo." - ela disse e riu - Naquele noite eu disse a ele que era mais legal do que eu podia imaginar e ele fez expressão meio duvidosa, meio indignada e agradeceu com um "obrigado, eu acho". No outro dia nós nos encontramos de uma maneira mais... arriscada.

– Como assim? - perguntei.

– Ele disse que estava só exercitando um feitiços, mas por acidente quase me atingiu com um expelliarmus, pois não tinha me visto no corredor que leva pra fora do castelo.

– É proibida a magia nos corredores. - lembrei-a.

– Não era eu que estava fazendo. - ela defendeu-se e continuou a história. - Houve mais alguns encontros casuais em que acabávamos conversando um pouco por aí. Em um dele eles me convidou pra ir com ele dar uma volta pelo castelo depois que as pessoas fossem para seus salões após o jantar, ele disse que ia ser divertido e eu parecia precisar. Eu ia negar, óbvio, mas ele insistiu dizendo que eu ia gostar de dar uma volta. Bom, ele insistiu até que eu acabei concordando. Então nos encontramos perto da Salão Principal e fomos dar uma volta pelos jardins.

Gina fez uma pausa pensativa o que fez com que eu me desligasse de sua narrativa e me lembrasse de falar algo.

– Aconteceu algo? Quer dizer, eu entendo se não quiser falar, mas é que você parou de repente...

– Não, é que... Não sei quanto tempo ficamos andando, mas nós falamos sobre tanta coisa, e nós rimos tanto de coisas idiotas que eu, por um momento, esqueci até que tinha que voltar. - ela disse e sorriu com a lembrança. - Parecíamos até ter bebido de novo, mas acho que era uma sinceridade sóbria.

Eu entendia o que ela queria dizer. Era bom ter como esquecer os problemas rindo, tendo uma pouco de felicidade mesmo que seja apenas brincando com coisas bobas.

– Quando voltamos ao assunto da festa e ao que aconteceu ele me disse... - ela voltou a pausar.

– O que?

– "É uma pena aquele beijo ter te trazido tantos problemas porque eu faria de novo sem problema algum." - ela repetiu. Embora ela não parecesse completamente confortável contando aquilo parecia haver nela uma certa satisfação. Eu sei que havia.

– Nossa. - eu disse - Bem... Direto. O que aconteceu?

– Nos beijamos. De novo. - ela concluiu.

Eu arfei e acabei sorrindo sem saber o que falar. Me movi na poltrona e acabei me deitando nelas descansando minhas pernas em um dos braços.

– Não te incomoda, sei lá, que seja o Blásio? - perguntei e ela riu.

– Surpreende mais que incomoda. - ela explicou - Mas é bem diferente.

– E vocês sempre saem desde então? Não acredito que nunca suspeitei de nada. Você não é lá muito discreta.

– Ei - ela defendeu-se - E não, não nos vemos todos os dias, mas ele não tem noção nenhuma de perigo, hoje como você viu, tivemos que fugir de Filch e escapamos por muito pouco.

– Você não parecia com raiva. - eu disse irônica.

– É doido, mas também é divertido e meio insano quando a gente sai. Ele é legal, Hermione. Gosto quando saímos.

– Está gostando dele? - perguntei.

– Depende de que maneira você está falando.

– Você sabe... Gosta dele?

– Hermione, não sei. Sério. Gosto quando saímos, gosto de como me sinto quando estamos juntos, sabe, me sinto alegre, mas não quero colocar esse tipo de coisas em minha mente, porque as coisas podem não ser da mesma maneira pra nós dois. Elas provavelmente não são da mesma maneira...

– Isso não faz diferença?

– Não quando estamos rindo. - ela respondeu simplesmente.

– Como consegue fazer que as coisas sejam tão fáceis, Gina Weasley? - perguntei.

– Como você consegue fazer que as coisas sejam tão complicadas, Hermione Granger? - ela devolveu a pergunta.

– Elas são, Gi.

– Tente seguir a receita de como ser feliz nem que seja por minutos e vá em frente.

– E posso saber onde acho essa receita?

– Cada pessoa sabe os ingredientes de que precisa. Você sabe os seus. - ela disse por fim.

Pensei naquilo por um instante. Eu vi como Gina se sentia pelo que aconteceu com Harry e aquilo a deixava pra baixo. Zabine estava deixando-a bem mais feliz e ela aceitou o que ele estava proporcionando à ela mesmo tendo em mente que ele podia estar só se divertindo. Bom, ela também pensava estar se divertindo.

– Gina?

– O que?

– Você não gosta mais do Harry? - perguntei e minha amiga ficou séria e pensativa.

– Hermione, é claro que Harry é muito especial pra mim, mas não acho que posso esperar algo mais dele. Ele tem um grande coração, um coração de herói, que é o que ele é, acho que ele vai me perdoar um dia, mas não voltaremos a ficar juntos. Acho que se tivéssemos de voltar, não pareceria que já aceitamos essa distância que há entre nós. Ele se distanciou e eu compreendi que não devo esperar um regresso. Ele não vai voltar pra mim. - ela terminou.

Eu ainda queria perguntar mais sobre o assunto, mas não valia a pena. Com o que ela tinha me falado eu percebi que ela tinha razão e que ela estava aceitando com o passar dos dias. Era mais sábio não pressionar mais, deixar as coisas correrem.

Disfarcei um bocejo. Já íamos madrugada adentro conversando e o sono estava começando a me atingir.

– Bom acho que essa é a história resumida. - disse e encerrou o relato.

– Resumida? - exclamei fazendo-a rir.

– Está tarde. É melhor ir dormir. Amanhã já é domingo, temos que aproveitar o dia, porque essa semana vai ser de entregar e receber um milhão de trabalhos. - disse Gina levantando-se de sua poltrona.

– Certo. Vamos. - eu me levantei e me arrastei para o dormitório.

Quando cheguei, disse um boa noite baixinho à Gina para não acordar as outras meninas que há muito dormiam e me joguei na cama. Percebi que meu corpo estava pedindo por descanso, mas mesmo assim não consegui dormir rapidamente.

Minha mente vagou pelos acontecimentos de hoje e acabou voltando alguns dias. Mas acima de tudo eu pensava em Malfoy. Malfoy que aconteceu na minha vida depois do retorno à Hogwarts e isso era algo que nunca deixaria de me intrigar, o modo como nos ligamos. Ele voltou completamente mudado e isso era normal e no mínimo esperado depois do que aconteceu com sua família, mas... e eu? Onde eu me encaixava nessa mudança dele? Em nada, era certamente o que eu pensava, mas estava errada. Se ele não estivesse tão presente nos meus pensamentos eu não teria aqueles pesadelos. E ele tem pesadelos como os meus, que o atormentam e eu estou neles. Estou presente em seus pensamentos também?

Por que tão presentes um para o outro?

Penso que talvez nós dois precisássemos ouvir coisas que só podiam ser ditas pelo outro. E elas foram ditas e nos assustaram.

Agora eu pensava nas conversas que tivemos. No lago, na cozinha, na enfermaria, na torre de astronomia... Ele sempre me surpreendia de algum modo, em sua falas ou atitudes que eram tão inesperadas pra mim. Draco reviveu algo em mim que eu pensei estar morto quando terminei com Rony, e talvez eu também deva desistir de tentar entender isso.

Minha memória foi mais fundo, voltou muito no tempo e nesse momento eu não sabia mais se estava totalmente acordada, mas lembrei dos primeiros anos em Hogwarts e como éramos neles. As lembranças mais fortes eram de raiva e de tristeza também. Eu lembro claramente de como ele me chamou de Sangue-Ruim. Eu não ficava triste por ser ele a dizer aquilo, admito, e sim pela existência daquele tipo de pensamento que pais passavam para filhos, uma corrente de um preconceito incabível.

De repente me perguntei o que o pai de Draco pensaria se ele soubesse que seu filho disse a uma Sangue-Ruim que começou a gostar dela, mas eu tinha que afastar esse tipo de pensamento. Não gosto de trazer Lúcio Malfoy à minha memória.

Mas o que Draco havia me dito não saía de minha mente, e eu pensava nos significados que aquela frase podia ter e no significado que eu achava que ela tinha, que eu queria que tivesse até que caí na inconsciência do sono.


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Notas finais do capítulo

Ei você aí! É você mesmo, não olha pro lado não! Não seja leitor fantasma, passe na minha caixinha mágica de reviews, please. É importante para os autores. E obrigada as pessoas que já comentam, eu adoro ler a opinião de vocês sobre a história.
Um beijão! Até a próxima!