It's not a walk in the park, to love each other / But when our fingers interlock / Can't deny, can't deny, you're worth it / Cause after all this time / I'm still into you

– Eu realmente não acredito nisso! – disse Ginger pela milésima vez.

– Pois é, mas é a verdade. – Estávamos no aeroporto esperando meu voo.

– Sua mãe é muito foda para estar doente. E câncer! Câncer!

– Eu sei Ginger mas ela já está iniciando o tratamento, com sorte não vamos precisar da radio porque ela descobriu muito cedo.

– Câncer de que mesmo?

– Colo do útero.

– É fácil de ser retirado? Quer dizer fácil de ser tratado?

– Sim, como ela descobriu cedo tem praticamente 100% de chance de cura. – Ginger suspirou aliviada.

– Bom, isso é bom. – Passamos um tempo em silêncio. Até que Ginger o quebrou. – Cadê o seu namorado maravilhoso? – Um fato: Ginger odeia o Arthur.

– Na faculdade, apresentando um trabalho e eu já te disse isso.

– Ele é um idiota, todo dia tem trabalho, prova ou outra baboseira desse tipo.

– Ele faz Medicina.

– E eu também, você está vendo eu na faculdade agora?
– O que você está insinuando Ginger? – Ginger revirou os olhos.

– Nada.

– Que bom.

– Olha eu só estou dizendo que é estranho tá?

– Tá bom Ginger, tá bom.

– Porque que tipo de namorado não vem acompanhar a namorada no aeroporto quando ela está indo visitar a mãe dela que está doente! – nessa altura Ginger já estava gritando, chamando a atenção de todo mundo.

– Anuncia pro mundo! – Meu pai estava sentado do nosso lado só olhando a cena. Amanda não pode vir, ela estava “passando mal” e Bobby queria um caminhão novo. Me virei para o meu pai.

– Quantas horas são? – Ele olhou no seu relógio.

– 15:40.

– Obrigado. – Meu voo ia ser as 16:20. Me virei para Ginger. – Vem vamos tomar um sorvete. – Peguei na mão dela e a puxei para uma sorveteria pedi dois sundaes e nos sentamos no balcão.

– Porque toda vez que a gente vem no aeroporto a gente toma sorvete?

– Ginger é sério me explica toda essa coisa do Arthur. – Ela suspirou e pegou o cardápio.

– Olha só Annabeth eu não quero ser a agente do mal ou coisa do tipo, mas eu e o Arthur fazemos o mesmo curso, claro que não temos as mesmas matérias e os mesmos horários você sabe como funciona então, o curso é puxado e tudo mas eu não sou atolada até o pescoço de trabalho e deveres. – Ainda me impressionava com o fato de Ginger ter passado em Medicina, mas ela estudou muito para o vestibular. – E você sabe que praticamente todo dia ele tem um trabalho ou um dever em “grupo”.

– Então você acha que ele está me traindo ou coisa do tipo?

– Eu nunca disse isso.

– Você insinuou.

– Tem uma grande diferença entre insinuar e afirmar, mas relaxa às vezes ele está planejando um pedido de casamento ou coisa do tipo. – Nessa hora a garçonete nos entrega o nosso sundae.

– Pedido de casamento?

– A mente de um homem é um mistério.

– A gente está namorando há 3 meses.

– Repito o que eu disse: A mente de um homem é um mistério.

– Você acha que é isso? Não, não é.

– Você aceitaria? Ou ele ainda está na sua cabeça?

Ele, ele ainda fazia parte da maioria dos meus pensamentos principalmente a noite. Deitada, sem sono, meus pensamentos iam em direção as seus cabelos pretos e bagunçados, seus olhos verde-mar e seu jeito. Mas ao mesmo tempo em que sonhava acordada me repreendia eu estava com Arthur e estava feliz, não estava?

– Não, eu não sei.

– Pode me contar, você ainda pensa nele?
– Sim. E eu não devia estou namorando.

– Isso não te impede de nada. – Olhei para Ginger e ela estava tomando seu sorvete me olhando de um jeito malicioso.

– O que que...? – Então veio a compreensão. – Não! Não! Não! Não! Absoluto não!

– Manda uma mensagem é bem rápido.

– Eu não vou terminar com o Arthur por mensagem.

– Então liga!

– Não!

– Ok, então você pode viver um caso, o que é mais emocionante ainda!

– Ginger! Eu não vou trair ninguém tá?
– Você diz isso agora. – Suspirei e terminamos nosso sorvete em silêncio. Até que alguma voz anuncia meu voo. - Será que dá tempo de pedir mais um sorvete?

– Não Ginger! Vem!

Abracei meu pai e quando fui abraçar Ginger ela disse:

– Eu quero ser a madrinha do seu casamento com o Percy. – Arregalei os olhos e ela riu. Fui para o avião, e me sentei na poltrona confortável. Cumprimentos do tio Zeus.

Enquanto o avião decolava, pensei em todo mundo que eu reencontraria principalmente Percy, mas eu não podia me dar ao luxo de me apaixonar de novo por ele eu estava comprometida com alguém que eu gostava e respeitava e ele nutria os mesmos sentimentos por mim. Mas uma vozinha na minha mente me incomodava “Você gosta dele, não ama”. E eu respondi “Por enquanto dá pro gasto.” Mas esse pensamento ao invés de me reconfortar, me deixou preocupada. Eu não amava o Arthur, será que dava mesmo para o gasto? Será que um dia eu iria amá-lo? Eu já amava alguém, mas ele ainda me amava? Eu voltaria para Nova Iorque sem pensar duas vezes se fosse necessário? Se eu e Percy voltássemos? Todos esses pensamentos vagavam na minha cabeça sem nenhum lugar próprio. Pensamentos aleatórios que vinham me fazer duvidar de tudo. Pensando em tudo isso, eu dormi.

Mas eu tinha a certeza de que eu ainda estava a fim dele.