Eu não sabia que seria tão difícil, ser uma fada.

Não sabia o quão doloroso era uma discussão com meus companheiros.

Não sabia que, no amor, eu não tinha nenhum controle.

Quarto dia dos Grandes Jogos Mágicos, arena.

É a hora! Minha chance de dar a volta por cima!

Participarei da Batalha Naval para recuperar minha honra.

Todas, com exceção de um membro da "Quatro Puppy" eram mulheres, eu estava ansiosa.

Porém... A Minerva competia pela Sabertooth. Do que eu já tinha passado com ela, estou traumatizada o suficiente para saber de seu nível de força.
Além de que, eu nem lembro o que acontecera ontem, no meu encontro com o Rogue. Eu simplesmente desmaiei depois de ser judiada um pouco pela morena e acordei sã e salva no hotel.
Como não vi Rogue na bancada da Saber, estou com uma sensação ruim... Essa Minerva também exala uma sede de sangue amedrontadora. Não quero lutar.
Pela primeira vez, acho que posso morrer de medo, eu não quero lutar. Minhas pernas trêmulas foram disfarçadas pela água, entramos em uma grande bolha, mas eu sentia ainda aquele pavor percorrer por todo o meu corpo.
Fiz as invocações erradas, inicialmente, para então, finalmente chamar Aquarius. Em todo instante eu observava a tigresa morena.
Eu, Juvia e Minerva. Por um descuido da azulada, eu e Minerva.
Estava em pânico, o que eu faria contra ela? Deu para notar a quantidade de magia que essa mulher tem, estou com medo.
Respirei fundo, eu tenho meus amigos ao meu lado, não posso falhar agora. Ou pelo menos eu tinha.
Mas a luta começou a pender para um lado só, até meu espírito mais forte fora derrotado. Eu não podia me render, não que ela fosse deixar.
Doía, doía demais... Rogue, me ajuda...
Eu não enxergava mais nada, estava sendo sufocada. Ela me segurava pelo pescoço, fazendo-me balançar as pernas sem parar. Eu vou morrer.
Por sorte, o tempo acabou.
Só senti meu corpo sendo atacado pela gravidade. Esperei minha queda.
No último momento, fui salva pelos meus amigos. Obrigada.
Uma tontura me atingiu, eu já não me mantinha mais sóbria. A escuridão dominou.
Acordei cuspindo um pouco de sangue, estava toda enfaixada e sozinha na enfermaria. Não me lembro de nada, comecei a chorar. Fui humilhada, derrotada novamente. Doía e doía. Meu corpo pesava.
Onde todos estão? Minha visão escurecia. Repentinamente, senti uma pontada no peito. Rogue! Ele está em perigo.
Ignorando toda a dor e angústia que eu sentia ao pôr meus pés no chão, saí correndo, batendo algumas vezes nas paredes, tentando me manter acordada.
Tudo piscava, os barulhos me alcançavam. Parece que está havendo uma luta, tenho que me apressar.
Já ouvia tudo mais claramente, a luta pendia para os gêmeos da Saber, então, me permitir sentir um pouco de orgulho e alívio, apesar de Gajeel e Natsu batalharem do outro lado.
Mas até eu chegar, pode ter sido tarde demais... Por que eu sinto tanto receio? São dois contra um, agora que pelo visto, Gajeel tinha sido impossibilitado.
Corri o mais depressa que eu consegui, trombei com pessoas que me conheciam, mas eu não as ouvia, na minha mente só ecoava, Rogue, Rogue, Rogue.
Quando eu finalmente alcancei a arquibancada da Fairy Tail, todos se surpreenderam com a minha presença, mas eu os ignorei. Ele estava jogado no chão, todo machucado. A pontada no peito voltou mais forte.
–Rogue!!! -Gritei, chamando a atenção de todos.
Ele me olhou com dificuldade, mas foi capaz de arregalar os olhos e sibilar um "não".
Eu continuei em frente, tropeçando, aos trancos e barrancos. Pulei para dentro da arena e saí rolando. Caí dentro do buraco onde estavam e torci meu pé. A dor nem me atingia, minha vontade de sentí-lo era maior.
Continuei tropeçando e andando com dificuldade, mas finalmente alcancei o moreno, perplexo como todos ali.
As lágrimas vieram e eu me debrucei sobre o mesmo, abraçando-o com todas as forças que me restavam, se é que havia algum resquício.
"Cure-o." uma voz ecoou na minha mente. Não reconheci. "Vamos Lucy, você consegue. Cure-os com suas lágrimas."
Desnorteada, deixei que minhas lágrimas atingissem o rosto dele e, aos poucos, sua expressão era menos sofrida com seus machucados desaparecendo.
–V-você é idiota? -Conseguiu finalmente falar.
–Sim, sim. Sou muito idiota. A pessoa mais idiota que você conheceu. -Meu peito ainda doía, mas um alívio me veio ao tê-lo em meus braços. -A idiota que te ama, com todas as forças deste Universo.
Ele parecia surpreso. Todos estavam surpresos. Como assim uma fada e um tigre juntos?
–Lu... -Ele tocou meu rosto e secou minhas bochechas.
Nos aproximávamos cada vez mais, porém, um certo puxão me lembrou que não estávamos sozinhos, muito pelo contrário, praticamente Fiore inteira nos assistia.
–O que você está fazendo?!- Exclamei para o rosado, que me jogou longe do meu amado.
–O que você, está fazendo. Ele... -Apontou para Rogue. -É perigoso. Você está louca?
Eu ia retrucar, tentando me levantar, mas minha saúde finalmente manifestou seu verdadeiro estado, então só pude repousar no chão novamente.
–Eu o amo. -Falei, por fim.
Um "ohh", era ouvido da plateia. Sting, assim como Rufus, não parecia nada surpreso, mas Minerva me lembrava um demônio enfurecido.
Quando eu finalmente consegui sentar, pelo menos, um tapa ardente me derrubou novamente. O olhar de Natsu era desgostoso e desprezível.
–Você é idiota? -Querido, segunda pessoa que me pergunta isso hoje, então presumo que sim. Encarei-o de volta, sentindo meu rosto queimar. -Como você pode falar isso desses... Desses monstros?
Enfurecida, cuspi.
–Você que está sendo o maior monstro aqui.
Então, um tapa mais forte ainda me jogou para o outro lado. Antes do meu rosto se chocar contra o chão, um abraço carinhoso me envolveu.
Rogue estava literalmente puto.
As sombras ao seu redor não me machucavam, mas eram ameaçadoras, porém, o rosado simplesmente olhou-nos entediado e cada vez mais nervoso.
–Toque nela... -Arrepiei quando o moreno abriu a boca. -Que nem o inferno será seguro para você. -Parecia que toda a arena havia sido envolta por sombras e o poder dele aumentou absurdamente em instantes.
Provavelmente, achavam que tudo isso fazia parte do "show", então, a plateia urrou.
Podíamos ouvir pessoas gritando ofensas, outros, nos apoiando, outros gritando "Nalu, Nalu", o que eu não sabia o significado.
O Dragneel simplesmente nos olhou enojado, hesitou um pouco, mas disse:
–Você não tem nem o direito de ser uma fada. Saia dessa guilda, não precisamos de lixos que confraternizam com o inimigo.
Isso, realmente me abalou. Todo o amor que eu sentia pela Fairy Tail foi ruído. Então era isso que pensavam sobre mim?
–Lu... -Rogue bagunçou levemente meus cabelos.
Eu estou nervosa.
Todas as vezes eu fugi, fui salva, esgueirei-me de alguma forma, mas agora, não vou voltar atrás.
Cerrei os punhos e me levantei, tirando energias de não sei o que. Na verdade, eu sei, eu só consegui levantar pelo apoio que o Rogue me dava, só consegui dar o primeiro golpe porque o moreno estava ao meu lado. Só abri a boca porque eu o amo.
–Olha aqui... -Meu tom de voz era inédito, eu nunca havia agido dessa forma. -Você pode falar o que quiser, venha, continue. Mas isso não vai me impedir de viver. Antes de tudo, antes das guildas, dessa rivalidade estúpida, da competição por poder, lembre-se. Todos somos humanos. Eu tenho o direito de fazer o que quiser, se eu quiser amá-lo, eu vou amá-lo. Não é por ele ser um tigre que vou me desencorajar, afinal, é só uma marca. Não é uma simples rivalidade, uma simples marca, que vai me fazer generalizar e chamá-los de monstros por certas ações de alguns indivíduos. Não sei se você sabe, mas a Sabertooth tem grandes valores, assim como a Fairy Tail. Podemos até não ter um bom relacionamento, mas não temos que odiar a todos. Eu não sabia que você era esse pedaço de merda, que considera lixo quem apenas vê o verdadeiro ser por trás das máscaras. Mas que saber? Eu saio. Estou oficialmente fora da Fairy Tail. Enfia esses seus princípios no toba ou jogue-os para o alto, porque eles são piores que qualquer coisa que possa ter existido. -Encarei, um por um, todos os magos que observavam das arquibancadas, para então, desafiar o rosado novamente. -Venha.
Puxei Rogue pela mão e, com um pouco de dificuldade, saímos da vista de todos.
Eu estava acabada.
–Não se preocupe amor... Você finalmente conseguiu. Venceu sem pestanejar. -Sussurrou o moreno durante o percurso.
Andamos até o quarto de Arisa, entramos sem cerimônias e nos jogamos na cama. Eu estava acabada!
Machucada, humilhada, nervosa, arrasada...
Perdi minha família, novamente.
Mas ainda não acabou, os Jogos não acabaram, a Minerva não desistirá...
Essa, foi só a primeira etapa.

~~Arisa~~

Depois de toda aquela cena, os dois sumiram. Natsu parecia prestes a explodir toda arena de tanta raiva, todos os magos estavam perplexos. Tive que curar Sting e sair em busca do casal, antes que Minerva os encontre.
Chego no meu quarto e os vejo jogados em minha cama... Francamente, são idiotas?
Nesse estado... Perder a marca da guilda ainda... Eles devem sofrer demais.
A marca rosa na mão direita de Lucy, a negra embaixo do ombro do Rogue e a minha azul no pescoço, começaram a queimar absurdamente até desaparecerem. Eu estava bem, mas os dois sofriam muito, pois vários outros machucados abriam.
Sem saber muito o que fazer, tentei curá-los e recuperar suas magias antes que o quarto dia acabasse e a "morena suprema mor" viesse atrás da gente.
Seus estados eram críticos, me desesperando cada vez mais.
Me concentrei apenas em curá-los, então, Rufus adentrou no quarto, afobado.
–Miss Arisa... Sting... Sting foi pego. -Arregalei os olhos. Como assim? -Usaram o Lector.
Se rebaixaram tanto assim? Nessas condições... Rogue não poderá mover um dedo até estar curado completamente... Lucy também, porém, o moreno é mais fácil.
–Obrigada Rufus... Vou curar as feridas mais graves de Lucy e encher um pouco de sua magia, já Rogue, deixarei-o novo em folha.
Fiz todo o necessário... Agora cabe à vocês enfrentarem a fúria da morena. Podemos ajudá-los, mas o fardo é deste casal amaldiçoado.
Que consigam ser felizes.