Forever (jakeness) escrita por NiaBlack


Capítulo 37
Repetição




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Tá, aquilo foi engraçado. Mas passou a ser estranho quando Seth simplesmente não desfazia aquela cara de babaca enquanto olhava para a Kie. Parecia que estava vendo a coisa mais linda do mun do. Não que ela não fosse, mas já era exagero da parte dele porque ficou parecendo o Jake da primeira vez em que me viu... Aquilo era tão fofinho! Ele se aproximou de mim e me deu um beijou na testa de forma carinhosa, com o rosto levemente avermelhado, quando o choque passou.

         -Que bom que acordou... –e seus olhos foram desviados de mim rapidamente. –Eu posso pegá-la no colo?

         Eu nem tive direito de responder, porque a Kie se esticou pra ele. E percebi que usou toda sua pequena força para conseguir alcançá-lo. Seth não hesitou e a tomou nos braços cuidadosamente. Sorrindo feito uma criança que havia acabado de ganhar um brinquedo novo. Foi impossível não sorrir também. E achei estranho Jacob ter ficado parado, parecendo uma estátua melhor que qualquer vampiro. Mas não consegui prestar muita atenção em Jake ao ver como o outro lobo parecia extremamente feliz com a minha menininha nos braços. Ele agora brincava com o nariz em miniatura dela, que gargalhava de um jeito gostoso.

         Um barulho me chamou atenção.

Leah, que era sempre tão rápida e ágil, havia batido o joelho na mesinha que ficava ao lado do sofá. Enruguei a testa, estranhando um pouco. E não teria ligado absolutamente nada, se ela não estivesse simplesmente vidrada em Jen. Aquilo me irritou de uma forma quase doentia. Porque ela ficava olhando para o meu bebê daquele jeito? Como se só existisse ele naquela sala sendo que todos nós estávamos ali?

Ela se aproximou de mansinho, como um animal selvagem prestes a atacar, mas ao invés disso, esticou a mão para tocar nele. Minha reação foi automática. Eu saltei do sofá, segurando Jensen firme, e rosnando. Não ia deixar aquela maluca tocar no meu filho. Sei lá, vai que ela faz alguma burrice. Até porque a fama de Leah sobre autocontrole é tão ruim quanto a minha própria.

-Não ouse! –urrei praticamente, escondendo-o com meu próprio corpo.

-Não... Calma!

Jacob correu até mim e colocou as duas mãos nos meus ombros, tentando me acalmar. Geralmente aquilo funcionaria bem, mas o caso ali era totalmente diferente, pois era o meu filho que estava em risco, e nenhuma loba maluca ia tocar na minha cria.

-Calma nada! Eu não gosto dela, estamos em paz, mas nem por isso quero que ela fique olhando os nossos bebês como se fossem criaturas estranhas!

-Não Nessie, você entendeu completamente errado. Ela não está os olhando como criaturas estranhas... –ele afagou meus ombros, e eu fiquei ainda mais confusa. Jake era cego? –Ela está olhando o pequeno Jensen como eu olhei você quando te vi a primeira vez.

Minha raiva se trasfigurou em perplexidade.

Levei alguns segundos para analisar bem aquela frase, passando e repassando umas dez vezes a cena na minha mente para ter certeza de que eu havia entendido bem. Não. Definitivamente não podia ser verdade! Ouvi os batimentos irregulares de Leah, e rosnei mesmo assim. Desfazendo a expressão de surpresa e voltando aquela agressividade anterior.

-Por favor... –ela implorou, choramingando. –Eu só quero pegar ele um pouco no colo... Por favor.

-Não! Você não pode ter tido um imprinting pelo meu bebê!

-Se eu pudesse escolher nunca teria tido nada por nada que venha de você! –aquele amorzinho todo se foi, e ela voltou a ser a Leah irritante de sempre.

-Então retire sua insignificância da minha casa! –gritei de volta. Fervendo por dentro.

-Essa casa não é sua! Só os Cullens podem me tirar daqui!

-E eu sou a descendente deles! Quando os Cullens estão fora eu dou as ordens! Então vá embora de uma vez sua cachorra! Você nunca vai encostar um dedo sequer no Jensen!

-Ai porra vocês vão mesmo começar com isso? Qual é Nessie, pára com esse drama todo. Ta parecendo a sua mãe quando descobriu que eu tive a impressão com você. Isso é ridículo. Se ela pudesse escolher sei que estaria bem longe daqui. Não é algo que possamos controlar e você sabe disse por que eu já te expliquei mil vezes.

Jacob tentava apaziguar a situação. Ele me segurava firme, para ter certeza de que eu não voaria no pescoço de Leah como um animal selvagem, e eu sabia disso apenas pelo toque dele. Mas as palavras ditas eram completamente incompreensíveis naquele momento. Eu só queria ver aquela pulguenta longe daqui, e principalmente, longe do meu inocente bebê! Me mantive naquela posição, esperando por um ataque, segurando Jensen de um jeito que pudesse entregar ao Jake antes de pular sobre ela.

-Saia da minha casa agora. –falei bem lentamente, para que ela pudesse entender as palavras e, de preferência, atendê-las.

-Não! Eu não saio daqui enquanto não puder pegar o... Jensen...

-Segure-o Jacob. Eu tenho um couro de lobo pra tirar. –eu dissem entregando o Jen ao pai, e dando um passo a frente.

-Seth. –chamou Jacob.

-Fala, mano. –atendeu o outro lobo.

-Vou precisar que segure mais um, quando essas duas forem se matar lá fora.

-Ah... Eu seguro sim.

Aquele pequeno diálogo entre eles não serviu para me distrair, ou à ela. Nós continuávamos numa guerra apenas visual. Desde sempre eu soube que ela me odiava, mas agora eu a odiava ainda mais. Leah fez um breve movimento com a cabeça e deu um muxoxo. Aquela foi a minha deixa. Eu avancei na direção dela com uma agilidade que poderia se comparar a de Alice (na verdade nunca achei que pudesse me locomover tão rápido, viva o sangue humano que descia para o meu estômago!).

Leah não teve tempo de desviar. Ela deu um meio passo para o lado, provavelmente achando que eu não a atacaria ainda dentro da casa. E errou feio. Eu atacaria qualquer babaca que chegasse perto dos meus filhos naquela hora. Meu corpo se chocou com metade do dela, com um baque oco, e acabei a arremessando para longe (indo junto por sinal). Ouvi um crack e depois o espatifar de vários pedaços de madeira com o buraco enorme que deixamos na parede. Só sei de uma coisa: agora sim estávamos do lado de fora. Leah rolou para longe, e eu me posicionei outra vez. Ambas rosnavam como feras indóceis, sedentas pelo sangue da outra. Inimigas desde os primórdios de nossas raças.

Ela me atacou agora.

E provavelmente achou que me acertaria um soco facilmente, afinal eu sempre fui mais fraca que qualquer um graças à mistura com o sangue humano da minha mãe. Todavia, se enganou redondamente. Eu desviei facilmente aquele soco com meu antebraço. E desferimos uma série de socos e desvios. Mas eu a acertei, e de novo, e outra vez, até um quarto soco bem na boca do estômago. Um filete de sangue correu por seus lábios enquanto ela saltava para trás. Senti o cheiro, e sinceramente odiei, afinal depois de ter bebido um delicioso O positivo, aquele sangue de lobisomem não parecia nada apetitoso (só se fosse o do Jacob).

Eu sorri. Sádica e sarcástica como nunca havia sido antes. E Leah explodiu bem diante de mim. Aquela foi minha vez de contar vantagem, afinal ela precisou se transformar em lobo pra conseguir manter o equilíbrio da luta. Soltei uma gargalhada aguda, que a fez rosnar de ódio.

-Sangue humano faz milagres com um vampiro Leah. Você devia ter cuidado comigo. Especialmente hoje.

Ela rosnou outra vez, e saltou sobre mim.

Os flashes eram rápidos demais aos olhos humanos. Nós rolamos no jardim entre mordidas, arranhões, grunidos e gritos. Eu ouvia Jacob gritar para que parássemos, mas nenhuma das duas conseguia obedecer por um simples motivo: Jensen. Naquele momento ele era mais importante que qualquer coisa. E (acredito eu que) o alpha estava mais preocupado em separar aquela pancadaria gratuita e não pensou que, se desse uma ordem direta, Leah seria obrigada a abaixar a cabeça.

Ótimo!

Eu queria uma revanche, e não um grito de Jacob para que tudo acabasse.

Nossos sangues se misturavam, manchando a grama verde-musgo. E mesmo assim nenhuma de nós se daria por vencida, apesar das dores que começávamos a sentir. Acho que nem quando lutei com Nahuel me senti tão animalesca como neste dia. Eu juro por Deus que meu desejo era matá-la bem ali. Só que nenhuma de nós esperava que, o mesmo motivo que nos fez rolar no chão como feras, também nos faria parar.

Era o som de um choro. Um choro sentido, como o de uma criança que sofria muito. Como se ele estivesse sentindo dor em nos ver daquele jeito. Nossos braços e pernas estavam embaranhados, com as roupas rasgadas, cheias de cortes, mordidas e sangue. E teria sido engraçado se não fosse pela dor que sentimos (outra vez eu sabia como ela estava graças ao toque) em vê-lo chorar daquele jeito.

Seth havia saído de dentro da casa com a Jackie e entregado Jensen para o pai outra vez. Mas o meu lindo bebê desandou a chorar quando viu a mãe, e sua provável futura namorada a qual eu queria que morresse logo se matando.

Enfim soltamos uma à outra. Completamente envergonhadas por ele ter visto aquilo. E nossos movimentos foram horrivelmente parecidos. Eu corri até ele, e o tomei nos braços, e Leah, ainda como lobo (eu já disse que ela ficava infinitamente mais suportável quando transformada? Leia-se calada), esfregou o focinho na mãozinha dele. Aos poucos o menininho parou de chorar. Ele era lindo com aquela chupeta na boca. Mas ainda estava visivelmente triste e abalado por presenciar aquela cena horrorosa.

-Suas idiotas! Eu daria um soco em cada uma se fossem homens. –bradou Jacob, literalmente puto da vida. Acho que só não mais que no dia em que os gêmeos nasceram.

-Não adianta lutarem por isso, só vão fazê-lo sofrer. –foi Seth quem falou agora, se aproximando de nós, com Jackie no colo, agarrada ao meu lobo de pelúcia cujo possuía o mesmo nome que ela.

-Mas ele é o meu bebezinho. Mal o conheci e já vou perdê-lo... Logo pra ela? –minha voz saiu manhosa, como de uma criança mimada que reinvindicava seu mais recente boneco. –Não consigo aceitar isso...

-Não é questão de conseguir. Você é obrigada a aceitar Renesmee. Agora pare de agir como se ainda tivesse dez anos de idade mental e trate de deixar que Jensen fique um pouco com a Leah. Também não gosto muito dessa idéia, mas acho que você se lembra como ficava triste quando eu estava longe.

Meu corpo inteiro gelou com um arrepio.

Me lembro perfeitamente como tinha vontade de chorar quando Jacob não podia ficar comigo porque minha mãe ainda não aceitava muito bem a idéia do imprinting não ser um romance no início, e sim um amor fraterno. Perdi as palavras contra aquilo. O que eu podia dizer? Eu havia passado exatamente uma situação parecida com Bella e Jacob, e agora estava agindo como uma imbecil (há, qual a novidade?) em impedir Leah de pegar o Jen no colo... Mas tinha mesmo que ser a Leah?

Ela nem estava mais ali. Havia se afastado para voltar à forma humana e se vestir. Senti o fedor dela incomodar minhas narinas quando caminhava até nós outra vez. Em silêncio, deixando os ferimentos bem mais visíveis agora. Calei a boca, respirei fundo umas três vezes, e fitei o pequeno Jensen e sua chupeta azul. Ele riu pra mim, quebrando todo o gelo do meu coração, me transformando em um sorvete derretido. E ainda completamente relutate, a ponto de ficar com as mãos trêmulas, entreguei aquele pequeno corpinho nas mãos de Leah Clearwater. Que o segurou com tanta urgência que até senti pena da garota insuportável a qual eu queria arrancar a cabeça minutos atrás.

 

De fato, nossa história não passava de um ciclo vicioso.

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Notas finais do capítulo

Caraca postei rápido!
Escrevi esse cap hoje também. Na verdade acho que estou trabalhando nele desde 10 da manhã mais ou menos (são 2:16 agora).

Então, nem vou falar muito aqui porque preciso dormir.
Gostaram?
Ainda teremos uma discussão e muita polêmica pela frente.

Beijinhos!



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