Forever (jakeness) escrita por NiaBlack


Capítulo 2
Falatório




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Os garotos de pele vermelha atacaram as pizzas, eu até gostava, mas não comia muita comida humana, a não ser que fosse refrigerante e chocolate. Eu me sentia um garoto ao lado deles, pelo jeito que me tratavam, era divertido, mas em relação a Jacob, incomodava um pouco. Meu pai riu. Maldito leitor de mentes. Olhei para o prato de vidro que estava a pizza, só havia metade agora


-Credo, como vocês comem!


-E graças a você Nessie, pois há seis anos atrás Jake não comeria comida desta casa, ainda mais viver aqui o tempo todo. –Seth falou com a boca cheia.


-Sério? –olhei para Jacob. –Porque isso? Tinha nojo de nós?


Jacob deu uma cotovelada em Seth, e eu ouvi um estalo horroroso vindo do ombro do menino. Ele gritou de dor, e fez um movimento brusco, colocando o osso no lugar com outro estalido agudo. Eu me encolhi de nervoso, e fui até ele.


-Tadinho! Você está bem Seth?


-Vou sobreviver, daqui a pouco deve passar a dor.


Olhei feio para Jacob, como ele podia ser tão frio? Causar dor a um irmão! Não vou negar que a agressividade excessiva e inútil dos lobisomens me assustava algumas vezes. Eu sentia como se fosse quebrar ao meio com um abraço apertado demais.


Havia algo terrível no olhar do garoto Black, parecia tristeza. Gostaria de saber o porquê, mas não vou negar, ele era muito complicado de se compreender, e não se abria tanto comigo. Queria muito que Jake demonstrasse mais confiança em mim, eu sabia que ele me considerava muito, mas não tinha certeza quanto à confiança.


Soltei o abraço do Clearwater, e fui até Jacob, apoiando meu corpo contra o dele. Tão quente e tão cheiroso... “Cof Cof”. Edward argh! Vou acabar pirando desse jeito. No momento seguinte toquei seu rosto, perguntando dentro de sua mente, o que havia acontecido


-Não é nada Nessie. –ele afagou meus cachos acobreados.


-Você está tenso hoje lobinho, quer conversar? –insisti.


-Já disse, não é nada para se preocupar.


-Tudo bem então, mas me prometa que vai parar de espancar o coitado do Seth, vocês são irmãos, poxa. E eu não gosto de vê-los machucados.


-Relaxa Ness, isso é ciúme, porque você me abraçou mais do que a ele hoje.


Seth e suas piadas, como sempre, fiquei esperando outra pancada, e ainda mais grave desta vez, mas Jake apenas o olhou, fuzilando o rapaz. Senti uma felicidade queimar dentro do meu peito. Não vou negar, amava aquele ciúme doentio que ele tinha de mim, pelo menos me dava uma falsa esperança. Ai droga, eu estou precisando evitar pensar isso com meu pai por perto...


Me atirei nos braços dele, com um sorriso de sumir os olhos. Ele retribuiu, daquele jeito malandro, sorriso de lado, e os caninos brilhantes de lobo a mostra. Me senti tão frágil outra vez, aquela diferença de altura era realmente peculiar, contudo, o colo de Jacob era confortável, quente. Respirei fundo, tentando aproveitar o máximo que podia daquele perfume único emanado por sua pele. E uma estranha vontade de mordê-lo outra vez.


-Não precisa se sentir assim. Seth é praticamente um irmão, mas você é o meu Jake, o meu preferido entre qualquer um nesse mundo.


Encostei meu rosto em seu peito. Tum-dum, Tum-dum. Aquele som era relaxante, misturada ao sobe e desce de sua respiração profunda. Senti que conseguiria dormir ali, como quando era pequena, e ainda assim não o incomodaria com o peso, ele era tão forte!


-Nessie, por favor!


Papai falou tranquilamente da sala, mas dava-se para sentir um pouco de irritação em sua voz de anjo. Não pude evitar uma risada sem graça. Soltei o lobo e afastei o rosto, deixando a longa franja lateral cobrir a parte de meu rosto que ele conseguia ver, tentando evitar que ele enxergasse o rubor formado em minhas bochechas. Porque Edward não era mais discreto? Merda.


-Olha o palavrão.


Outra vez meu pai reclamando. Por Deus, será que é tão difícil não se meter no pensamento das pessoas? ... Pensando bem, deve ser, ainda mais quando a tal pessoa em questão é sua própria e única filha, que está nas garras perigosas de um lobisomem cruel e sanguinário. Ele riu, e mamãe com sua curiosidade insaciável começou a perguntar o que estava acontecendo.


-Pergunte à sua filha, ela odiaria se eu falasse em voz alta.


PAI! AGORA SIM VOCÊ ESTRAGOU TUDO.


Pensei como um grito, e tinha certeza que ele havia se encolhido na sala. Mas que droga, não é possível que ele não consiga manter aquela língua presa quando o assunto é a mamãe. Papai podia ter poderes de ler a mente dos outros, mas Bella o manipulava com uma facilidade anormal. Queria muito ter este poder sobre as pessoas, principalmente com ele.


-O que ela quer saber monstrinha? Fiquei curioso também. –Jacob e sua sobrancelha erguida, como sempre.


Oh, droga, viu só o que você fez pai! Se continuar assim Jake vai perceber esses sentimentos imbecis e provavelmente ir embora para longe. Imagina só, que pessoa gostaria de ter uma mestiça como eu na sua cola?


-Não são idiotas, e não se chame assim, qualquer um iria querer, você sabe.


-Pai, pode, por favor, parar de falar? Está me chateando!


-Certo, desculpe.


Suspirei, e Jake continuava a me olhar curioso. Eu não podia deixar que ele soubesse, eu o amava muito, e todo mundo desta casa sabia muito bem, mas ninguém se metia na minha vida porque eu pedi. Jacob era um lobisomem, o lugar dele é ao lado de sua matilha, e caso se apaixonasse por alguém, esta deveria ser a Leah Clearwater, irmã mais velha do Seth, que também era um dos lobos, e parecia perfeita para ele. Muito melhor que eu, uma meia-vampira.


Meu pai não se meteu, graças a Deus! O ouvi bufar, mas pelo menos nenhuma frase solta que instigasse ainda mais o lobo a me fazer perguntas. Seth continuava comendo, sem ligar para o resto, gostaria de ser prática como ele, não amar ninguém, a não ser que fosse como família.


-Não é nada Jake, só estou curiosa.


-Quem sabe não possa responder sua pergunta. –ele sorriu.


-Você pode, mas não vai. Queria saber sobre o passado. De qualquer forma, meu pai está falando pelos cotovelos hoje porque está preocupado.


Jacob riu e afagou meus cabelos outra vez, enquanto mastigava um pedaço enorme de pizza de calabresa, a qual ele também catava as (eca) cebolas, graças a Deus. Eu odeio cebola!


-Ah, eles sabem que não precisam se preocupar com nada, eu estarei com você o tempo todo, e Seth pode ser novo, mas também é forte. Além disso, seu pai sabe muito bem que eu daria minha vida pela sua, e de muito bom grado... Se bem que eu preferia ter que não fazer.


Senti uma dor incômoda. Minha boca se abriu, procurando ar enquanto eu lhe lançava um olhar de indignação. Seth deu de ombros, enfiando outro pedaço na boca, agora o sabor era frango com catupiry.


O mundo sem Jacob?


Tive que controlar as lágrimas, só a menção daquilo já parecia que meu coração pararia de bater. Nunca deixaria nada ruim acontecer com ele, preferia morrer mil vezes a ver Jake machucado, agora morto? Cruzes, eu prefiro queimar no inferno dos Volturi pelo resto de minha eternidade... Meu pai gemeu com esse pensamento. Ah, dane-se, não era hora pra controlar meus pensamentos, já que controlar a boca já era difícil o suficiente.


-Nem pense nisso Jacob Black, a última coisa que vai acontecer aqui é Renesmee Cullen deixar que você morra em seu lugar! –minha voz saiu trêmula, mas eu mantive o ritmo o máximo que pude.


-Está brincando Ness? Agora entendi a preocupação do Edward, e não tiro a razão dele! Até parece que eu deixaria algo te acontecer! Qualquer garota normal adoraria ouvir isso de um amigo, namorado, ou sei lá!


Eu estreitei os olhos, e uma ruga se formou na minha testa. Senti algo queimando dentro de mim, só que, naquele momento, não pude distinguir entre raiva e mágoa. Como assim normal? Eu não era normal mesmo, mas ouvir isso dele era estranhamente doloroso. Eu o empurrei de leve, para afastar meu corpo do dele, e comecei a dizer, com uma voz tão seca, que mal sabia que tinha capacidade de fazê-la.


-Ah, me desculpe se eu não sou normal como você gostaria Jacob Black, me desculpe se eu sou uma aberração!


Nem esperei a resposta dele, disparei pela casa, na direção do chalé dos meus pais. Ouvi as pessoas se agitando na sala, mas a voz de meu pai mandou todos ficarem quietos e não se meterem no assunto, que o próprio causador daquilo corrigiria o erro.


Jacob ficou estatelado por algum tempo, não ouvi seus passos me alcançando, e logo ele, que era até mais veloz que eu. Continuei correndo, o máximo que podia, mas agora os passos me seguiam de longe. Pulei numa árvore próxima à casa, escalando-a como um gato selvagem. No instante seguinte atirei meu corpo pela janela do quarto que me pertencia, fazendo uma ventania passar pela janela. Dei uma cambalhota no chão, que parecia mais um rolamento para amenizar o impacto, não queria quebrar nada, e muito menos me machucar.


 Meus dentes estavam trincados de raiva, entretanto, as lágrimas rolavam por meu rosto como uma cachoeira. A última coisa que eu sempre me sentia era normal, na verdade, eu sou uma incógnita, nem uma coisa, nem outra, e ao mesmo tempo sou as duas. Ouvir qualquer coisa vinda de Jake era um incômodo inigualável. Sentia como se cem facas estivessem perfurando meu corpo bem lentamente.


Me atirei sobre a cama, de bruços, e agarrei um cão de pelúcia, idêntico ao da outra casa na cama, Jake comprou dois idênticos para que eu deixasse um em cada quarto e sempre lembrasse dele quando fosse dormir. Este ainda era mais cheio de cachorrinhos que o outro.


Meus soluços poderiam ser ouvidos de longe. Uma aberração: é isso que eu sou! Minha família sempre fora muito boa para mim, e Deus, o que eu fiz para ter Jake e Seth como meus amigos e companheiros de toda hora? Eles eram perfeitos demais para algo bizarro como eu. Era difícil me sentir bem, quando não me incluía em raça alguma. O que eu sou afinal? Essa pergunta me acompanhava todos os dias.


Ouvi um estrondo contra a madeira corrida do chão do quarto, e aquela enorme mão quente tocou minhas costas. Apertei ainda mais o cãozinho e o travesseiro quando ele assoprou minha orelha levemente. Jacob costumava fazer isso para me acordar quando eu era pequena.


-Oh, perdoe-me Ness, você sabe que eu não quis te ofender.


Ele parecia implorar. Pobre lobo, a culpa não era dele, e eu nem sei como eu consegui culpar logo no princípio, o problema mesmo sou eu! Nunca consigo me sentir realmente bem sendo o que sou. Sempre me senti estranha, e todos sabiam disso.


-A culpa não é sua Jake.


-Te amo Nessie, você sabe disso. Agora, pare de chorar.


-Também te amo Jacob, vou parar sim.


-Olha. Se seu pai deixar, a gente pode te contar uma lenda Quileute que geralmente ninguém menciona. Chama-se imprinting.


Seth interrompeu nossa conversa, acho que ele estava num complô com Jacob para me distrair e não voltar a chorar. Eu nem o vi entrando, ou senti sua presença, mas acho que o outro lobo sabia daquela chegada inesperada. Jake o olhou, numa tentativa de arregalar aqueles olhos marrons, sem que eu percebesse. Mas eu não sou burra, na verdade, nasci falando praticamente, e nenhuma expressão de Jacob Black me escapava, afinal, ele era meu.


Edward entrou naquele momento. Como sempre muito civilizado, ele fez questão de entrar pela porta, como qualquer pessoa, claro, sua velocidade extra-normal lhe deu um bom adiantamento. Ele suspirou ao ver Jacob afagando meus cabelos com olhar fraternal. Mas preferiu deixar a crítica para outro dia.


-Meninos, podem ficar no chalé. Quero que façam Renesmee feliz hoje, contem histórias, comam o bolo, tanto faz. Mas Seth vai ficar aqui, não quero que vocês dois quebrem a casa inteira ou acabem fazendo alguma bobagem sem pensar nas conseqüências. Bom, a casa de é vocês, mas façam o favor de dormir, terão de acordar cedo amanhã.


Ele caminhou até mim, que já estava sentada na cama, agarrada ao lobinho ruivo de brinquedo, e com uma das mãos entrelaçada a de Jake, o qual se encontrava ajoelhado ao lado da cama. Edward deu um beijo em minha testa enquanto ouvia meus pensamentos agradecidos e felizes sobre como aquela noite seria maravilhosa.


-De nada filha, você sabe que eu e sua mãe só queremos seu bem. Amanhã iremos sair cedo, antes de vocês acordarem, provavelmente, mas no final de semana, ou até na sexta-feira, estaremos de volta. Boa aula, e comporte-se.


Eu me senti com idade mental de três anos com ele falando essas coisas fofas. O jeito de meu pai era engraçado, me tratava como se eu fosse uma bonequinha frágil de porcelana, que ele deveria zelar todo o tempo.


Mamãe entrou no quarto, já havia deixado o bolo de chocolate sobre a mesa da cozinha, e me avisou d geladeira cheia de refrigerante e comida, além de qualquer outra coisa que precisássemos. Avisou-me também para correr até tia Alice, caso acontecesse qualquer imprevisto ou infortúnio. Me deu um longo abraço, e um beijo na testa. Como ambas odiamos despedidas, apenas dissemos boa noite e desejamos coisas boas. Nada de “adeus”, até porque estaríamos juntos em uma semana novamente.


Eles voltaram para a mansão de mãos dadas, com seu lindo e invejável amor eterno (literalmente). Juro que me sentia feliz por eles serem tão ligados daquele jeito. Ver minha família feliz era tudo na minha vida, claro que isto incluía os meus dois Quileutes favoritos.


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Notas finais do capítulo

Como eu prometi, sengundo capítulo aparecia logo depois de ao menos um comentário, e agradeço as meninas por terem comentado *_*. Espero que gostem deste, caso sim, amanhã teremos mais um Rsrs!

KissKiss
NiaBlack.



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