No fim da tarde, quando estou terminando de ler um livro, alguém bate na porta.

– Entra – digo me sentando na cama.

– Hey – diz Cassie vindo até mim e sentando numa poltrona ao lado da minha cama – Eu estava pensando se você gostaria de me ajudar a escolher um vestido para as madrinhas.

– Tudo bem – digo, tentando soar entusiasmada – Mas e o seu vestido, já escolheu?

– Ainda estou em dúvida, tenho muitas opções.

– Ok. Quem vão ser suas madrinhas?

– Minha irmã, minha melhor amiga e… você – ela diz.

– EU? – pergunto, sem acreditar no que acabei de ouvir.

– Olha, tudo bem se você não quiser, é que achei que seu pai fosse gostar e…

– Vou pensar – digo interrompendo-a. Mesmo achando a oferta estranha, me sinto lisonjeada. Dou um pequeno sorriso que ela retribui.

– Então, vou pegar as revistas com os vestidos que estava pensando – ela diz saindo do quarto e voltando com uma pilha gigante de revistas.

Passamos o resto do dia olhando as revistas. Seria muito mais fácil não ajudar se Cassie não fosse tão legal.

Quando são por volta de 19:30, Will vem nos falar que vamos sair para jantar.

Coloco um vestido azul-escuro rendado, um salto médio nude e faço um coque no meu cabelo, deixando algumas mechas loiras caindo sobre meu rosto. Faço uma maquiagem para realçar meus olhos verdes e passo um batom rosa claro.

Sou a última a descer. Meu pai e Will estão usando ternos e Cassie um vestido rosa claro um dedo acima do joelho.

– Vamos? – pergunto.

Quinze minutos depois estamos no restaurante. Converso com Will quase o jantar inteiro e falo com Cassie algumas vezes. Minha relação com eles pode até ter mudado, mas mal olho para meu pai durante esta noite.

Quando estamos nos preparando para pagar a conta e ir embora, escuto alguém falar entusiasmadamente atrás de mim.

– Phillip! Quanto tempo. - me viro e vejo um homem de cabelos e olhos castanhos, provavelmente da idade do meu pai vindo até nós.

– Thomas, que bom vê-lo – meu pai diz se levantando e indo até o homem para cumprimentá-lo.

– São seus filhos? – ele pergunta apontando para mim, Will e Cassie. Me controlo para não gargalhar diante dessa pergunta.

– Apenas ela – ele responde apontando para mim – Ela é minha noiva e ele meu cunhado. Pessoal, esse é Thomas – diz meu pai se virando para nós – fizemos faculdade juntos.

Eles ficam conversando por um tempo, e como vejo que vão demorar, bocejo para fingir que estou cansada.

Quando chegamos em casa, troco de roupa e vou deitar. Depois de quase uma hora, percebo que não vou conseguir dormir.

Abro a janela e vou até o telhado. Fico sentada alguns minutos até ouvir um barulho atrás de mim e quando olho para trás vejo que é Will. Ele anda até parar ao meu lado e se sentar.

– Acho que descobriram meu esconderijo secreto – diz ele se enrolando em um cobertor.

– Vamos admitir que o telhado não é o lugar mais difícil de se encontrar alguém.

– Prefiro fingir que só eu sei pular uma janela – ele sorri de lado.

– Ok então, Sr. Incrível – falo rindo.

– O que está fazendo aqui? – ele pergunta depois de alguns minutos em silêncio.

– O mesmo que você – respondo. Não faço ideia de porque estou aqui.

– Então se eu dissesse que vim aqui para me comunicar com aliens seria isso que você ia fazer?

– Mas eu sei que não é por isso que está aqui. - digo.

– Estou aqui porque estou preocupado com o casamento – ele responde.

– Preocupado por quê?

– Eles provavelmente vão me chutar daqui depois que casarem!

– Então esse é o motivo da sua preocupação? – sorrio com escárnio.

– Não acha um motivo plausível? – pergunta indignado – Quer que eu vá morar embaixo da ponte?

Apenas rio e voltamos a ficar em silêncio. Está ficando frio e começo a tremer.

– Está com frio? – diz ele olhando preocupado para mim – Vem aqui – diz ele abrindo o cobertor e chegando mais perto.

Olho-o um pouco intrigada, mas como não quero entrar apenas pelo frio, chego perto dele e ele me abraça. Tenho que admitir que gostei disso.

Sob a luz da lua, seus olhos são mais azuis que o normal, e me pego pensando em como ele é bonito. Tento espantar esses pensamentos e passamos a noite inteira abraçados e conversando ocasionalmente.