Santana: _Ai meu Deus! Ai meu Deus! Ai meu Deus! Ai meu Deus! Ai meu Deus! –a morena falava sem parar e Brittany apenas suspirou novamente e se aproximou sentando na cama de frente para a morena.

Brittany: _Hey. Hay. Hey! –a morena finalmente olhou para a loira a sua frente com um olhar desesperado no rosto bonito. –Fica calma, okay? Eu tenho quase certeza que eu não engravidei você. –concluiu forçando um sorriso que não chegou aos olhos.

Santana: _O que?! –replicou a garota arregalando os olhos.

Brittany: _Desculpa. Eu só estava tentando descontrair o ambiente. –disse Brittany sorrindo sem graça. –Olha, se está assustada por acordar na casa de uma estranha, não se preocupe, como pode ver pela roupa, eu sou policial, não vou fazer nada de ruim com você.

Santana: _Não, não é isso. Quer dizer, não desde que eu reparei no uniforme. –respondeu a garota enquanto agarrava os próprios joelhos com lágrimas descendo de seus olhos em um choro discreto.

Brittany: _É porque eu sou mulher? Olha, não há nada de errado com você. Muitas garotas tem curiosidade. Isso é perfeitamente normal e você não precisa se rotular por causa dis...

Santana: _Não! Também não é pro causa disso. Eu sei exatamente quem eu sou e do que eu gosto. –a garota interrompeu firme, mas logo em seguida enterrou a cabeça entre os joelhos e passou a chorar mais ruidosamente.

Brittany: _Então porque você está assim?

Santana: _Você não precisa se importar. –disse a garota com a voz um tanto abafada pelas próprias pernas. –Ninguém nunca se importou antes e você não vai se importar também.

Brittany: _Ei. Pode falar comigo, okay? –a loira não sabia bem porque estava fazendo isso, mas a morena parecia tão pedida e Brittany quis ajudá-la. –Me diz, o que houve.

Santana: _Eu fui expulsa de casa ontem. –disse ainda sem olhar para a loira.

Brittany: _O que? Mas por quê?

Santana: _Os meus pais são muito conservadores e nunca mostraram muita aceitação pra estilos de vida alternativos, então nunca contei... Bem. Sobre mim. Mas isso não adiantou muita coisa porque eles acabaram me pegando no flagra com uma garota com a qual eu tava ficando. Eles simplesmente surtaram e me chutaram pra fora de casa sem nada. Absolutamente nada. O dinheiro que eu tinha no bolso me serviu só pra afogar minhas magoas em uma garrafa de tequila. Mas hoje eu estou perdida. Eu não sei pra onde vou ou o que vou fazer daqui pra frente.

Brittany: _Uau. Eu... eu sinto muito por você. –disse Brittany. –Quantos anos você tem?

Santana: _17. Já disse pra não se importar. Ninguém nunca se importou comigo na vida. Acredito que o fato de eu gostar de garotas foi só uma desculpa pra se livrarem de mim. Digamos que eu sou a ovelha negra de uma família perfeita.

Brittany engoliu em seco e de repente o dia no qual foi expulsa de casa passou por sua cabeça. 17 anos. A mesma idade, a mesma situação. Ninguém poderia entender essa situação melhor do que Brittany. Para a garota a sua frente ainda devia ser bem pior porque Brittany tinha Quinn e aquela garota estava sozinha.

Brittany: _Como é o seu nome?

Santana: _Santana.

Brittany: _Olha, Santana, você pode ficar aqui algum tempo pra se organizar.

Santana: _Não. Eu vou ser um inconveniente pra você. Não posso ficar.

Brittany: _Não. Eu quero que fique aqui. Não me sentiria bem se deixasse você sozinha nas ruas. Como policial eu tenho uma noção muito real de como as ruas dessa cidade são perigosas. Ainda mais para uma menina tão novinha e bonita como você.

Santana: _Porque está fazendo isso por mim?

Brittany: _Porque eu me importo.

Santana: _Você nem me conhece.

Brittany: _Não interessa. Eu já estive aí. Sozinha e machucada por dentro. Você não tem noção do quanto eu ti entendo mesmo sem ti conhecer. Eu vou ti ajudar, okay? Eu quero mesmo fazer isso.

Santana: _Mas ninguém nunca...

Brittany: _Nunca se importou com você. Agora alguém se importa. É uma coisa ruim?

Santana: _Definitivamente não.

Brittany: _E além do mais, eu moro sozinha há quatro anos e ainda não me acostumei com a sensação, a sua presença aqui vai ser muito agradável pra mim, acredite. –disse Brittany novamente abrindo o sorriso que não chegava aos olhos. –Então vai lá tomar um banho. O banheiro fica ali e tem roupas ali. Eu sou um pouco maior que você, mas... Enfim, só não toque nas roupas do lado direito.

Santana: _Por quê?

Brittany: _Eu não quero falar sobre isso. E além do mais, estou quase atrasada pro trabalho. Só me prometa que não tocará as roupas do lado direito.

Santana: _Tudo bem. Eu prometo.

Brittany: _Okay. Então se sinta a vontade. Ti vejo em algumas horas.

Santana: _Muito obrigada. –disse Santana agarrando Brittany em um abraço de urso. –Muito obrigada mesmo.

Brittany: _Tudo bem. Não estou conseguindo respirar.

Santana: _Oh. Desculpa. Eu só... Como eu disse antes, ninguém nunca se importou comigo antes, então isso que você está fazendo agora está significando tudo pra mim.

Brittany: _Eu só achei que você merecia uma chance de ser quem você é sem medo. As pessoas são diferentes, mas isso não quer dizer que não sejam boas exatamente do jeito que são. Eu não vou ti julgar como seus pais fizeram porque eu vejo nos seus olhos que você é uma pessoa boa.

Santana: _Obrigada. De novo.

Brittany: _De nada. Agora preciso mesmo ir.

Santana: _Okay. –Brittany sorriu e foi andando para a porta do quarto. –Espera!

Brittany: _O que? –disse Brittany se virando com para a morena sem tirar a mão da maçaneta.

Santana: _Eu ainda não sei o nome da minha salvadora.

Brittany: _É Brittany. Brittany Pierce.

Santana: _Brittany Pierce. É um bonito nome.

Brittany: _Obrigada. Santana também é um nome bonito, se você se importar com a minha opinião.

Santana: _Eu me importo. –Brittany riu e finalmente foi para o trabalho. –Pela primeira vez na vida eu realmente me importo. –concluiu para si mesma olhando para o espaço vazio onde Brittany estivera segundos atrás.