Ordem de Lis escrita por synchro


Capítulo 2
A ilha da Lua- parte 1


Notas iniciais do capítulo

Galera, vai comentando e dizendo o que vocês acham da história. Esse cap. está pequeno porque eu passei ele pro pc a noite, e não tive muito tempo, mas vou postar um terceiro que é parte desse.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/507546/chapter/2

Nesse mundo os séculos eram precisamente marcados por um cinturão de asteróides que contornava o Sol e se deparava com a Terra a cada cinquenta anos, sendo esse encontro demarcado por Cinturão.

Fim do segundo Cinturão do século VII D.E.(depois do estabelecimento, marca humana para o momento em que chegaram ao continente), em uma vila próxima a capital de Anarpu, o nascimento de uma criança toma a vida da mãe.

A criança, chamada de Set'Mahu, terceiro e último filho vivo de sua mãe, cresceu com seu pai Ani'Mahu, e uma menina, que seu pai tinha como convidada em casa. Inarin era uma garota boa, um ano mais nova que Set, mas que sempre o parecer ter a mesma aparência, fazia os serviços domésticos e cuidava dele sempre que ele voltava de suas caçadas.

–//-

*Último dia do Segundo Cinturão e do século, aniversário de quinze anos de Set. Todo o reino comemoraria a virada, mas na casa de Ani'Mahu a festa prometia ser ainda maior, não que ele tivesse amigos, mas planejava ao menos ter um bolo e uma canção para ele.

Set fora acordado por Inarin logo cedo, que abriu as janelas e pulou em sua cama com um bolo na mão, cantando.

– Parabééééns Set, feliz aniversário. – Ela terminou de cantar e o abraçou, colocando o bolo de lado e a cabeça no peito do garoto

– Obrigado Ina, mas não acha que é muito cedo para comemorações?

– O que você quer dizer? Amanhã é outro século, e você será um homem formado, poderá estudar em uma academia, poderá ter seu próprio barco e trabalhar no porto do seu pai, e por fim me levar para o mar onde teremos uma boa vida- Eu não sei dizer se era o cabelo dele ou o rosto dela que estavam mais vermelhos após essa ultima frase.

– Acho que eu poderia fazer isso, se tivesse dinheiro para pagar. – Como Anerun era uma vila comercial, muitos navios passavam por ali, tanto por necessidade como para vender seus produtos e comprar os itens necessários para atravessar o Norte do continente. O pai de Set era dono de um dos cinco portos da cidade, ficava apenas em quarto lugar, e não rendia muita grana, mas ainda o suficiente para viverem bem e com um padrão acima da média. Além disso, por ficar perto da capital, a cidade tinha uma academia de relativo valor em conhecimento, e atraia jovens ricos de todo país.

Uma nova voz se fez surgir ao abrir a porta.

– Isso não será problema, filho. Seu lugar já está reservado em uma academia melhor que a de nossa vila - Ani havia chegado em casa para o aniversário do filho ainda de madrugada.

Inarin rapidamente se afastou de Set e se postou ao lado do dono da casa.

Uma academia melhor que a nossa? O que eu vou aprender lá? Quando começa? Como você vai pagar? – Set estava apreensivo com a ideia e não economizou nas palavras.

Antes que o turbilhão de perguntas pudesse começar, três rápidas batidas soaram na porta, seguidas de mais duas lentas. Ani levantou as sobrancelhas e pediu que os garotos aguardassem no quarto até que ele os chamasse, então se virou e foi para a porta.

–//-

Eram três deles, todos com longos mantos pretos e parados com expressões sérias na porta.

–Bom dia para vocês também cavalheiros, no que eu poderia ajudar? -Ani perguntou.

–Viemos para um assunto do Menor Conselho, Ani. – O mais baixo e aparentemente menos desconfortável ali se pronunciou.

– Acho que sim, só fiquei um pouco feliz de ver a cara feia de vocês de novo. – Os dois riram e se abraçaram com força – É bom vê-lo de novo, irmão, venham, entrem.

O dono da casa chamou os jovens para a sala.

– Garotos, esse da esquerda é meu meio-irmão Tarson, que não vejo a um longo tempo. O do meio é o superior dele, Matias. E por último esse cara fechada é Signor Quiaro, não liguem para sua falta de sentimentos, a aridez de sua terra transformou seus corações em areia também.

– Pai, você nunca me contou que tinha um irmão.

–Você nunca perguntou. -Na verdade Set não se achava no direito de perguntar ao pai qualquer coisa sobre a família, já que ele mesmo havia matado sua mãe. -Inarin, vá com Set para a cozinha e preparem-nos um café.

A sala em que estavam era o cômodo de entrada da casa, era mobiliada com seis poltronas em forma de U, uma mesa redonda no centro e na parte aberta do U uma lareira para o rigoroso inverno. Uma das paredes continha o que parecia uma pintura extremamente rica em detalhes de uma torre em gelo que tocava o céu de tão alta. Quem olhasse normalmente acharia que o senhor Mahu era um ótimo pintor, mas poucos saberiam que aquilo era uma recém descoberta forma de retratar com perfeição qualquer coisa, chamada fotografia.

Em outra parede se encontravam verdadeiros retratos, muitos deles para dizer a verdade. Pintados por Inarin, continham a imagem de Set em quase todos, fosse quando voltada de caçadas, dormindo, arando a terra ou qualquer outro momento em que a garota achasse que ele estava bonito.

As outras duas paredes tinhas apenas a saída da casa e a entrada para outros cômodos.

– Vieram acompanhar Set até a Ilha? Em três? Achei que ele só precisasse de um tutor. – Ani retirou uma corrente com um relógio de bolso das mangas e o passou entre os dedos.

– O garoto pode ir sozinho, e você deve designar outro tutor pra ele. Nós viemos para falar sobre um assunto mais importante. Parece que John Blackwolf está recrutando homens em Vranyr, e iniciando uma revolução.

Com certeza poucas coisas fariam Ani'Mahu se assustar como essa notícia o fez, e menos pessoas ainda seriam capazes de notar essa mínima reação. E uma dessas pessoas era Tarson.

Set carregava o bule e três xícaras, e Inarin trazia o açúcar e mais três xícaras.

– Está um pouco forte, mas continua gostoso – A garota olhou para o anfitrião da casa e reparou o medo em seus olhos. – Alguma coisa errada, senhor Mahu?

– Ainda estamos descobrindo, venham, sentem-se.

Após todos estarem servidos e sentados, a conversa retornou ao ponto anterior.

– Em qual parte de Vranyr aquele vagabundo filho de uma puta está fazendo bagunça? – Continuava a mexer no relógio.

Dessa vez foi Matias quem respondeu.

– Em Queny. De acordo com meus espiões, ele está conquistando regiões em volta do rio Volir. Parece que ele quer montar uma expedição para atacar a Ilha, e já tem mais de doze vilas em seu comando, e basicamente um exército com cinco mil soldados, entre elfos, anões, humanos, gnomos e principalmente gélidos. – Ele olhou para Inarin.

A garota devolveu o olhar cortante do homem na mesma intensidade.

Ani fechou os olhos firmemente e parou de mexer no relógio.

– Não poderemos ignorar isso. Set, não poderemos comemorar seu aniversário como o planejado. Você irá à Academia mais cedo, como todos os jovens que já devem ter sido convocados. Inarin, arrume as coisas de Set e as suas, vou preparar o barco Asa Branca para vocês, deve ser três dias de viagem. Encontrem-me nas docas antes do almoço.

– Pai, eu não entendi nada do que você está falando, e porque tem contos de criancinhas nessa conversa?

– Filho, não posso conversar agora, apenas siga seu caminho até a Ilha e eu poderei te explicar melhor quando chegar lá.

– Ilha, academia, ilha, academia, mas que porras são essas tão importantes para você ficar falando assim?

– A academia onde os filhos dos nobres da capital, mercadores muito ricos e membros da Ordem estudam para a matéria que são designados, fica na Ilha da Lua, ao Sul.

–//-

Em algumas horas Inarin arrumou as malas e as colocou em uma carroça. Set esperava em um banco, já que ela recusou veementemente a ajuda dele.

–Você não acha que tem algo estranho acontecendo? Não questionou nada do que meu pai disse. -Ela se virou para ele.

–Set, eu vivo aqui de favor, apenas faço o que seu pai pede, e ele me pediu para arrumar as malas e ir para as docas. É claro que eu questiono, mas ele também disse que vamos para uma academia, e lá entenderemos o que ele disse, isso não é ótimo? Eu sempre soube que você iria à uma academia, mas eu sou uma mulher Set, sou pobre, não tenho pais, e por isso é extremamente difícil que eu tivesse uma oportunidade dessas.

–Sim, eu sei, mas mesmo assim isso continua sendo estranho.

A conversa se encerrou por ali, já que a garota havia terminado de guardar as malas e ela o chamou para conduzir para as docas do pai dele.
–//-

–Vamos garotas, esse navio é para hoje. - O homem no leme gritava para os marinheiros no convés, que iam de um lado para o outro, e de dentro para fora do navio, carregando barris, cordas, comidas enlatadas, armas de fogo e uma caixa com sistemas delicados para a montagem de uma nova arma que mal era conhecida no mercado, um tipo novo de canhão, quase automático, que aquele homem havia realmente se esforçado para conseguir, pólvora e malas. No meio de todas as malas ele identificou três em especial.

–É, eles estão aqui. - Disse o capitão mais para si mesmo que para alguém. Assim que olhou para a prancha de embarque viu três vultos subindo ao navio, encobertos por mantos e capuzes negros.
–//-

As docas eram um lugar movimentado pela manhã. Mercadores levando seus produtos para armazéns para depois vender na feira da cidade, capitães e marinheiros cansados de viajar se dirigindo à taverna mais próxima, velhos que contavam histórias a todos que passavam, mendigos, e por fim trabalhadores comundos que usavam-na como atalho para não ter de passar no centro da cidade onde os guardas ficavam em maior número e gostavam muito de parar os andates para lentas revistas "para garantir que a cidade não sofre nenhum perigo de dentro", mas muitos já sabiam que após essas revistas seus bolsos teriam algumas moedas a menos, e os dos guardas, algumas a mais.

Era por isso que a carroça em que estava Set e Inarin não conseguia se mover mais que cinco metros sem ter de parar para não atropelar um andante ou derrobar a mercadoria de outro.

–Grande Senhor, o que é isso? É muita gente, nunca vamos chegar lá a tempo com a carroça. Vem garoto, me ajuda aqui. -Inarin desceu da carroça e prendeu o cavalo em um poste. Se virou e apontou as malas. - Você pode pegar elas? Você é mais forte.

Set pegou as malas e seguiu Inarin para o navio, que estava a uns bons duzentos metros de onde amarraram o cavalo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que estiverem lendo e ajudando a fic.