You and I escrita por Allie Próvier


Capítulo 1
1. A partir daí, você e eu


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou :3 Depois de Porto Seguro e Shake the Pompoms, voltei com uma nova fic. Espero que seja bem recebida... E que gostem! Vamos l?



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ANTES

POV Edward

Girei a cadeira novamente, olhando para o teto e ficando meio tonto. Ri sozinho e, de repente, Isabella Swan entra na sala como um tufão. Jogou sua bolsa em cima da mesa de qualquer jeito e pegou uma de suas pastas na estante, onde havia todos as campanhas criadas por ela. Isabella se jogou em sua grande cadeira de couro e abriu a pasta, revirando os papéis que haviam dentro dela.
– Precisa de algo? - perguntei.
– CAFÉ! - ela gritou.
Levantei da minha humilde cadeira giratória de plástico normal e saí da sala antes que ela me mordesse.
– Eu pensei que você já estivesse morto. - Mike Newton, outro estagiário, falou com os olhos arregalados. - O que a senhorita Swan tem?
Dei de ombros, e passei reto por ele. Mike Newton era um pé-no-saco. Andei pelos corredores da empresa à procura da máquina de café, até que a encontrei, e junto dela uma fila com sete pessoas. Ótimo.
Entrei na fila e esperei.
Agora, com 25 anos, era para eu estar onde Isabella Swan está. Não é inveja, é fato. Como eu achei que a carreira de modelo duraria a minha vida inteira, não entrei na universidade quando era para entrar. Enrolei, até chegar o ponto em que me disseram que eu já estava velho para ser modelo, e já havia perdido o "encanto". Eu já estava com 21 anos, e me senti um imbecil. E aí eu me inscrevi para todas as universidades possíveis e finalmente consegui começar a fazer Publicidade. Era algo que eu gostava há bastante tempo.
E aqui estou eu. Com 25 anos, e ao invés de estar formado (mas estou quase lá), estou tendo minha feliz e animada vida de estagiário, e tendo Isabella Swan como chefe. Eu não poderia desejar uma vida melhor, poderia?
– Como Isabella está hoje? Eu dei bom dia para ela e ela praticamente rosnou para mim. - Jessica Stanley, a secretária de Aro Volturi, o dono da empresa, brotou de repente do meu lado.
– Ela está ótima, como sempre. - falei, irônico.
Jessica deu sua risada de hiena de sempre e foi chegando mais perto de mim, jogando aquela cabeleira loira no meu ombro e quase esfregando seus seios em mim.
– Vai fazer algo hoje a noite? - ela perguntou, tentando fazer uma voz e expressão sexy.
Dei um passo para o lado, me afastando dela.
– Não sei, mas com certeza farei algo. - falei rapidamente.
– E tem lugar para mim? - ela falou, rindo em seguida.
Eu forcei uma risada e fiquei sério instantaneamente em seguida.
– Não, não tem.
Jessica murchou, me olhando feito um cão abandonado, e finalmente chegou a minha vez. Rapidamente peguei o café de Isabella e saí dali, voltando para a sala. Jessica conseguia ser pior do que Mike no quesito irritante.
Assim que entrei na sala, me deparei com Isabella deitada no tapete felpudo, olhando para o teto com uma expressão desolada.
– Aqui está seu café. - falei, me sentando no tapete ao seu lado.
Ela se sentou lentamente, e pegou o café da minha mão, sem me olhar. Bebeu um gole e suspirou.
– Eu preciso de uma campanha espetacular para um dos maiores clientes dessa empresa. E sabe para quando eu preciso?
– Para quando, majestade?
– PARA ONTEM! - ela gritou, me assustando.
Isabella me devolveu o café e ficou de pé rapidamente, se equilibrando desajeitadamente em seus saltos altos, indo até a sua mesa novamente. Levantei do chão e coloquei o copo com café em cima de sua mesa, observando-a revirar todos os seus documentos.
– É para qual cliente dessa vez? - eu perguntei.
– Aladim Ahmad.
Eu ri alto, e Isabella me olhou de forma cortante.
– O nome dele é Aladim?!
– Você quer ser demitido agora? - ela perguntou.
Neguei com a cabeça, engolindo em seco, e ela assentiu, voltando a procurar algo que eu acho que nem ela sabia o que era em seus documentos.
– O que ele está querendo divulgar?
– É a mulher dele, na verdade. Ela tem uma grife, e quer que sua marca revolucione o mundo da moda e todas essas coisas que todas as estilistas que nos procuram dizem. Mas o senhor Ahmad é mais exigente que a esposa, e não quer qualquer porcaria.
Isabella bufou, irritada, e se jogou em sua cadeira, colocando as mãos no rosto.
– Por que Aro sempre joga esses trabalhos para mim? Eu estou esgotada!
– Eu tenho uma ideia. - falei.
Isabella arqueou uma sobrancelha para mim.
– Jura? Eu pensei que seu cérebro já tinha atrofiado depois de tanto tempo sem usá-lo.
Um doce de mulher.
– Eu sou bom com propagandas, você sabe disso. Caso contrário, não teria conseguido esse estágio. - falei. - E eu já tenho algumas ideias para essa campanha.
– Desenvolve.
– Eu te digo todas as minhas ideias. Se você gostar de alguma delas, pode ficar com ela e entregá-la à Aro. Contanto que dê créditos à mim também...
– Só isso?
– ... E consiga me arranjar um aumento.
Ela crispou os olhos e cruzou os braços. Ficamos nos encarando em silêncio por um tempo, e isabella assentiu.
– Ok, eu vou ver o que posso fazer em relação ao aumento.
Sorri, e ela continuou séria.
– Vá me arrumar mais um café, porque esse aqui esfriou. Começaremos a organizar as ideias quando você voltar, temos no máximo uma semana para entregar isso.
– Ok. - falei. - Ah, e...
– TEMPO É DINHEIRO, MASEN! TEMPO É DINHEIRO! - ela gritou.
Assenti rapidamente e me virei. Eu já me preparava para sair da sala, quando me lembrei do meu compromisso com Tanya naquela noite. Parei com a mão na maçaneta da porta, engolindo em seco. Eu já sabia qual seria a provável resposta de Isabella, mas não custava tentar.
Virei-me para ela, que já digitava algo em seu computador com os olhos vidrados na tela, e dei alguns passos até sua mesa. Ela parou de digitar e me olhou, com aqueles olhos de cobra.
– Acho que eu deixei claro que tempo é dinheiro. - ela disse, seca.
– Eu sei, é que... Eu marquei um compromisso com a minha namorada hoje à noite. Será que eu poderia sair um pouco mais cedo?
Isabella me observou por um tempo, com a expressão gélida de sempre, até que pareceu ficar confusa. Isso era raro.
– Namorada? - perguntou.
– Sim...
– Mas você não era gay?
Fiquei em silêncio, enquanto nos encarávamos.
Só matando essa mulher.
– Eu vou pegar o café. - falei, virando-me novamente e saindo da sala.
Quando fechei a porta atrás de mim, pude ouvir a risada maldosa dela. Revirei os olhos.

(...)

1 semana depois...

POV Bella
Eu entrei na minha sala correndo, ignorando os olhares dos outros funcionários da empresa. Por que aquele pessoal não tomava conta da vidinha deles e me deixavam em paz?
Passei por uma janela e vi o céu azul sem nuvem alguma. São Francisco estava linda, e meu humor péssimo.
– Bom dia. - Edward disse assim que entrei na sala.
– Péssimo dia, Masen. Péssimo dia. - resmunguei.
– Já entregou o projeto para o Aro? - ele perguntou.
– Sim. Eu tenho que ir até a sala dele a tarde para saber o que ele achou de tudo.
Edward assentiu e se sentou à sua mesa. Logo o telefone tocou, e ele atendeu.
Deixei minha bolsa em cima da minha mesa e me sentei, ligando meu computador.
– Bella, é a Renesmee no telefone. - ele disse. - Ela falou para você não ignorá-la porque é urgente.
Revirei os olhos e peguei o telefone que estava em minha mesa. As ligações sempre iam para Edward primeiro, para eu ter a opção de "Vou falar" e "Diga que eu morri".
– O que foi agora, Nessie? - perguntei assim que atendi a ligação.
Isso, destrata as amigas mesmo!– ela choramingou. - Eu estou em crise!
– Por que ao invés de ficar em crise você não sai para procurar um emprego, hein?
A ouvi começar a chorar no outro lado da linha, e me xinguei mentalmente. Eu devia maneirar na forma como tratava as pessoas, principalmente Nessie.
Eu estou tentando, ok? Eu fiz várias entrevistas e até agora ninguém me ligou, e eu só consigo gastar o resto do meu dinheiro em comida! Eu engordei três quilos, Bella! TRÊS QUILOS!
– Ok, fica calma. - suspirei. - E larga o saco de donuts.
Mas estão tão bons...– ela falou com a voz estranha. Provavelmente estava com a boca cheia de donuts.
– Nessie, larga essa porra agora. - falei seca.
Ouvi o barulho de plástico sendo amassado.
Ok, já larguei.
– Quando eu chegar em casa nós conversamos melhor, ok?
Ok.– ela disse, suspirando em seguida. - Me desculpa, eu não quero te atrapalhar. Mas é que você é a minha única amiga de verdade e está me ajudando tanto e eu...
Nessie voltou a chorar e eu lhe disse mais palavras de consolo, até que ela se acalmou e desligamos. Massageei minhas têmporas.
Eu vou enlouquecer um dia.
Edward Masen me olhava do outro lado da sala, com a expressão surpresa.
– O que é, hein? - perguntei irritada. - Não sabe fazer nada além de ficar me olhando com essa cara de peixe morto? Vai buscar um café pra mim!
– Eu não sou pago para buscar café para você, sabia? Acho que já estava na hora de eu falar isso. - ele reclamou.
– Oh, pobre menino oprimido. - falei com escárnio. - Vai buscar o meu café. Agora.
O olhei de forma cortante e ele crispou os olhos para mim, levantando e saindo da sala em seguida. Bufei e voltei a resolver minhas coisas no computador.

(...)


Era 16:47 da tarde. Hora de encontrar Aro Volturi.
Deixei Edward brisando na sala, o que ele sempre fazia, e me encaminhei para o último andar do prédio. Pedi para Jessica Stanley, secretária de Aro, me anunciar. Logo eu entrava na sala do grande chefe.
Ele sorriu ao me ver, e eu retribui o sorriso rapidamente. Não gostava muito de Aro, o achava muito falso. Mas era meu chefe, então eu tinha o direito de calar a boca e obedecê-lo.
Sentei em uma das cadeiras em frente à sua mesa.
– Eu adorei o projeto. - ele disse, sorrindo ainda mais ao dizer isso. - Você e aquele rapaz, Edward Masen, fizeram um ótimo trabalho.
– Obrigada. Já mostrou ao cliente?
– Ainda não. - ele disse, ficando de pé e andando lentamente até mim. - Eu queria conversar com a senhorita antes.
– Pode falar.
Ele continuou sorrindo, e se agachou ao lado da minha cadeira, ficando com o rosto na altura do meu.
– Você é uma menina muito, muito bonita, senhorita Swan. - ele disse, pegando uma mecha do meu cabelo e enrolando-a em seu dedo. - E eu tenho uma proposta para você.
Senti um arrepio percorrer a minha espinha. Engoli em seco, ainda olhando para a frente. Eu não podia encará-lo. Caso contrário, mandaria-o para o inferno.
– Que proposta? - perguntei.
– Eu mostro o seu lindo trabalho para o nosso cliente, e... - ele abaixou o tom de voz, aproximando os lábios da minha orelha. - Você me dá algo delicioso em troca.
Fiquei de pé rapidamente, e ele quase caiu para trás devido a surpresa, mas logo se recompôs ficando de pé.
– Está me assediando? - perguntei, irritada.
Ele riu, balançando a cabeça.
– Que forma horrível de dizer isso, querida. - ele disse, dando alguns passos lentos em minha direção. - Prefiro dizer que teríamos uma maravilhosa experiência juntos.
O olhei com nojo.
– Se eu não aceitar e você não mostrar o projeto ao senhor Ahmad, quem perde é você.
– Oh não, minha querida. Eu tenho publicitários melhores do que você, e inclusive já tenho um trabalho muito mais elaborado que o seu. Posso usá-lo.
Engoli em seco.
– Você é nojento. - falei com repulsa.
Ele apenas sorriu.
– Você não acha que seria ótimo? - ele perguntou, se aproximando mais e mexendo em seu cabelo novamente. - Eu e você...
Dei dois passos para trás, sentindo minhas mãos tremendo. A vontade de estapeá-lo era enorme.
– Eu não vou me submeter a isso! - falei. - Se não quer usar o meu projeto, não use!
Eu lhe dei as costas e fui em direção a porta, até que ele me chamou novamente. Parei e o olhei.
– Ou aceita a minha proposta... - ele disse, ficando sério de repente. - Ou será demitida.

POV Edward
Tentei fazer uma bola com meu chiclete novamente, batucando um pé no chão ao ritmo da música que eu ouvia pelo meu Ipod. Os momentos em que Isabella ia resolver os assuntos dela eram uma benção. Só assim eu tinha paz e...
– EDWARD! - Mike Newton gritou, entrando na sala em um rompante. - RÁPIDO!
– Rápido o que? - perguntei, tonto pela interrupção e com chiclate agarrado no meu queixo.
– A senhorita Swan está sendo tirada por seguranças da sala do senhor Volturi! - ele disse, vermelho de tanto desespero.
Arregalei os olhos e pulei da cadeira, correndo para fora da sala enquanto tentava tirar o chiclete agarrado em minha barba por fazer. Segui o Newton até o elevador, mas não precisamos nem subir. Assim que as portas se abriram, revelaram Bella sendo segurada pelos braços por dois seguranças que tinham duas vezes o meu tamanho. Sai da frente deles rapidamente, e Newton praticamente se escondeu atrás de mim.
Isabella estava vermelha, parecia que ia explodir a qualquer momento. Ela se debatia nas mãos dos seguranças, que a seguravam como se fosse uma bonequinha de pano. Eles a arrastaram até sua sala, e eu rapidamente os segui. Todos do escritório pararam para olhar, surpresos e curiosos.
– Junte as suas coisas e vá embora, senhorita Swan. - um dos seguranças disse, soltando-a já dentro da sala.
– EU VOU JUNTAR É A MINHA MÃO COM A CARA DAQUELE VAGABUNDO! - ela gritou descontrolada.
– Isabella, se acalme... - pedi.
– ME ACALMAR?! - ela gritou, e eu dei um passo para trás com medo. - VOCÊ ESTÁ PEDINDO PARA EU ME ACALMAR, MASEN?
– Vamos dar dez minutos para você. A levaremos até a saída. - o outro segurança falou, e os dois saíram da sala para esperar do lado de fora.
Isabella bufou feito um búfalo e foi até sua mesa, jogando tudo o que tinha de pessoal, como enfeites, dentro de sua bolsa que mais parecia uma mala. Fui até ela com receio. Vai que ela me dava um coice ou algo assim?
– Isabella...
– Cala a boca e me ajuda. - ela, como diz Jessica Stanley, "praticamente rosnou".
Isabella jogou sua bolsa em meus braços, e eu a peguei desajeitadamente. Céus, como ela conseguia carregar aquilo? Parecia ter chumbo dentro.
Ela foi até sua pequena estante e parou em frente a ela, observando-a. Em seguida marchou até a porta e a abriu num rompante. Até os seguranças se assustaram com a violência.
– EU QUERO A MINHA ESTANTE NA MINHA CASA, COM TODOS OS LIVROS, AMANHÃ! - ela gritou. - EU QUE COMPREI, ENTÃO ELA É MINHA, ENTENDERAM?
– Senhorita Swan, mantenha a calma. - um dos seguranças disse.
– Calma o caralho. - ela sussurrou ameaçadoramente. - Eu quero a minha estante, entenderam?
Os dois seguranças assentiram rapidamente, e ela bateu a porta na cara deles, voltando para a sua mesa e pegando tudo o que tinha nas gavetas.
– Isabella, o que aconteceu?
– Aconteceu que eu quase matei aquele vagabundo nojento que é o Aro Volturi, eu odeio aquele homem, ODEIO! - ela gritou por fim.
Arregalei os olhos e ela bufou, se largando em sua cadeira. Que eu acho que já não era mais sua. Mas ainda devia ser.
Merda, eu estou confuso. E então, ela começou a falar rapidamente tudo o que aconteceu. Atropelava as palavras, mas eu entendi cada uma delas perfeitamente. Senti raiva como ela. Como aquele homem ousava fazer aquilo?
Respirei fundo e me controlei para não pegar aquela bolsa do capeta e marchar até o último andar. Isabella podia ser o que era, mas ele não tinha o direito de fazer aquilo nunca. O profissionalismo fica aonde?
Observei Isabella pegar todas as suas coisas em silêncio, agora parecendo mais calma depois de ter desabafado. Ela ainda estava irritada, mas eu via a chateação em seu olhar. Humilhação. Isabella, apesar de ser muito competente, sempre era alvo das críticas e fofocas, devido o seu temperamento. Eu admito que também já a critiquei bastante durante os almoços com outros funcionários, mas ela sabia ser doce quando queria.
O problema é que ela nunca quis ser doce, então eu não sei se tem mesmo um lado doce, mas provavelmente deve ter. Mas ela, apesar de toda a irritação frequente, o deboche, o cinismo, a ironia e as facadas verbais que dava em mim, era uma boa chefe.
Sentiram a ironia? Aprendi com a melhor.
Provavelmente eu seria mandado para estagiar com outra pessoa. Isso seria bem...
Isabella parou de jogar suas coisas em uma caixa de papelão que havia tirado de não sei aonde e se apoiou com as mãos na mesa, olhando ao redor com uma expressão séria e chateada. Em seguida, suspirou e fechou a caixa, pegando-a em seguida.
– Me siga. - ela murmurou.
Eu a segui.
Saímos da sala e todos os olhares cravaram em Isabella. Ela apenas empinou o nariz e continuou olhando para a frente, andando com aqueles saltos fazendo "TEC TEC TEC", ignorando os olhares de todos.
Metida.
– Pronta para ir, senhorita Swan? - um dos seguranças perguntou.
– Eu nasci pronta, meu querido. - ela falou com escárnio, colocando a caixa de papelão nas mãos do segurança, que pegou a caixa e a olhou confuso. - Leve. Está pesado demais para mim.
Segurei o riso. Ela sabia ter classe em todas as situações. Menos ao ser assediada, aí aparentemente ela fazia barraco. Mas por um bom motivo.
Os seguranças foram andando à frente, e Isabella os seguiu. Continuei parado onde estava, segurando sua bolsa. Quando estava perto do elevador, Isabella parou e olhou para trás.
– O que ainda está fazendo aí? - ela perguntou.
A observei por alguns segundos e ela me olhou parecendo confusa. Suspirei e rapidamente voltei para a sala, e peguei minha bolsa carteiro. É, eu usava uma bolsa carteiro e meu melhor amigo, Jacob, me zoava por isso. Mas era melhor do que mochila e me deixava com cara de nerd.
Pendurei minha bolsa em um dos ombros e saí da sala. Não tinha nada pessoal em minha mesa, apenas o telefone e o computador da empresa. Agora, todos os olhares estavam em mim. Isabella me olhava como se eu fosse de outro mundo. Um anormal.
Até eu ando suspeitando disso.
– O que é que você... - ela murmurou quando me aproximei.
– Avisem ao seu superior que ele tem um estagiário a menos. - falei para os seguranças.
– Wow. - ouvi Mike Newton falar, observando tudo como o bom fofoqueiro que era.
Isabella arregalou os olhos para mim, e eu pisquei para ela, com um sorriso cúmplice. Ela fez uma expressão de nojo para mim, mas eu sabia que era mais porque estava pasma. As portas do elevador abriram, e nós entramos. Fomos naquele delicioso silêncio fúnebre até o térreo do prédio. Os seguranças fizeram questão de nos levar até a calçada em frente ao prédio, só para ter certeza de que Isabella não pegaria sua vassoura e voltaria para matar Aro.
Isabella fez menção de pegar a caixa das mãos do segurança, mas eu fui mais rápido e lhe entreguei sua bolsa. Com certeza a caixa estaria mais pesada. Ela semicerrou os olhos para mim, desconfiada. O segurança me passou a caixa e logo voltaram para dentro da empresa. Virei-me para Isabella. Ficamos nos olhando, um de frente para o outro, na calçada em frente ao grande prédio.
– O que você está querendo com isso? Quer gorjeta? Um beijinho de agradecimento? - ela perguntou, jogando todo o seu ácido em cima de mim, como sempre.
– Eu sou um cavalheiro. - falei.
Ela bufou e revirou os olhos. Me deu as costas e marchou até o estacionamento que havia ao lado da empresa. Rapidamente achamos seu carro e Isabella abriu o porta-malas. Coloquei a caixa lá e ela fechou.
Olhou para mim de cima a baixo.
– Já pode ir. - falou, curta e grossa.
– Não pode me dar uma carona? - falei, sorrindo.
Ela me lançou um olhar cortante e entrou no carro. Fiquei parado onde estava, confuso.
– ENTRA LOGO! - ela gritou de repente.
Rapidamente sentei no banco de passageiro e coloquei o cinto. Se ela era um tufão andando e falando, imagina dirigindo.
Ela andou pelas ruas de São Francisco como se fosse uma piloto de Fórmula 1.
– Eu preciso relaxar. - ela começou a murmurar para si mesma ao parar em um sinal. - Eu preciso relaxar. Eu preciso relaxar.
– Quer parar em algum lugar? Podemos ir comer algo.
Ela me olhou com uma sobrancelha arqueada.
– Comer algo com você? - perguntou.
– Eu não vou roubar a sua comida ou algo assim, não se preocupe.
Ela suspirou.
– Não quero comer. Quero relaxar. - ela resmungou.
– Eu conheço um bom lugar para isso. - sorri.


(...)


Fomos ao Fisherman’s Wharf, que é um bairro de São Francisco à beira-mar. Geralmente os moradores locais evitam vir, mas como a cidade tem se tornado mais urbanizada, mais pessoas têm vindo devido ao clima nostálgico. Eu e Isabella nos encaminhamos até um banco de madeira, de frente para a baía de São Francisco. Ao nosso redor havia várias pessoas se divertindo enquanto comiam caranguejo e passavam pelas barraquinhas do cais.
Respirei fundo, me sentindo mais tranquilo depois de toda a confusão na empresa. Estávamos no meio do mês de Outubro, era outono. E o dia estava bem fresco, como de costume. Olhei de relance para Isabella sentada ao meu lado, e ela tinha o olhar vago em direção à ponte Golden Gate que podia ser vista ao longe.
– Animação, senhorita Swan. - falei, sorrindo levemente.
Ela me olhou com uma expressão enfezada, e apesar dos acontecimentos caóticos, eu não pude evitar rir. Ela me olhou confusa, e em seguida suspirou, balançando a cabeça negativamente.
– Eu não sei o que farei agora. - ela murmurou. - Provavelmente aquele tarado nojento vai acabar com as minhas chances de conseguir emprego em outra empresa de publicidade.
– E você realmente gosta disso? - perguntei.
Ela me olhou como se não tivesse entendido.
– De publicidade. - falei. - Gosta mesmo de ser publicitária?
Ela suspirou novamente, dando de ombros.
– Eu sempre gostei dessa área. Mas realmente, não é a profissão dos meus sonhos.
– E qual é a profissão dos seus sonhos?
Isabella arqueou uma sobrancelha para mim, com aquela cara de cínica dela.
– E por que eu diria isso para você? - ela perguntou. - Aliás, por que eu estou tendo esse tipo de conversa com você? É ridículo.
Revirei os olhos.
– Não sente falta de ter amigos? De ter alguém para conversar? - perguntei, realmente curioso.
Isabella era fechada. Eu nunca a vi sequer sorrindo. Eu só sabia que ela tinha aquela tal de Renesmee, Nessie, como amiga. Mas a garota parecia ser tão louca quanto ela. Será que ela tinha família? Era difícil imaginá-la cercada de familiares no Natal, abrindo presentes e rindo. Céus, imaginar isso até me arrepiava.
– Eu tenho amigos! - ela falou, aumentando o tom de voz.
A olhei assustado, e ela bufou, revirando os olhos.
– Eu tenho amigos, Masen. Você acha que eu sou uma desalmada de 24 anos que mora em uma casa escura e sombria, cheia de gatos, que não tem amigos e faz vodu para os outros?
Semicerrei os olhos e abri a boca para falar que "Sim, eu acho que você é exatamente assim", mas eu preferi ficar quieto. Percebendo isso, Isabella me deu um tapa forte no braço. A olhei estupefato e esfreguei o local atingido.
– Você não pode fazer isso! - falei.
– Agora eu posso, você não trabalha mais para mim e não estamos na empresa. - ela resmungou, cruzando os braços e voltando a olhar para a baía.
Suspirei e passei a observar a baía também. O clima começou a esfriar um pouco, já que estava quase na hora do Sol se pôr, e percebi a pele de Isabella ficar arrepiada. Olhando-a de relance, agora, ela era até bonita. Ok, eu sempre achei isso, mas agora ela não parecia um touro prestes a atacar. Estava menos carrancuda. Sem aquela armadura que usava na empresa todos os dias.
– Bistrô. - ela falou de repente.
– O que?
– Eu sempre quis ter um Bistrô. - ela disse, com a expressão séria. - Ou uma confeitaria. Ou um café em estilo parisiense. Mas a graça de um café em estilo parisiense é justamente ser em Paris, e eu não sei falar francês.
– Então... - eu falei lentamente, processando as informações. - O emprego dos seus sonhos seria ter um bistrô ou uma confeitaria?
– Exato.
Tentei segurar, mas não deu. Gargalhei alto, e Isabella me olhou como se eu fosse um anormal.
– Posso saber do que você está rindo?
– Você ao menos sabe cozinhar?! - perguntei em meio a risada.
Isabella crispou os olhos para mim.
– Fiz cursos de culinária durante a minha adolescência. Eu sempre fui boa na cozinha, principalmente para fazer doces. - ela disse, seca.
Parei de rir gradativamente, enquanto era alvo do olhar irritado dela. Isso, Masen. Engula sua risada, seu inútil. Por que uma pessoa que não sabe cozinhar iria querer ter um bistrô ou uma confeitaria? Seu idiota.
– Mas é difícil te ver assim. - falei, mudando de assunto antes que Isabella me afogasse na baía. - É uma coisa tão... Doce.
Isabella revirou os olhos.
– Não me importo com a sua opinião. - ela falou, ficando de pé e pegando a sua bolsa, que estava entre nós dois no banco. - Nem sei por que te contei isso.
Percebi que ela se preparava para ir embora e rapidamente fiquei de pé, e a segurei pelo seu braço. Ela olhou para a minha mão que a segurava e em seguida para o meu rosto, com uma sobrancelha arqueada. Não a soltei.
– Desculpa. - falei, engolindo em seco.
Ela desviou o olhar do meu e olhou para a baía novamente, sentando-se no banco. Eu me sentei ao seu lado, olhando-a.
– Eu me sinto meio perdida agora. - ela murmurou. - Eu realmente não sei o que fazer. Odeio isso.
Isabella Swan estava praticamente desabafando comigo. E eu gostava disso. Quero dizer... Era legal ver esse outro lado dela, de verdade. Me peguei admirando alguns fios de seu cabelo longo e ondulado voando em seu rosto, e ela retirando-os calmamente. Ela passou a olhar para o chão, pensativa, e quase melancólica.
Eu pensei que morreria sem, um dia, ver isso.
– Eu posso te ajudar. - falei sem perceber.
– Me ajudar? - ela perguntou, com um sorriso irônico. - Geralmente você só atrapalha, Masen.
– Eu te ajudei com a campanha! - falei, chateado.
Seu olhar ficou vago novamente.
– E por causa disso eu fui assediada e demitida.
Suspirei.
– Isabella, eu me demiti junto com você. - falei, e ela me olhou séria. - Eu nem sei por que fiz isso, mas fiz. Sabe por que? Porque apesar de você ser insuportável, nojenta, debochada, seca, irônica e viver me humilhando e me dando patadas, eu meio que... Que... - engoli em seco, e vi uma sombra de sorriso aparecer em seu rosto. Revirei os olhos e desviei o olhar do ela. - Eu meio que gosto um pouquinho de você. Simpatizo, sabe? Só isso. Aí eu pensei que ser o escravo de outra pessoa de lá seria mais insuportável do que ser seu escravo. Foi por isso que eu saí. Mas enfim, eu vou te ajudar agora. Quer um bistrô? Quer uma confeitaria? Eu te ajudo. Eu não tenho mais nada para fazer, eu só ia para a faculdade e te servia cafés, quer uma vida mais monótona do que essa?
– Você tem uma namorada. Sua vida era para ser mais divertida. - ela falou.
– Eu nem gosto dela.
Isabella continuou me observando com a expressão séria, e semicerrou os olhos. Mantive meu olhar no seu, até que ela mordeu o lábio inferior e voltou a olhar para a frente.
– Isso é uma coisa cruel de se dizer. Ela deve gostar muito de você.
Suspirei.
– Já a peguei na cama com o meu primo.
E aí, aconteceu: Isabella Swan gargalhou. Muito alto. Vi algumas pessoas ao nosso redor olhando assustadas, e ri também. Ela foi parando de rir gradativamente, e no fim respirou fundo e me olhou com uma expressão divertida. Só a desgraça alheia para divertir essa mulher.
– Mas que vida de merda, Masen. - ela disse, risonha. Fiquei olhando-a em silêncio, surpreso com sua expressão. - Acho que vou querer uma confeitaria. É, isso mesmo. Qual é o melhor lugar para montar uma confeitaria?
Ela ficou pensativa por alguns segundos, e logo bateu uma mão na outra e fez uma expressão feliz, como uma criança.
– Já sei! Passe na minha casa amanhã, às duas horas da tarde!
– E se eu tiver algum compromisso?
– Eu sei que não tem, - ela disse, voltando a sorrir de forma cínica. - amiguinho.
Ela pegou sua bolsa e me deu as costas, indo embora. Fiquei ali, parado, tentando entender sua reação. Me encostei melhor no banco e cruzei os braços, crispando os olhos para a ponte Golden Gate.
– Somos amigos agora? - perguntei para o vento. - Por que aquilo soou tão falso? E por que é que eu tenho que ir no horário que ela manda eu ir? Eu não trabalho mais para ela!
Olhei para onde ela havia ido, e ela ainda caminhava em direção à rua.
– SWAN! - gritei, e ela parou de andar, olhando para mim por sobre o ombro. - EU NÃO TRABALHO MAIS PARA VOCÊ!
Ela sorriu levemente, e deu de ombros, voltando a andar em seguida.
Bufei, me largando no banco. Desempregado e sem um tostão no bolso, e por culpa dela. Voltei a olhar para Isabella, e ela já estava longe, quase sumindo por entre as pessoas. Suspirei e sorri.
Eu não estava onde eu me imaginava com 25 anos. Mas talvez ela também me ajude a chegar lá.


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Notas finais do capítulo

Hey! Gostaram? *-* Estou ansiosa! haha. Faz um bom tempo que eu não apareço por aqui. Eu havia parado de escrever por um tempo, por motivos de: falta de criatividade, auto-depreciação e cansaço. MAS... Agora eu voltei! ♥ Espero que tenham gostado, de verdade. O segundo e terceiro capítulos já estão prontinhos, mas serão postados quando eu receber reviews, claro. Digam o que acharam, o que vocês esperam que aconteça, o que acham que eu devo melhorar... Críticas são super bem-vindas, por favor. Beijos, e até o próximo!P.S: Para quem ainda não participa do meu grupo no Facebook, aí vai o link. Sempre posto prévias e spoilers lá!https://www.facebook.com/groups/524763704223492/