–Você ainda pode desistir. – Care disse enquanto eu terminava de ajeitar o vestido na sacristia da igreja.

Olhei-me no espelho e tentei encontrar qualquer indicio de infelicidade. Não muita, só estava estampada no meu rosto. Argh. Tirando esse pequeno detalhe, o resto estava bem legal, Care me ajudou com a maquiagem leve que realçava meu tom de pele, o vestido caia perfeitamente em mim, como achei que ficaria, meu cabelo estava preso em um coque simples com pequenos detalhes brilhosos por todo ele. Eu estava uma noiva aceitável até.

Peguei o boque de flores encima de uma mesa e encarei minha melhor amiga.

–Meu Deus me ajude. – murmurei.

–Lena... – Caroline veio correndo na minha direção e me abraçou com cuidado para não amassar o vestido. Ela tinha lagrimas nos olhos, mas eu sabia que não eram de felicidade.

–Juro que nunca deveria ter te deixado fazer isso. - ela chorou.

–Está tudo bem, Care. Vou ficar bem, prometo. – assegurei-a.

–E se ele te maltratar? E se ele for grosso e estupido? Se ele levar garotas pra casa ou coisas do tipo? Elena, você precisa me prometer que se alguma dessas coisas acontecerem, você vai da o pé de lá. Ligue-me e eu pago sua passagem de avião na primeira classe se for preciso!

Sorri tentando evitar nas lagrimas.

–Eu te amo.

–Também te amo.

E o som dos sinos tocando adentraram a sacristia, mas não pude sair antes de ver meu tio John entrando na pequena sala.

–Elena. – cumprimentou.

Tentei não vomitar ou voar na cabeça dele.

–O que faz aqui?- perguntei.

Ele me observou atentamente.

–Você está linda. Como sua mãe.

Respirei fundo.

–Obrigada, mas não fale de minha mãe.

Ele deu de ombros.

–De qualquer forma, fico feliz por você. Casando-se com um dos herdeiros milionários por puro amor.

Encarei-o.

–O que quer dizer?

Um largo sorriso apareceu nos lábios dele e isso me fez ter náuseas.

–Está brincando, Elena? Um Salvatore? Você é bem mais esperta do que eu imaginava.

–Acho melhor você deixa-la em paz. – alguém disse atrás de John.

Meu tio virou-se devagar e eu pude ter uma breve visão de um rapaz alto logo na porta da sala. Ele tinha cabelos que caiam quase caiam na testa, os olhos azuis tempestade e uma mandíbula tensa de raiva.

Não o conhecia.

–E você é?- John quis saber.

–Alguém que está dizendo pra você deixa-la em paz.

–Ela é minha sobrinha, tenho total direito de intervir no que eu quiser.

–Se eu bem lembre ela é maior de idade.

John resmungou e me lançou um olhar furioso.

–Não acabamos aqui. – ele me disse antes de sair.

Um breve silencio se seguiu pela sala e eu encarei o homem que continuava na mesma posição. Observando-me.

–Desculpe, eu conheço você?

O homem sorriu um sorriso largo e deu um passo em frente.

–Você é tudo o que me disseram. – ele disse ao invés de responder minha pergunta.

–Desculpe. O que?

–Bonita. Muito bonita.

Senti meu rosto ruborizar consideravelmente.

–Hum. Obrigada, eu acho.

–Sou Damon. – ele levantou a mão para apertar a minha.

Damon. Damon Salvatore. Oh. Claro. Isso explica a beleza.

–Elena.

–Eu sei. – ele disse com um sorriso. – Você é a suposta garota por quem meu irmão se apaixonou perdidamente.

Fiz uma careta.

–Na verdade sou a garota que o seu irmão engravidou.

Damon riu.

–Gostei de você. Não se esforça para soar como se realmente gostasse do meu irmão.

–Nunca quis que parecesse.

–Pensei que meu pai estivesse completamente fora de si quando me contou sobre isso, mas aqui está. A Elena em pessoa me confirmando essa barbaridade.

Dei de ombros.

–Não é um segredo de estado.

Ele estreitou os olhos na minha direção.

–É claro que é. – ele disse com a voz séria. – Creio que meu irmão ainda não lhe explicou a gravidade dessa situação.

–Como assim?

–Você precisa soar como se o amasse, Elena. Ou esse casamento será desmascarado e mais um escândalo atingirá essa família. As empresas já estão á beira de serem todas passadas para outro nome e se você deixar alguma coisa escapar por essa linda boca, qualquer coisa que seja, meu irmão perde tudo.

Eu não sabia nem o que dizer, e nem mesmo precisei, porque logo depois os sinos voltaram a soar e a marcha começou a tocar. Caroline limpou a garganta no fim da sala.

–Elena você precisa ir. – me disse.

Concordei silenciosamente e passei por Damon antes de sair.

Nem olhei pra trás. Nem respondi. Mal respirei pra falar a verdade. E só depois que eu apareci na frente da igreja e todos aqueles rostos que eu mal lembrava se voltaram para mim, foi que percebi a gravidade daquilo. Estava me casando. Santo Deus.

Tentei encontrar algum ponto fixo para onde olhar quando Giusepp Salvatore segurou meu braço delicadamente e começou a me guiar pela igreja. Eu ainda não havia achado algo para sustentar o olhar, mas enquanto procurava encontrei Stefan parado no altar.

Ele usava um smoking que lhe caia perfeitamente bem, a gravata bem arrumada e a esmeralda nos olhos, ele era todo beleza e brilho. Tão lindo. Tão ridiculamente lindo que me dava raiva. O maxilar estava tenso quando encontrou meus olhos e eu não percebi que estive sustentando aquilo até que Giusepp me deu um beijo no rosto e entregou minha mão á Stefan.

–Você está linda. – ele sussurrou no meu ouvido.

É normal esse arrepio estupido?

O cerimonial ocorreu tranquilamente. Os padrinhos, Caroline e Damon, estavam posicionados um de cada lado e eu me senti um pouco mais forte por ter minha melhor amiga tão perto. Mas foi quando o padre proferiu aquelas palavras que eu comecei a soar frio.

– Você, Stefan Salvatore, promete receber Elena Gilbert, como sua legitima esposa, estar ao lado dela na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-a, respeitando-a, sendo fiel, todos os dias de suas vidas, até que a morte os separe?

Um minuto.

–Sim.

– Você, Elena Gilbert, promete receber Stefan Salvatore, como seu marido, estar ao lado dele, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-o, respeitando-o, sendo fiel, todos os dias de suas vidas, até que a morte os separe?

Um minuto que mais pareceu um milênio.

–Sim.

–Eu vos declaro marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva. – o padre diz com um sorrisinho.

Que bosta. Não me lembrava dessa condição no casamento. Olhei para Stefan em buscar orientação, mas ele já estava inclinando-se na minha direção e em menos de um segundo os lábios dele encontraram os meus. Eu não me lembrava da sensação que era ter a boca dele na minha, mas naquele momento foi como se todo tipo de energia se ligasse dentro de mim, e quando ele abriu minha boca com intensidade eu achei que fosse pegar fogo.

Até que relutantemente ele se afastou e me encarou. Todos ao redor começaram a aplaudir e a assoviar, mas Stefan continuava me encarando com os olhos escuros e intensos.

–Agora está casado, irmãozinho. – Ouvi Damon falar atrás dele, fazendo com que eu finalmente quebrasse o contanto visual.

Stefan limpou a garganta por um segundo, parecendo desconfortável e inclinou-se no meu ouvido.

–É melhor evitarmos isso.

Concordei rapidamente. Era melhor mesmo.

Stefan segurou minha mão logo depois e caminhamos até o fim da igreja, recebendo todo o arroz que os convidados puderam jogar.

Mal sabiam eles o quanto esse casamento precisava de sorte.

A recepção aconteceu na casa dos pais de Stefan, o jardim estava incrivelmente enfeitado e lindo, brilhando sob o luar. Quase todo mundo já estava lá quando chegamos e Caroline veio correndo me abraçar e lançar um olhar agressivo a Stefan.

–O que eu fiz pra ela?- ele me perguntou quando caminhamos juntos para cumprimentar outras pessoas.

Tentei não rir.

–Ela meio que te odeia.

–Ótimo. – resmungou.

–Ela só está chateada porque estou indo embora, mas vai ficar bem.

Stefan me olhou por um breve momento.

–Você está realmente linda nesse vestido. – ele disse por fim.

Encolhi um pouco com as palavras dele, mas não me deixei ruborizar.

–Valeu. Seu smoking ficou bem legal.

–Minha mãe me obrigou. – deu de ombros e sinalizou meu vestido. – Isso não tem muito a cara dela.

–Lexi me ajudou a escolher.

Um sorriso estranho apareceu no rosto dele.

–Achei mesmo que fosse.

Isso foi o máximo que conversamos durante as ultimas semanas.

De qualquer forma, tudo depois ocorreu tranquilamente. Recebi cada um dos convidados, apertei mãos, tirei fotos, sorri e sorri e sorri até minha bochecha ficar dormente. Depois me preparei para jogar o buquê para as outras garotas, no momento vi Stefan parado com as mãos no bolso não muito longe, ele estava com Damon ao seu lado, e me lançava um olhar estranho, tentei não olhar muito naquela direção, e joguei o buquê pra qualquer lado. Uma garota chamada April o pegou. Eu não sabia quem era, mas todo mundo ficou feliz com isso então apenas sorri de novo.

Encontrei a mesa em que minha tia Jenna estava com seu marido e filho. Fazia anos que não os via, e sorri imensamente quando vi Jeremy levantar-se da cadeira e me abraçar. Ele definitivamente era bem maior que eu, apesar de ser um ano mais novo. Ele me apertou e me tirou do chão por um segundo, fazendo-me rir de verdade pela primeira vez naquela noite. Ou durante semanas.

–Caraca Lena, você está linda pra cacete nesse vestido. – ele disse quando me soltou.

–Jeremy! – Alaric o repreendeu, mas manteve aquele sorriso simpático.

Eu os amava. Era simples. Eles sempre quiseram que eu me mudasse para Nova York, mas eu simplesmente não pude deixar Mystic Falls.

–Obrigada Jer. Senti saudades. – falei sorrindo pra ele.

–Você está realmente linda, Elena. Seus pais ficariam orgulhosos. – tia Jenna disse com os olhos lacrimejantes.

Esforcei-me o máximo para não chorar também.

Jeremy me puxou pela cintura, me abraçando forte como só ele fazia.

–Se você não fosse minha prima eu casava, sem brincadeira.

–Então ainda bem que eu cheguei cedo, não é?- virei-me rapidamente para ver um Stefan parado atrás de nós. Ele tinha um copo de uísque na mão e me lançou o seu melhor sorriso.

Jeremy me soltou relutantemente e virou-se pra Stefan.

–É melhor você cuidar da minha prima. – ele disse me fazendo sorrir de novo.

Stefan parecia quase entretido.

–Não se preocupe com isso. Vou fazê-la muito feliz. – disse chegando mais perto de mim e me abraçando assim como Jeremy o fez antes.

Tia Jenna sorriu largamente quando nos viu.

–Vocês são adoráveis! São, não são, Rick?- voltou-se para o marido.

Alaric me encarou por um minuto e eu fiquei com medo de demonstrar qualquer coisa errada, estava começando a ficar nervosa quando senti o aperto de Stefan aumentar na minha cintura, e ele se curvou para beijar meu pescoço. Não sei que ideia foi essa, mas eu instantaneamente corei. Senti cada parte do meu corpo responder a isso e me senti idiota.

–Eles têm um química extraordinária. – Alaric disso por fim.

Deixei Stefan me guiar para uma dança no meio do salão e ficamos em silencio um bom tempo. Ele matinha suas mãos na minha cintura, e eu segurava seu ombro, encostando delicadamente meu rosto no peito dele. Era o máximo que fazíamos nessa atuação toda.

–Damon me contou da conversa de vocês. – disse por fim.

–Ele foi extremamente desagradável.

Ele riu um pouco.

–Ele é assim, você se acostuma.

–Tanto faz. É só por um ano.

Um minuto.

–Preciso que seja mais convincente.

–Estou sendo o mais convincente que posso.

–Não está tentando o suficiente, Elena.

Virei-me para olhar nos olhos dele.

–Estou tentando! Só não é fácil fingir estar apaixonada por alguém.

–Você acha?!

–Desculpe se não sou profissional nisso de enganar pessoas. – disse e ele suspirou.

–Você só precisa se deixar levar.

–Levar pelo quê?!

Estava quase ficando irritada.

–Por coisas assim...

E me beijou.

Não foi nem de longe como qualquer outro beijo. Ele depositou tanta intensidade contra nossos lábios que eu meio fui obrigada a abri-los, não que eu não quisesse... Sei lá. Só sei que agarrei o pescoço dele e tentei ficar na ponta do pé para ter mais acesso. Não sei como ele consegue ser tão irresistivelmente bom, mas é. E o beijo dele me deixou tonta.

Só que ele mesmo o parou, estava ofegante e me lançou um meio sorriso que eu preferi não ter visto. Meu estômago se embolou todo e o meu coração se apertou no peito. Olhei ao redor e todos nos encaravam sorridentes e admirados, como se fossemos o casal perfeito. Vi Caroline me encarando de um jeito estranho, e Damon estava com um sorriso estupido rosto, Marisa tinha tirado uma foto disso, tenho certeza. E Giusepp sorria tranquilamente. Voltei minha atenção á Stefan novamente.

–Que diabos foi isso?

–Isso fui eu te mostrando como ser convincente.

–Pensei que tínhamos concordado em não beijar.

–Eu pensei melhor e acho que podemos nos beijar em publico de vez em quando.

Estreitei meus olhos na direção dele.

–O quê?!

Ele suspirou.

–Está vendo aquele cara ali no canto? O loiro? – ele apontou discretamente um senhor sentando em uma das mesas, nos encarando fixamente com um olhar mortal. – Esse cara quer tomar a empresa de mim quando meu pai se aposentar, se eu não conseguir fazer isso dar certo os acionistas não só podem como vão votar contra a minha presidência. Então pode ter certeza que o que ele mais quer é provar que isso. – fez menção a nós. – não é real, e divulgar na mídia, causar muita publicidade negativa e me tirar tudo.

Senti meu coração acelerar enquanto ele falava, tão sério e duro.

–Tudo bem. Vou tentar mais...

–Seria ótimo. – ele disse, mal-humorado.

Dei mais uma ultima olhada no homem sentado naquela mesa e depois voltei a encostar minha cabeça no peito de Stefan.