Recomeçar escrita por Lisbela


Capítulo 5
Capítulo 5




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O dia seguinte chegou e com ele um Bruno atarefado. No ano passado foi a mesma coisa. Ju nervosa, Gil tentando acalmá-la, Olavo alheio e Marta dando ordens. Bruno vá buscar o bolo! Bruno vai encher essas bexigas! Bruno vê se Tia Carlinha chegou! Quem diabos era Tia Carlinha? Ele não entendia o porquê de uma festa tão grande como aquela. Davi ao menos entendia. Só queria saber de correr para um lado e para o outro, fazendo com que os pais fossem atrás. Após rodar o salão para confirmar se tudo estava ok, ele se sentou a mesa com os pais e Ana. Fatinha, que estava linda como sempre, havia chegado com Rafael, seu novo capacho, pensava ele. A tarde virou noite e com ela veio o parabéns. O pequeno Davi já estava cansado e inquieto no colo do pai. Ju antes que cortassem o enorme bolo do Pooh pediu para que Fatinha e Bruno tirassem uma foto com o menino, afinal eles eram os padrinhos.

– Bruno, eu também quero tirar uma foto com você e ele.

– Ana isso quem decide é a Ju, ela é a mãe do Davi. – O rapaz tentava manter a calma. Já estava de saco cheio dos comentários de Ana.

– Você mudou depois que essa médica de quinta voltou. Pensa que me engana, Bruno?

– Você não tem direito de falar assim da Fatinha. Isso não é conversa para termos aqui, Ana. Eu não vou deixar você estragar a festa do Davi, com seus ciúmes sem fundamentos. Vamos, eu vou te levar em casa. – disse pegando-a pelo braço.

– Não precisa, Bruno. Vou de táxi. Aproveita e pensa no que eu te falei!

(...)

– Ai graças a Deus acabou! – Marta exclamou assim que o último convidado saiu do salão.

– Festa de criança cansa... – Olavo disse se sentando em uma das várias cadeiras espalhadas pelo salão.

– O Davi tá no décimo sono! – Bruno completou olhando para o afilhado no colo de Gil – O cansaço já bateu em mim também! Eu vou indo!

– Bruno será que você poderia me dar uma carona? - Fatinha perguntou – Eu vim com o Rafael, mas ele teve uma emergência e não pode ficar.

– Claro, Fats. Vamos?

– Vamos! Tchau, gente! Até amanhã!

O caminho até o prédio onde moravam foi feito em silêncio, apenas o barulho da chuva se fazia presente. Fatinha olhava a cidade do Rio passar pelos seus olhos. Como era bom estar em casa.

– Você sentiu saudade do Rio né? – Bruno a questionou.

– Não sabe o quanto... Não que Nova Iorque seja chata, pelo contrário. Mas aqui é diferente. O calor, as pessoas.

– Aqui é seu lugar, Fatinha. E você não sabe o quanto eu senti a sua falta. – Ele parou o carro em sua vaga no estacionamento do prédio. Fatinha tratou de logo correr para o elevador. Não queria ouvir o que Bruno dizia. E dai que ele sentiu a sua falta. Por que então não fez nada para mudar? Por que não ligou ou tentou se comunicar com ela durante esses dois anos?

– Não adianta você correr de mim, Fatinha. Uma hora a gente vai ter que conversar. – Ele a encurralou no elevador – E essa hora é agora. Sem Ana, sem Rafael, sem ninguém no meio de nós. No meu ou no seu apartamento?

– Bruno... Eu não acho que seja uma boa ideia.

– Ótimo. No meu!

Ao chegar ao apartamento de Bruno, Fatinha voltou ao tempo. Era incrível a maneira em que tudo se encontrava no lugar de antes. Tudo exatamente como se lembrava. Saiu dos seus pensamentos ao ouvir um grande estrondo e um grande clarão.

– O que foi isso, Bruno? – Perguntou no mesmo momento em que a luz acabou.

– Acho que foram os relâmpagos, mas pode ter sido o gerador também. – O rapaz ao olhar pela janela percebeu que a luz havia acabado não só no seu apartamento, mas também nos prédios vizinhos. A moça já estava ficando inquieta e ele a conhecia suficientemente pra saber que ela morria de medo de trovões, relâmpagos e tempestades.

– Vou procurar algumas velas. Pelo jeito que tá chovendo lá fora a energia não vai voltar tão cedo. – A médica concordou.

– Será que eu posso ir com você procurar as velas? Eu não gosto de ficar sozinha no escuro. – Bruno riu e a puxou pelo braço em direção à cozinha.

Após todas as velas devidamente acesas, Bruno se aproximou de Fatinha que estava sentada no enorme sofá branco com uma garrafa de vinho e duas taças na mão.

– Me acompanha? – Perguntou com um sorriso torto.

–Só uma taça.

De uma, passou para duas, três, segunda, terceira garrafa. A tão esperada conversa ficou para segundo plano. Somente o fato de estarem no mesmo ambiente sem ninguém entre eles os faziam felizes. Era como se tudo estivesse onde deveria estar. Ao perceber que estava ficando um pouco tonta, Fatinha tentou levantar. Porém tropeçou e caiu em cima de Bruno.

– Você sabe que eu não vou te soltar não é? – Bruno espalhava beijos em seu pescoço. – Esse climinha de luz de velas... Tá tudo ao nosso favor hoje, Fatinha!

– Bruno... Isso não é certo. Você tem a Ana.

– E você o Rafael. – ela pensou em retrucar e dizer que Rafael era apenas seu amigo, mas achou melhor ficar quieta – Esquece de tudo hoje, Fatinha. Somos só eu e você. O amanhã a gente resolve depois.

Um lado de Fatinha a mandava correr dali o mais rápido possível, como depois de tudo que aconteceu você se deixa dominar assim? Outro só queria aproveitar o momento. E amar Bruno como sempre sonhou. Decidiu esquecer o mundo lá fora. E pensar nela pela primeira vez. Pensar em sua felicidade, mesmo que seja só por uma noite! Eles se amaram em meio às velas como nunca haviam amado qualquer outra pessoa. Detalhes foram esquecidos. O que realmente importava era os dois. Apenas os dois.

(...)


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