Ao som dos Violinos escrita por Sra Marker


Capítulo 7
Ao som do violino...


Notas iniciais do capítulo

Desculpem!!!!!!!! Eu realmente esqueci de avisar que iria viajar.....desculpem TTuTT
hoje tem um cap e amanha já tem outro!!!! Não me matem TTuTT



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–Haha, venha Bambina! Venha!

–Já vou papa! Espere-me!

–Seja mais rápida Bambina!

–E-espere papa! Por que você esta se afastando tanto?! Espere!

Eu estava correndo no escuro, estava correndo até meu pai, ele me chamava, brincava comigo, certa hora via-o cada vez mais distante, não podia alcança-lo. Cada vez mais e mais longe de minhas mãos, quase não podendo mais vê-lo, não podendo mais ouvi-lo, ou podendo tocar-lhe...

–Papa? Papa! Onde você esta?! Papa!

–Estás sozinha, meu bem?

–Q-quem é?

– Uma amiga veio ajudar-te... Eu vim ajudar-te...

–Então você sabe onde está meu pai? Eu me perdi dele.

–Vosso pai... Dante?

–Sim, ele mesmo! Você o viu?

–Perdoe-me pequena... Acho que ele não poderá mais brincar junto a ti.

–Por quê? Ele está doente?

–Ele também não vai poderá ficar doente, meu bem...

Não entendi o que a voz dizia, apenas tentava achar o lugar de onde ela emanava.

–Não! Ele estava aqui agora há pouco... Quero ver ele! Agora!

–Se esse é seu desejo, que assim seja.

O chão começou a quebrar, tudo ficou branco, eu estava caindo e caindo fechando meus olhos fortemente. Quando abri meus olhos, eu estava em uma sala branca e havia uma espécie de caixa no fundo. Uma mulher de longos cabelos negros apareceu em meu lado, olhei-a dos pés a cabeça. Ela era magra, sua pele era branca feita à neve e usava um vestido negro muito comprido.

–Vai-te até o fundo desta sala, lá irás encontrar vosso pai. – disse a mulher apontando para o fundo da sala.

Comecei a andar por aquela sala branca, quando cheguei lá vi meu pai deitado na caixa. Não entendi muito bem por que ele estava lá, então levei minha mão até seu peito, chacoalhando-o eu disse:

–Papa, pare de dormir, vamos pra casa! Ei, papa! Acorde!

A mulher vestida de preto chegou perto de mim, seus cabelos cobriam seus olhos, só podendo ver seus lábios pálidos.

–Moça, por que meu pai não está acordando?

–Vós sabeis o que és a morte?

–Morte?

–Então não sabes a verdade... Vosso pai, cujo corpo descansa nessa cama feita de suas lágrimas e pecados, já não se levantará para todo o sempre.

–Por quê?!

–Ele recebera teu ultimo beijo, o beijo da morte.

–Isso quer dizer o que?

–Vosso pai está morto! E nunca mais irás vê-lo outra vez!

A mulher de cabelos negros como a noite, olhou para mim com um sorriso. Seus olhos eram brancos, não tinham vida e quando olhei para meu pai novamente, vi um esqueleto apodrecido.

–AAAAAH! PAPA!

Comecei a chorar, sai correndo de perto da mulher e de perto do caixão onde residia meu pai. O chão começou a ficar vermelho como o sangue e quanto mais corria mais difícil ficava. Uma hora eu cai, me virei de costa e a mulher pálida se aproximou e disse:

–Perdoe-me por tirar vosso pai. Mas, a morte chega para todos. E um dia, irei visitar-te também...

Sua mão começou a apodrecer, seus ossos e ligamentos apareciam em minha frente, eu gritei. Quando abri os olhos, eu estava na minha cama em meu quarto. Sentei-me olhando ao redor, estava ofegante e com lágrimas nos olhos, meu coração batia fortemente como se estivesse sendo espremido.

–F-foi tudo um sonho... Só isso. – disse enxugando os olhos.

Olhei para fora, estava um tempo fechado e estava garoando... Levante-me da cama e fui até o armário, procurei uma roupa qualquer, não queria sair de casa hoje. Peguei uma blusa vermelha de gola V, uma leggin preta e meu casaco cinza. Abri a porta e fui até o banheiro fazer minhas coisas, logo depois desci para a sala de estar ver um pouco de TV. Mas como a vida nem sempre é um mar de rosas, Rafael estava vendo futebol todo largado no sofá. Bom, não queria ver TV mesmo... Fui até a cozinha, minha mãe estava lavando louça enquanto cantarolava...

–Você se divertiu na reunião? – perguntei.

–Ah, bom dia Lay! Me diverti sim, queria te levar mas você não estava aqui.

–Tudo bem, eu não iria mesmo...

–Lay... Está tudo bem com você?

–Está sim Sam, por quê?

– Por nada.Queria que você me chamasse de mama como antes... Ou pelo menos de mãe...

Ela olhou para mim dando um leve sorriso, virei minha cabeça e fui até estante pegar um copo. -Você sabe por que não te chamo mais assim... Ela não falou nada e, enquanto eu pegava um suco na geladeira, ela desligou a torneira e veio até mim.

–Eu... Eu não sabia como agir... Não sabia como ser mãe naquele tempo...

–Pouco me importa! Se não sabia como ser mãe, podia ser minha amiga! Até a tia Mel parece mais minha mãe.

–Pelo menos não sumindo toda hora feito ela!

–Pelo menos ela foi mais mãe que você!

E assim começa meu dia, com discussão, mas geralmente eu discuto com Rafael... Falando no diabo, ele chegou à cozinha bem nessa hora.

–Layla... Não fale assim com sua mãe. – disse Rafael encostado na porta

–Cale a boca seu nojento, já lhe disse que nessa casa tua palavra não vale.

–Layla! Ele é seu pai! Não o desrespeite!

–Ele não é meu pai! Ele é meu padrasto, por você estar cega de “amor” por esse homem, não vê o que está acontecendo com sua filha! Se você quisesse mesmo tentar ser uma boa mãe, já teria colocado esse pedófilo pra fora de casa!

Antes de minha mãe ou de Rafael falarem algo, o empurrei da frente da porta e fui correndo para cima. Estava tão irritada que queria um lugar que me acalmasse, então fui para o antigo escritório de papa. Não deixava que Rafael entrasse e minha mãe nem chegava perto, por isso sempre a tranco e deixo a chave no meu quarto, então fui até lá. A chave fica escondida atrás de um quadro meu, um bem tosco, mas eu o adoro! Tem vários gatinhos estampados nele... Peguei a chave e fui para o fundo do corredor, onde fica o escritório.

Ao entrar na sala, senti o cheiro de meu pai emanando de todos os lugares. Suas estantes cheias de livros de histórias, geografia e álbuns de fotos... Sua escrivaninha com seus documentos e partituras que criava com tanto amor e no canto da sala, perto da janela estava seu violino... Fechei e tranquei a porta. Andei até o instrumento, ficando de joelho o tirei de sua capa.

–Quanto tempo não o seguro... – disse olhando para o violino.

Eu tinha meu próprio violino que papa comprara para mim, mas não era a mesma coisa tocar com o meu... O seu violino era bem mais intenso, mais alegre, mais vivo... Então o peguei em mãos, junto de arco e me posicionei para tocar.

Fui tentar uma musica que meu pai tentou me ensinar enquanto vivo, mas logo que morreu fiquei sem tocar e apenas voltei com 14 anos de idade.

–É fácil... Vamos lá, um, dois e três. – disse Depois de contar o tempo comecei a tocar, nunca me senti tão viva tocando alguma coisa, o arco subia e descia, meus dedos pareciam ter vontade própria minha e alma dançava ao belo som que o belo instrumento de madeira fazia, meu coração palpitava feito uma bombinha...

Que alegria poder tocar, que saudade que dava ao tocar, mas não ficava triste, ficava feliz por meu pai me ensinar a tocar antes de morrer. Eu cantarolava há medida que tocava, parecia que aquele dia feio e chuvoso, estava se tornando um dia lindo de primavera com o sol brilhando, nesse instante lembrei-me de Linos quando ele me beijara não parei de tocar, mas ao abrir meus olhos, pude vê-lo em minha frente, sorrindo para mim... Meu coração bateu mais rápido, seu sorriso era tão lindo, seus cabelos de um brilho maravilhoso com seus doces olhos fitando-me o tempo todo. Toquei com mais vontade, sorrindo de volta para ele, mesmo que fosse apenas minha imaginação, eu estava realmente feliz. Minha felicidade dura muito pouco naquela casa, logo veio alguém batendo na porta.

–Hey! Vai começar com esse barulho logo de manha?!

–Cale-se Rafael! Barulho é você falando!

– É melhor você parar ou vou entrar!

–Está trancada! E a madeira é muito grossa! Olhei para fora, havia parado de chover e Rafael ainda gritando para parar de tocar. Não liguei mais para o que ele falava e voltei a tocar, tentava tocar o mais alto possível tentando ignorar o piti de Rafael...

Certo hora, parei. Não dava pra tocar com ele batendo lá. Então guardei o violino novamente na capa e o coloquei no mesmo lugar que eu deixei, destranquei a porta e deparei-me com Rafael.

–Feliz?! – disse irritada.

–Bem melhor.

Eu o empurrei, fechando a porta e trancando. Ele se aproximou e colocou sua mão em minha cintura e a outra na porta.

–Você não quer... Passear um pouco?

–M-ME SOLTA!

Eu o soquei na barriga e ele caiu de joelhos, depois sai correndo para meu quarto, trancando-me. Eu mudei de roupa, colocando uma blusa social branca, que ganhara no natal do ano passado, uma meia branca e um par de botas pretas que era da minha mãe. Coloquei a chave do escritório de meu pai em minha corrente de ouro, peguei meu violino que estava em cima de uma cadeira em meu quarto, destranquei a porta e fui para baixo.

–Filha, vai sair?

–Vou, não vou ficar na mesma casa de um tarado tentando me comer!

–Laya! Que palavreado é esse? E vai levar seu violino?!

–Vou chegar tarde, até!

Abri a porta da frente e sai, fechando-a. Comecei a correr até um parque que era duas quadras longe de casa, queria ficar longe daquela casa...

Chegando ao parque, tinha algumas crianças brincando, dois senhores idosos conversando em um banco e uma bela mulata com um bebê em seu colo. Aproximei-me com o violino em mãos até um banco vazio, coloquei meu violino sobre o banco e fui até os dois idosos conversando e perguntei:

–Vocês... Iriam se incomodar se eu tocar aqui...?

–Não minha querida! Pode tocar à vontade. – disse o senhor de chapéu.

–O-obrigada.

Depois voltei para o bando onde estava meu violino...

“-Que estranho, não falei baixinho como o de costume... Por que será?” – pensei.

Abri a capa de meu violino, retirando-o. Como tinha muito temo que não mexia nele, comecei à afina-lo, ele estava bem afinado até, menos a corda Lá. Passei cera no arco para deslizar melhor, fiquei em posição, respirei fundo e comecei a tocar.

Lá não tinha ninguém pra me mandar parar, ou alguém para gritar comigo, podia tocar tudo o que eu quisesse... Tocava com o coração e alma, as crianças que antes estavam barulhentas estavam vindo para perto de mim impressionadas, a mulata veio mais perto junto com a criança de colo e os dois senhores pararam de conversar para me olhar também. Eu nunca havia tocado fora de casa antes e pela primeira vez, me senti acolhida...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim~~~
esse é meu favorito... Morte... Sua linda!



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