Quando o ônibus parou, Erick pagou para o motorista e nós descemos em uma esquina. Erick esticou sua mão para mim, não entendi o que ele queria que eu fizesse...

–Vai, dá sua mão.

–Hum? P-por quê?

–Não acredito que você não lembra!

–Eu...

–Não se lembra mesmo! Quando éramos mais novos, andávamos de mãos dadas lembra? Você prometeu uma coisa pra mim também...

–Prometi? Prometi o que?

–Hunf! Você realmente acha que vou falar?

Ele pegou minha mão e começamos andar, não conseguia lembrar o que eu havia prometido, por mais que tentasse não conseguia. Mas por incrível que parecia não me sentia incomodada nem um pouco em andar de mãos dadas com Erick, era tão normal e tão nostálgico... Ele não falava nada enquanto caminhávamos isso sim me incomodada...

–Er... Erick... Bom, você teve muitas pretendentes lá em New York? –“Que pergunta foi essa Layla!?”

–Hum? Sim, um pouco...

–Ah, legal...

–Hehehe, por quê? Tá com ciúmes?

–Eu? Com ciúmes? Acho que não, haha.

–Então por que perguntou?

–Você parecia bravo, além de estar muito quieto.

Ele só deu um leve sorriso e continuamos andando por aquelas ruas de Londres, até chegarmos à sorveteria tão antiga... Ice Dream era o nome do lugar, não havia mudado nada naquele tempo todo... O mesmo boneco de neve dando boas vindas, as mesmas cores, porém desbotadas, mesmo prédio de origem, não duvidada que o dono ainda estivesse lá. Adentramos o local, aquela brisa de ar frio nos embrulhou com seu aroma adocicado e seu frescor... As mesmas mesinhas laranjas e redondas, mesmo papel de parede com flocos de neve, até mesmo o mesmo dono...

–Tudo bem, boneca? – perguntou Erick, olhando para mim preocupado.

–Ah, sim... Só não lembrava como este lugar era maravilhoso...

–Ainda é!

–Tem razão, ainda é e sempre será...

–Hahaha, isso aê!

Lá é como fosse um self-service, é só ir até o balcão e escolher o saber que você quer logo depois, ir até o caixa, pesar e pagar. Erick foi o primeiro a pegar e em seguida eu, peguei o “céu azul” como falam, com calda de caramelo e flocos de açúcar, não tinha visto o que Erick tinha pegado.

–[[ Bom dia crianças! Como vão?]] – disse um senhor de cabelos brancos e mãos tremulas.

“-Italiano? Ah é! O dono era da Itália, nunca quis aprender inglês! Haha, tem um pouco de graça...”

–Er... Boneca... Ajuda aqui vai.

–Ah... T-tá... [[Bom dia senhor! Vamos bem, muito obrigado. Somente queremos esses...]]

–[[Haha, que ótimo! Mais uma italiana! Mas receio que cometeu um erro em sua fala.]]

–O que ele disse?

–Er... Ele disse que falei uma coisa errada... E está feliz por ter mais uma italiana na cidade.[[Desculpe, mas faz muito tempo que não falo italiano]].

–[[Tudo bem, pequena! E você me é familiar]]...

–[[Ah, eu vinha muito aqui anos atrás]].

– E 'vero, la piccola Layla! Per quanto tempo!

–Ele disse o que, Boneca?

–Er... Ele disse que eu era familiar, expliquei que vinha muito aqui, mas essa ultima fala não entendi muito bem...

–Ah, desculpem meu pai! Ele não quis aprender inglês, ai complica para os clientes.

Apareceu uma moça de cabelos comprido e ruivos, seus olhos azuis como o oceano e seu rosto, era salpicado de sardas. Vestia um lindo vestido azul com uma fita na cintura.

–Olá senhorita, não precisa se desculpar. – disse Erick

–É... N-não se preocupe, estava divertido... Falar italiano com alguém...

–Ah! Que bom, prazer, meu nome é Marina Ferrara. Filha do dono.

=Prazer.

Ela pegou nossos copinhos e pesou, seu pai ficou de lado dizendo “Eu sei fazer” ou um “Não se intrometa”, foi bem engraçado. Pegue meu copo e agradeci, Erick fez o mesmo. Escolhemos a mesa que ficava perto da janela, onde sempre sentávamos. Foi ai que notei, o sabor que Erick escolheu era o mais estranho! Pistache com calda de laranja e maracujá, e ele também estava sujo no nariz, não me aguentei e ri baixo só que ele ouviu.

–O que foi? Que foi?

–Hahahaha, v-você haha, tá sujo... Hahaha no nariz!

–Ahm?

Ele ficou vesgo, afim de olhar ara o próprio nariz, ri mais um pouco tentando disfarçar. Não pude acreditar, ele não conseguia ver onde estava sujo! Peguei um guardanapo e limpei seu nariz, sorrindo.

–Parece uma criança cara!

–Haha, você fazia isso...

–Hum? O que?

–Sempre que eu me sujava você limpava meu rosto e dizia que parecia um bebê, não criança... Hahaha.

–Porque você é! Haha.

–Hahaha, não sou, é você que é!

Rimos bastante depois disso, conversamos sobre coisas aleatórias, sem se preocupar e quase todo tempo eu não pensei em Linos... Quando terminamos o sorvete, nos levantamos e fomos pagar. Antes de eu ir embora, o Senhor Ferrara disse para mim:

–[[Cuide bem do seu amigo... Ele nunca vai deixar você, está escrito nos olhos dele]].

–Anh? E-

–[[Shhh, não conte a ele sim?]].

–[[Haha, tudo bem senhor Ferrara]].

O homem de cabelos brancos sorriu e acenou com a mão um singelo “tchau”, fiz o mesmo para ele. Saímos da loja e fomos até o ponto para retornamos para casa até o momento que ele falou:

– O que ele te disse?

–Se-gre-do.

Erick apenas ficou de “bico”, fiquei muito feliz com o que o senhor Ferrara disse... Com certeza Eick, seria fiel a mim para toda vida mesmo sendo meu amigo. Ele novamente pegou minha mão, sorrindo disse:

–Não quero perder esse costume.

–Haha, tudo bem... Não me importo... Ficamos novamente em silencio, apenas andando em direção ao ponto. Não demorou para que o ônibus logo chegasse, subimos no transporte porem não demorou para chegarmos ao nosso destino... Por todo o caminho ficamos em silencio, mas sem problema. Logo comecei a pensar em Linos...

“- Será que ele está bravo comigo? Será... Será que ele não vai falar comigo, ou não vai olhar mais para mim? Que sofrimento... Vou tentar... Conversar com ele, ver se ainda dá tempo de explicar tudo!”

Quando o ônibus parou, descemos e fomos andando até minha casa de mãos dadas. Estava tudo bem, até eu avistar Linos... Ele estava com um lírio em mãos e olhava para nós com uma cara de surpreso.

–Lay... – disse ele meio desnorteado.

–Linos, eu posso ex-

–Achava que você gostava de mim...

–Eu... Eu go-

–Deixe-a em paz cabelinho de fogo! – disse Erick pondo-se em minha frente.

–Você não se intrometa quatro olhos!

–Huhu, quer brigar é?

–Não enche! Lay, por que você esta com ele?!

–Só fomos tomar um sorvete... N-nada de mais Linos.

–É mesmo, fomos por que VOCÊ a deixou de lado! – disse Erick sorrindo.

–Eu só fiquei irritado por VOCÊ tê-la abraçado!

–Ciumento! É por isso que ela saiu comigo!

–Mentira! Ela prefere a mim, a você!

–Duvido muito disso!

–Layla, escolha! Quem você prefere? Eu ou ele?!

–E-eu não sei... Ambos são importantes...

– E eu claro, sei muito mais coisas sobre ela...

Linos começou a ficar mais irritado, todos da rua nos olhavam perguntando-se o que estava acontecendo. Temia por começar uma briga, que alguém saísse ferido... Eu amo os dois! Erick como meu irmão querido e Linos como meu futuro marido... O que posso fazer? O que posso dizer?!

–Ela gosta muito mais de mim, contando que ela prometeu que se casaria comigo quando éramos pequenos!

Eu e Linos ficamos surpresos, não lembrava que tinha prometido tal coisa para Erick sempre pensei nele como um irmão! Por que eu prometi isso a ele?

–C-como é...?! – disse Linos ficando irritado, mais se possível.

–É verdade, essa pulseira que carrego em meu pulso é a prova! Trocamos no dia que Layla prometeu-me casar-se comigo, se não estiver satisfeito aqui está mais uma prova.

Erick puxou-me para perto dele, aproximando-se de mim levou seus lábios até os meus e me deu um beijo em frente ao Linos, deixei meu violino cair tentando me soltar. Fiquei perplexa! Meu melhor amigo havia me beijado na frente da pessoa que eu amava o que iria acontecer?! O que iria acontecer depois de tudo isso? Linos iria me deixar ou começaria uma briga? Temia pelo pior... Erick parou de me beijar e ficando de frente com Linos, ele deu um sorriso e disse:

–Ela será minha noiva no futuro, e você não poderá impedir.

–Ora seu imbecil!

Linos soltou o lírio que caiu no chão e foi para cima de Erick, eles começaram a brigar eu tentava separar, mas dois garotos de quase um metro e noventa para uma garota de um metro e cinquenta parar, era difícil...

–Parem! O-os dois Parem!

Tentei segurar o punho de Erick, mas ele me acertou bem no rosto fazendo-me cair no chão...